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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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A caça aos suspeitos de colaborarem com os russos depois do recolher obrigatório em Odessa

Observador em Odessa: após as 22h, quem andar na rua sem uma password que muda todas as noites tem o telemóvel revistado. A polícia procura fotos de Putin, contactos russos e grupos no Telegram.

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Odessa é conhecida desde os tempos da União Soviética como capital do humor — e desde muito antes disso como um paraíso para os gangsters. Dennis, um advogado ucraniano de 44 anos, caminha no meio da estrada, pela meia-noite, com a espingarda a tiracolo, numa das ruas principais da terceira maior cidade ucraniana. “Tenho um doutoramento em Direito e dou aulas. Sou advogado de criminosos e mafiosos. Se alguma vez me dissessem que, em 2022, eu ia estar aqui a esta hora, com uma arma na mão a patrulhar a rua, enquanto a maioria dos meus clientes deixou o país, eu não iria acreditar.” A piada, com todos os riscos de uma graça no meio de uma guerra, faz-se sozinha.

Os homens que patrulham as ruas de Odessa durante as horas do recolher obrigatório começam a juntar-se no centro da cidade pelas 20h30. Aparecem de uniformes verdes com uma braçadeira amarela, colete à prova de bala e armas, claro. Todos se abraçam uns aos outros quando se encontram. Alguns já eram amigos antes da guerra. Agora, enviaram as mulheres e crianças para a Hungria, para a Polónia, ou mesmo para Inglaterra, e ficam disponíveis para se sentirem soldados que ajudam a proteger o país e olham pela vida uns dos outros.

A noite começa com um briefing das autoridades policiais, que distribuem os grupos pelas zonas a patrulhar, alertam para operações militares especiais que estejam em curso em locais que devem ser evitados e informam sobre a password do dia. Esta palavra-passe permite a polícias, militares e agentes dos serviços de segurança circular sem terem de mostrar documentos. O único carro que receberam instruções para não parar é o do primeiro-ministro ucraniano, que esteve recentemente em Odessa.

A zona à volta da estação de comboios é o alvo de fiscalização da patrulha que o Observador vai acompanhar esta noite. Quando chegam ao local, os patrulheiros correm para um corredor subterrâneo: acabam de receber na app um alerta de ataque aéreo para toda a região de Odessa e Mikolaiv. Só dois minutos depois deste aviso no telemóvel é que começam a soar as sirenes por toda a cidade.

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A patrulha realiza-se durante o recolher obrigatório em Odessa, das 22h às 5 da manhã

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“Páre! Documentos! E telemóvel!” Os sinais suspeitos que a polícia procura

Aproximam-se as 22h00, hora de início do recolher obrigatório, e a patrulha prepara-se para bloquear as saídas de uma rotunda. Há dois irmãos que são advogados: Dennis (o tal cujos clientes criminosos fugiram) e Sergei (que tem um distintivo no uniforme com a inscrição Russian Warship Fuck You, a resposta mítica de um soldado ucraniano na Ilha da Serpente no início da guerra). Foi Dennis que ofereceu a arma italiana Benelli ao irmão no seu aniversário. Aproveitou e comprou uma para ele também. Gastou 7 mil euros no total. A estes dois irmãos advogados junta-se um amigo, também ele Sergei, dono de um café, líder local da associação dos pequenos comerciantes, que já ajudou a organizar, antes da invasão russa, manifestações de 70 mil pessoas a pedir a Zelensky impostos mais baixos. Colocam-se os três em posição no meio da estrada, para mandar parar os carros e os peões, sob o olhar de um polícia destacado para supervisionar as operações deste trio de amigos ao longo de toda a noite.

O primeiro a ser parado é um taxista que acaba de deixar um cliente. O segundo é um estafeta da Uber Eats que fez a sua última entrega. Tudo desculpas razoáveis. Mas não se livram de parar, mostrar os documentos e os telemóveis. O terceiro a ser parado é um homem que vem a andar e parece querer fugir ao controlo noturno. Os guardas agitam-se, começam a andar em direção a ele, gritam-lhe e o homem trava, de braços no ar. “Páre! Documentos! E telemóvel!”, ordena um dos voluntários armados. O polícia aproxima-se para falar com o homem, que se desculpa dizendo que achava que o recolher começava às 23h, uma hora mais tarde, e que não ouviu as primeiras ordens por estar de auriculares nos ouvidos.

