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Pode ser feita, mas a frase também é verdadeira: ler é mesmo fundamental. Problema: também pode ser difícil, complexo, pouco apelativo e, pior do que isso, muito, muito, muito aborrecido. Os adjetivos não são nossos — muito menos de uma turma de miúdos de 6º ano, em protesto por terem de ler “As Naus de Verde Pinho”, o poema que Manuel Alegre compôs para contar a viagem de Bartolomeu Dias à filha Joana e que agora faz parte do Plano Nacional de Leitura para o segundo ano do segundo ciclo de escolaridade. Quem os empregou foi Vítor Cruz, professor na Faculdade de Motricidade Humana, doutorado em Educação Especial e autor de livros sobre o assunto como “Uma Abordagem Cognitiva da Leitura” e “Educação Cognitiva e Aprendizagem”. Serão apenas alguns dos variadíssimos motivos por que muitas crianças e jovens não gostam de ler, garante.
Para além de ser difícil aprender a ler, o próprio ato de leitura é física e intelectualmente exigente: “A visão e a capacidade para estar atento, bem como outras funções executivas superiores, têm uma influência determinante na aprendizagem e compreensão na leitura”, explica o especialista. Como se não bastasse, acrescenta, também é uma atividade que, à partida, requer sossego e silêncio, o que, só por si, contraria a natureza da maioria dos miúdos. A cereja no topo do bolo? Grande parte das vezes, os livros escolhidos estão uns quantos níveis à frente dos leitores, que ou não têm ferramentas para compreender os textos ou simplesmente não se interessam pelos temas narrados.
A boa notícia? O que não faltam são miúdos que adoram ler — e os seus filhos podem ser como eles. Falámos com três especialistas que nos revelaram todos os passos que tem de dar para fazer com que as crianças se agarrem aos livros.
O ideal, admite a psicopedagoga Sónia Martins, especialista em métodos de estudo, estimulação cognitiva e aprendizagem da leitura e da escrita, será começar a habituá-los aos livros ainda em bebés, antes de saberem falar — quanto mais ler. Ainda assim, nunca será demasiado tarde para arregimentar novos leitores: “Um adolescente sem hábitos de leitura pode sempre ser recuperado, mas terá de ser ajudado no processo. Tem de haver sensibilidade dos pais ou dos professores para perceberem que, para aquela criança, a leitura não é uma coisa natural, não faz sentido exigir à partida que leia um livro inteiro, terá de ser um processo gradual”.
Pode ser duro, mas é um trabalho que vale a pena, garante Sofia Ramalho, especialista em Psicologia da Educação e vice-presidente da Ordem dos Psicólogos. E não apenas porque a leitura propicia melhores resultados escolares: “Nota-se muito bem quem são as crianças que têm hábitos de leitura: no vocabulário, no desenvolvimento do pensamento lógico e no sentido crítico, mas também na resolução de problemas, não apenas nas questões que são colocadas em sala de aula, mas também no domínio social, na resolução de pequenos conflitos com os pares”, explica a especialista. “É um ciclo: a linguagem permite o desenvolvimento do raciocínio lógico, da memória, da atenção e da concentração, da capacidade de resolução de problemas e da capacidade de compreensão de problemas — todos essenciais para o sucesso académico. Por sua vez, melhores resultados escolares provocam mais autoestima, mais motivação para aprender e sucesso também na relação com os pares, no desenvolvimento de relações positivas que inibem os conflitos, as situações de indisciplina em sala de aula, o bullying e violência escolar — que resultam de sentimentos de baixa autoestima e de baixa eficácia.”
PISA. Um terço dos alunos só lê se for obrigado — e quem não lê não consegue aprender
Dê o exemplo
Uma sondagem feita em abril deste ano revelou que 51% dos pais portugueses não tem hábitos de leitura. Não será um bom indicador, sobretudo se pensarmos, como relembra Vítor Cruz, que “uma boa parte das nossas aprendizagens é realizada por imitação”: “Quanto mais a criança estiver imersa num contexto de leitura e de livros, maior será a probabilidade de se tornar boa leitora”, garante o especialista.
