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Quando Letizia chegou à Casa Real teve de se adaptar muito à instituição conservadora que iria passar a ser a sua casa e a sua missão de vida. Durante dez anos trabalhou arduamente para se encaixar no papel de princesa das Astúrias e no meio de uma família real querida, exemplar e cheia de tradições. Depois de um furacão de escândalos que abanou a Coroa, revelou-se uma nova família real com a difícil tarefa de fazer esquecer os erros da anterior, que afinal não era tão perfeita assim. Agora que Letizia é rainha, chegou a altura da instituição também se adaptar. Foi neste novo papel que encontrou o seu lugar, mas não é sentada no trono que está a provocar a mudança.
“A monarquia espanhola ainda está em tempo de recuperação. O problema judicial é de Urdangarin e os escândalos de Juan Carlos I causaram muitos danos à instituição. Para muitos, Letizia representa um novo tempo”, afirma Mabel Galaz. A jornalista que acompanha a família real para o jornal El País há mais de 30 anos e é autora da biografia “Letizia Real” (Esfera de los Libros), que foi lançada em Espanha a 7 de setembro, partilhou as suas opiniões com o Observador. “Claro que [Letizia] mudou. Era uma jornalista que levava uma vida muito longe dos palácios. Teve que deixar a sua profissão e começar um novo trabalho como membro de uma família real. Como princesa viveu um duro período de adaptação. Como rainha parece estar mais à vontade.”
Poucas semanas depois de se tornar rainha de Espanha, as primeiras palavras em público de Letizia no seu novo papel tiveram lugar num evento, em Madrid, que marcava os 150 anos da Cruz Vermelha Espanhola. Antes de subir ao palco, o presidente da Cruz Vermelha das Filipinas, enganou-se no seu nome e introduziu-a como rainha Felicidad. Letizia, que depois da proclamação a 19 de junho de 2014 estava numa boa maré, não só surfou a onda, como aproveitou para servir ao público uma verdadeira acrobacia, num perfeito inglês e com humor, respondendo assim ao equívoco: “Pode chamar-me rainha Felicidade [queen Happiness]. Soa bem. Sim, é um bom nome”.
O que faz uma rainha do século XXI
Levantava-se às 6h15 e era penteada pela sua cabeleireira de confiança (que a acompanha desde o tempo em que trabalhava na Televisão Espanhola). Depois ia para cozinha preparar o pequeno almoço das filhas (“cereais, lacticínios, fruta e infusões”) que na altura teriam sete e nove anos, porque era também ela quem as acordava e vestia. Quando as filhas partiam para a escola, ela lia a imprensa e, se tinha algum ato oficial, escolhia a indumentária. Assim era descrita a rotina matinal de Letizia, cerca de um ano depois de se tornar rainha, num artigo publicado pela Vanity Fair em 2015.
A rainha tem um grupo de amigas íntimas desde há muito tempo que são todas jornalistas e que se reúnem todas as semanas, ou em casa de alguma ou num restaurante. A rainha é muito atenta à vida cultural de Madrid e gosta de visitar exposições . Ela e o rei fazem juntos vários programas como ir ao cinema, ao teatro ou jantar fora.
As suas prioridades são a família e apoiar o rei. Letizia “continuará a trabalhar ao lado do seu marido. A constituição espanhola não lhe confere nenhum papel institucional. O seu grande objetivo é a sua filha Leonor: trabalhar na sua formação para que um dia possa ser rainha de Espanha”, afirma Mábel Galaz.
Letizia tem a sua própria agenda desde 2007, quando era ainda princesa, e as suas principais áreas de trabalho são as crianças e juventude e, especialmente, educação e saúde. É também uma feroz defensora de hábitos de leitura, é aliás uma grande adepta da Feira do Livro de Madrid, onde todos os anos faz questão de comparecer, e da importância da saúde física e mental para o bom desenvolvimento das crianças. A alimentação é outro dos interesses da rainha Letizia. Trata de supervisionar pessoalmente os menus dos jantares de gala e é ela quem decide o que se come. Detesta doces industriais e quando havia festas de aniversário das filhas no Palácio da Zarzuela, era Letizia que fazia o bolo, “sem açúcar e com farinha integral”.
