Stephen Hawking morreu na madrugada desta quarta-feira aos 76 anos. Aos 21 anos achou que ia viver apenas mais dois: foi-lhe diagnosticada uma doença degenerativa que, de forma progressiva, lhe paralisou os músculos. Mas nem por isso o físico britânico que revolucionou a forma como olhamos para o Universo deixou de ser conhecido como a estrela da física. Entre o legado imenso que nos deixa, estão os livros “A Minha Breve História” e “Breve História do Tempo”.
Morreu Stephen Hawking, o génio da Física que resistiu à doença com humor
No dia da sua morte, o Observador publica o capítulo 4, “Cambridge”, da obra “A Minha Breve História”, publicada pela Gradiva em 2013. O livro conta o caminho percorrido por Hawking, desde a infância até ao reconhecimento físico internacional — o autor explica que o cenário de uma morte precoce que lhe foi apresentado fez com que se dedicasse com maior afinco às descobertas intelectuais.
[Veja no vídeo algumas das intervenções mais bem humoradas de Stephen Hawking em sitcoms e talkshows]
Neste capítulo que pode ler a partir do próximo parágrafo, Hawking fala sobre a altura em que descobriu que sofria de esclerose lateral amiotrófica, sobre o casamento com Jane Hawking, em 1965, e os filhos. Recorda também a forma como as suas primeiras tentativas de formulação de teorias foram recebidas com desdém.
Capítulo 4
Cambridge
“Cheguei a Cambridge como estudante licenciado em Outubro de 1962. Candidatara-me a trabalhar com Fred Hoyle, o astrónomo britânico mais famoso da altura e o principal defensor da teoria do estado estacionário. Chamo-lhe astrónomo porque, nesta altura, a cosmologia ainda não era reconhecida como um campo legítimo. Era aí que eu queria fazer a minha investigação, inspirado por ter frequentado um curso de Verão com um aluno de Hoyle, Jayant Narlikar. No entanto, Hoyle já tinha estudantes em número suficiente e então, para minha desilusão, fui destacado para ir trabalhar com Dennis Sciama, de quem nunca tinha ouvido falar.
Provavelmente, foi melhor. Hoyle estava muitas vezes fora e eu não teria recebido grande atenção por parte dele. Sciama, por outro lado, estava normalmente presente e disponível para conversar. Eu não concordava com muitas das ideias dele, particularmente em relação ao princípio de Mach, a ideia de que os objectos devem a sua inércia à influência de toda a restante matéria do universo, mas isso incentivou-me a desenvolver a minha própria teoria.
Quando iniciei a investigação, as duas áreas que me pareciam mais entusiasmantes eram a cosmologia e a física de partículas elementares. Este último era um campo activo e em rápida mudança, que atraía a maioria das mentes mais brilhantes, enquanto a cosmologia e a relatividade geral estavam atoladas no mesmo ponto em que se encontravam nos anos 30. Richard Feynman, laureado com o prémio Nobel e um dos maiores físicos do século xx, fez um relato divertido de uma conferência sobre relatividade geral e gravitação a que assistira em Varsóvia, em 1962. Numa carta à sua mulher, dizia: «Não estou a perceber nada da conferência. Não estou a aprender nada. Como não há experiências, este campo não é activo e poucos são os grandes cientistas que nele trabalham. O resultado é que há aqui hostes de idiotas (126), e isto não é bom para a minha tensão arterial… Lembra-me de não voltar a ir a conferências sobre gravidade!»
