Cristina Ferreira, uma das mulheres mais influentes em Portugal, vai trocar a TVI, que a viu nascer como apresentadora de televisão, pela concorrente SIC. Após 16 anos ao serviço da estação de Queluz, Cristina Ferreira e a Media Capital entenderam “estar na altura de dar início a um novo rumo e a novos projetos empresariais e profissionais”, tal como se lê em comunicado divulgado pela empresa. A apresentadora, que desde 2013 era diretora de conteúdos não informativos da TVI, sai com efeitos imediatos, apesar de o contrato celebrado com a TVI estar válido até ao final de novembro. De acordo com o que o Observador apurou, a renumeração de Cristina Ferreira, acordada com a SIC, estará na ordem de um milhão de euros anuais. Com um salário bruto de perto de um milhão de euros por ano, Cristina Ferreira entra para o clube dos mais bem pagos em Portugal onde estão os gestores das maiores empresas da bolsa portuguesa.
Quem são os gestores mais bem pagos em Portugal. E quanto ganharam no último ano
Não é, no entanto, garantido que Cristina Ferreira vá receber 80 mil euros mensais, como avançado pelo Correio da Manhã. Uma parte desse “bolo” corresponderá a prémios por objetivos — remuneração que só será paga se Cristina Ferreira conseguir fazer subir as audiências, conforme os objetivos definidos. Um deles poderá ser, por exemplo, voltar a dar a liderança de audiência nas manhãs à estação de Carnaxide. Parte do salário terá ainda em conta os espaços de publicidade dentro do programa, de marcas que pagam aos apresentadores para divulgarem produtos, como é o caso dos suplementos alimentares. Também isso está incluído no valor total anual previsto.
A negociação é recente e foi conduzida por Daniel Oliveira, que assumiu o cargo de diretor-geral de entretenimento da Impresa em junho último. Fontes ouvidas pelo Observador garantem que esta foi uma negociação “simples”. Depois de ter ouvido a proposta da SIC, Cristina Ferreira terá comunicado à TVI a intenção de sair e não terá aberto qualquer espaço para uma contraproposta da estação de Queluz. A apresentadora terá valorizado o desafio dos muitos projetos que lhe foram apresentados. Para já, está previsto que assuma a condução das manhãs, competindo, assim, diretamente com Manuel Luís Goucha, com quem apresentou o “Você na TV!” desde setembro de 2004. Cristina Ferreira vai assumir o cargo de consultora executiva da direção-geral de entretenimento do Grupo Impresa. Trabalhará não só os conteúdos da SIC, mas também aqueles do site e dos canais temáticos. Ainda não é conhecida a data exata em que Cristina Ferreira começa a apresentar as manhãs.
Um dia depois da notícia da saída de Cristina Ferreira da TVI para a SIC, a Impresa está em destaque na bolsa portuguesa. As ações chegaram a disparar 6% na manhã de quinta-feira, mas o efeito Cristina Ferreira começou depois a perder a força e, pelas 13h, o ganho estava limitado aos 3.2%, o que não chega para contrariar a perda acumulada de mais de 20% no valor bolsista da Impresa desde o início do ano. A sessão estava ainda a ser marcada por um volume de compra e venda de títulos superior ao normal.
Ao salário mensal que deverá receber da estação de Carnaxide, a apresentadora vai juntar os muitos milhares de euros que assegura com os diferentes projetos em que está envolvida, incluindo o blogue lançado em 2013, cujos posts pagos podem chegar aos 7 mil euros cada um, apesar das vendas da revista, em banca por 3 euros a unidade, estarem a decrescer significativamente. Em junho de 2017, a marca Cristina Ferreira era avaliada em 10 milhões de euros, segundo a Flash, que citava empresas da especialidade.
