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A juventude de Belmiro de Azevedo contada pelos amigos

Nunca faltava às aulas e andava sempre de sebenta na mão, mas não dispensava os jogos de futebol e cartas. A juventude de Belmiro contada pelos amigos de faculdade num capítulo da sua biografia.

Como era o jovem Belmiro? Os testemunhos dos amigos mais próximos do empresário nos tempos de juventude ajudam a responder à pergunta. Fazem parte do capítulo “A Tertúlia”, da biografia Belmiro – História de Uma Vida, escrito por Magalhães Pinto e editado em 2001 pela Âncora Editora — e que agora o Observador publica.

Morreu Belmiro de Azevedo, empresário e líder histórico da Sonae

As histórias são contadas por Álvaro Teles de Meneses, Luís Mota Freitas, Joaquim Rodrigues (o barbeiro que ajudou em jovem e de quem retirou o respeito pelo trabalho) e Leopoldo Furtado Martins, considerado o melhor amigo de sempre do empresário. “A Tertúlia” fala dos momentos de descontração de Belmiro de Azevedo junto dos amigos nos tempos da faculdade, mas também revela como o empresário era dedicado aos estudos.

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“Belmiro – História de Uma Vida”, foi escrito por Magalhães Pinto e publicado em 2001 pela Âncora Editora

A Tertúlia

“São escassos os períodos lúdicos na vida de Belmiro. Encarando a vida com extrema seriedade, porventura demasiada, criado e educado com o trabalho no topo da escala de valores, Belmiro poucas vezes despendeu tempo em diversões, se excluirmos dois períodos: aquele em que praticou desporto e a convivência naquilo que, pelos próprios, ficou designado como «A Tertúlia». Correspondeu este último ao tempo dos primeiro e segundo anos da faculdade. É um período extremamente rico de acontecimentos susceptíveis de ajudar a compreender a personalidade de Belmiro. Mostra-nos, esse tempo, um carácter folgazão, dado às brincadeiras de juventude, de camaradagem extrema, capaz de exageros mas suportando desportivamente aqueles em que foi a «vítima». E, sobretudo, deixa ver, a esta distância, o lugar que o sentimento da amizade ocupa na sua escala de sentimentos. Ainda hoje, quarenta anos decorridos, os seus melhores amigos foram companheiros d’A Tertúlia.

“O espírito de camaradagem de Belmiro era imenso. Embora sempre polémico, agressivo, não tinha limites. Era muito solidário com os colegas”.

Álvaro Teles de Meneses — entrevista

Mostra-nos, esse tempo, um carácter folgazão, dado às brincadeiras de juventude, de camaradagem extrema, capaz de exageros mas suportando desportivamente aqueles em que foi a "vítima". E, sobretudo, deixa ver, a esta distância, o lugar que o sentimento da amizade ocupa na sua escala de sentimentos.

Para demonstrar o que afirma, Teles de Meneses conta um episódio do liceu vivido com Belmiro.

«Havia um professor de Filosofia, no sétimo ano, o Cruz Malpique, historiador de grande nome mas que vivia no ar, como filósofo que era. Nas aulas dele, quem marcava as faltas na caderneta era o Belmiro. Era uma espécie de secretário do Cruz Malpique. E nós, quando queríamos faltar, dizíamos para o Belmiro: “Ó pá! Hoje vamos faltar, vamos jogar futebol. Vê lá, não nos marques faltas!” E o Belmiro não marcava. Acho que nunca “faltou” ninguém às aulas do Malpique. Um dia, porque estava a chover, ficámos a jogar futebol no átrio, ao fundo do corredor, o que não era permitido. Veio um contínuo, apanhou-nos e levou-nos ao reitor. Este quis saber porque não estávamos em aula. E demos a explicação: “Chegámos atrasados. E, como podíamos faltar a Filosofia, decidimos ficar à espera da próxima aula. E fomos dando uns chutos numa bola. Não íamos incomodar o doutor Malpique a meio da aula.” “Não senhor”, disse o reitor. “Eu vou lá convosco, porque não se admite que os alunos, estando no liceu, tenham falta, podendo aproveitar algum tempo de aula.” E foi connosco à sala de aulas. Abriu a porta e disse: “Ó senhor professor, venho aqui pedir-lhe para tirar a falta a estes alunos que chegaram atrasados.” E o doutor Malpique respondeu: “Mas aqui não falta ninguém! Ó Belmiro, falta alguém?”. Grande bronca! Resolvida a contento pelo Belmiro: “Ó senhor doutor, eu não sei! Está tudo tão baralhado!”. A gargalhada geral estabeleceu a confusão necessária para que o acontecido não tivesse mais repercussões.

