“O réu tem sido um sacerdote zeloso, respeitado, com plena aceitação na generalidade dos paroquianos e promotor do progresso social da terra, respeitado pela grande maioria, mesmo os que não são católico-praticantes. É ele pessoa muito amiga das crianças, que costuma, em manifestação de ternura, beijá-las e sentá-las ao colo. A quase totalidade das pessoas de Paião estão convencidas da sua inocência”.

Foi um ano conturbado, aquele que antecedeu a queixa contra o padre António de Sousa por atentado ao pudor. Portugal vivia no Estado Novo e Luís, um vendedor da Figueira da Foz com casa na então aldeia de Paião, era um homem devoto da Igreja. Participava em grupos cristãos e era muito próximo do padre da paróquia, António de Sousa.

Foi, aliás, o sacerdote quem se disponibilizou para dar aulas particulares de música à sua filha, então com seis anos, aproveitando as férias escolares. Até ao dia em que a pequena Luísa chegou a casa e disse que não queria mais voltar sozinha às aulas. Preocupada, a mãe perguntou-lhe porquê. “Porque o padre está sempre a dar-me beijos e mete-me as mãos por dentro das cuecas”, terá respondido, segundo o depoimento da mãe que está guardado no tribunal da Figueira da Foz — onde o caso viria a ser julgado —, num processo que o Observador consultou.

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