É claro que eu não tinha consciência de nada disto quando do comecei o meu trabalho de investigação. No entanto, sentia que, nessa altura, o estudo das partículas elementares se assemelhava demasiado à botânica. A electrodinâmica quântica — a teoria da luz e dos electrões que rege a química e a estrutura dos átomos — fora totalmente explorada nos anos 40 e 50. A atenção virara -se entretanto para as forças nucleares fracas e fortes entre partículas no núcleo do átomo, mas teorias de campos do mesmo tipo pareciam não funcionar para explicarem essas forças. De facto, a escola de Cambridge, em especial, defendia que não existia uma teoria de campo subjacente. Ao invés, tudo seria determinado pela unitariedade — ou seja, pela conservação da probabilidade — e por certos padrões característicos nas colisões de partículas. Em retrospectiva, parece hoje espantoso que se pensasse que essa abordagem funcionaria, mas lembro-me do desdém com que foram recebidas as primeiras tentativas de formulação das teorias de campo unificadas das forças nucleares fracas, que acabaram por substituir aquela teoria. O trabalho analítico da matriz -S está hoje esquecido, e ainda bem que não comecei a minha investigação na área das partículas elementares. Nada do meu trabalho desse período teria sobrevivido.
A cosmologia e a gravitação, por outro lado, eram domínios negligenciados até então que, nessa altura, tinham
amadurecido e podiam ser desenvolvidos. Ao contrário das partículas elementares, havia uma teoria bem definida — a teoria geral da relatividade —, mas esta era considerada extremamente difícil. As pessoas estavam tão contentes por arranjarem qualquer solução para as equações de campo de Einstein que descrevesse a teoria que não perguntavam sequer que significado físico tinha essa solução. Esta era a velha escola da relatividade geral, que Feynman encontrara em Varsóvia. Ironicamente, a conferência de Varsóvia assinalou também o renascimento da relatividade geral, podendo Feynman ser perdoado por não ter reconhecido isso na altura.
Uma nova geração entrou no campo e surgiram novos centros de estudo da relatividade geral. Dois destes centros tiveram uma importância especial para mim. Um localizava-se em Hamburgo, na Alemanha, e era dirigido por Pascual Jordan. Nunca o visitei, mas admirava os ensaios elegantes aí produzidos, que revelavam um contraste enorme com o anterior trabalho desajeitado sobre a relatividade geral. O outro centro situava -se no King’s College, em Londres, e era dirigido por Hermann Bondi.
Dado que eu não fizera grandes estudos de Matemática em St. Albans nem no curso muito fácil de Física em Oxford, Sciama sugeriu que eu trabalhasse em astrofísica. No entanto, depois de me ter sido negada a possibilidade de trabalhar com Hoyle, não queria estudar coisas aborrecidas e mundanas como a rotação de Faraday. Tinha ido para Cambridge para estudar cosmologia e era isso que eu pretendia fazer. Assim, li velhos manuais sobre a relatividade geral e, todas as semanas, ia com outros três alunos de Sciama assistir a conferências no King’s College, em Londres. Seguia as palavras e as equações, mas, na verdade, não gostava muito da matéria. Sciama deu-me a conhecer a chamada electrodinâmica de Wheeler -Feynman. Esta teoria dizia que a electricidade e o magnetismo eram temporalmente simétricos. No entanto, quando se ligava uma lâmpada, era a influência de toda a outra matéria do universo que levava as ondas de luz a deslocarem-se a partir da lâmpada, em vez de virem do infinito e acabarem na lâmpada. Para que a electrodinâmica de Wheeler-Feynman funcionasse, era necessário que toda a luz que se deslocasse a partir da lâmpada fosse absorvida por outra matéria no universo. Isto aconteceria num universo de estado estacionário, onde a densidade da matéria se mantivesse constante, mas não num universo do Big Bang, onde a densidade diminuía à medida que esse universo se expandia. Afirmava -se que isto era uma outra prova, se mais fossem necessárias, de que vivemos num universo de estado estacionário.
Isto deveria explicar a seta do tempo, a razão por que a desordem aumenta e por que recordamos o passado e não
o futuro. Em 1963, realizou -se na Universidade de Cornell uma conferência sobre a electrodinâmica de Wheeler -Feynman e a seta do tempo. Feynman ficou de tal forma desagradado com a falta de sentido do que se dizia sobre a seta do tempo que recusou deixar que o nome dele aparecesse nas actas. Era referido apenas como o Sr. X, mas toda a gente sabia quem era.
