Eu faço resoluções pessoais ao longo do tempo. Não tenho o hábito de fazê-las no final do ano, porque os meus desafios são múltiplos e acontecem em várias dimensões da minha vida, independentemente destas efemérides. Mas não tenho nada contra este momento e também vou festejar. Este ano, vai ser um ano relativamente atípico em termos do que podemos esperar das decisões políticas, a nível nacional, porque é ano de eleições. Gostava que essas alterações de comportamento e de discursos não façam os eleitores perder a lucidez e a lembrança daquilo que tem sido a sua experiência. Acho que a democracia se cumpre se quando cada um exerce o seu julgamento.
Acho que uma das minhas resoluções para o ano de 2015 é adotar um novo vício: fumar, consumir cocaína, beber demais – confesso que ainda não sei bem qual. Os vícios e as obsessões são uma parte importante da vida e não devemos descurá-los.
Como cientista, todos os anos decido que será neste ano que vou descobrir ou ajudar a descobrir o que é que o Todo O Poderoso andou a fazer nos primórdios do tempo. É sempre uma grande desilusão, mas nunca aprendo.
A minha grande resolução para o ano 2015 é acabar com os pratos de bifinhos com cogumelos, bem como com o doce da casa, porque acho que é redutor haver sempre o mesmo prato nos restaurantes. Já era tempo de mudarmos de ementa. Bifinhos com cogumelos revela alguma preguiça criativa, e eu sou a favor da criatividade. Portugal é mais do que bifinhos com cogumelos e doce da casa.
Proponho-me também a acabar com o lambinismo político, profissional e social porque ainda existe essa prática. Percebemos que muitas das pessoas que dirigem centenas e centenas de portugueses estão ali por uma plantação política, sem qualquer tipo de mérito, e eu gostaria que Portugal fosse uma sociedade onde a meritocracia fosse aplicada.
Os propósitos para o Novo Ano são sempre estimáveis, mas prefiro prosseguir com dois objetivos sempre difíceis mas necessários. Resumem-se em duas palavras: atenção e cuidado. Contra a indiferença temos de usar a atenção, os olhos abertos de que falava Marguerite Yourcenar. Quantas vezes esquecemos e não vemos…E em consequência devemos cuidar de quem pede a nossa ação e responsabilidade. Tão difícil!
A minha resolução pessoal para o novo ano que aí vem é, sobretudo, organizar e disciplinar a minha agenda. As rotinas do quotidiano estão centradas nas atividades profissionais – as minhas prioridades pessoais têm-se centrado nos doentes, no consultório, doentes e no apoio médico aos viajantes, antes, durante e após a viagem. Para mim, é fundamental arranjar mais espaço (tempo) para melhorar o meu bem-estar físico – tenho de andar mais a pé (!) – e bem-estar mental – almejo visitar mais museus, ir a mais espetáculos, ler mais livros…
A nível profissional, quero ajudar ao crescimento da medicina no âmbito dos cuidados de saúde aplicados aos viajantes. Acredito que a recém-criada Sociedade Portuguesa de Medicina do Viajante (SPMV) será um passo decisivo nesse sentido. A situação atual é anárquica, quer do ponto de vista organizativo, quer do ponto de vista qualitativo: não existem regras nem limites à prática da medicina do viajante – qualquer médico que se ache capacitado (e alguns nem isso) pode fazer consultas. O aconselhamento do viajante obriga ao conhecimento profundo dos riscos e das atitudes preventivas a serem indicadas, o que não está garantido em consultas efetuadas por profissionais não qualificados. A regulamentação legal (a partir da Ordem dos Médicos) e científica (em que a SPMV terá um papel fundamental) serão os primeiros passos para uma melhor qualidade da Medicina do Viajante em Portugal.
No próximo ano quero… um país. Gostava mesmo. É que nós temos tentado ter um e aparece sempre alguém a estragar. Sabes quando estão as crianças na praia a fazer um castelo e aparece uma mais velha e estraga aquilo tudo. Tem sido assim a nossa história. Nós vamos contribuindo para fazer qualquer coisa disto mas aparece sempre alguém a estragar. O problema é que isto de votar é como jogar no euro milhões, nunca temos o primeiro prémio. Sai-nos o segundo. O terceiro. Ou só acertamos nas estrelas, o primeiro prémio nunca. Há sempre alguma coisa que não bate certo. Portanto venha de lá um país.
Quero tentar viver mais próximo das minhas origens e dos valores que penso serem importantes. Porque no lufa-lufa do trabalho e da vida às vezes esquecemo-nos de porque é que decidimos fazer o que fazemos e da forma como o fazemos.
Na minha vida profissional quero tentar pensar melhor, isto é tentar escapar ao óbvio, ao ‘é já a seguir’. Afinal, se assim não for, somos invadidos pela ilusão de pensar que percebemos algo de novo quando, afinal, é mais do mesmo – é esses aspeto que quero evitar em 2015.
Quero conseguir correr duas meias maratonas. Em 2014, corri uma meia maratona, a do Porto, e para o ano também quero correr a de Lisboa. Consegui fazer 21 quilómetros pela primeira vez, em 2h30. Agora, quero fazê-los em menos tempo. Qualquer coisa abaixo de 2h30 já é bom. Até porque o tempo para treinar não é muito e tem de haver um equilíbrio entre o trabalho e o pouco tempo disponível que temos. Comecei a correr para baixar os níveis de stress. Essa também é uma resolução para 2015. Também quero velejar mais tempo com a minha família: a minha mulher, o meu filho Miguel com quatro anos e o meu cão Klaus.”
A nível profissional, quero finalizar a implementação da nova estratégia das Pousadas de Portugal, realizar ações de team building, promover maior heterogeneidade na gestão interna e definir o que a equipa não deve perder tempo a fazer.
Em 2015, quero passar mais tempo com as pessoas de quem gosto. É essa a minha grande resolução para o ano de 2015. Como? Com disciplina, mas, no fundo, passa por colocar em prática aquelas que já são as minhas prioridades. Nós não somos aquilo que dizemos, somos o que fazemos. Portanto, eu quero fazer mais e falar menos. Quero estar mais tempo com os meus amigos e a minha família. Há uma longa viagem ao Oriente que quero fazer em família e gostava de fazer em 2015. Em relação aos meus amigos mais próximos, gostava muito de ser capaz de retribuir a amizade que têm por mim. Gostava de estar à altura da amizade deles. Isso, para mim, já era um ano de 2015 top. Profissionalmente, não tenho um desejo para 2015. As coisas demoram muito tempo a acontecer e, em 2015, quero que as coisas continuam a correr.