O primeiro estado de emergência da segunda vaga começou a 9 de novembro, pouco depois de termos ultrapassado os sete mil casos num só dia. As restrições impostas nessa altura parecem ter resultado, com a diminuição até aos cerca de quatro mil contágios diários. Foi preciso mais de um mês para para vermos os números de infetados em 24 horas ficarem novamente perto dos quatro mil, mas bastou uma semana, com o alívio das restrições no Natal, para voltarmos a registar diariamente mais de sete mil casos de infeção com SARS-CoV-2, segundo os boletins epidemiológicos publicados diariamente pela Direção-Geral da Saúde.
E 2021 só trouxe más notícias, com os números de contágios, mortes e internamentos sempre a subir, impondo um segundo confinamento, 10 meses depois do de março. Com as restrições de novembro e início de dezembro, o número de casos ativos tinha descido, lentamente, de um máximo de 84.004, registados no dia 23 de novembro, para 65.457, no dia 29 de dezembro. Mas no início do ano, os casos ativos (acompanhando as novas infeções diárias) dispararam em flecha: numa semana tínhamos ultrapassado o máximo de novembro (87.004, a 6 de janeiro) e a esta sexta-feira, 15 de janeiro, quase o dobro (125.861 casos ativos).
No dia 23 de novembro, o tal em que atingimos um máximo de casos ativos em 2020, tinham sido confirmados 264.802 casos de infeção com o SARS-CoV-2 em Portugal. Desde essa data e até esta sexta-feira, quase duplicámos esse valor (528.469). Com o número de mortos o fenómeno é semelhante: de um total de 4.276 vítimas da pandemia a 27 de novembro para, menos de dois meses depois, 8.543 (praticamente o dobro) registados até 15 de janeiro.
[Os três gráficos do Worldometers em baixo mostram casos ativos, número total de casos e número total mortos, em Portugal, desde o início da pandemia.]
Portugal em segundo lugar em novos casos diários por milhão de habitantes esta quinta-feira
A ordenação dos países de todo o mundo segundo os dados de 14 de janeiro, coloca Israel em primeiro lugar, com 1.126,9 novos casos por milhão de habitantes num só dia, logo seguido de Portugal (1.049,2) e República Checa (1.019,9), a uma grande distância da Irlanda (792,5) ou da Espanha (767,4), dois dos países que têm estado com graves problemas com a pandemia, nos últimos dias segundo os dados do Our World in Data/Johns Hoppkins University.
Se somarmos os novos casos da última semana (até 14 de janeiro), ainda por milhão de habitantes, a Irlanda passa à frente de Israel, República Checa e Portugal, que fica assim como o quarto pior país deste ranking negativo. Na Europa (320,13) e na União Europeia (316,27) a média de novos casos (a sete dias) parece estar mais ou menos estabilizada.
A Irlanda é o único país do mundo com mais de 1.000 novos casos por milhão de habitantes (no cálculo da média a sete dias). Mas, na Europa, República Checa (957,57) e Portugal (858,44) não ficam muito atrás. Pode ver no mapa as cores: a Irlanda é a mancha negra, Portugal está entre os países a vermelho muito escuro.
Quando as contas são feitas por novos casos de infeção acumulados a 14 dias (em vez da média de sete dias) e por 100 mil habitantes (em vez de um milhão), Portugal já regista mais de mil casos (1.018,2) por 100 mil, como mostra a plataforma Big Local News de Stanford.
No total de casos desde o início da pandemia, por milhão de habitantes, Portugal (50.782) não está entre os países com o pior cenário, como Andorra (114.774), Montenegro (86.482) ou República Checa (80.915). Ainda assim, fica à frente de países como Reino Unido, Espanha, França, Brasil e Itália.
A Europa, com 27 milhões de casos confirmados até dia 14 de janeiro, tem mais casos que os Estados Unidos (23 milhões), que esteve à frente no número de casos até 26 de outubro. Os Estados membros da União Europeia, em conjunto, com quase 17 milhões de casos ficam à frente do Brasil, com 8,32 milhões de casos confirmados.
Portugal entre os cinco países com mais mortes diárias por milhão de habitantes
A Suécia ultrapassa todos os países em número de novas mortes por milhão de habitantes: 34,8 — mais do dobro de Portugal, com 14,5. Em segundo e terceiro lugar, surgem República Checa e Reino Unido, com 18,7 e 18,5 mortes por milhão de habitantes, respetivamente.
Quando a análise é feita a sete dias (média), no entanto, a República Checa (16,47) passa para a frente, seguida do Reino Unido e da Eslováquia. A Suécia (13,06) aparece em quarto lugar, seguida de perto por Portugal (12,78).
A Europa é o continente com mais países cujo número de mortes excede os cinco mortos por milhão de habitantes (em média de sete dias) e Portugal está entre os poucos países do velho continente com uma média de mais de 10 mortos por milhão de habitantes, a 14 de janeiro. De notar, no entanto, que há muitos dados em falta em África e mesmo na Ásia.
Se, por por outro lado, contarmos o número de mortos por Covid-19 nos últimos 14 dias, Portugal regista um total de 14,5 mortos por 100 mil habitantes.
Ainda que a situação se tenha agravado no último mês, quando se compara o número de mortes desde o início da pandemia, por milhão de habitantes, Portugal (822) não está pior que a média da Europa e fica até abaixo da média da União Europeia (925).
Neste cenário, os países com mais mortos por milhão de habitantes são San Marino (1.914,3) — que, em 2018, não tinha sequer 35 mil habitantes —, Bélgica (1.751,0) e Eslovénia (1.487,8). Os Balcãs e Europa de Leste têm os países europeus com maior número de mortes por milhão de habitantes.
Portugal entre os países que realizam mais testes
No dia 13 de janeiro, os Estados Unidos realizaram 1,15 milhões de testes de diagnóstico para o SARS-CoV-2. Foram o país que realizou mais testes, em termos absolutos, seguido do Reino Unido com 628.556 testes. Nesse mesmo dia, Portugal realizou 56.359 testes de diagnóstico.
Quando se comparam os números de testes por mil habitantes, Portugal ultrapassa os Estados Unidos, com uma média de 5,53 testes contra 3,47, mas ambos longe do Reino Unido com 9,26 testes de diagnóstico por mil habitantes, na mesma data (12-13 de janeiro).
Em termos globais, desde o início da pandemia, quem domina o número de testes realizado por cada mil habitantes é o Luxemburgo (2.839), seguido dos Emirados Árabes Unidos (2.321,1) e da Dinamarca (1.960) — ou seja, cada habitante já foi testado duas ou mais vezes, em média. Portugal, por sua vez, já realizou 612,6 testes por cada mil habitantes, à frente de Espanha, Itália, Alemanha ou Holanda. Desde o início da pandemia, Portugal já realizou um total de 6,25 milhões de testes, quase tantos como o Brasil (6,42 milhões).