Álvaro Teles de Meneses — entrevista

Álvaro Teles de Meneses está na origem do aparecimento d’ A Tertúlia. Órfão de mãe desde os oito anos, era filho de um comerciante estabelecido na Rua de Santa Catarina, no Porto, e que exercia também as funções de caixeiro-viajante vendendo retrosaria no Norte do país e em África. Teles de Meneses sempre viveu com a avó e cresceu com as virtudes e defeitos de uma criança naquelas circunstâncias. O pai ausentava-se longos períodos, por vezes de um ano, para as colónias. E deixava desocupada a casa onde vivia, na Rua Faria Guimarães, no Porto. Algo boémio, estudante pouco aplicado, a Teles de Meneses não faltavam amigos. A quem ele disponibilizava a casa do pai para convívio, estudo e brincadeiras próprias da juventude. Ali se juntam, todas as noites, inúmeros amigos, quase todos eles estudantes de Engenharia. Apenas um ou dois alunos de Economia quebram a regra.

Desde o início, Belmiro mostra, também n’ A Tertúlia, qualidades que virão a estar nele presentes mais tarde, na vida empresarial. Quando os jovens amigos decidem, um dia, oficializar A Tertúlia, juntam-se todos na casa do pai de Teles de Meneses, então ausente em África. Por objectivo, escolher o «gabinete» de cada um. Um compartimento da casa para cada qual. Belmiro não esperou pelos outros. Adiantou-se e escolheu o melhor para ele — a sala de visitas da casa, ao cimo das escadas. Os restantes tiveram de se arrumar na cave, no rés-do-chão e no primeiro andar, em compartimentos menos confortáveis.

Não abundavam, no Porto dos finais dos anos cinquenta, os meios de diversão para a juventude. O cinema era o passatempo preferido. O Cine-Foz, junto ao castelo, para os menos abonados, com bilhetes a cinco escudos. O Central-Cine, na Carcereira, já um pouco mais seleccionado por acrescento de mais dois escudos e cinquenta no preço mínimo dos bilhetes. Um e outro a passarem reprises. Para os cinemas do centro — o Batalha, o Rivoli, o Coliseu, o Águia d’Ouro, o São João, o Trindade — ficavam as estreias, reservadas às burguesas soirées das sextas-feiras e dos sábados, local de estreia obrigatória do último vestido adquirido. Com bilhetes a preços proibitivos para uma juventude com pouco dinheiro. Para além do cinema, ficavam os clubes recreativos como local de diversão, com os seus bailes de sábado à noite ou domingo de tarde. Acabados, muitas vezes, na cervejaria da CUF, à Praça da Galiza, para um saboroso prego e um fino gelado.

Não se estranha, por isso, que A Tertúlia seja, para o grupo de amigos de que Belmiro faz parte, lugar de convívio quase permanente todo o tempo em que não há aulas. Vem posteriormente a alargar-se a outros colegas, embora não fazendo estes parte daquilo que pode designar-se por núcleo duro. Este é essencialmente constituído por Teles de Meneses, Belmiro de Azevedo, Leopoldo Furtado Martins — que será, porventura, o maior amigo de Belmiro para sempre, fora da esfera familiar — e Mota Freitas — que será, já adulto, administrador do Banco Comercial Português. Juntam-se-lhes, mais episodicamente, outros, especialmente quando o tempo era de farra e não de estudo. O Domingos Barroso. O «Pepe», cognome de José Duarte Lacerda Bastos. O Armando Paula. O Fernando Barbosa. O Armando de Almeida. O Ferraz. Os ócios eram os tradicionais entre a juventude estudante ao tempo. Se era dia, vinham para a rua, muitas vezes, jogar à bola. À noite, o passatempo principal era jogar às cartas. O manilhão. Se era tempo de Verão, iam frequentemente, ao fim da tarde, até ao Cabo do Mundo, em Perafita, no automóvel do pai do Teles de Meneses, um Citroën «arrastadeira».