Na saúde, as suas principais causas são os doentes de “doenças raras” e suas famílias, bem como a luta contra o cancro. Empenha-se, profundamente, em conhecer as causas que apoia. Escreve a Vanity Fair que o seu conhecimento sobre diabetes e doenças raras é “exaustivo” e que se informa como se estivesse a preparar uma reportagem, até porque o seu interesse pelos temas vem do tempo em que trabalhava em televisão. Em setembro de 2010 assumiu a Presidência Honorária da Associação Espanhola Contra o Cancro da sua Fundação Científica. Foi a primeira vez que aceitou uma presidência destas de forma permanente pelo impacto que a doença tem na sociedade. Será também, provavelmente, a melhor embaixadora da Cruz Vermelha espanhola.
Uma semana depois de se tornarem reis de Espanha, numa das primeiras audiências que deram, receberam 350 representantes de ONGs, entre elas a “Plataforma de Gays, Lesbianas, Bisexuales e Transexuales”. No fim, Letizia dirigiu-se à diretora e disse: “Muito obrigada por assistir. Continue com o seu trabalho em prol da visibilidade. Entendo bem as suas palavras. Isto importa muito”, citou a já mencionada revista espanhola. Um momento que ajuda a traçar o retrato de uma rainha de uma nova geração, bem diferente da da rainha Sofia.
“Sem dúvida, foi ela quem pôs os pés do rei no chão. Partiu de um marciano e converteu-o num terrestre”, afirmou Eduardo Madina, político do PSOE, à VF em 2016, descrevendo o que acredita ser o maior feito de Letizia. “Ela tem consciência que a sua figura existe, em parte, para canalizar as críticas. Porém gostaria de desfrutar de um ambiente mediático mais amável” e acrescentou que a rainha lhe confessou lamentar que só se fale das suas roupas e retoques estéticos.
Como acontece com todas as princesas e rainhas, a aparência de Letizia atrai especial atenção. O seu guarda-roupa conta um leque de marcas que vai dos designers de renome espanhóis às marcas de fast fashion a que qualquer pessoa consegue chegar. Mas a rainha consegue ainda surpreender ao usar vestidos reciclados da sua sogra. Dos vestidos de gala às calças de ganga rasgadas, passando pelas minissaias e pelas peças em pele, se as escolhas de moda da realeza costumam passara mensagens, podemos dizer que a principal conclusão que tiramos dos looks de Letizia é que tem ela um estilo próprio. E uma boa prova disto será o facto de ter assumido os seus cabelos brancos deixado-os a descoberto. Letizia aposta sempre por acessórios simples, mas nas ocasiões solenes recorre ao brilhante guarda-joias que herdou da rainha Sofia, em especial à coleção de tiaras e às pulseiras “gémeas” em diamantes.
Era uma vez uma princesa nascida nas Astúrias…
Letizia Ortiz Rocasolano nasceu a 15 de setembro de 1972 em Oviedo. Filha de Jesús Ortiz Álvarez e Paloma Rocasolano Rodríguez. É a irmã mais velha de três, Telma nasceu em outubro de 1973, e Érika em abril de 1975. A mãe quis batizar Letizia, segundo a versão italiana do nome, em vez da espanhola. Mas quando o pai a foi registar o funcionário recusou-se, a não ser que a criança tivesse também o nome de uma santa. O tema foi discutido com as autoridades da igreja e a pequena acabou por ser batizada como a mãe queria, conta Andrew Morton no livro “Ladies de Espanha”.
Letizia nasceu quando Franco ainda governava Espanha e a sua cidade natal, Oviedo, foi palco de um dos ataques mais violentos e longos da guerra civil. De ambos os lados da família tem pessoas que combateram pelo lado republicano e alguns membros da família, como os avós, sentiram mesmo na pele a opressão do regime. Morton descreve a família de Letizia como sendo contra a monarquia ou, pelo menos, desagradada com o rei Juan Carlos. Contudo Mábel Galaz, autora do livro “Letizia real” afirma: “Só a sua tia Henar se declarou republicana em público. Letizia sabia onde estava a meter quando aceitou casar-se com o então príncipe das Astúrias”.
