O clube de futebol criado pelo youtuber Conguito, alcunha de Fábio Lopes, fundado em junho deste ano e apresentado em agosto, está no centro de uma polémica: a maioria dos atletas e da equipa técnica do Villa Athletic Club nunca recebeu qualquer montante que lhes havia sido prometido pelo influencer no momento da contratação.

Perante as dificuldades em comunicar com Conguito, que alegadamente não atende o telefone aos funcionários, quatro atletas esperaram-no esta terça-feira à porta da Rádio Renascença, onde o youtuber trabalha como radialista da MegaHits.

Entre os 20 futebolistas contratados para o Villa Athletic Club estão Edinho e André Carvalhas. A maioria nunca foi paga, segundo o Mais Futebol, que também confirmou que o fotógrafo André Tenente, contratado para registar o jogo de apresentação, também nunca recebeu o dinheiro que lhe foi prometido.

A equipa técnica é liderada por Meyong, ex-futebolista do Sporting Clube de Braga e Vitória de Setúbal, e também inclui Marco Tábuas, ex-guarda-redes também do clube sadino. Mas nem Marco Tábuas, nem o diretor desportivo do clube, Pedro Campos Ribeiro, foram pagos desde a fundação do Villa Athletic Club.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em declarações ao Mais Futebol, Meyong criticou Conguito: “Há pessoas que vêm para o futebol e não percebem nada de futebol. Se calhar vê futebol na televisão e acha que isso chega, mas não faz a mínima ideia de como funciona. Ele agora está no mundo dele e não imagina como está a situação dos miúdos”.

Mas Conguito, por sua vez, só comentou o caso esta terça-feira. “Humildemente, reconheço que estão a ser dias muito difíceis. Os investimentos iniciais previstos não se concretizaram e estamos a ter algumas dificuldades ao nível de patrocínios diretos com marcas”, diz a nota escrita enviada ao referido site.  E acrescenta:

O Villa Athletic Club nasceu com o propósito de cumprir uma missão maior: ser um clube de oportunidades, impulsionar a carreira e sonhos de jovens atletas, contribuindo ainda para o desenvolvimento de uma região no interior do país, onde, infelizmente, existem cada vez menos jovens. Era este o meu sonho, criar um clube que contrariasse a lógica do negócio, muitas vezes associada ao futebol”.

O clube de futebol está inscrito na Associação de Futebol de Portalegre e tem a sede em Ponte de Sor. No entanto, a autarquia revogou a cedência das instalações do seu Estádio Municipal e recinto multiusos ao Villa Athletic Club para os jogos de futebol da época 2022/2023.

A decisão abarca os jogos oficiais nas categorias de seniores e juniores das competições realizadas pela Associação de Futebol de Portalegre e ocorre na sequência da falta de comparência do Villa, enquanto visitado, no jogo da primeira jornada da Taça Remax de Portalegre, no dia 09 de outubro.

A Câmara Municipal de Ponte de Sor acusa a liderança do clube de não ter informado oficialmente a autarquia “do motivo para esta falta de comparência, tendo cumprido todos os requisitos logísticos relativos à disponibilização dos recursos inerentes à realização da partida”. A cedência, ao abrigo do Regulamento Municipal de Apoio a Instituições sem fins Lucrativos, fora aprovada em 28 de setembro, mediante o pagamento das respetivas taxas de utilização.

Por estar inscrito em Portalegre, o Villa Athletic Club tem maior hipótese de participar no Campeonato de Portugal porque só há uma divisão distrital, com cinco clubes, e o campeão abdica muitas vezes de subir. Mas todos os jogadores treinam em Lisboa; e aqueles que não são da capital ficaram alojados numa casa em Vila Franca de Xira — que agora não tem água, nem energia —, treinando nas instalações do Samora Correia.

“Mas rapidamente percebemos que alguma coisa não estava bem”, disse o presidente deste clube ao Mais Futebol. Clube esse que tem cedido material, como equipamentos e carros particulares para se deslocarem para as partidas, aos jogadores.

“Logo de início percebemos que faltavam peças, eram promessas atrás de promessas, nunca havia papéis, falávamos com o presidente, que nos mandava falar com os advogados, que nos passava ao contabilista. Quiseram fazer um clube sem dinheiro, a fiar-se nos patrocinadores. Quem anda cá sabe que quando se conta apenas com o dinheiro dos outros… é complicado”, descreveu Mário Oliveira Reis.

Alguns jogadores estão mesmo a passar por dificuldades financeiras. Um deles é menor. Ele e outros quatro atletas foram contratados no norte do país, mas são estrangeiros, e vivem agora na casa de Vila Franca de Xira. “Já foram informados que terão que sair da casa e não se sabe para onde vão”, denunciou o já ex-diretor desportivo do Villa Athletic Club, Pedro Campos Ribeiro, que tem ajudado a título pessoal os atletas.