Percebi que Hoyle e Narlikar já haviam estudado a electrodinâmica de Wheeler-Feynman nos universos em expansão e formulado uma nova teoria da gravitação simétrica em relação ao tempo. Hoyle divulgou a teoria num encontro na Royal Society em 1964. Foi nessa conferência e no período de perguntas e respostas que eu disse que a influência de toda a matéria num universo em estado estacionário tornaria infinitas as suas massas. Hoyle perguntou-me porquê e eu respondi que tinha feito os cálculos. Toda a gente pensou que eu fizera os cálculos durante a conferência, mas, na verdade, eu partilhava um gabinete com Narlikar e já tinha lido um rascunho da comunicação, o que me permitira fazer os cálculos antes da conferência.
Hoyle ficou furioso. Estava a tentar criar o seu próprio instituto e corria o risco de se juntar à fuga de cérebros para a América se não conseguisse obter o financiamento de que necessitava. Pensava que eu tinha sido mandado ali para lhe sabotar os planos. No entanto, conseguiu fundar o seu instituto e, mais tarde, deu -me emprego; pelos vistos, portanto, não guardou ressentimentos em relação a mim.
No meu último ano em Oxford, dei-me conta de que estava a ficar cada vez mais desajeitado. Depois de ter caído de umas escadas, fui ao médico, mas tudo o que ele disse foi: «Deixe de beber cerveja.» Tornei -me ainda mais desajeitado depois de me mudar para Cambridge. No Natal, quando fui patinar no lago em St. Albans, caí e não me consegui levantar. A minha mãe reparou nestes problemas e levou-me ao médico de família. O médico enviou -me a um especialista e, pouco após o meu 21.º aniversário, fui ao hospital fazer exames. Estive lá duas semanas, durante as quais fui submetido a uma grande variedade de testes. Retiraram -me uma amostra de músculo do braço, espetaram-me eléctrodos, injectaram-me um líquido radiopaco na espinha e, com raios-X, observaram-no a subir e a descer enquanto abanavam a cama. No fim, não me disseram o que tinha, excepto que não se tratava de esclerose múltipla e que eu era um caso atípico. No entanto, percebi que esperavam que o meu estado continuasse a piorar e que nada podiam fazer senão darem-me vitaminas, ainda que percebesse que eles não esperavam que elas tivessem grande efeito. Nessa altura, não pedi mais pormenores, pois, obviamente, eles não tinham nada de bom para me dizer. A descoberta de que eu tinha uma doença incurável que, provavelmente, me ia vitimar dali a alguns anos foi um tanto chocante. Como podia uma coisa destas estar a acontecer-me? No entanto, enquanto estive no hospital, vi um rapaz que eu conhecia vagamente morrer de leucemia na cama em frente à minha, e não foi uma coisa bonita de se ver. Havia claramente pessoas que estavam pior do que eu — pelo menos, a minha condição não me fazia sentir indisposto. Sempre que tenho tendência para ter pena de mim próprio, lembro -me daquele rapaz.
Desconhecendo o que me iria acontecer ou quão rapidamente iria a doença progredir, eu não sabia o que fazer. Os
médicos disseram -me para regressar a Cambridge e continuar a investigação que tinha iniciado na relatividade geral e na cosmologia. Contudo, não estava a fazer progressos, pois não tinha grandes bases matemáticas — e, de qualquer modo, era difícil concentrar -me quando podia não viver o tempo suficiente para concluir o meu doutoramento. Sentia-me como se fosse uma personagem de tragédia. Comecei a ouvir Wagner, mas os artigos de revistas que dizem que eu também bebia muito nessa altura são um exagero. Depois de um artigo ter divulgado essa ideia, as outras revistas copiaram-na porque era uma boa história e, no fim, toda a gente acreditava que uma coisa que aparecia tantas vezes na imprensa devia ser verdadeira. Nessa altura, porém, os meus sonhos eram bastante perturbadores. Antes de me diagnosticarem a doença, eu andava muito aborrecido com a vida. Parecia não haver nada que valesse a pena fazer. Contudo, pouco depois de ter saído do hospital, sonhei que ia ser executado. Subitamente, percebi que havia muitas coisas boas que eu poderia fazer se fosse indultado. Noutro sonho que tive várias vezes, eu sacrificava a vida para salvar outras pessoas. Afinal de contas, se eu iria morrer de qualquer maneira, mais valia fazer alguma coisa boa.
