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Fábio Lopes fundou o Villa Athletic Club a 14 de junho deste ano
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Fábio Lopes fundou o Villa Athletic Club a 14 de junho deste ano

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Fábio Lopes fundou o Villa Athletic Club a 14 de junho deste ano

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Conguito fez proposta "para resolver as coisas amigavelmente" no Villa. Mas há jogadores e treinadores sem direito a compensação

Jogadores reúnem-se esta quarta-feira com o sindicato para decidir se aceitam, ou não, os valores propostos por Fábio Lopes. Proposta não inclui alguns jogadores, direção e equipa técnica.

Ainda antes de realizarem o último jogo em representação do Villa Athletic Club, a 16 de outubro, os jogadores e a equipa técnica deste clube deixaram de conseguir falar com o presidente do Villa, Fábio Lopes, mais conhecido por Conguito. Fábio Lopes não atende as chamadas, nem responde às mensagens das pessoas que contratou para o clube fundado a 14 de junho deste ano. Agora, depois de mais de um mês em silêncio, chegou, finalmente, ao Sindicato dos Jogadores Profissionais uma proposta de compensação para os atletas — mas uma proposta parcial, que engloba os que ganham menos, que deixa de fora todas as despesas adicionais além dos salários e que não inclui treinador e equipa técnica.

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Apesar de continuar incontactável, esta é a primeira vez que Fábio Lopes decide tocar no assunto da dívida aos jogadores — alguns receberam apenas um mês de salário e outros nunca chegaram a receber qualquer valor. A proposta foi enviada na semana passada pelo advogado que representa o clube, Marco Pinto Moreira, e está neste momento a ser analisada pelos jogadores do Villa, que souberam há duas semanas pela Associação de Futebol de Portalegre que o clube desistiu de todas as competições. A decisão, segundo apurou o Observador, deverá ser conhecida já esta quarta-feira, depois de uma reunião entre o sindicato e os jogadores.

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A proposta deixou de lado o pagamento aos jogadores Edinho e André Carvalhas, ao treinador e à equipa técnica do Villa. Os jogadores referem ainda que o valor proposto corresponde a menos de um terço da dívida total. 

No entanto, a proposta não agrada a todos os jogadores e deixou alguns fora das contas, não contemplando o pagamento, por exemplo, a Edinho e André Carvalhas — dois dos jogadores mais conhecidos que foram contratados para este clube. O valor proposto, segundo fonte do plantel do Villa, não chegará a um terço da dívida que o clube deverá pagar aos jogadores, direção e equipa técnica. Aliás, além de a proposta de Fábio Lopes não englobar todos os jogadores, ficaram também fora os membros da direção e equipa técnica.

“A proposta foi enviada para resolver as coisas amigavelmente”

O Villa começou a dividir-se depois de um mês e meio do começo dos treinos, quando os ordenados começaram a ficar em atraso — segundo informações recolhidas pelo Observador, os salários variavam entre os 200 e os 2.000 euros — e no momento em que os membros da equipa técnica e da direção passaram a assumir vários dos custos diários, como pequenos-almoços dos jogadores e exames médicos obrigatórios para que pudessem competir com o emblema da equipa. Nessa altura, no mês de setembro, Fábio Lopes ficou isolado.

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Agora, com o clube ainda partido, com jogadores, direção e equipa técnica de um lado e o presidente do outro, foi feita a primeira proposta para ressarcir os atletas que se juntaram ao projeto desportivo que Fábio Lopes pretendia lançar no distrito de Portalegre. E, segundo Marco Pinto Moreira, advogado que representa o clube — o lado de Fábio Lopes –, “a proposta foi enviada para resolver as coisas amigavelmente, para tentar que as coisas fiquem resolvidas”, explica o advogado em declarações ao Observador. No entanto, apesar de ainda não existir uma resposta por parte do jogadores do Villa, “não parece que haja grande interesse”, admitiu o advogado.