Se quer que os seus filhos leiam, comece por tirar um livro da estante. Agora leia — e trate de fazer com que eles o vejam a ler. “Se perceberem que há um interesse do núcleo familiar na leitura, se virem que os livros fazem parte do dia-a-dia dos pais, que os levam para os transportes, para a sala de espera do consultório, e que andam com eles no carro, para lerem sempre que têm uma pausa, as crianças também vão querer ler”, acrescenta a psicopedagoga Sónia Martins.
Mas por muito que seja importante, avisa Vítor Cruz, dar o exemplo apenas não chega. Mais: pode nem sequer ser assim tão necessário — e por isso mesmo é que temos mais estratégias para propor. “Um bom exemplo aumenta a probabilidade de a criança ou jovem se tornar um leitor. No entanto, o exemplo familiar não é suficiente nem absolutamente necessário. Ou seja, se é verdade que o exemplo pode facilitar o envolvimento da criança na leitura, ele não garante que assim aconteça. Por outro lado, o facto de os pais não serem leitores também não implica obrigatoriamente que a criança ou jovem não se torne um bom leitor. Cada ser humano é único na sua biologia e nas suas experiências.”
Prepare o espaço para a leitura
Pense na cesta de brinquedos do seu bebé. Há bolas, peluches e demasiados daqueles brinquedos musicais irritantes que o fazem desejar que as pilhas rebentem, certo? Troque uns quantos por livros. A começar pelos de pano, seguindo para os de banho, com texturas, com pop-ups e até com botões capazes de reproduzir os sons dos animais da quinta — os livros devem fazer parte do rol de brinquedos ao dispor da criança desde o nascimento, recomenda Sónia Martins. O objetivo é que o livro seja incluído, desde sempre, na gaveta reservada aos objetos de lazer — e não de obrigação.
Se tiver espaço em casa, invente uma zona de leitura (pode ser apenas um par de almofadas no chão, com um quebra-luz, não é necessário muito mais do que isso). O objetivo é proporcionar as condições adequadas para que a criança se envolva na leitura, explica o professor Vítor Cruz: “Deve ser um local confortável, no qual não existem estímulos visuais e auditivos distrateis. A leitura deve ser feita nos momentos do dia em que a criança não está cansada ou com maiores dificuldades de atenção. Os pais devem estar disponíveis para conversar ou esclarecer dúvidas que surjam, ajudando-a a refletir sobre o que leu”.
Para além de livros, é importante que em casa existam também jornais e revistas, para que os mais novos estejam a par do que se passa no mundo, no país e na cidade onde vivem, e possam ir falando disso com os pais, acrescenta a psicopedagoga Sónia Martins. “Não será por acaso que os testes PISA também já começam a avaliar o espírito crítico, o raciocínio e a capacidade empática dos alunos. Isso só se consegue quando os temas são trabalhados e acompanhados. A criança pode ler, mas, se não falar sobre o assunto, pode não estar a conseguir organizar o que lê. Por isso é que a partilha e os comentários são também tão importantes”, fundamenta a especialista.
Institua a hora (ou os cinco minutos) da história
Aprender a ler é difícil. Por isso mesmo, é importante que os pais ajudem a fazer da leitura uma prática rotineira e lúdica, diz Vítor Cruz. “Deverão identificar as letras nos ambientes quotidianos dos filhos, seja na rua ou em casa; ensinar as letras e os seus sons, utilizando tantos sentidos quanto possível; brincar com palavras da mesma família e com palavras que rimam; incentivá-los a descodificar palavras curtas (como “pé”, “pai” ou “pato”) e praticar o reconhecimento visual de algumas palavras todos os dias”, sugere o especialista.
Para além deste trabalho, que deve ser feito de forma casual, em casa, na rua ou no carro, é importante que institua um momento mais formal de leitura: a hora da história. Ou os cinco minutos da história — se o seu filho ainda é bebé não é expectável que o tempo de atenção vá muito para além disso. “Ler todos os dias antes de deitar ajuda na construção do pensamento, da linguagem e da compreensão das coisas, e também faz super bem, é tempo que os pais tiram para estar com os filhos e eles sentem isso”, salienta a psicopedagoga Sónia Martins.
