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O líder parlamentar do Partido Social Democrata (PSD), Adão Silva, intervém no debate com a presença do primeiro-ministro sobre política geral, esta tarde na Assembleia da República, em Lisboa, 19 de janeiro de 2021. Portugal contabilizou hoje 218 mortes, um novo máximo de óbitos em 24 horas, relacionados com a covid-19, e 10.455 novos casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS). MIGUEL A. LOPES/LUSA
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Líder parlamentar do PSD acredita que ataques de António Costa servem para "tapar o ruído" provocado pelo caso Sócrates

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Líder parlamentar do PSD acredita que ataques de António Costa servem para "tapar o ruído" provocado pelo caso Sócrates

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Adão Silva: "Costa fez ataque baixo, soez e mesquinho"

Líder parlamentar do PSD ataca atitude "rasteira" de Costa que, diz, serviu para "desviar atenções" de Sócrates, num "exercício estapafúrdio". Adão Silva denuncia "irresponsabilidade" em Odemira.

Não poupa nos adjetivos quando se refere a António Costa, que acusa de ter feito um ataque “descabelado”, “mesquinho”, “soez”, “baixo”, “rasteiro”, “estapafúrdio”, “esdrúxulo”, que teve como único objetivo “desviar as atenções” para o que estava acontecer na Operação Marquês e no Parlamento. E até se oferece para ajudar a melhorar a linguagem do primeiro-ministro. “António Costa tem um problema de dicção que é preciso corrigir”, sugere, com ironia.

Em entrevista ao Observador, no programa “Vichyssoise”, Adão Silva, líder parlamentar do PSD, fala ainda da “irresponsabilidade e ineficiência do Governo” na gestão do que está a acontecer em Odemira, e condena a “monstruosidade” em que se transformou o “folhetim” do Novo Banco.

No plano interno, o social-democrata acusa Paulo Colaço (o presidente do Conselho de Jurisdição Nacional que quer punir Rui Rio e o próprio), Adão Silva lamenta que continuem a circular no PSD “brutus” que tentam meter “uma faca nas costas” de Rui Rio.

Pedras e pedrinhas de Costa, Rio, Medina e Moedas

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Assistimos esta semana a uma troca dura de acusações entre António Costa e Rui Rio. O clima de cooperação entre PS e PSD acabou ou esta agressividade retórica está relacionada com o cheiro a eleições no ar?
Esta cooperação entre Rui Rio e António Costa era sobretudo um ato de apoio ao país e aos portugueses. E sobretudo num tempo de pandemia e de grande tragédia nacional era completamente inaceitável que não houvesse aqui uma atitude de grande cooperação, articulação e empenho mútuo para que o país fosse resgatado das garras desta monstruosidade que foi a pandemia.

Mas entende que este ataque de António Costa tem uma dimensão estratégica? Há quem defenda que é uma forma de o PS segurar a esquerda…
Acho que, a muitos títulos, este ataque descabelado e muito mesquinho. É um ato muito mesquinho do primeiro-ministro. É sobretudo mesquinho porque é um olhar a curto prazo. Repare: naquela entrevista não há uma ideia de fundo, construtiva, de futuro para o país. O que ressalta ali é este ataque soez, mesquinho, baixo, rasteiro, que tem sobretudo dois objetivos: por um lado, é evidente que o primeiro-ministro está muito inseguro, porque temos uma situação de grande instabilidade do Governo; e é uma tentativa de atirar com uma bomba verdadeiramente tonta para tentar, de alguma maneira, tapar o ruído dos últimos dias, nomeadamente o que foi o primeiro-ministro de um Governo onde ele foi o segundo, o Governo de José Sócrates, e este descrédito brutal a nível da Justiça em Portugal.

Foi uma forma de desviar as atenções?
Completamente. Foi um exercício estapafúrdio, esdrúxulo, de desviar as atenções.