Contudo, não morri. Na verdade, apesar de ter uma nuvem suspensa sobre o meu futuro, percebi, para minha surpresa, que estava a apreciar a vida. Aquilo que fez realmente diferença foi o facto de me ter comprometido com uma rapariga chamada Jane Wilde, que eu conhecera mais ou menos na altura em que me diagnosticaram com esclerose lateral amiotrófica. Isto deu-me uma razão para viver.
Para nos casarmos, eu tinha de arranjar um emprego e, para arranjar um emprego, tinha de concluir o meu doutoramento. Assim, comecei a trabalhar pela primeira vez na vida. Para minha surpresa, descobri que gostava do trabalho. No entanto, talvez não seja muito correcto chamar -lhe trabalho. Alguém disse, certa vez, que os cientistas e as prostitutas são pagos para fazerem aquilo de que gostam. Para me sustentar durante os estudos, candidatei-me a um cargo de professor investigador no Gonville and Caius College, uma faculdade que pertencia à Universidade de Cambridge. Como as minhas dificuldades físicas me impediam de escrever à mão ou à máquina, esperava que a Jane me dactilografasse a candidatura. No entanto, quando veio visitar-me a Cambridge, ela tinha o braço partido e engessado. Tenho de reconhecer que fui menos solidário do que devia ter sido. Contudo, ela partira o braço esquerdo e, mesmo assim, conseguiu redigir a candidatura enquanto eu a ditava, e depois arranjei alguém para a dactilografar.
Na minha candidatura, tinha de dar os nomes de duas pessoas que pudessem fornecer referências sobre o meu trabalho. O meu supervisor sugeriu -me que pedisse referências a Hermann Bondi, que era então professor de Matemática no King’s College, em Londres, e um especialista em relatividade geral. Estive com ele algumas vezes e ele patrocinou um dos meus artigos para ser publicado nos Proceedings of the Royal Society. Após uma conferência que proferiu em Cambridge, pedi -lhe que me servisse de referência, olhou vaga mente para mim e disse que sim. Obviamente, não se lembrava de mim, pois, quando o colégio lhe escreveu por causa da referência, respondeu que não me conhecia. Actualmente, há tantas pessoas que se candidatam a cargos docentes e de investigação em faculdades que, se alguém que devia dar referências disser que não conhece o candidato, este fica sem qualquer hipótese de ser admitido. Mas, naquele tempo, as coisas eram mais tranquilas. O colégio escreveu-me a informar da resposta embaraçante de Bondi e, depois, o meu supervisor falou com ele e refrescou -lhe a
memória. Bondi escreveu -me então uma carta de referência que, provavelmente, era melhor do que aquela que eu merecia. Consegui o lugar e, desde então, faço parte do corpo docente do Caius College.
Isto significava que eu e a Jane podíamos casar, o que fizemos em Julho de 1965. Passámos a lua-de-mel em Suffolk, durante uma semana, que era tudo o que conseguíamos pagar. Em seguida, frequentámos um curso de Verão sobre relatividade geral na Universidade de Cornell.
Foi um erro. Ficámos alojados num dormitório que estava cheio de casais com crianças pequenas e barulhentas, o que colocou forte pressão sobre o nosso casamento. Contudo, noutros aspectos, o curso de Verão foi muito útil para mim, pois deu -me a oportunidade de conhecer muitas pessoas notáveis naquele assunto.