De acordo com a psicóloga Sofia Ramalho, no início não tem de ler o livro de uma ponta a outra, aliás nem tem de utilizar sequer um livro: “Os pais podem contar histórias narradas, que podem ser experienciais ou tradicionais, por exemplo. Isto faz com que este hábito possa ser promovido universalmente (porque nem todos os pais podem comprar livros). Se usarem livros, devem virá-los para as crianças, para que elas possam ver e tocar”.
Se, nos casos de bebés, cinco minutos de leitura bastarão, a partir dos dois anos pode passar para os 10 — “A partir dessa altura, há um crescimento exponencial da linguagem”, explica a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos. “Dos 3 aos 5 anos, como os tempos de atenção ainda são curtos, os pais podem apontar para 15 ou 20 minutos, passando depois, a partir do 1.º ciclo, para a meia hora. Nesta fase, ainda é importante que os pais leiam com a criança, de forma alternada. A preocupação não deve ser a de ler integralmente o livro, mas a de discutir e conversar sobre o que leram. O que proponho é que essa meia hora seja de leitura e de comunicação sobre o que foi lido. Se este trabalho puder ser feito numa base diária, como rotina, antes de irem para a cama, é extraordinário. Mas os pais não precisam de ficar em pânico quando não é possível”, avisa a especialista. “Se estas rotinas estiverem instaladas, a partir do 4.º ano as crianças começam a querer ler sozinha e a escolher os seus livros”, conclui.
Está na altura de mudar de escola? Arranje um livro sobre isso
Se, com crianças mais pequenas, o que ler não é propriamente uma questão — “Os pais acham que têm de dar estímulos diferentes aos filhos, mas, na verdade, as crianças gostam sempre da mesma história e a repetição até é boa: ajuda a desenvolver o raciocínio e a compreensão”, explica Sofia Ramalho —, a partir dos 3 ou 4 anos as escolhas dos livros já podem ser um pouco mais criteriosas. “Se sabemos que a criança vai passar por uma mudança, podemos usar leituras intencionais, escolher histórias semelhantes e aproveitar para trabalhar o domínio socioemocional e a questão do medo da transição”, aconselha a psicóloga.
Apesar de ressalvar que também é importante que os pais não estejam constantemente a racionalizar tudo o que fazem com os filhos e a tentar desenvolvê-los — “A relação espontânea e de vinculação que crianças e pais têm é, por si só, promotora de desenvolvimento cognitivo” —, Sofia Ramalho defende que as leituras podem ser usadas para acrescentar estímulos, explicar conceitos e enquadrar as emoções das crianças. O seu filho está prestes a mudar de escola? Escolha um livro que narre isso mesmo. Há um menino que lhe bate todos os dias na escola? Vai ter um irmão? Passa todos os dias por sem-abrigo na rua e começou a fazer perguntas? O que não falta é literatura infantil para responder a todas estas questões.
Ler na escola é diferente de ler em casa
Se, por algum motivo, as crianças tiverem dificuldades na aprendizagem, os livros vão rapidamente passar a ser sinónimo de trabalho e chatice. Tanto mais se na escola a leitura for utilizada, como tantas vezes acontece, acusa o professor Vítor Cruz, “para realizar tarefas monótonas, desinteressantes, obrigatórias”: “É frequente encontrarmos situações como esta: ‘Lê a história que começa na página 86 chamada ‘Como Beatriz Costa perdeu o seu dedal’. Responde às perguntas da página 98, que irão mostrar o que aprendeste nesta história. Faz as atividades de trabalho das páginas 89 a 92.’ Leituras deste tipo garantidamente irão manter as crianças ocupadas durante horas, mas também é garantido que matarão os seus sentimentos positivos relativamente à leitura”.