Rui Rio começou por acumular a liderança do partido com a liderança da bancada. Depois, passou a pasta a Adão Silva

ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Acredita que António Costa vai chegar ao fim da legislatura? 
Não sou adivinho. Se isso for bom para Portugal, é bom que chegue. Mas desta forma como tem tratado o poder em Portugal, neste exercício de manobrismo e de amiguismo, sinceramente não sei se tem muita vantagem para Portugal esta continuação do PS no Governo. Há uma sensação cada vez maior de que está refém deste exercício de manobrismo que levou à geringonça. Isto gera uma incapacidade de planear o futuro de forma consistente, nomeadamente através das reformas que é preciso fazer.

Era dessas reformas de que Rui Rio falava como sendo o seu desígnio, por exemplo a reforma da Justiça. Neste clima, há condições para isso? O que sobra da liderança de Rio se falharem essas reformas?
Acho e espero que venha a acontecer esta reforma da Justiça. Porventura não será tão profunda e abrangente quanto o PSD e Rui Rio desejavam. Mas estamos muito disponíveis para fazer uma reforma tão ampla quanto possível.

E acredita que ela vai mesmo acontecer?
Estamos disponíveis para um debate e à espera de que chegue ao Parlamento a proposta do Governo.

Rui Rio abriu a porta à aprovação da lei do enriquecimento injustificado: o PSD vai dar a mão ao PS nesta questão e ajudar a aprovar finalmente a lei?
Não damos a mão ao PS, damos a mão ao país, que está confrontado com uma situação que se tornou particularmente evidente e aguda com José Sócrates. O país precisa de ganhar confiança no seu sistema judiciário. Os portugueses precisam de acreditar que a Justiça funciona e precisamos desesperadamente de uma reforma na Justiça.

Mas tendo em conta as propostas já conhecidas sobre enriquecimento injustificado, o PSD está ou não de acordo com elas?
O PSD está a trabalhar variadíssimas propostas, num grupo de trabalho com oito pessoas, e teremos pelo menos o grosso do trabalho concluído no final de maio. E abrangerá também questões ligadas ao enriquecimento injustificado, mas também outros aspetos da Justiça. Se os portugueses não acreditarem que a Justiça funciona, o Estado de Direito está inquinado.

“Processo disciplinar é um exercício completamente insensato”

Tem-se falado muito na questão da sucessão de Rui Rio depois das autárquicas. Entende que o lugar do líder do PSD está em risco se o resultado não for brilhante?
Isso é um pressuposto com que não alinho, porque o resultado das autárquicas 2021 vai ser brilhante, não tivesse o líder do PSD sido um brilhante presidente da câmara do Porto durante doze anos.

Mas caso o resultado não seja o esperado, entende que Rui Rio tem o direito de ir novamente a votos em eleições legislativas?
Porque é que havia de admitir pessimismo? Estou muito otimista em relação às autárquicas. O grupo autárquico está a fazer um grande trabalho, temos excelentes candidatos e portanto penso que é o momento em que vamos inverter aquela curva descendente tão negativa para o PSD que foram as autárquicas de 2013, acentuando-se ainda a descida em 2017. Até onde chegaremos nesta inversão não sei, mas a tendência tem de e vai ser invertida. Rui Rio é a pessoa ideal para esta inversão.

"O presidente do PSD não merece esta tentativa de o diminuírem publicamente. O líder do partido nunca pode ser diminuído publicamente e particularmente não pode ser diminuído pelos Brutus que lhe tentam meter uma faca nas costas."