Quem é apanhado a andar na rua fica de mãos no ar à espera de ser revistado

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Enquanto o homem espera de braços no ar, o polícia vasculha o telemóvel. Vai ao Telegram para ver que grupos segue. Abre as fotos, para ver se tem imagens de alvos estratégicos ou de militares em checkpoints. Faz scroll nas redes sociais, para ver se encontra publicações a louvar Putin ou o seu ministro Lavrov. E percorre a lista de últimas chamadas, a ver se há números com indicativo russo.

Todo este processo pode demorar 5 a 15 minutos, dependendo do que o polícia for encontrando no telemóvel ou do que houver para revistar nas bagageiras dos carros ou nas mochilas dos peões — já se depararam com armas e granadas, por exemplo. Quando é encontrada alguma coisa suspeita, o cidadão em causa é levado à esquadra, para uma avaliação mais detalhada conduzida pelos serviços de segurança.

Sergei, o advogado que está na patrulha, garante que são seguidos procedimentos legais e que é nomeado um advogado para o suspeito: “Não há repressão, são garantidos todos os direitos constitucionais. Não queremos ser como a Rússia”. Quem for julgado e condenado por traição arrisca-se a penas de prisão superiores a dez anos. Sergei terá presenciado cerca de uma dezena de situações destas, em que identificaram pessoas na rua depois do recolher obrigatório, que consideraram suspeitas de colaborar com o inimigo de alguma forma. Mas diz que agora já se sabe que “muitos russos vieram em novembro, três meses antes do início da guerra, para identificar e fotografar alvos estratégicos”.

A festa com que sonham na rua que tem o nome de um poeta russo

Uma parte significativa das viaturas mandadas parar são conduzidas por agentes dos serviços de segurança, que se limitam a baixar o vidro e a dizer a password desta noite, antes de seguirem em frente. Mas a patrulha vai encontrando também pessoas que a guerra apanha na rua a esta hora.

Um casal põe as mãos no ar dentro da viatura, antes de entregar os documentos e mostrar a bagageira. O homem explica que a mulher acaba de ser retirada de Mikolaiv e que a foi buscar ao autocarro para irem finalmente descansar num hotel, a caminho de um local mais seguro.

Outro casal enfrentou uma longa fila para abastecer o carro, o que tem sido uma enorme dificuldade por todo o país por falta de combustíveis, e atrasou a viagem e o regresso a casa.

E um azarado de um marido é apanhado mesmo no momento em que sai de casa para ir ao carro, parado em frente à porta, só para recolher uns biscoitos de chocolate que a mulher lhe pediu. Tem de voltar a entrar em casa para ir buscar os documentos, abrir a bagageira onde tem sacos de areia para fazer trincheiras, e mostrar o telemóvel. No fim, em vez de se mostrar irritado com o seu próprio azar, sorri perante as consequências do capricho da mulher e agradece à patrulha pelo trabalho que estão a fazer.

Da esquerda para a direita: o polícia que supervisiona a patrulha; Dennis, o advogado que viu os clientes criminosos saírem do país; Sergei, dono de um café; e o outro Sergei, advogado

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Quanto mais tarde, menos movimento encontram na rua — e maior é o silêncio. Quatro homens armados, a caminhar lado a lado no meio da estrada, a sentirem-se verdadeiramente guardiões de Odessa e do seu país.

Encontram-se com outra patrulha numa rua que tem o nome do poeta russo Pushkin. Garantem que é aqui que vão celebrar a vitória sobre o inimigo, com toda a população em festa a encher esta linha reta de 2 km, que liga a estação de comboios ao edifício da Ópera de Odessa. Posam todos juntos para o Observador, alinhados na estrada, mas um dos homens prefere tapar o rosto com um passa-montanhas, para não ser identificado. Também é advogado, gere um escritório e teme que algum juiz não ache boa ideia este seu trabalho noturno.

O recolher obrigatório acaba às cinco da manhã. Mesmo sem terem apanhado suspeitos, sentem que foi mais uma longa noite de dever cumprido. Alguns dormirão apenas quatro horas para irem para os seus empregos e no fim do dia voltarão a abraçar-se todos uns aos outros, antes de partirem para uma nova patrulha de caça a suspeitos de colaborarem com o inimigo.

Depois de analisar tantos telemóveis de quem passa, o polícia tem tempo para ver o seu próprio aparelho e revolta-se com o vídeo de um ataque russo a Mikolaiv, a 130 km daqui, onde os ucranianos estão a travar uma dura batalha para tentar impedir o avanço do inimigo precisamente em direção a Odessa.