De acordo com a psicopedagoga Sónia Martins, é importante que os pais consigam separar as coisas e expliquem aos filhos que aprender a ler é essencial, sim, mas que, em casa, os livros não são trabalho, mas brincadeira. “Em casa não deve haver essa pressão. E o trabalho sobre a leitura deve ser menos falado e mais feito à base de ações. Não é ‘vamos ler porque é importante para isto ou aquilo’; é ‘vamos ler como vamos arrumar o quarto, vamos fazer um jogo ou vamos passear’. A leitura é só mais uma atividade que faz parte do dia-a-dia.”
Esta destrinça entre as leituras que se fazem porque tem de ser (primeiro na escola, depois no trabalho) e as que se devem fazer apenas por prazer, diz a psicopedagoga, torna-se cada vez mais essencial à medida que os anos vão passando e começam a surgir as listas de obras de leitura recomendada ou obrigatória. “No ensino secundário é mais complicado, não há muito espaço para lerem as coisas de que gostam, mas é importante que os pais marquem esta diferença, acompanhem os filhos a livrarias ou bibliotecas e os incentivem a escolher livros de que gostem.”
Quem escolhe é quem lê (e se tiver mesmo de ser, “O Diário de um Banana” será)
O que nos leva à estratégia seguinte: pode até ter delirado com as aventuras do Joel, da Joana e o Jorge, mas isso não significa que o seu filho também se vá apaixonar pelas aventuras do “Triângulo Jota”. Até porque, convenhamos, se em 1989 já não era muito verosímil que um Michael Jackson com síndrome de Peter Pan pudesse ter andado a passear com o trio pelas ruas do Porto, 30 anos depois tal cenário é ainda mais descabido — e literalmente impossível.
Tudo isto para dizer que, a partir dos 9 ou 10 anos, quem escolhe é quem lê. “Temos tendência a apresentar-lhes aquilo que achamos que é o melhor, mas os tempos são outros e os jovens têm acesso a mais coisas. Uma estratégia é ler excertos, até pode ser que eles gostem; ou tentar encontrar coisas mais atuais, se bem que similares; mas no limite, a escolha tem de ser deles”, defende Sónia Martins.
Está a rebobinar todos os momentos em que insistiu noutro título e se recusou a comprar aquele livro daquele youtuber com um penteado estranho? Tente não repetir — neste como em tantos outros casos, a proibição não trará bons resultados. “Os pais podem até achar que livros como ‘O Diário de um Banana’ não têm grande interesse, mas dizer-lhes que não presta para nada não é o caminho. É preferível que tentem conversar sobre o assunto — ‘Explica-me porque é que gostas tanto’ — e que aproveitem para ter um momento de partilha. Afinal, a criança está a ler. Depois podem sempre tentar ir introduzindo outros livros, outros temas”, sugere a especialista.
O que continua a ser essencial nesta fase é a comunicação sobre o que é lido, faz questão de frisar a psicóloga Sofia Ramalho: “Um jovem com 9 ou 10 anos já vai querer ler sozinho e não estar sempre a parar para falar sobre o que lê, mas os pais devem ir fazendo perguntas sobre o livro, as personagens, e, no final, conversar. Ou então ler o mesmo livro”.
Crie um clube do livro familiar
Se a família se junta para ver um filme, porque não fazer o mesmo para ler? A sugestão é da psicopedagoga Sónia Martins, para incentivar à leitura não apenas de filhos, mas de toda a família: “Escolham um momento do fim de semana e sentem-se no canto mais tranquilo da casa, cada um a ler o seu livro. Ouço muitas vezes pais que se queixam de que os filhos não lhes contam nada sobre o seu dia-a-dia e o que se passa na escola, mas os pais também não falam sobre o que fazem no trabalho ou o que lhes acontece nos transportes. O ideal é que possam ir falando e comentando o que vão lendo e que se crie um momento de partilha”.
À medida que as crianças vão crescendo, passa a fazer ainda mais sentido a estratégia proposta pela psicóloga Sofia Ramalho: “Os pais podem ler o mesmo que os filhos e aproveitar para conversar sobre as questões que surgem nos livros e que, geralmente, estão muito próximas das suas próprias experiências: as relações amorosas, as relações com os outros, com a própria imagem corporal, com a sexualidade ou outros dilemas próprios da adolescência, relacionados com a autonomia, a vida familiar, questões cívicas, sociais, ambientais, etc.”.