Já que falamos sobre futuro, uma pergunta sobre o seu próprio futuro. Foi alvo de um processo disciplinar por parte do Conselho de Jurisdição Nacional do PSD. Tem pena que esta seja a sua última entrevista enquanto líder parlamentar do partido ou acha que Paulo Colaço não terá coragem de lhe retirar o mandato?
Essa matéria não tem nenhum sentido. É um exercício completamente insensato. O tribunal do PSD nem sequer se lembrou do regulamento interno do grupo parlamentar. Quando perceberem que é assim, verão que grande parte deste castelo de cartas se esboroa. Em segundo lugar, há recursos para o Tribunal Constitucional. Devo dizer que tenho o recurso preparadíssimo. Quando deliberasse essa monstruosidade jurídico-constitucional, obviamente como cidadão e militante do PSD tinha direito a recorrer e recorreria. Mas o que fica disto tudo é a situação lamentável — nem digo por mim, digo pelo presidente do PSD, que não merece esta tentativa de o diminuírem publicamente. O líder do partido nunca pode ser diminuído publicamente e particularmente não pode ser diminuído pelos brutus que lhe tentam meter uma faca nas costas.

Isto deixa alguma mancha para a opinião pública e os eleitores?
Não sei, mas este processo não passa de um enorme equívoco, por falta de bases, de entendimento das questões, por procedimentos precipitados, por falta de prudência. Estou absolutamente convicto de que em breve esta situação ficará clara. O presidente do Conselho de Jurisdição [Paulo Colaço] tem uma atitude canhestra, de tentar diminuir a margem de manobra e a influência do presidente do PSD.

Odemira: “Governo está a chorar lágrimas de crocodilo”

Esteve em Odemira esta semana, viu de perto a situação dos trabalhadores. Na entrevista à RTP3, Rui Rio apontou o dedo a todo o poder político, mas em ao Ministério da Administração Interna. O ministro Eduardo Cabrita tem condições para continuar no cargo depois deste episódio?
Isso é lá com o primeiro-ministro. Aquilo que vi, falando com trabalhadores e empresários, é de uma enorme irresponsabilidade e ineficiência do Governo. E aparentemente há mais Odemiras no país…

A Polícia Judiciária diz que está a investigar vários casos.
Sim, é uma evidência indesmentível da irresponsabilidade e ineficiência do Governo. O Governo deixou passar a situação, deixou criar a situação, deixou que ela se agigantasse e não ligou nada a isto. O PSD há dois anos e tal que anda a denunciar a situação, já duas vezes membros do grupo parlamentar do PSD foram ao local, constataram a situação, denunciaram a situação, apresentámos instrumentos de intervenção política no Parlamento e, afinal, nada aconteceu. O Governo agora vem chorar lágrimas de crocodilo como se não fosse nada com ele. Isto é muito com ele, isto deslustra o nosso país.

Ainda a propósito de Odemira, concorda com a questão da requisição civil do empreendimento Zmar, que é turístico mas também tem habitações de primeira habitação. E foi ou não a melhor forma de assegurar a segurança destes mesmos trabalhadores?
Não, não foi a melhor forma. O Governo reagiu de qualquer maneira, atribuladamente, atabalhoadamente e está a ter decisões com alguma irracionalidade, falta de ponderação, que podiam ter sido evitadas e deviam ter sido evitadas com um comportamento correto, prudente. O está a acontecer é a evidência de irresponsabilidade e de ineficiência do Governo.

Novo Banco. “O Ministério Público tem de agir e vai agir”

Adão Silva, um outro tema que também está a marcar a agenda mediática e política, o Novo Banco, Rui Rio disse na entrevista à RTP, que vai entregar uma exposição sobre o Novo Banco à PGR. O Governo pode ter tido uma gestão criminosa na venda do Novo Banco?
Não sei se é criminosa. O que PSD quer é que o MP se inteire absolutamente da situação e desenvolva a investigação que tem de desenvolver e se chegar à conclusão que há aqui matéria criminal obviamente tem de acusar. Não estamos neste momento nesta fase. Estamos apenas a denunciar detalhadamente, escalpelizando a situação e agora o MP tem de agir e vai agir. Se não agir seria o descrédito total.