Os ataques por ar, a guerra no mar e uma fragata aos tiros

Enquanto os ucranianos resistirem nessa batalha de Mikolaiv, Odessa não corre grandes riscos de ser atacada por terra, mas enfrenta em permanência o perigo de ser atacada pelo mar ou pelo ar. Ainda no início desta semana, um centro comercial e um armazém perto do porto (que está fechado) foram atingidos por sete mísseis, que mataram uma pessoa e feriram outras cinco, depois de uma visita à cidade do presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Dias antes tinha sido bombardeado um hotel frente à praia, o Hotel Grand Pettine, com edifícios de três pisos ao longo da costa. Cerca de 20 quartos foram completamente destruídos, outros dez parcialmente. O hotel, que antes da guerra era frequentado por turistas de todo o mundo, incluindo de Moscovo, estava agora encerrado. Ia reabrir em breve, mas isso já não será possível, enquanto não for reconstruído. O gerente fez questão de desmentir ao Observador um rumor que tem circulado, segundo o qual estariam ali alojados combatentes estrangeiros. A única explicação encontrada por alguns vizinhos é um erro de pontaria do inimigo, que talvez pretendesse atingir uma base militar nas imediações.

A destruição no hotel frente à praia. O gerente garante que não estavam lá combatentes estrangeiros

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Um dos ataques mais mortíferos em Odessa levou um míssil a atingir um edifício residencial de 17 andares na Rua Lustdorfska, no fim de abril. Há um buraco impressionante no meio do prédio, que leva vários residentes a pararem em frente, impressionados com a destruição de tantos apartamentos. Oito pessoas morreram, incluindo um jovem casal, casado recentemente, em que a mulher estava grávida. Além de atravessar o prédio, o míssil destruiu também vários carros, que ainda se encontram no parque de estacionamento.

A guerra menos visível trava-se em frente à cidade, no Mar Negro, onde estão os navios de guerra russos, que impedem o funcionamento do porto de Odessa, crucial para as exportações ucranianas. Esta quinta-feira, as tropas de Zelensky anunciaram que tinham atingido mais uma embarcação da frota russa. Há residentes que contam, inquietos, que já viram navios de guerra do inimigo ao longe. Esta sexta-feira de manhã, uma fragata ucraniana a cerca de 150 metros da costa disparou alguns tiros para o mar, como o Observador testemunhou, sem que se visse nenhum navio inimigo no horizonte, pelo que poderá ter-se tratado de um treino ou de uma forma de dar visibilidade à defesa da costa, para tranquilizar a população.

A embarcação que disparou tiros para o mar a cerca de 150 metros da praia em Odessa

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De resto, apesar da falta de turistas e do movimento do porto, em Odessa vive-se quase uma vida normal, com comércio e restaurantes abertos, crianças a brincar nos parques e artistas a tocar nas ruas. Cerca de 200 mil pessoas saíram da cidade, mas continuam aqui a viver 800 mil. A que se juntam cerca de dez mil refugiados de Mariupol, de Mikolaiv ou de Kherson, que têm sido ajudados, mesmo que não o saibam, por uma advogada que mudou a sua vida no primeiro dia da guerra.

O desespero dos russos que querem pedir nacionalidade ucraniana

Inga Kordinovska, 30 anos, tem o sono pesado e dorme com o telemóvel sem som. Acordou no dia 24 de fevereiro com dezenas de chamadas de familiares, amigos, clientes e funcionários do escritório de advogados que gere. Todos queriam que ela saísse de Odessa. Demorou duas horas a fazer uma mala com os seus vestidos, mas decidiu ficar.

“Como advogada, estou habituada a lidar com stress, problemas e pânico. Pensei: ‘Inga, ok, a guerra é o maior problema que já viste, mas tens de estar cá, tens experiência que pode ser útil e sabes como agir”. Foi oferecer ajuda aos soldados, começou por preparar refeições, mas depois reparou que a ajuda humanitária que começava a chegar ficava acumulada de forma caótica, tornando cada vez mais difícil encontrar fosse o que fosse. Propôs organizar tudo, os militares aceitaram e começou a juntar voluntários, primeiro com amigos, depois com quem aparecia para ajudar.

Inga, a advogada que dirige um centro de ajuda humanitária e criou um canal no Telegram para a denúncia de sabotadores russos

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Negociou com os donos de um mercado a cedência gratuita do espaço e instalou aí o centro de ajuda humanitária, onde começaram a ser distribuídos artigos de higiene, comida e roupa aos refugiados que chegavam das zonas sob ataque. Inga foi tão eficiente que o próprio presidente da câmara lhe pediu colaboração para organizar a ajuda humanitária da autarquia. A advogada aceitou, apesar de não ser fã do político, que já enfrentou vários  problemas na justiça. Hoje coordena 300 voluntários, que se espalham por cinco centros de distribuição em Odessa, que já ajudaram 15 mil pessoas.