Não diabolize telemóveis, consolas e outros “brinquedos”
O que não faltam são formas de castigar miúdos mal comportados. Ler não pode nunca ser uma delas, sublinha Vítor Cruz: “Isso só criará rejeição relativamente à leitura”.
Já Sónia Martins acrescenta que, apesar de a tentação de os obrigar a trocar tempos de telemóvel ou Playstation por horas de leitura poder ser grande, também não deverá ir por aí. “Os telemóveis, as redes sociais, os jogos e os youtubers são uma parte essencial da vida dos jovens. É muito importante que os pais expliquem as vantagens e as desvantagens de todos esses equipamentos, mas que reconheçam também essa importância, sob pena de se criar um fosso entre eles e os filhos”, aconselha a psicopedagoga. Ainda que defenda que, de segunda a sexta, tablets e jogos eletrónicos devem permanecer desligados — “E ao fim de semana não podem estar todo o tempo que têm livre a utilizar um só ‘brinquedo’, tem de haver um equilíbrio, e pelo menos meia hora por dia deve estar reservada à leitura”.
Revistas, jornais, audiolivros, histórias narradas em vídeo — nas leituras para adolescentes principiantes vale tudo
À partida, se as sugestões anteriores tiverem sido seguidas, antes da entrada na adolescência, os miúdos vão ser leitores habituais, que decidem aquilo que querem ler e até estão mais motivados para cumprirem as metas de leitura dos currículos escolares. Não é o caso do seu filho? Ainda é possível pô-lo a ler, mas vai dar um pouco mais de trabalho. A ele e a si. “Se este trabalho não tiver sido feito ao longo do desenvolvimento da criança, então vai ter de ser provocado, por um processo mais artificial, menos espontâneo, por uma motivação mais extrínseca, quase imposta. Podemos ter adesão, mas não será tão grande como quando o processo de desenvolvimento das rotinas de leitura é gradual”, avisa Sofia Ramalho.
A psicóloga também dá uma série de dicas sobre como trazer, de facto, estes não leitores para o lado da luz — todas elas implicam o envolvimento dos pais, não espere que seja só passar-lhes um livro para a mão. “Os pais vão ter de ler com os filhos. Podem começar por analisar um poema, podem ajudar a escolher livros sobre a dimensão experiencial dos adolescentes, podem até ler eles próprios os livros recomendados pela escola, para os cativarem para a leitura”, enumera. “Ou podem também organizar uma ida ao teatro, ao cinema, uma visita a um museu, a uma exposição de fotografia — o objetivo é encontrar aquilo de que os jovens gostam e traduzir isso em oportunidades de comunicação e de desenvolvimento da linguagem”, acrescenta.
No fundo, o livro será, nestes casos, a etapa final em vez de a inicial: revistas, jornais, e-books ou até audiolivros, tudo vale nesta fase do processo. “O livro é um tesouro, mas, em casos em que os jovens não estão envolvidos com a leitura e não foram desenvolvidos neste domínio, se calhar mais vale usar meios tecnológicos para estimular a linguagem do que não fazer nada. Existem livros em formato digital, histórias narradas através de vídeos, podcasts e audiolivros. Podem ouvir uma história enquanto vão no carro com os pais, por exemplo. A letra impressa obriga a uma ginástica mental mais elaborada, que pode ficar para depois”, admite a vice-presidente da Ordem dos Psicólogos.
A última estratégia que sugere é válida para todas as famílias, leitoras ou não: à hora de jantar, todos devem sentar-se à mesa, de televisão desligada e longe de telemóveis e afins. “Que momentos de comunicação diários existem entre pais e filhos que chegam a casa às 19h e ainda têm jantares e trabalhos de casa para fazer? No mínimo, a meia hora do jantar devia ser dedicada ao desenvolvimento de linguagem em família. É essencial e também pode gerar novos comportamentos de leitura: a seguir, os filhos podem ir pesquisar mais coisas sobre os assuntos de que estiveram a falar.”
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