Por volta dos 10 anos, Letizia participou num concurso nacional para o qual escreveu uma redação sobre a Monarquia. Como prémio pelo seu trabalho recebeu uma fotografia do príncipe Felipe que, segundo o relato de alguns amigos, ela terá guardado durante muitos anos. Quando tinha 14 anos o pai mudou-se para Madrid. Pouco depois as filhas mais velhas juntaram-se a ele e a mãe e a irmã mais nova só os seguiriam mais tarde.
A mãe de Letizia era enfermeira e ativa representante sindical num hospital em Madrid e o pai trabalhou na direção de uma emissora de rádio. O avô materno, Francisco Rocasolano Camanho, era taxista em Madrid e Menchu Alvarez, a avó paterna, era locutora na Rádio Oviedo, uma pessoa de personalidade forte e a verdadeira matriarca da família. Letizia cresceu com exemplos de mulheres fortes e é com esta avó que a família diz que é muito parecida.
“Fossem quais fossem as suas origens familiares, a personalidade de Letizia ajustava-se ao tipo de mulher pelo qual D. Felipe se sentia atraído. Tal como Isabel Sartorius e Eva Sannum, Letizia era inteligente, independente, tinha iniciativa própria e uma vontade forte”, escreve Morton.
Letizia formou-se em Jornalismo na Universidade Complutense de Madrid. Depois fez um mestrado em Jornalismo Audiovisual, pelo Instituto para os Estudos de Jornalismo Audiovisual. Quando ainda estudava começou a trabalhar em jornais, como La Nueva España e ABC, também trabalhou na EFE News Agency, na edição de conteúdos internacionais durante o último ano da universidade.
Em 1996, a jovem partiu para o México e passou um ano a trabalhar e a passear pela América Latina. Chamou-lhe o seu “momento Cristóvão Colombo”. Por lá colaborou com o jornal Siglo 21, de Guadalajara, e terá começado os estudos para um doutoramento. Quando regressou a casa teve de lidar com a separação dos pais, depois de mais de 25 anos de casamento, e ela, das três filhas do casal, terá sido a que ficou mais chocada. Dois anos mais tarde casou-se com Alonso Guerrero, a 6 de agosto de 1998, numa cerimónia discreta em Almendralejo, Badajoz. Letizia tinha 25 anos. Mas o casal divorciou-se um ano depois.
De plebeia na televisão a rainha na era dos écrans
Letizia terá encontrado o príncipe Felipe pela primeira vez num bar de Malasaña e a segunda vez que se cruzaram foi num jantar oferecido pelo diretor do programa “Documentos TV” na época, Pedro Erquicia, conta Andrew Morton. Voltaram a encontrar-se numa praia da Galiza, quando Letizia fazia a cobertura do desastre do petroleiro Prestige e o príncipe foi até lá mostrar apoio à população. Pouco depois ele ligou-lhe para marcar um encontro. Ela, na altura, tinha um namorado e, segundo o autor, o príncipe andava também a sair com outra mulher. O segredo foi um dos ingredientes chave deste namoro. O nome de código de Felipe seria “Juan, o Diplomata”, tinham telemóvel privado para se manterem em contacto e passavam tempo juntos tanto nas Astúria, num chalet da avó de Letizia em Sardeu, como na vila de Ger, na província de Gerona, no mesmo espaço já usado que pela infanta Cristina e Iñaki Urdangarin usaram.
Quando a 1 de novembro de 2003 o noivado do príncipe Felipe com Letizia Ortiz foi anunciado apanhou Espanha de surpresa. Quando foi apresentada aos espanhóis como a noiva do herdeiro, o rosto terá sido familiar para muitos dos seus futuros súbditos. A sua carreira na televisão começou na delegação da Bloomberg TV em Madrid. Depois, trabalhou como repórter, editora e apresentadora no canal privado CNN+ (formado pela CNN e o Canal +) onde apresentava o noticiário das 5h00 da manhã. Chegou à Televisão Espanhola em 2000. Trabalhou como apresentadora, em equipas de edição e como enviada especial passou por diferentes cenários internacionais, como a frente de combate no Iraque, esteve nos Estados Unidos a cobrir eleições presidenciais e em Nova Iorque a relatar as sequelas do 11 de setembro. Pelo meio também houve uma altura em que foi editora na secção de sociedade, educação e ciência.