Cristina na televisão
Experimentou o jornalismo, mas achou-o demasiado sério para a vida que ambicionava levar. Cristina Ferreira teimava em querer divertir-se à frente da câmara, contagiar quem estivesse do outro lado. O arranque na televisão não foi fácil. No livro que escreveu em 2016, Sentir, a agora empresária recorda os seis meses do “intenso” curso de televisão, onde se cruzou com Manuel Luís Goucha, a quem prometeu que um dia trabalhariam juntos, e com Júlia Pinheiro, que lhe deu uma nota tão baixa que a fez “arrebitar”. Às aulas noturnas seguiram-se os castings falhados e o primeiro direto para a televisão, na Venda do Pinheiro, junto “à casa mais famosa do mundo”. “Não te calaste. Vão gostar de ti”, disseram-lhe, já as câmaras estavam desligadas.
Brinquei aos telejornais muito antes de entrar para a universidade. Punha um vaso com uma flor em cima da mesa, apontava uma câmara fictícia e lá fingia que era pivô de um telejornal feito de notícias inventadas.” Cristina Ferreira, Sentir
O convite para apresentar o programa “Você na TV!” ao lado de Manuel Luís Goucha foi inesperado. Tão inesperado que, quando a proposta surgiu, limitou-se a perguntar, num tom estupefacto, “Para fazer o quê?”. Cristina Ferreira estava há sensivelmente um ano na TVI. Tinha passado pelo Big Brother e pelo Diário da Manhã, trabalho que a obrigava a acordar todos os dias às três e meia da manhã, durante seis meses. Estava feliz por estar na televisão, mas quis Júlia Pinheiro, juntamente com Henrique Garcia, que o entretenimento fosse a alavanca para o sucesso da apresentadora. “O Goucha era aquele senhor que conhecia da televisão. (…) aquele senhor que não dava espaço aos outros (…) aquele senhor que — comentava-se — não deixou a Sónia brilhar”, escreve no livro já citado.
“Ela é capaz de entrevistar até um pionés.” Terá sido assim que Júlia Pinheiro convenceu José Eduardo Moniz. A 13 de setembro de 2004, Cristina Ferreira, que receava ser usada como uma “boneca” ou um “bibelô”, estreou-se ao lado de Manuel Luís Goucha no programa “Você na TV!”, o mesmo que a tornaria, anos mais tarde, na mulher mais influente do país na área do entretenimento. “Aquele dia 13 foi o início de uma caminhada que então não suspeitava. Tocaram os violinos e adornou-se a charrete. A menina da Malveira teve direito a entrada especial”, recorda na obra autobiográfica. Nesse dia, purpurinas voaram dos tetos do estúdio e uma Cristina Ferreira estreante surgiu diante das câmaras vestida de calças de ganga e com um top prateado — um visual bem mais descontraído do que aquele que a caracterizaria no futuro.
A apresentadora de 40 anos, licenciada em História e com experiência enquanto professora, prosseguiu dentro da TVI. A dupla Cristina e Goucha saltaria, mais tarde, das manhãs para o horário de domingo à noite com programas como “Uma Canção Para Ti” e “A Tua Cara Não Me É estranha”. Cristina Ferreira estreou-se a solo em 2013, com a apresentação de “Dança com as Estrelas”. Nesse mesmo ano foi promovida a diretora de conteúdos não informativos da TVI.
No final de 2017, era notícia que, ao lado de Goucha, era o rosto mais bem pago na televisão portuguesa. O Correio da Manhã escrevia que os dois apresentadores, com salários igualados, estavam a ganhar cerca de 60 mil euros mensais — menos 20 mil do que o salário que a SIC poderá vir a pagar a Cristina. Em agosto deste ano, a TVI estava há 144 meses em liderança consecutiva, segundo o site A Televisão. Em julho, o canal da estação de Queluz de Baixo teve em média um share de 20,1%, contra 15,3% da SIC e 11,9% da RTP1 (dados da GfK). O programa Você na TV obteve, no mesmo mês, um share de 24%, o que se traduziu em 358 mil espetadores.
