Prémio Rum com Cola
O discurso mais emotivo dos dois dias de convenção fez-se ouvir em castelhano. Alberto Pérez é cubano e está em Portugal há mais de três anos. Veio à convenção da Iniciativa Liberal deixar críticas ao SEF — que ainda não lhe deu autorização de residência — e agradecer ao “único partido português que levantou a voz contra a repressão do povo”. Este sábado, não só a voz de Pérez se levantou como as de todos os convencionistas no auditório do Centro de Congressos de Lisboa, que o aplaudiram e saudaram. Um dos mais entusiastas foi mesmo Cotrim Figueiredo, o líder do partido que fez questão de sair da mesa da comissão executiva para ir abraçar Alberto Pérez.
Num breve discurso — que a mesa dos trabalhos não ousou interromper —, o militante 245 falou de amigos que deixou em Cuba e de famílias destruídas pela opressão no país. Pérez pode não conseguir articular português sem sotaque castelhano, mas já aprendeu que “ainda nada” é uma das expressões mais usadas em Portugal quando não há respostas para dar a quem as pediu. Pelo menos foi isso que explicou.
E a prova de que Alberto Pérez foi mesmo uma das intervenções mais importantes é o facto de Cotrim Figueiredo lhe ter ainda dedicado tempo no discurso com que encerrou a Convenção. “Cuba libre, Alberto. Cuba libre”, disse Cotrim com os convencionistas a gritar “liberdade, liberdade”.
Prémio ‘Anti-vax’
Joaquim Lourenço participou remotamente na convenção da Iniciativa Liberal, alegando que não tem, nem quer ter, certificado digital — obrigatório para a participação presencial. No calor dos 24 graus que dizia sentirem-se em Lagos, o membro da Iniciativa Liberal disse que corre o risco de não poder entrar nos próprios negócios, que são na área do Turismo. E, se a linha oficial do partido defende a ciência, Joaquim Lourenço desconfia da vacina. “Eu não me vacinei, a minha família também não”. E contou uma história dramática em que atribui a morte do pai a uma vacina: “Não me posso esquecer que o meu pai morreu por causa de uma vacina que tomou no Ultramar. Passados sete ou oito anos, parou-lhe o coração”.
Prémio Fidel Castro
O prémio não é atribuído por afinidade ideológica nem por ter optado por subir ao púlpito com uma camisola de vermelho vivo. António Costa Amaral, vice-presidente da IL, merece esta distinção porque fez a mais longa intervenção da convenção — durou cerca de uma hora — a fazer lembrar (na duração, e só aí) os longos discursos do revolucionário cubano. A desculpa é que António Costa Amaral olhou em retrospetiva para os últimos dois anos da IL, com a ajuda de uma apresentação multimédia. Quando voltou a falar noutra ocasião, com menos tempo, Costa Amaral começou por dizer: “Prometo ser breve”. A sala riu-se.
Prémio Confeiteiro Entusiasta
Há em cor de laranja, em vermelho, em amarelo, em verde, em azul e em castanho — mas, algures no tempo, um liberal ocupou-se de separar um a um os M&Ms para que numa taça gigante presente num evento do partido só estivessem disponíveis os azuis e os vermelhos. A Nuno Morna — que é coordenador da Madeira — o trabalho não passou despercebido e, numa das vezes que subiu ao púlpito, fez questão de agradecer a quem se encarregou dessa missão. “Alguém se deu ao trabalho de separar os M&Ms para que só estivessem ali os azuis e vermelhos, nunca me esqueci”.
Nuno Morna foi, aliás, dos mais entusiastas sempre que subiu ao púlpito. Quis distribuir abraços, por culpa de uma falha técnica teve de repetir um soundbite que tinha ensaiado — “Eu não sou mais liberal que tu, não sou menos liberal que tu” — e exortou todos a “serem rebeldes”. Sobre os M&Ms, ficou por saber o que aconteceu aos outros.
Prémio Desprevenido
Cristiano Santos foi um dos muitos liberais que pediu a palavra para fazer comentários às moções em discussão, mas depois da pausa para jantar, já nada tinha muita importância. Aliás, a maior surpresa para o liberal foi mesmo ainda ter voltado a tempo de intervir na reunião magna do partido. “Desculpem lá, atrasei-me tanto que já nem contava vir falar”. Muito animado e a contrastar com o cansaço que já se notava nos convencionistas, Cristiano Santos limitou-se a elogiar o trabalho do partido, de Cotrim Figueiredo e da organização da convenção.
Prémio Menino da Lágrima
Se dúvidas havia sobre o impacto do discurso do cubano Alvaro Pérez nos liberais presentes na Convenção, bastou que Bernardo Blanco subisse ao púlpito. “Não vou chorar aqui, não vou ser o primeiro a chorar”, disse, mostrando-se emocionado com o relato que Pérez tinha feito pouco antes. Se as lágrimas correram pela cara? Não. Se estava visivelmente emocionado? Sim. Dizia Blanco que é esse o valor da Iniciativa Liberal: “É por histórias como a do Alberto. É por histórias como essa que continuaremos a lutar”. Bernardo Blanco lembra que o caso de Alberto Pérez não é único e que a IL também serve para ouvir quem se sente reprimido pelos vários governos.