Quando casámos, a Jane era ainda aluna de licenciatura no Westfield College, em Londres. Assim, tinha de ir de Cambridge para Londres durante a semana para conseguir concluir o curso. A minha doença provocava-me uma fraqueza muscular cada vez maior, o que significava que me custava mais andar; por isso, tínhamos de arranjar uma casa com uma localização central, onde eu pudesse desenvencilhar -me sozinho. Pedi ajuda ao colégio, mas a administração disse-me que a sua política não contemplava apoios à habitação para os professores. Por conseguinte, inscrevemo-nos para alugar um dos novos apartamentos que estavam a ser construídos na zona do mercado, que era um local conveniente. (Anos depois, descobri que esses apartamentos eram propriedade do colégio, mas não me informaram isso.) Porém, quando regressámos a Cambridge, vindos do Verão na América, descobrimos que os apartamentos ainda não estavam concluídos.
A título de concessão, a administração do colégio ofereceu-nos um quarto numa pensão para estudantes de pós-graduação. O tesoureiro disse -me: «Normalmente, cobramos pelo quarto 12 xelins e seis pence por noite. No entanto, como são dois no quarto, vamos cobrar-vos 25 xelins.» Ficámos aí apenas três noites, antes de encontrarmos uma pequena casa a cerca de cem metros do meu departamento da universidade. A casa pertencia a outro colégio, que a alugara a um dos seus professores. O inquilino mudara -se recentemente para uma casa nos subúrbios e subalugou -nos a casa durante os três meses restantes da sua ausência.
Durante esses três meses, encontrámos uma outra casa vazia na mesma rua. Um vizinho contactou a proprietária em Dorset e disse-lhe que era um escândalo ter a casa vaga quando havia jovens à procura de alojamento; assim, ela arrendou -nos a casa. Depois de aí vivermos alguns anos, quisemos comprá-la e remodelá-la e, para isso, pedi um empréstimo ao meu colégio. O colégio estudou o assunto e decidiu que não seria um risco aceitável; assim, acabámos por contrair o empréstimo noutro lado e os meus pais deram -nos algum dinheiro para as obras.
Nessa altura, a situação no Caius College parecia um dos romances de C. P. Snow. Havia uma divisão azeda no corpo docente desde a chamada Revolta dos Camponeses, na qual alguns professores mais novos se reuniram para votarem o despedimento dos professores mais velhos. Havia dois campos: de um lado, o partido do director e do tesoureiro; do outro um partido mais progressista, que queria aplicar uma parte maior da fortuna considerável do colégio em fins académicos. O partido progressista aproveitou uma reunião do conselho do colégio, na qual o director e o tesoureiro estavam ausentes, para eleger seis professores investigadores, eu incluído.
Na minha primeira reunião do colégio, houve eleições para o conselho. Os outros professores mais novos tinham sido informados sobre em quem deviam votar, mas eu era completamente inocente e votei em candidatos dos dois partidos. O partido progressista obteve a maioria no conselho e o director Sir Nevill Mott (que, mais tarde, recebeu o prémio Nobel pelo seu trabalho em Física da Matéria Condensada) demitiu-se, furioso. No entanto, o novo director, Joseph Needham (autor de uma volumosa história da ciência na China), sarou as feridas e, desde então, o ambiente no colégio tem sido relativamente pacífico.
O nosso primeiro filho, Robert, nasceu dois anos depois de termos casado. Pouco tempo após o seu nascimento, levámo-lo a uma conferência científica em Seattle. Isto foi outro erro. Por causa da minha deficiência cada vez maior, eu não podia ajudar muito e a Jane teve de se desenvencilhar praticamente sozinha, ficando muito cansada. O cansaço dela foi agravado pelas viagens que fizemos nos Estados Unidos depois de sairmos de Seattle. O Robert vive agora em Seattle com a sua esposa, Katrina, e os filhos, George e Rose; portanto, obviamente, a experiência não o assustou.
A nossa segunda filha, Lucy, nasceu cerca de três anos depois, num antigo asilo que era então usado como maternidade. Durante a gravidez, tivemos de nos mudar para uma casa com telhado de colmo, que pertencia a uns amigos, enquanto a nossa sofria obras de ampliação. Voltámos a casa apenas alguns dias antes do nascimento.”