À noite, tem de manter o seu escritório de advogados, com quatro colaboradores a quem paga salários em trabalho remoto. “Preciso de dinheiro para viver e pagar as contas”, justifica-se. Entre os seus clientes encontram-se empresários que vivem na Ucrânia e estão desesperados por terem nacionalidade russa. “É difícil viajar, reservar um apartamento, alugar um carro. Se tiverem familiares ucranianos, talvez se consiga. Se não, nesta altura, não vai ser fácil.”

A tia e as primas de Moscovo que não acreditam nas tragédias da guerra

Inga tem uma tia e primas a viver em Moscovo e deixou de conseguir suportar o diálogo. “Dizem que não há guerra na Ucrânia. E eu: ‘Está a dizer-me que a sua televisão sabe mais do que os meus olhos e ouvidos que veem e sentem ataques todos os dias? Bye, não quero falar mais consigo.’ Fucking mad. Não acreditam em nada do que dizemos, só acreditam no que veem na televisão russa. Depois um dia a minha tia ligou de novo a dizer que talvez as coisas não sejam bem como se diz na televisão, porque não consegue comprar mais do que 5 kg de açúcar. A sério? Não acreditou nas fotos terríveis de Mariupol, nas histórias das violações e no massacre de Bucha, mas isso muda porque não consegue comprar açúcar? Não quero ter relação pessoal com esta gente. O que a propaganda russa consegue fazer com estas pessoas…”

Este é mesmo um tema que indigna a advogada. “A minha vida está destruída. Tenho de procurar ajuda humanitária para milhares de pessoas. E, ao mesmo tempo, tenho familiares a viver confortavelmente em Moscovo e a dizerem que não há guerra. Putin não está sozinho. Não se transformou em ditador porque quis. Tem milhões de pessoas que o apoiam.”

A coordenadora do centro humanitário reconhece que antes da guerra havia uma percentagem significativa de pró-russos em Odessa, mas diz que conhece muitos que mudaram de posição. “Viram o que Rússia faz. Isto é real. E claro que não querem estar do lado da Rússia. A realidade em que acreditavam acabou num dia, depois de viverem estes anos todos enganados. Tudo aquilo em que acreditavam está errado. Respeito muito as pessoas que mudaram assim de posição.”

O grupo para denunciar suspeitos russos no Telegram

Além da coordenação da ajuda humanitária em Odessa, Inga Kordonovich também deu uma ajuda crucial às autoridades na identificação de possíveis sabotadores, a partir da sua própria experiência. Logo no primeiro dia da guerra, notou movimentos suspeitos de pessoas estranhas na cidade, a fazer vídeos e a analisar plantas. Resolveu fotografá-los discretamente e ligou à polícia.

Ficou 7 minutos em espera, o que considerou um exagero face ao perigo que via na situação. Os agentes desculparam-se por estarem muito ocupados. Depois perguntou para onde podia enviar a foto dos suspeitos e percebeu que a única forma era através do contacto pessoal de um polícia, porque oficialmente não podiam receber o que poderia ser uma prova ou um indício importante enviado pela internet.

“Não estão prontos para a guerra”, pensou a advogada. Juntou amigos ligados ao ramo de Tecnologias de Informação, falou com polícias, militares e dirigentes dos serviços secretos e montou um chatbot no Telegram, chamado Odesa Stop Russia, para onde os residentes podem enviar informações e fotos de indivíduos que vejam em atividades suspeitas e que possam indiciar colaboração com o inimigo. Todas as polícias e autoridades militares têm acesso em tempo real a estas informações e podem coordenar-se mais rapidamente para agir, quando entendem que se justifica. Sabe que já houve suspeitos apanhados assim, embora não consiga quantificar, por se tratar de informação secreta.

Como é que esta advogada de 30 anos consegue dividir-se por tantas missões ao mesmo tempo?  “Em tempos militares, um dia é como meio ano na vida normal. É o novo normal ter de fazer muitas coisas num dia. E não tenho fins de semana desde que começou a guerra. Às vezes chego a casa, ao fim de 16 horas a trabalhar, e o meu corpo diz-me: ‘Inga, hoje quase morri’. E eu tenho de responder: ‘Desculpa, mas a guerra ainda está aqui. Prometo que, quando acabar, vou para aldeia da avó e desligo o telefone durante um mês’.”

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