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Catarina Martins esteve no quartel de bombeiros mas preferiu manter acesa a polémica com o PS

Catarina Martins voltou aos ataques ao PS e a António Costa e a estratégia parece ter vindo para ficar. No quartel dos bombeiros da Marinha Grande, a líder do BE deitou achas para a fogueira.

Artigo em atualização ao longo do dia

O dia do Bloco de Esquerda arrancou na Marinha Grande, com uma visita às instalações dos Bombeiros Voluntários. Na verdade, tinha começado horas antes. Logo pela manhã, Catarina Martins publicou no Expresso um artigo de opinião onde responde diretamente a Manuel Alegre e insiste nos ataques a António Costa e ao PS deixados no debate da noite passada. Em causa está a história da formação da “geringonça”: o histórico socialista e o líder do PS acusam o BE de ter ido atrás do PCP; o BE diz que foi o camisola amarela das negociações. Apesar de tentar focar-se no tema que tinha levado a caravana bloquista até à Marinha Grande, Catarina Martins não conseguiu evitar as questões sobre o assunto. “O PS rescreveu um pouco a história destes quatro anos com factos que não correspondem à verdade“, voltou a acusar.

O desentendimento entre socialistas e bloquistas parece ter vindo para ficar — e promete marcar o início da campanha para as legislativas. “Acho que é importante repor os factos e foi isso que fiz para que se possa continuar a trabalhar bem no futuro“, afirmou, justificando assim a necessidade de ter assinado o artigo naquele semanário, onde a líder do Bloco de Esquerda conta que na manhã das eleições legislativas de 2015 houve um encontro informal entre Fernando Medina e Jorge Costa para se estabelecerem os princípios para um  entendimento entre PS e BE. Um encontro que terá sido combinado no dia anterior.

Recusou que se trate de um exercício de lavagem de roupa suja em praça pública e preferiu falar em esclarecimentos. “É importante para que possamos discutir aquilo que queremos fazer daqui para a frente”, explicou. A porta para uma nova “geringonça” continua aberta do lado do BE, mesmo apesar deste arrufo com os socialistas e com António Costa. “Não queremos que haja pontes queimadas sobre o que aconteceu porque sabemos que as pontes que construímos nos últimos quatro anos foram tão importantes para melhorar a vida das pessoas”, acrescentou em declarações aos jornalistas.

Carlos Barroso/LUSA

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O Bloco de Esquerda está desconfortável com a versão que António Costa e Manuel Alegre têm repetido e que acusa os bloquistas de terem ido atrás do PCP nas negociações que deram início à solução de esquerda que sustentou o atual Governo durante esta legislatura. A intenção de Catarina Martins e da direção do partido passa por não deixar que a versão socialista prolifere. A ordem é para estancar a narrativa e “repor a verdade dos factos”, mesmo que isso contribua para o reacender do debate com o PS.

No quartel da Marinha Grande, Catarina Martins alertou ainda para as condições em que trabalham, pedindo que se olhe para os bombeiros voluntários durante todo o ano e não apenas “quando há sustos” e propondo mais profissionalização no setor e mais meios para apostar na prevenção, em vez de investir apenas no combate.

A campanha do Bloco de Esquerda arrancou no distrito de Leiria, onde há quatro anos recuperaram um deputado que tinham perdido. A aposta na reeleição de um parlamentar por este círculo tem sido trabalhada ao longo da legislatura e o partido está confiante num bom resultado, mesmo apesar de ter substituído o cabeça-de-lista para estas eleições. No lugar do deputado bloquista Heitor de Sousa irá um quadro mais jovem do partido: Ricardo Vicente, especialista em ambiente.

Na EMEF para falar de ferrovia, Costa é assunto arrumado (para já)

De Leiria, a campanha bloquista seguiu para Santarém, onde ao longo dos últimos meses passou por uma pequena guerra interna para a definição do cabeça-de-lista pelo distrito. A distrital indicou Carlos Matias, eleito deputado pelo círculo de Santarém há quatro anos, mas a Mesa Nacional preferiu indicar Fabíola Cardoso. Uma situação que colocou a distrital contra a direção.

À semelhança do que acontece em Leiria, e independentemente da mudança de candidato, o Bloco de Esquerda acredita que pode voltar a eleger pelo distrito. Por isso, a campanha bloquista não podia deixar de passar por Santarém. O local escolhido foram as instalações da EMEF no Entroncamento e à comitiva bloquista juntou-se precisamente Fabíola Cardoso. Carlos Matias não esteve presente — ao contrário do que aconteceu em Leiria, onde Heitor de Sousa e Ricardo Vicente estiveram presentes.

A escolha desta empresa não é inocente. Catarina Martins pôde fazer campanha lembrando uma das medidas mais emblemáticas do programa eleitoral do partido. “Viemos aqui sobretudo para chamar a atenção para a ferrovia: um dos programas mais importantes que o Bloco de Esquerda apresenta é um plano ferroviário nacional, que permita ligar todo o país pela ferrovia”, explicou. Para isso, os bloquistas defendem que EMEF possa não só reparar o material circulante como também fábrica-lo — “precisamos que aqui seja construído”, disse a líder do BE. O objetivo do Bloco de Esquerda é ligar pela ferrovia “todas as capitais de distrito até 2040”.

Sobre o despique com António Costa, Catarina Martins remeteu mais esclarecimentos para as declarações matinais. “Tudo o que tinha a dizer já vos disse”, atirou. Resta saber se o assunto vai ficar arrumado de vez ou se terá mais episódios. No Bloco de Esquerda, a dúvida subsiste. Logo depois das declarações, deu por encerrada uma visita de médico ao local por onde esta manhã também passou o PCP.

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