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Edite Fernandes marcou 39 golos por Portugal em 132 internacionalizações, sendo ainda hoje a maior goleada do conjunto nacional
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Edite Fernandes marcou 39 golos por Portugal em 132 internacionalizações, sendo ainda hoje a maior goleada do conjunto nacional

AFP via Getty Images

Edite Fernandes marcou 39 golos por Portugal em 132 internacionalizações, sendo ainda hoje a maior goleada do conjunto nacional

AFP via Getty Images

"Caso da Jenni funcionou como um ponto de viragem para o futebol e a sociedade acordarem": entrevista à ex-internacional Edite Fernandes

É a maior goleadora da Seleção, abriu caminhos às novas gerações com passagens por China, Espanha (onde jogou com Jenni Hermoso) ou EUA, ficou como principal referência: entrevista a Edite Fernandes.

É uma das mais internacionais de sempre, foi exemplo para as gerações que se seguiram, ficou como a maior goleadora da história da Seleção feminina entre os quase 10.000 minutos que fez em 132 jogos pela Seleção com 39 golos marcados. Se hoje se fala de Jéssica Silva, Kika Nazareth e tantas outras, houve um tempo em que era de Edite Fernandes e companhia que se devia falar. A rapariga que cresceu em Modivas antes de passar a viver na zona das Caxinas fez jus ao histórico da zona e também marcou uma era no mundo de um futebol feminino que estava a anos luz do atual, ficando essa pergunta quase presa de como seria tudo caso tivesse as mesmas condições que são hoje proporcionadas às jogadoras nacionais para fazerem história.

Edite foi uma das três primeiras jogadoras a arriscarem uma carreira internacional, tendo uma primeira ida para a China após contactos estabelecidos entre Federação local e a portuguesa no Torneio do Algarve. Após o Beijing BG Phoenix, voltou a Portugal via 1.º de Dezembro de onde tinha saído (começara antes a jogar no Boavista) mas ainda esteve em Espanha (CFF Estudiantes, Alcaine, Atl. Madrid e Saragoça), na Noruega (FK Donn) e nos EUA (SC Blue Heat) antes de regressar para ficar em 2012/13, representando a partir daí o Valadares Gaia, o Sp. Braga e o Futebol Benfica. Deixou a Seleção em 2017, na antecâmara daquela que foi a primeira presença de Portugal na fase final de uma grande competição, acabou de jogar em 2021 quando já tinha 41 anos. Quando veio para Lisboa com o sonho do futebol tendo João Vieira Pinto como o principal ídolo trabalhou na hotelaria e em bares, agora é também comentadora do Canal 11.

Em entrevista ao programa “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador, Edite Fernandes faz uma viagem por esses tempos de jogadora onde não ter quase nada era ter quase tudo (o que era possível), analisa o percurso da Seleção feminina à luz de um ponto de viragem que entende ter sido a presença no Europeu de 2017, coloca o Mundial deste ano como um dos trampolins para outros voos reconhecendo que ainda falta “um bocadinho” para chegar às principais potências e aborda também toda a polémica gerada pelo caso Rubiales em Espanha, até por ter sido companheira da própria Jenni Hermoso no Atl. Madrid.

[Ouça aqui o programa “Nem tudo o que vai à rede é bola” da Rádio Observador]

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“Crianças já querem ser como a Jéssica ou a Kika”

2023 teve a primeira participação de Portugal num Campeonato do Mundo, o recorde de assistências em jogos quebrado várias vezes e até a primeira jogadora portuguesa a transferir-se para uma das principais ligas europeias a troco de dinheiro. Este pode ser um ano capital para o desenvolvimento do futebol feminino no nosso país?
Sim. Para já, só pelo impacto que teve o Campeonato do Mundo, pode ser um ano importantíssimo para aquilo que é a modalidade. Não só em Portugal, mas também mundialmente. É um ponto de viragem, digamos assim. Acho que o grande ponto de viragem no futebol feminino português acabou por ser em 2017, com a primeira presença numa fase final de um Campeonato da Europa. Mas de qualquer das formas, este ano e com todo o impacto do Mundial, com todo o impacto que tivemos e com a boa imagem que deixámos, acho que pode ser um ponto de viragem para a modalidade.