Passaram quase 14 anos desde que “Você na TV!” foi para o ar pela primeira vez, uma data que será celebrada já com a sombra da partida de Cristina Ferreira para a SIC. Tantos anos depois, a apresentadora admitia ainda sentir nervosismo em cada programa e em cada direto. Um desafio que será certamente maior agora que a caminhada profissional está a levá-la para a estação concorrente. “Quando penso no dia em que eu e o Goucha deixarmos de ser dupla, tenho saudades. (…) Quando me perguntam ‘e se isto acabar?’, respondo apenas: ‘Se acabar, acaba!'”.
Cristina no blogue
Estávamos a 21 de maio de 2013 e o Daily Cristina era inaugurado — uma página dedicada por inteiro a Cristina Ferreira, aos seus gostos em roupa, viagens, comida e tendências. Em apenas 20 minutos, a página de Facebook do blogue atingiu os 7 mil fãs e o site ficou paralisado com tantos acessos. Um ano depois, o sucesso media-se pelos 500 mil visitantes mensais e 3 milhões de visualizações – valores acima de algumas marcas de grande notoriedade em Portugal. Também um ano depois, o blogue da apresentadora aparecia no ranking do Netscope à frente de páginas como Vogue, Destak ou Máxima.
Os números nunca pararam de crescer. Atualmente, a página de Facebook do blogue conta com cerca de 430 mil gostos (o perfil da própria apresentadora conta com quase 2 milhões). No Instagram, onde estão publicados quase 5.500 posts, além das stories diárias que cativam muitos, estão 751 mil seguidores. O Daily Cristina tem ainda presença no Twitter, com o rácio de 816 tweets para quase 20 mil seguidores — era, abaixo de Cristiano Ronaldo, a figura pública mais seguida nas redes sociais pelos portugueses em 2017. Lançado em 2013, o blogue recebe 1.120.000 visualizações únicas por mês e tem, em média, 2.250.000 visitas mensais.
Em agosto de 2014, Cristina Ferreira revelava ao Observador que o Daily Cristina não era um negócio, mas sim expressão da vontade da apresentadora em “estar sempre a criar”. “Já era seguidora e admiradora de algumas bloggers internacionais, que admirava, tais como Chiara Ferragni ou Gala Gonzalez. Como não paro e gosto de estar sempre a criar, achei que era bem capaz de me ocupar de um projeto deste género”, explicou. Os posts apoiados por marcas, segundo o ECO, podem variar entre 2.500 e 7.000 euros, mas Cristina diz que só publica aquilo de que gosta e em que acredita.
Júlia Pinheiro, Fátima Lopes, Herman José e José Carlos Malato foram algumas das figuras da televisão a marcar presença na festa de lançamento do blogue, a 21 de maio de 2013. A anfitriã recebeu-os a todos com um vestido Dolce & Gabbana Collection e sapatos Christian Louboutin, nas cavalariças do Pestana Palace, em Lisboa.
Cristina Ferreira foi uma das primeiras celebridades portuguesas a criar uma página na blogosfera para a ajudar a expandir o seu nome enquanto marca. Para criar o blogue foram precisos dois meses de brainstorming, com o maior impasse a ser o nome. Seguiram-se as produções ousadas, com o patrocínio de marcas, e fotografias profissionais, quase diárias. Cristina Ferreira deixou claro desde o começo que era imperativo não ficar um dia que fosse sem alimentar o blogue. “Lembro-me de, desde o início, comentar com a equipa que não havia nada pior para mim, como consumidora de blogues, do que abrir um deles e não existir novidade nesse dia. Era como se a blogger se tivesse desleixado e esquecido de mim”, revelou ao Observador em 2014. À data, existiam 13 pessoas a trabalhar no Daily Cristina, um número que se mantém, apesar de a equipa original recorrer a pessoas externas. Com a revista à mistura, acaba por ser um trabalho de várias equipas.