“O Belmiro era, de longe e de todos nós, o que mais a sério levava A Tertúlia. Em todos os aspectos. Designadamente na organização dos tempos. Embora também gostasse de distrair-se”.

Luís Mota Freitas — entrevista

Os companheiros de Belmiro n’ A Tertúlia são unânimes em recordar que, por muito que gostassem todos de brincar, era sempre ele quem chamava a atenção dos outros quando era tempo de estudar. Uma recordação de Teles de Meneses mostra a atitude do futuro grande empresário português face à derrota.

“O Belmiro era um trapalhão a jogar às cartas. A maior parte de nós jogava muito melhor. E, quando perdia, o que acontecia muitas vezes, ele irritava-se e barafustava com todos”.

Álvaro Teles de Meneses — entrevista

"O Belmiro era, de longe e de todos nós, o que mais a sério levava A Tertúlia. Em todos os aspectos. Designadamente na organização dos tempos. Embora também gostasse de distrair-se", diz Luís Mota Freitas (...). Era sempre ele quem chamava a atenção dos outros quando era tempo de estudar. 

Mas esta atitude de Belmiro não é geral. Parece ser apenas um comportamento face ao que pensa ser o azar ou a má interacção dos outros. Se a derrota resulta dum jogo em que a vontade própria também entra, a sua reacção é muito mais desportiva, como o demonstra o seguinte episódio.

“Naquele dia, estávamos três a estudar na sala de jantar, que dava para o quintal das traseiras. Tínhamos pregado uma partida qualquer ao Belmiro. Pelo quintal, ele chegou-se à janela e atirou-nos com um balde de água. Molhou-nos e molhou o chão, os tapetes, a mobília. Fomos atrás dele. E ele refugiou-se no seu “gabinete” e trancou a porta. De imediato, fomos para a janela que dava para o quintal, todos armados com vasilhas cheias de água, esperando que ele saísse pela janela do primeiro andar. E gritávamos-lhe: “Ou sais ou não vais dormir a casa!” Ele ia sempre dormir a casa, ao Amial. Sempre no último eléctrico, o “vadio”, das três horas da madrugada. Aí perto das três horas, começámos a ouvir abrirem-se as portadas das janelas que davam para a rua. Ele saltou do parapeito do primeiro andar. Mas, no momento em que atingiu o chão, mais de cinquenta litros de água caíram-lhe em cima, deixando-o todo ensopado. Aí, deu-se o inverso. Começou a pedir que lhe abríssemos a porta, que não ia para casa naquele estado. E nós não abrimos. No dia seguinte, todo o serão foi uma galhofa, com a descrição dele de como os noctívagos olhavam, com espanto, para aquele jovem que parecia ter acabado de sair do banho todo vestido”.

Álvaro Teles de Meneses — entrevista

Passam a maior parte do tempo a jogar. Pela noite fora, especialmente nas noites de sexta-feira para sábado. Já de madrugada, acabam a noite numa confeitaria da Praça do Marquês a comer croissants quentes, à medida que eles vão sendo fabricados. Para não perderem tempo, contratam um barbeiro, conhecido do Teles, para lhes cortar o cabelo enquanto jogam às cartas. Será este barbeiro um dos exemplos mais flagrantes do apreço de Belmiro por quem trabalha e por quem demonstra espírito empreendedor. Ainda hoje, quarenta anos depois, é quem lhe corta o cabelo. Mas melhor será deixar que seja o próprio barbeiro a contar a história.