No plano político ainda não é claro de que forma é que o Governo vai garantir a nova injeção de capital do Novo Banco. Se for preciso um orçamento retificativo para aprovar essa nova tranche do empréstimo o Governo pode contar com o PSD?
Acho que não vai ser preciso. Aquilo que é preciso é que fique muito claro, de uma vez por todas, que aquilo que os contribuintes andam a pagar tem razão de ser, que não estão aqui a exigir pagamentos que não têm razão de ser. Há muito mistério, muita opacidade. Ninguém sabe onde está o contrato de venda, está metido num cofre e a chave do cofre desapareceu. neste exercício estranho, quase esquizofrénico, Centeno, que era ministro e promoveu a venda, agora é governador do Banco de Portugal e em vez de estar preocupado com a verdade dos factos anda a defender o anterior ministro das Finanças — ele próprio. O folhetim do Novo Banco é uma monstruosidade, um susto, onde quem está a perder são os portugueses.

"Em Odemira, o Governo reagiu de qualquer maneira, atribuladamente, atabalhoadamente e está a ter decisões com alguma irracionalidade, falta de ponderação, que podiam ter sido evitadas e deviam ter sido evitadas com um comportamento correto, prudente. O está a acontecer é a evidência de irresponsabilidade e de ineficiência do Governo."

“António Costa tem um problema de dicção que é preciso corrigir”

Falava sobre a opacidade no caso do Novo Banco. Sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) também entende que o Governo está a enganar os portugueses e a esconder-lhes informação?
Seguramente. Isso é uma extraordinária. A nossa preocupação para lá disto é o que vem a seguir. É fundamental que haja aqui transparência e vamos exigir que nesta lei que foi agora para promulgação da contratação pública seja posta em prática uma comissão de acompanhamento que está prevista nestes contratos. Quando se fizer um contrato, esta comissão vai acompanhar, avaliar e sobretudo produzir relatórios, para que a fiscalização, o acompanhamento, a transparência primam e prevaleçam no uso de tanto dinheiro em tão pouco tempo.

Passamos agora para as respostas rápidas desta entrevista, o “Carne ou Peixe”, em que tem de optar entre duas opções. Se tivesse que escolher alguém para oferecer de comida aos seus dois cães escolheria: Luís Montenegro ou Paulo Colaço?
Isso não escolhia nenhum.

Mas quer explicar porquê? Porque causaria indigestão aos cães ou porque se preocupa com Luís Montenegro e Paulo Colaço?
Respeito sempre os meus companheiros de partido. Aquelas palavras frontais que disse em relação ao Paulo Colaço não têm nada a ver, não tenho nenhum agastamento contra ninguém e respeito absolutamente.

Preferia escalar uma montanha na companhia de Vieira da Silva ou Ana Mendes Godinho?Isto porque é um apaixonado por montanhismo, mas também é um fã e especialista em Segurança Social.
Escolhia o Vieira da Silva. Tenho longas histórias com ele e podíamos ir contando histórias e era um fartote de rir, seguramente.

Mas em altitude podia correr mal…
Acho que não, se fosse preciso eu levava-o às costas.

Preferia fazer parte de um Governo do PSD/Chega ou ver o PSD mais uma legislatura na oposição?
Como não quero fazer parte nem de uma coisa nem da outra, nem sei que lhe diga.

Vai passar fome, já é a segunda que não responde.
Pois, mas não tenho qualquer propósito de fazer parte de qualquer governo a seguir.

Sendo que é professor e tirou a sua licenciatura em línguas e literaturas modernas. Preferia dar uma aula para afinar a linguagem a Suzana Garcia ou a António Costa?
António Costa… António Costa tem grandes problemas de linguagem, não apenas no conteúdo mas também na forma. Há ali um problema de dicção que é preciso corrigir. Eu acho que ele devia fazer umas aulas práticas com um bom ator, alguém que lhe ensinasse aquele manejo da fonética articulatória. Há ali um problema de fonética articulatória.

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