Cristina na revista
No dia 7 de março de 2015, Cristina Ferreira viu a primeira edição da sua revista homónima chegar às bancas. Custava três euros, tinha uma tiragem de 100.000 exemplares e Marcelo Rebelo de Sousa, a um ano de se tornar Presidente da República, na capa — ao lado de Cristina, claro. A fórmula parecia em tudo idêntica à de O, The Oprah Magazine, ou seja, uma revista em que mudam os temas e os entrevistados, mas a protagonista continua a mesma, a anfitriã. A ambição e a ousadia da apresentadora foram acolhidas pela Masemba, empresa formada pela angolana Semba Comunicação e pelo grupo português Até ao Fim do Mundo, que, há cerca de dois anos, tinha adquirido três revistas ao grupo da TVI: Lux, Lux Woman e Revista de Vinhos.
O sucesso foi imediato. Nas primeiras duas horas, foram vendidas 40.000 revistas, o que acabou por levar a uma reimpressão da edição de estreia. Feitas as contas, no final, foram 127.000 exemplares. Depois do blogue Daily Cristina, a popularidade conquistada nas manhãs da TVI tinha alcançado um novo patamar. “”Não hesitei na hora em que me foi proposta, nunca imaginei que um projeto assim chegasse tão cedo à minha carreira”, escreveu no livro Sentir.
No mesmo livro, Cristina Ferreira relata um episódio insólito que obrigou a suspender a distribuição de uma das edições. Sem revelar nomes, o entrevistado em questão terá “detestado” a capa, “agora que a revista estava nas carrinhas para distribuir”. A empresária fala dos minutos de tensão, da mediação feita entre o entrevistado e a editora e das razões “evidentes” que tinham escapado ao olhar de todos os que veem a revista antes de seguir para a gráfica. “Disse para suspendermos as entregas e que resolveríamos a seguir. Foram 50 mil euros para o lixo”, conclui.
O primeiro ano de Cristina, a revista, foi excecional, mesmo com a empresária a abandonar o cargo de diretora editorial, um mês após o lançamento. Os primeiros seis números, em média, venderam 82.000 exemplares em banca. A sexta edição, com Rita Pereira, voltou a ultrapassar a barreira dos 100.000. Já em 2016, segundo a editora, a capa com Manuel Luís Goucha também foi direta para o top de vendas, embora os números tenham decrescido visivelmente no segundo ano, com cada edição a vender entre 32.000 e 65.000 exemplares. Além dos números, a revista viveu também de capas virais. Em junho de 2015, Ricardo Quaresma apareceu nu, com um quadro, e a internet reagiu com memes. Cristina Ferreira subiu ao telhado com Ricardo Araújo Pereira, mascarou-se com Alberto João Jardim, despiu Joana Amaral Dias, grávida (já tinha despido Rita Pereira e Quaresma), e pôs Cuca Roseta a amamentar.
Mas o ciclo chegou ao fim em fevereiro de 2017, quase dois anos depois do primeiro número. A decisão de terminar com a revista foi anunciada pela própria apresentadora, um mês antes de o último número ir para a banca. O fim do projeto parece ter chegado por mútuo acordo e as vendas nunca foram apontadas como motivação para a decisão. Na altura, em entrevista ao Sapo24, Nuno Santiago, CEO da Masemba, afirmou que o desfecho se devia “ao timing de mercado e à disponibilidade da Cristina”. “Não se trata de uma decisão fácil, até porque se trata de um projeto rentável, mas assim fazemos um final feliz”, referiu na mesma entrevista. Enquanto isso, Cristina Ferreira pouco adiantou sobre o assunto.