Portugal esteve muito perto de chegar aos oitavos o Mundial, somando a primeira vitória na competição contra o Vietname e um empate histórico contra os EUA. Essa participação traz uma motivação extra para a Liga das Nações que já está a decorrer? A ideia de que pode começar a ser possível ter outros objetivos que não apenas marcar presença nas fases finais?
Portugal deixou-nos com as expectativas muito altas. Tudo será diferente a partir de agora. Já nos presenteou com grandes jogos e grandes resultados contra grandes seleções. De qualquer das formas, acho que temos de ter os pezinhos bem assentes na terra. Ainda nos falta algum trabalho, é importante refletir e dizer isso. Ainda nos falta algum trabalho para chegar a um patamar mais elevado, a um patamar dos EUA… E apesar de tudo tivemos uma boa prestação e empatámos com elas, contra aquela que eu acho que é a melhor seleção do mundo. Mas ainda nos falta um bocadinho para chegar lá. Estamos mais próximos, estamos a trabalhar para isso, estamos a crescer e a evoluir.

Pode ver-se isso já na Liga das Nações?
As expectativas agora são um bocadinho maiores, porque Portugal já provou e já deu indicações de crescimento e evolução contra estas grandes seleções. Mas acho que a perspetiva para esta Liga das Nações tem de ser a de fazer o melhor, dar o melhor e chegar o mais longe possível. Estamos inseridos num grupo muito complicado, temos uma potência do futebol feminino como a França e já perdemos esse jogo. Temos uma Noruega, que é sempre uma potência da modalidade, apesar de estar diferente tal como nós também estamos melhores. Estamos em fase de crescimento, a chegar mais perto das grandes seleções, mas temos de ter consciência de que da mesma forma que nós estamos a crescer também as outras seleções estão a evoluir.

Edite Fernandes foi uma das três jogadoras portuguesas que rumaram à China durante um ano em 2002, tendo jogado no Beijing BG Phoenix

Andre Sanano

Portugal começou a Liga das Nações com uma derrota em França mas com uma segunda parte onde conseguiu manter sempre o equilíbrio e tem aquele chapéu da Ana Capeta que pode fazer o empate aos 80′, naquele que seria também o primeiro golo de sempre à França em sete jogos. Que bocadinho é que ainda falta para ultrapassar essa barreira e ter outros resultados com as principais seleções? É possível bater o pé à Noruega?
Esse bocadinho, na minha perspetiva, também passa por ainda não termos um Campeonato, uma Liga BPI, muito competitiva. É competitiva, com os grandes clubes a competirem bem, mas existem ali quatro ou cinco clubes que conseguem competir a um nível mais exigente, mais elevado. Do meio da tabela para baixo ainda há alguma diferença em relação a essas equipas, ainda não temos uma Liga BPI tão competitiva como deveríamos ter. Estamos a crescer, estamos a trabalhar para isso e temos de nos lembrar de que ainda não é uma liga totalmente profissional. Só existem quatro equipas profissionais. Acho que ainda existe essa pequena diferença que depois faz toda a diferença. Notou-se claramente no jogo contra França. França esteve bem na primeira parte, estava confortável porque já estava apurada para os Jogos Olímpicos, a jogar em casa, e na segunda parte Portugal acabou por melhorar bastante. Teve aquela situação da [Ana] Capeta que, no fundo, não foi uma situação criada por nós, foi demérito da própria defesa francesa. Mas podíamos ter feito aí o empate aos 80 minutos e o resultado poderia ter sido diferente.


De qualquer das formas, as diferenças ainda passam pela competitividade que não existe. E isso nota-se, às vezes até no confronto físico com estas grandes equipas. Cada vez que França arrancava um bocadinho mais, colocava um bocadinho mais de velocidade, era superior. Mas estamos a trabalhar. Portugal jogou no meio-campo todo de França na segunda parte, com muita qualidade, fomos superiores durante 20 ou 25 minutos e encostámos o adversário. Mas não conseguimos ser eficazes. Existem esses pequenos pormenores que fazem toda a diferença. Mas acho que a grande questão é o nível competitivo nacional, interno, o facto de ainda não estarmos ao nível dos outros campeonatos europeus.