“Quando me apanhei com 16 anos, eu queria fugir de Lordelo do Ouro. De maneira que comecei por responder a um anúncio. Para uma barbearia, onde me iniciei no trabalho. Ao fim de alguns anos, comecei a ver que a minha vida tinha que levar uma modificação. Tinha casado e comecei a pensar em mudar. Tinha muita clientela. De cadeira. Um dia, estava eu muito triste. Um indivíduo meu cliente — a malta até lhe chama o novo rico por ele ter muito dinheiro — disse-me que eu precisava era de me estabelecer. Eu fiquei a pensar nisso. Este gajo quer-me ajudar, pensei. Precisava. Mas, para me estabelecer, eram necessários para aí uns 400 contitos, disse eu. E isso é muito dinheiro. “Arranja loja que eu ajudo-te”, disse ele. Quando cheguei a casa, contei à minha mulher. Ela incentivou-me. Passado dois meses, eu comecei a procurar casa, aqui, acolá. E encontrei uma barbearia à venda, até por bom preço. Quando o novo rico voltou, eu disse-lhe que tinha encontrado casa e que era a altura de ele me ajudar. Ele não me disse nem que sim, nem que não. Mal acabei de lhe cortar o cabelo, saiu porta fora. Nesse mesmo dia, chegou o engenheiro Belmiro. Nessa altura, as possibilidades dele eram muito inferiores ao que são hoje e às do outro indivíduo, o novo rico. Era 1967. Ele estava no Pinto de Magalhães. Contei-lhe porque estava muito triste naquele dia. Então, o senhor engenheiro Belmiro de Azevedo olhou para mim e disse: “Está descansado. Eu vou ver se te posso arranjar esse dinheiro”. Eu fiquei admirado. Fiquei maluco. Não contava com aquilo. O senhor engenheiro, nessa altura, trabalhava e ganhava o seu ordenado. Não tinha assim dinheiro para emprestar, não é? Ele pôs-me à vontade. Depois, emprestou-me o dinheiro. Do bolso dele. E, passados quatro ou cinco dias, encontrei este sítio. O engenheiro também veio ver. Gastámos aqui duzentos e tal contos. Foi quanto ele me emprestou. À volta de 300 contos. Não me pediu nada em troca. Pura confiança. A única coisa que ele precisava é que eu assinasse umas letras. Aí é que eu vejo como o engenheiro Belmiro dá valor a quem trabalha. Sabia muito bem que eu trabalhava de dia e ainda ia à noite trabalhar para compor o meu ordenado”.

Joaquim Rodrigues — entrevista

Contei-lhe porque estava muito triste naquele dia. Então, o senhor engenheiro Belmiro de Azevedo olhou para mim e disse: “Está descansado. Eu vou ver se te posso arranjar esse dinheiro” (...). Depois, emprestou-me o dinheiro. Do bolso dele. Gastámos aqui duzentos e tal contos. Foi quanto ele me emprestou. À volta de 300 contos. Não me pediu nada em troca. Pura confiança.
Joaquim Rodrigues

Um apreço de Belmiro que perdurará. Continuará a ajudar o barbeiro pela vida fora, inclusivamente proporcionando-lhe outras oportunidades de negócio nos centros comerciais que abrirá.

N’ A Tertúlia, Belmiro é admirado e permanente ajuda nos estudos dos companheiros. Quando há uma dificuldade aparentemente irresolúvel na matéria, é Belmiro quem desfaz as dúvidas.

“O Belmiro tinha uma enorme capacidade intelectual. O engenheiro Teles de Meneses e eu começámos, em Novembro, a ter explicações de Matemáticas Gerais, que era um cadeirão. Ele, em Fevereiro, já perto das frequências, porventura por dificuldades económicas, ainda não tinha sebenta de Matemáticas Gerais. Ainda não tinha estudado nada. A certa altura, cerca de três dias antes da frequência, vejo-o, sentado, com a sebenta à sua frente, a estudar sem lápis nem papel, de braços cruzados, mais parecendo estar a ler um romance policial da Agatha Christie. Foi fazer a frequência e teve uma nota alta”.

Leopoldo Furtado Martins — entrevista

“O Belmiro era muito estudioso. Mas não era daquele género picão, dos que só vivem para estudar. O Belmiro era um tipo que convivia, que praticava desporto, era um tipo bem-disposto, alegre, bom companheiro. Agora, era um homem que quando chegava a altura da verdade, estudava e dedicava-se ao estudo. Mas julgo que ele não precisava de muito tempo de estudo. Absorvia com facilidade“.