Um mês depois, uma reviravolta na história — ou uma enorme manobra de marketing. “Eu sou a minha própria editora a partir de agora”, declarou a empresária no momento em que anunciou que, afinal, a revista estava de volta. A Revista Cristina regressou às bancas em abril de 2017, publicada por uma editora criada pela empresária, a Treze7. O primeiro número registou uma circulação de 77.132 exemplares. As capas, essas, continuaram a dar que falar. Em julho, a primeira capa de alto impacto. Aliás, duas. Dois casais homossexuais contaram as suas histórias e beijaram-se para a fotografia, uma produção que provocou polémica. Na edição de novembro, outra capa que deu que falar, desta vez com Lili Caneças, cheia de intimidade com o modelo Michael Heverly, vencedor da 22ª edição do America’s Next Top Model. “Chamo-me Tiago”, a capa de janeiro de 2018, trouxe a história de uma drag queen para a primeira página. Seguiram-se a cantora Rebeca, a lutar contra um cancro pela segunda vez, o primeiro-ministro António Costa e Dolores Aveiro, mãe de Cristiano Ronaldo.
E parece que o fim da primeira revista, afinal, não foi tão pacífico como pareceu. Em julho deste ano, a Flash avançou a notícia de que Cristina Ferreira terá colocado uma ação em tribunal contra a Masemba em março. Desde então que o processo decorre, estando em causa 76.460,70 euros exigidos pela apresentadora à sua ex-editora. O ano de 2018 também trouxe um decréscimo significativo nas vendas. No segundo bimestre deste ano, a média das vendas ficou abaixo dos 32.000 exemplares (uma descida superior a 50% em relação ao mesmo período do ano anterior), numa tiragem de 70.000. Apesar da quebra nas vendas, a revista chegou, a meio deste ano, ao topo da tabela de audiência média no que toca às revistas mensais femininas. Com 7,1%, está à frente da Activa, que surge em segundo lugar com 5,2% de audiência média.
Cristina nos negócios
Casiraghi Forever não é um filme série b, é o nome da loja de Cristina Ferreira, inaugurada em 2006, na Malveira. Exato, dois anos depois de se estrear nas manhãs da TVI, a apresentadora seguiu o seu próprio gosto para compor uma loja multimarca de roupa feminina. A localização mantém-se até hoje, embora, há dois anos, o espaço tenha sofrido uma remodelação, projeto assinado pelo decorador Dino Gonçalves.
Em 2014, a apresentadora deu mais um passo rumo a uma carreira como empresária. À semelhança de grandes estrelas internacionais, como Jennifer Lopez e Britney Spears, lançou o seu próprio perfume, MEU by Cristina Ferreira. A fragrância foi um sucesso comercial, tendo atingido rapidamente a marca dos 250.000 frascos vendidos. Um ano depois, assinou um contrato com a alemã LR Health & Beauty, com quem já tinha trabalhado a propósito do perfume. Depois da parceria, a apresentadora portuguesa tornou-se no rosto da empresa de cosmética, não só em Portugal, onde a marca havia crescido 156% no anterior devido ao lançamento de MEU by Cristina Ferreira, mas num total de 32 países. Além de Cristina, a mesma empresa já trabalhava com nomes como Heidi Klum e Bruce Willis.
Em 2015, ano em que começa a ser publicada a revista, Cristina Ferreira cria a sua própria marca de sapatos. Na altura, já tinha desenhado alguns modelos para a Hush Puppies e, pelos vistos, tomou-lhe o gosto. Hoje, continua a lançar coleções sazonais, à venda na loja online associada ao blogue.
No ano seguinte, chegou Sentir. O livro de memórias apareceu quando a apresentadora tinha 39 anos e atingiu rapidamente a marca dos 100.000 exemplares vendidos. Dos bastidores da revista a um caso de assédio sexual, já no universo da televisão, a empresária conta dezenas de histórias na primeira pessoa. Foi o primeiro livro de Cristina Ferreira? Não. Em 2013, já tinha sido editado Deliciosa Cristina, um livro de receitas de cozinha.