O Campeonato do Mundo trouxe uma visibilidade óbvia à Seleção Nacional e existe cada vez mais a ideia de que as pessoas já conhecem as jogadoras portuguesas para lá da Jéssica Silva ou da Kika Nazareth. Qual é o passo seguinte? Dar continuidade a este investimento?
Obviamente que sim. Sempre disse que, a partir do momento em que Portugal conseguisse apurar-se para a fase final do Campeonato do Mundo, nunca nada voltaria a ser igual. Em tudo. Ainda por cima, com o impacto da prestação positiva que tivemos, das televisões, da comunicação social, isso também é muito importante. A importância que a comunicação social deu a tudo isto reflete-se no nosso campeonato, nas nossas jogadoras, no futebol feminino. Foi um trabalho importante de todos, mas importa também destacar a comunicação social, esse papel que teve. Porque aqui há uns anos não se sabia, não se fazia, não se falava, não se via nada. E as próprias crianças, do sexo masculino, já têm as suas referências, já dizem que querem ser como uma Jéssica [Silva], uma Kika [Nazareth], uma Ana Borges, até uma Maísa [Correia], que aos 16 anos começa a aparecer na equipa principal do Sporting a fazer golos e assistências. São miúdas com muito futuro pela frente que começam a ter destaque e a motivar o interesse das pessoas, que começam a falar nos cafés, a comentar. Vamos a qualquer sítio, ao centro comercial, à praia, e as pessoas já sabem ver que está lá uma jogadora do Benfica, uma jogadora do Sporting, uma jogadora da Seleção. Isso é tudo muito importante. E deixa-me muito orgulhosa, porque acabei a carreira há menos de 10 anos e também gostava de ter desfrutado destas condições que ainda bem que existem para elas. É um orgulho imenso ver crianças de ambos os sexos a terem como referências jogadoras que praticam futebol.

"Ainda falta um bocadinho para chegarmos às seleções de topo. E esse bocadinho, na minha perspetiva, também passa por ainda não termos um Campeonato muito competitivo (...) Só existem quatro equipas profissionais e ainda há essa pequena diferença que depois faz toda a diferença. Notou-se claramente no jogo contra França."
Edite Fernandes

A questão da profissionalização da Liga BPI é sempre sublinhada por treinadores, jogadoras e dirigentes como crucial neste caminho rumo ao sucesso do futebol feminino português. É uma condição indispensável para que a modalidade chegue a outros patamares? Consegue ter uma noção de quando é que pode acontecer?
Eu gostava de que fosse a breve prazo, mas claro que sei que não estará assim tão próximo. A Federação Portuguesa de Futebol tem um plano estratégico que pretende ter 70.000 praticantes federadas, jogadoras, até 2030. E isso quer dizer que a ideia é ter uma liga totalmente profissional até 2030. Na minha perspetiva, acho que poderá ser possível, mas ainda é preciso muita coisa para que isso aconteça. A liga poderá ter de ser mais curta, provavelmente. Os clubes têm de ser mais apoiados: temos Benfica, Sporting e Sp. Braga, que em termos de sócios nem se fala, que têm apoios de todo o lado, patrocínios de todo o lado, e depois temos os outros clubes que fazem parte da mesma liga e que também deveriam ter apoios de instituições, de associações, de empresas, de patrocínios. Acredito que tudo isto vai melhorar bastante nos próximos tempos, mas também acredito que uma liga profissional será sempre mais curta, porque num futuro próximo não temos capacidade de ter uma liga profissional com 12 equipas. Terá sempre de ser mais curta, mas isso terá de ser um trabalho de todos e um trabalho conjunto, com associações, patrocinadores, toda a envolvência do futebol que também apoia esses clubes e que também deu muito à modalidade. E então aí, quem sabe e esperamos que sim, possamos ter uma liga profissional em 2030. Espero que seja antes, mas se não for possível que seja em 2030.

A Edite foi colega da Jenni Hermoso no Atl. Madrid e conheceu o futebol espanhol. Este escândalo que tem marcado a ordem do dia desde a final do Mundial era expectável, até tendo em conta as renúncias que tinham existido há um ano? Ou surgiu como uma total surpresa?
Fui companheira da Jenni [Hermoso] e sei aquilo que ela passou e que tem passado. Agora está no México e está bem, está longe de tudo. Aqueles primeiros momentos foram muito difíceis, depois daquilo ter acontecido. Aquilo que aconteceu no ano passado com a seleção espanhola… É óbvio que já existiam pistas para alguma coisa, de que algo não estava bem no seio da seleção [15 jogadoras renunciaram em rota de colisão com o selecionador Jorge Vilda]. E o que aconteceu no ano passado também se refletiu em tudo isto. Mas eu nunca estaria à espera do que aconteceu, ainda por cima ao vivo e para o mundo inteiro ver e assistir. O que é certo é que aconteceu e, se me permitem dizê-lo, ainda bem que aconteceu, para o mundo abrir os olhos. Espanha abriu os olhos, as pessoas que estão no governo espanhol abriram os olhos, as pessoas que estão dentro do futebol espanhol abriram os olhos. Foi mau, o facto de ter acontecido publicamente, mas foi uma consequência do que já tinha acontecido na época passada. E, se aquilo não acontecesse publicamente, provavelmente elas ainda estariam numa luta constante para provarem que as coisas não estavam bem dentro da Federação.