Luís Mota Freitas — entrevista

A memória de Belmiro já é, nesse tempo, prodigiosa, fotográfica. Muitos sinais, ao longo da sua vida, darão testemunho disso. Um trunfo que, combinado com a sua quase devoção pela formação, pela informação e pela leitura, será um dos mais importantes factores do seu êxito.

O seu temperamento continua a ser irreverente, franco, impulsivo, abrasivo, o que, por vezes, agasta os companheiros. Mas são, quase sempre, tempestades de pouca duração. Não se conhece, no período d’A Tertúlia, um único caso de zanga a sério, definitiva.

“O Belmiro pediu, uma vez, vinte escudos emprestados ao Barroso. Que era bom rapaz mas um sovina autêntico. A partir daí, o Barroso não via o Belmiro que não lhe pedisse o pagamento dos vinte escudos. O Belmiro não nadava em dinheiro. E, daí, que tivesse dificuldade em pagar. Tantas vezes o Barroso insistiu que, um dia, o Belmiro me pediu vinte escudos emprestados, foi trocá-los em moedas de tostão e pagou assim ao Barroso. Este queria bater-lhe”.

Álvaro Teles de Meneses — entrevista

Ele já perto das frequências, porventura por dificuldades económicas, ainda não tinha sebenta de Matemáticas Gerais. Ainda não tinha estudado nada. A certa altura (...) vejo-o, sentado, com a sebenta à sua frente, a estudar sem lápis nem papel, de braços cruzados, mais parecendo estar a ler um romance policial da Agatha Christie.
Leopoldo Furtado Martins

Curiosamente, Belmiro tem aqui um comportamento contrário aos princípios que adoptará para si próprio ao longo da vida: o estrito cumprimento das obrigações de pagamento perante si assumidas por terceiros.

Apesar do divertimento, anda sempre acompanhado dum caderno de uma qualquer sebenta. Quando, vindo d’A Tertúlia, regressa a casa, no eléctrico das três horas da manhã, vai sempre a estudar. Apesar disso, reduz o seu aproveitamento escolar. Chega a estar em dificuldades, em risco de perder o ano. Facto que imputará, durante muito tempo, aos amigos d’ A Tertúlia. Embora estes atribuam tal facto, essencialmente, ao tempo por ele gasto nas explicações que dava.

O tempo d’ A Tertúlia é recordado como um tempo feliz para Belmiro. As amizades ali construídas perdurarão. Passarão a encontrar-se pela vida fora. Em jantares ao fim-de-semana realizados com regularidade. Jantares onde o espírito juvenil se manterá presente. Mesmo com a companhia das mulheres, já depois de casados, as quais partilharão da sólida amizade então construída. Pode afirmar-se que o espírito d’ A Tertúlia ficará para sempre. Belmiro parece continuar a ter tempo para tudo. A família já está no Porto. Interessa-se pelo progresso dos irmãos através da formação. Continua a ter dezenas de estudantes a quem dá explicações. Ajuda os companheiros n’A Tertúlia. Pratica andebol no Futebol Clube do Porto. E ainda encontra tempo para se divertir. Mostra já um temperamento de liderança assinalável. E o sentido da responsabilidade, ainda que diminuindo, é porém o maior entre os companheiros. A natureza abrasiva do seu carácter mostra-se aqui e além. Mas fica evidente também um certo desportivismo quando os acontecimentos, mesmo em seu desfavor, resultam dos seus próprios actos. A partir do terceiro ano da faculdade, volta a ser o aluno aplicado que sempre foi. A Tertúlia perde importância. Não tanto porque tivessem deixado de conviver mas porque, como disse Mota Freitas, o Belmiro era quem levava A Tertúlia mais a sério. E o Belmiro decidiu voltar a ser responsável e colocar o seu futuro em primeiro lugar. A convivência com amigos e aqueles dois anos passados com maior ligeireza contribuíram, seguramente, para fortalecer o tronco que se prepara para estender os ramos.

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