Em maio, já com a medida do IVA zero em cena, o preço médio do cabaz do Observador distancia-se da fasquia dos 60 euros, que vinha a tocar nos últimos meses. Na recolha feita esta terça-feira nos sites de três supermercados – Pingo Doce, Continente e Auchan –, sair da loja com um cesto de compras de 18 bens essenciais custa em média 57,67 euros. É uma diferença de menos 1,72 euros em relação ao valor médio do mês passado.
Deste cabaz, que é composto por óleo alimentar, atum, farinha, arroz, massa, bolacha Maria, cereais Corn Flakes, leite, farinha láctea, maçãs, bacalhau, frango, feijão, ovos, açúcar, pão, papel higiénico e fraldas, dez artigos estão isentos de IVA. A medida entrou em vigor a 18 de abril, isentando de imposto 46 categorias de produtos alimentares. Trata-se de uma medida temporária, que vigorará até outubro.
Neste levantamento feito pelo Observador, é visível uma descida dos preços de vários produtos da lista IVA zero; as raras exceções em que se verificaram aumentos percentuais nestes artigos face a abril estão ligadas ao facto de, na recolha de preços do mês passado, os artigos estarem em promoção.
Os ovos, o atum, o leite, o arroz, o esparguete, o pão e as maçãs, todos membros da lista de IVA zero, ficaram mais baratos nos três supermercados em maio. Nos ovos, por exemplo, a baixa de preços entre um mês e outro fica próxima dos 6% no Pingo Doce e no Continente. Na massa, a descida pode chegar aos 32,6% devido ao fator promoção, que baixa o preço de 1,29 para 0,87 euros.
Verificam-se algumas descidas significativas de preços, como por exemplo no óleo alimentar, que voltou a ficar abaixo da fasquia dos três euros, mesmo sem estar em promoção. A questão é fácil de explicar: anteriormente este produto tinha uma taxa de IVA de 23% e agora está isento. Na variação mensal, um litro de óleo custa quase menos 36% no Pingo Doce e menos 19% no Continente, já que ambos os supermercados têm este produto em promoção. Só no Auchan é que há uma subida ligeira, de 2,76%, já que na recolha de abril este produto estava em promoção. Agora, um litro de óleo Fula custa 2,76 euros nas lojas Auchan, quando em abril ficava nos 2,69 euros.
Fora da lista de produtos isentos, os preços não tiveram alterações em alguns produtos, como é o caso do papel higiénico (2,49 euros nas três superfícies comerciais) ou no feijão branco que, por ser em lata neste cabaz, escapa à isenção. O preço deste produto mantém-se nos 1,29 euros, o mesmo valor de abril.
Feitas as contas, a ida ao supermercado para adquirir este cabaz de produtos fica mais acessível no Pingo Doce e no Auchan do que em abril, mas aumenta no Continente, também pela ausência de promoções em dois dos produtos mais dispendiosos. As fraldas e a farinha láctea custam 17,99 euros e 8,39 euros na cadeia de supermercados da Sonae, respetivamente, mais do que em abril, quando a Cerelac custava 6,29 euros e as fraldas 11,87. Nas lojas das concorrentes são aplicadas promoções, com um desconto de 30% nas fraldas e 16% na papa. O Pingo Doce manteve o preço da Cerelac em relação a abril (6,99 euros).
O valor total do cabaz do Observador recuou em maio para os 55,35 euros no Pingo Doce, menos 4,08 euros do que em abril (uma diferença de -6,87%). No Auchan, custa agora 56,19 euros, menos 5,89 euros do que há um mês, o que se traduz em menos 9,5%. No Continente, a ida às compras ultrapassa os 60 euros (61,48 euros), mais 4,89 euros do que em abril.
Estes preços são recolhidos mensalmente pelo Observador desde abril de 2022. Mesmo com mais de metade dos produtos da lista isentos de IVA, esta simulação de compras está, em média, 5,68 euros mais cara do que em abril de há um ano.
Ir às compras com calculadora. Como os supermercados fazem as contas e os arredondamentos
As famílias portuguesas continuam a sentir na pele os efeitos da inflação. Ainda assim, a estimativa rápida divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) antecipa um abrandamento da taxa de inflação em abril, que deverá ter ficado nos 5,7%. A confirmar-se, este será o sexto mês consecutivo com desaceleração de preços.
Nesta estimativa rápida, divulgada a 28 de abril, o INE referia que ainda não era possível medir o impacto da isenção de IVA nos produtos alimentares, “pelo que os eventuais efeitos desta medida só terão efetivamente impacto no índice de preços no consumidor em maio”.