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André Ventura reuniu grupo parlamentar de urgência para discutir Orçamento do Estado
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André Ventura reuniu grupo parlamentar de urgência para discutir Orçamento do Estado

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

André Ventura reuniu grupo parlamentar de urgência para discutir Orçamento do Estado

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Chega não fecha portas à viabilização do Orçamento, mas prefere que ónus fique do lado PS

Na reunião dos deputados do Chega houve espaço para todas as opiniões: há quem considere que o partido deve ser o "adulto na sala" em caso de falha entre Governo e PS, mas também quem prefira eleições

O Chega mantém a esperança de que o Orçamento do Estado seja salvo pelo PS, mas está mais próximo de aprovar o documento do que estava há algumas semanas — mesmo que dentro da direção haja opiniões diferentes sobre o que deve ser feito e a forma como seria possível dizer ‘sim’ a Luís Montenegro. André Ventura não desfez o tabu, manteve todas as opções em cima da mesa e manter-se-á assim até conhecer o sentido de voto de Pedro Nuno Santos.

Os deputados do Chega foram chamados de urgência por André Ventura para uma reunião no Parlamento, numa altura em que Pedro Nuno Santos ainda não confirmou se vai viabilizar o Orçamento do Estado, depois de ter feito uma contraproposta à intitulada “irrecusável” proposta do Governo sobre o IRS Jovem e o IRC. O líder do Chega assegura que o partido “tudo fará para evitar uma crise política”, mas não deixou de referir que “este é um Orçamento do PS e do PSD” e que o Chega nem se deixa chantagear nem perderá a identidade.

Ouvidos pelo Observador, deputados e dirigentes do Chega revelam um cenário de opiniões distintas dentro bancada, com uma prevalência “ligeiramente maior” de um “apoio à aprovação” do Orçamento do Estado no caso de o PS deixar Montenegro de mãos a abanar na reta final. Dentro do núcleo duro de André Ventura há até alguma surpresa quanto ao posicionamento de “bastantes deputados que sugeriram a viabilização para evitar uma crise política“.

“Houve deputados que disseram que o Chega devia viabilizar para sairmos como salvadores da pátria, como o adulto na sala“, resume um membro da direção do Chega em declarações ao Observador. Foi essa narrativa que ganhou força nos últimos dias, quando André Ventura se foi apercebendo que era possível Pedro Nuno Santos dar um passo atrás e não aprovar o documento, o que — tendo em conta que o Presidente da República já disse que duodécimos não é uma solução desejável — pode provocar novas eleições.

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De volta à reunião, e contrariamente às opiniões de quem pretende que o Governo de Montenegro tenha um Orçamento aprovado, um outro alto dirigente do partido notou até que vários deputados que “têm o lugar em risco” numas futuras legislativas — tendo em conta que o Chega já admitiu que pode ver a bancada diminuir em caso de eleições antecipadas — não se inibiram de mostrar que estão contra a salvação do Orçamento do Estado. “Há quem ache que não devíamos revogar o irrevogável e que devíamos colocar as responsabilidades nos outros”, explica um outro elemento do núcleo duro.

"É preciso mostrar que não é um favor ao PSD, é um favor ao país e o país não quer eleições, precisa do PPR. Só havia dois cenários possíveis nesse caso: ou se voltava ao início, sem linhas vermelhas, com um acordo para quatro anos ou, assim, mais vale aprovar o que está e não nos prender a este Orçamento"

Dúvidas, incógnitas e um timing que desajuda

Mesmo dentro do cenário de aprovação do Orçamento do Estado há opiniões diferentes na bancada parlamentar e até na direção. Se durante a reunião houve deputados que sugeriram que a única maneira de “não perder a face” seria “reverter o não é não e fazer um acordo para quatro anos” — pedidos com meses que não levaram a qualquer aproximação de Montenegro a Ventura —, houve também quem deixasse claro que era preciso garantir três grandes bandeiras do Chega no documento do Governo: a imigração, a corrupção e a baixa de impostos.

Aliás, a questão dos impostos poderia mesmo ser um desafio caso o Chega optasse por votar favoravelmente, já que o próprio André Ventura chegou a dar abertura para aprovar o IRS Jovem e o IRC fora do Orçamento do Estado e o cenário atual reflete um recuo do Governo e uma proposta longe da original (que poderia cair ou não, caso o PS se coloque fora do acordo). E, mais do que isso, o Orçamento do Estado é entregue dentro de dois dias e Montenegro já o deu como fechado, o que tornaria praticamente impossível uma alteração em tempo útil para agradar ao Chega.

Se o quadro já parece complicado de gerir, a verdade é que há ‘ses’ e incógnitas praticamente impossíveis de conjugar neste timing. Ao Observador, já depois da reunião, fonte próxima de André Ventura assegurou que para haver um voto favorável teria sempre de se abrir uma janela de negociação — o que em termos temporais aparenta ser irrealizável. E, já no final da reunião, perante os microfones dos jornalistas, Ventura disse que “este é o Orçamento do PSD e do PS“, dando a entender que estava tão distante como na altura em que disse que “como o entendimento é entre o PS e o PSD” diria que é “irrevogável”. Assim, até em termos hipotéticos, seria difícil ambicionar um acordo nestas condições.

Por outro lado, é num cenário em que o Chega assina por baixo sem acrescentar nada ao documento que um deputado e dirigente ouvido pelo Observador considera que não existe “nenhum ganho de causa“: “Fomos arredados desde o início, não negociámos e agora podia dar a ideia de que nos subjugámos, e com isso até o eleitorado mais fiel podemos perder.” Mas este não é um argumento consensual dentro da direção, já que um outro elemento do inner circle acredita que, chegado a este ponto, mais vale o partido aprovar sem mexer um milímetro, o que poderia deixar em aberto a possibilidade de justificar que “não é um acordo” e “apenas a necessidade de não afundar o país”.

“É preciso mostrar que não é um favor ao PSD, é um favor ao país e o país não quer eleições, precisa do PPR. Só havia dois cenários possíveis nesse caso: ou se voltava ao início, sem linhas vermelhas, com um acordo para quatro anos ou, assim, mais vale aprovar o que está e não nos prender a este Orçamento”, justifica a mesma fonte.

Em boa verdade, a ideia de que ainda é possível negociar e que continua a ser alimentada na cabeça de vários dirigentes do Chega é uma não-conversa, já que Luís Montenegro disse durante a entrevista à SIC que o partido se tornou num “catavento“, que “não se apresentou sequer à altura de negociar com o Governo” e que está “afastada qualquer negociação com o Chega”. Ainda assim, Montenegro também assegurou que a possibilidade de Ventura viabilizar o Orçamento do Estado — o que pressupõe um voto a favor se o PS votar contra — “não incomodaria minimamente o Governo”.

Até ao último dia, que está cada vez mais perto, o Chega ainda sonha com um voto do PS que seja suficiente para dar luz verde ao Orçamento de Estado da AD — uma abstenção serve o efeito — com o intuito de se tentar posicionar estrategicamente como líder da oposição, dando continuidade à narrativa de que PS e PSD são “iguais”. Após a reunião, o desabafo de um alto dirigente do Chega não deixava dúvidas de que esse cenário seria o ideal para o partido: “Ainda tenho esperança no acordo com o PS.”

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