"A proposta consistia em pagar alguns montantes aos jogadores que auferiam valores mais baixos e que faziam bandeira de passar mais dificuldades", adiantou Marco Pinto Moreira, advogado representante de Fábio Lopes, presidente do Villa. 

De acordo com Marco Pinto Moreira, o sindicato entrou em contacto com o representante de Fábio Lopes, que decidiu enviar a tal proposta que está, neste momento, em análise por parte dos atletas. E “a proposta consistia em pagar alguns montantes aos jogadores que auferiam valores mais baixos e que faziam bandeira de passar mais dificuldades”, acrescenta o mesmo advogado.

Mas, além das queixas por não estarem todos os jogadores incluídos neste processo, os atletas criticam também o facto de os membros da equipa técnica não estarem contemplados nesta proposta. Por exemplo, tal como o Observador avançou no mês passado, três membros da equipa técnica e da direção do clube assumiram todas as tarefas que até ali tinham sido garantidas por um ex-funcionário, que deixou o clube por falta de pagamento. Nessa altura, Pedro Campos Ribeiro, diretor desportivo, Alexandre Costa, team manager, e João Maria, membro da direção, passaram a ir às compras para o pequeno-almoço, a lavar louça, a tratar da lavagem da roupa dos treinos e a limpar e arrumar os balneários. E assumindo sempre todos os custos associados a estas tarefas.

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Sobre esta questão, o advogado que faz agora a mediação entre Fábio Lopes e o sindicato explicou que “o sindicato dos jogadores só representa os jogadores” e, por isso, não foi apresentada qualquer propostas para os restantes membros. Mas também não se esclarece se apresentado um valor para a equipa técnica do clube.

“Foste a casa desses menores com cinco pessoas para intimidá-los”

Desde que começou a polémica com o Villa, Conguito, presidente do clube e atualmente com 27 anos, deixou de aparecer nas redes sociais — plataforma que utilizava diariamente — e fez apenas uma publicação sobre o assunto. “Lamento que o meu sonho vos tenha arrastado para as notícias e lamento que tenham de ler tudo o que foi escrito, em notícias ou em comentários negativos e, por vezes, agressivos”, escreveu a 19 de outubro, acrescentando que “não se salta de um barco a arder”.

E foi precisamente esta última frase que os jogadores do Villa criticaram na sexta-feira passada, através de um comunicado em que explicaram tudo o que aconteceu até agora e que já é, aliás, conhecido. “Afinal, sempre se salta de um barco a arder”, lê-se no comunicado publicado nas redes sociais, depois de os jogadores terem recebido do sindicato a proposta que será discutida esta quarta-feira.

"Afinal, sempre se salta de um barco a arder", lê-se no comunicado publicado nas redes sociais, depois de os jogadores terem recebido do sindicato a proposta que será discutida esta quarta-feira. 

E a propósito do comunicado, Edinho, atleta que chegou a vestir a camisola da seleção portuguesa, aproveitou para lançar várias críticas a Fábio Lopes, denunciando que o presidente do Villa terá ameaçado os jogadores mais novos e que viviam numa casa arrendada pelo clube: “Foste a casa desses menores com cinco pessoas para intimidá-los.” Aliás, as rendas desse apartamento, arrendado em Vila Franca de Xira para alojar vários jogadores do clube, ficaram também em atraso e os atletas foram, entretanto, para outra casa.

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Edinho falou ainda das promessas feitas aos jogadores, sobretudo para os convencer a jogar no Villa. Tal como o Observador já tinha também avançado, Fábio Lopes vendeu a ideia de ter várias marcas de peso a patrocinar o clube, como a loja desportiva Decathlon, mas essas marcas nunca chegaram a aparecer. Na passada sexta-feira, Edinho avançou mais nomes de patrocinadores, que nunca chegara a existir, como a NOS, a Galp e a Super Bock.

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