Olhando para tudo o que aconteceu depois da final do Mundial e até para as palavras da Megan Rapinoe na despedida da seleção dos EUA este fim de semana, este momento serviu como uma espécie de afirmação de todo o futebol feminino? Até para agarrar em tudo aquilo que foi conquistado de positivo neste Campeonato do Mundo…
Infelizmente, acho que se deu mais impacto e mais interesse ao que aconteceu do que ao futebol. Tirou protagonismo ao feito da seleção espanhola e ao feito do Campeonato do Mundo em si, do futebol feminino. Sentimos todas o que a Jenni sentiu e o que aquela seleção sentiu. Isto nunca deveria acontecer, nos tempos de hoje, no século XXI. Mas as coisas continuam a existir, o assédio, a desigualdade, tudo. Isto é uma luta constante das mulheres, quer no desporto quer fora do desporto. Mas entristece-me um pouco o facto de ter sido uma figura como um presidente da Federação a denegrir aquilo que elas tinham acabado de conquistar. Nos dias a seguir falou-se mais daquilo que tinha acontecido e que toda a gente viu do que propriamente do feito que elas tinham alcançado. Entristece-me bastante, mas acho que também isto foi um ponto de viragem para o futebol e a sociedade acordarem e despertarem um pouco. Isto é uma luta constante e nem é só do futebol feminino, porque isto sempre existiu. Esperamos que seja um abre-olhos para muita gente, para muita coisa. Merecemos respeito, igualdade. Mas foi muito triste.

Edite passou por Boavista, 1.º Dezembro, Valadares Gaia, Sp. Braga e Futebol Benfica entre as experiências no estrangeiro, entre China, Espanha, Noruega e EUA

EPA

A Edite ainda é a melhor marcadora de sempre da Seleção, uma das jogadoras com mais internacionalizações e foi capitã durante muito tempo. Decidiu deixar Portugal a meses do Europeu de 2017, o primeiro em que a Seleção participou. Porquê tomar a decisão nessa altura?
Foi uma decisão bem pensada, ponderada. Tomei a decisão em fevereiro de 2017, antes do primeiro estágio da Seleção Nacional nesse ano. Não tinha sido convocada para os playoffs [de acesso ao Campeonato da Europa], em 2016, tendo eu feito a qualificação toda para esse Europeu. Não fui convocada, em outubro de 2016 e no playoff contra a Roménia. Passaram alguns meses e eu acabei por tomar essa decisão. Já não estaria ao nível das minhas colegas, sentia-me bem, mas em termos físicos provavelmente já não estava ao nível delas e ao nível competitivo que o Europeu exigia. Foi uma decisão bem pensada, acabei por optar quando percebi que já não voltaria a ser convocada. Deixei a Seleção antes que o fizessem por mim. Mesmo sabendo que até poderia ter sido convocada… Mas achei que era a melhor decisão.

Foi jogadora de futebol durante muito tempo, entre clubes e Seleção Nacional, e só se retirou aos 41 anos. Fez muitos sacrifícios ou sempre conseguiu conjugar o futebol com a existência da vida pessoal?
Claro que fiz sacrifícios, principalmente nos primeiros anos. É óbvio que tive de conciliar a minha vida profissional com o futebol. Tinha a paixão, tinha o desejo e o sonho de um dia ser profissional e consegui. Tive essa oportunidade de ser uma pioneira, em conjunto com a Carla [Couto] e a Sónia [Matias], de abrir portas a tudo o que veio depois de nós. Fico muito orgulhosa por isso, por ter sido a primeira a sair do país para ser profissional. E logo para a China, que era uma potência. Sinto orgulho por ter feito parte disso, mas durante uns anos e até 2007/08 ainda fui uma jogadora que trabalhava. Fiz muitos sacrifícios e abri muitos caminhos, desbravei caminhos para que hoje o futebol feminino também esteja onde está. Para que elas tenham as condições que têm hoje e conseguirem usufruir delas. A partir de 2008 fui para fora, estive em vários países e fui sempre profissional. Não voltei a trabalhar, a minha profissão era ser jogadora de futebol e só fazia isso. E também aproveitei. Foram outros tempos. Regressei a Portugal e ainda consegui ser profissional cá, em 2016 e no Sp. Braga, no primeiro ano em que Sp. Braga e Sporting entraram na Liga BPI. E também fico orgulhosa por ter feito parte desse início de projeto do Sp. Braga.

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