A 22 de maio de 2004 Madrid foi palco do casamento real entre Felipe e Letizia. Apesar das infantas Elena e Cristina se terem casado poucos anos antes, em Sevilha e Barcelona, respetivamente, desde há muito tempo que a capital não era palco da boda de um herdeiro. Lembremo-nos que Juan Carlos e Sofia se casaram na Grécia, durante a ditadura de Franco. A Catedral de Madrid Santa Maria la Real de la Almudena, logo ao lado do Palácio Real, foi o palco da cerimónia religiosa que juntou inúmeros convidados e uma série de membros de casas reais internacionais. Um acontecimento com pompa e circunstância que pôs Espanha sob o olhar atento do mundo. Letizia personificou a princesa encantada com um vestido de noiva assinado pelo designer Manuel Pertegaz e com bordados de significado nacional, um leque original de finais do século XIX e sapatos criados por Pura López. A noiva usou ainda uns brincos em platina e diamantes, que foram presente de casamento dos reis Juan Carlos e Sofia, e a mesma tiara que a rainha Sofia usou no dia do seu casamento.
Houve ainda um cortejo pela capital, uma ida à varanda do palácio (mas beijos só no rosto) e um jantar de gala na noite anterior ao casamento para chefes de Estado e famílias no Palácio de El Pardo. Os ataques terroristas em Madrid a 11 de março obrigaram a alguma contenção, mas não tiraram brilho ao fim de semana de celebração.
Em 10 anos como princesa das Astúrias, Letizia já havia participado em mais de mil atos com o príncipe Felipe no Palácio da Zarzuela e pelas comunidades autónomas, concedeu mais de 200 audiências nas quais esteve com mais sete mil pessoas e viajou ao estrangeiro 60 vezes. A contabilidade é feita pela revista Vanity Fair, que marcava na sua edição de fevereiro de 2014 a primeira década de Letizia na casa real. Apesar de muito trabalho e nenhum erro, a princesa era o membro da família real com menos aprovação do público. “Às vezes parece que não tem apoio dentro da Casa del Rey nem por parte da Casa Real. Quando for capaz, não apenas de ordenar, mas de mandar, as coisas vão mudar. A princesa mudará a imagem que temos da Instituição, mas está à espera porque sabe que ainda não chegou a sua hora.” Quem o disse foi José Carlos Sanjuán Monforte, que trabalhou durante 17 anos no departamento de protocolo da Casa del Rey, no mesmo artigo. Desconhecia ainda o mundo que dentro de seis meses seria rainha de Espanha.
Quando trabalhava como jornalista, Letizia sempre foi descrita como muito trabalhadora e competente e o seu trabalho foi reconhecido com o prémio Larra pela Madrid Press Association para a jornalista que mais se destacou com menos de 30 anos. A sua colega Carmen Enríquez, correspondente na Televisão Espanhola para a Casa Real disse a Andrew Morton: “Era uma mulher moderna, segura de si, que dizia o que pensava. Como jornalista, eu dar-lhe-ia um oito e meio numa escala de dez. Era uma mulher muito bonita, e a câmara estava apaixonada por ela. Tentava ser perfeita; é uma perfecionista, e pensa: ‘Não posso falhar.’ Quando eu a conheci estava a tentar ser uma boa jornalista e uma boa colega, e preocupava-se com a sua equipa”.
Por muito que Letizia se esforce para que tudo seja perfeito, cada vez que comete um erro este torna-se viral. O momento “deixa-me terminar!”, quando interrompeu o príncipe Felipe durante uma conversa com os jornalistas no anúncio do noivado marcou a imagem de Letizia durante muito tempo. Assim como aquela cena à saída da missa de Páscoa em Palma de Maiorca, em 2018, quando parecia não deixar as filhas serem fotografadas com a avó, a rainha Sofia.
E no fim ficaram quatro…
Nos últimos anos a Coroa espanhola passou pelo seu pior momento desde 1975, quando Juan Carlos I se tornou rei de Espanha. E foi o próprio, que ajudou a fazer da monarquia espanhola uma instituição respeitável dentro e fora do seu país, que protagonizou alguns dos escândalos mais comprometedores. São eles a caçada de elefantes no Botsuana e o caso com Corinna. A estes junta-se ainda o caso Nóos, que colocou a infanta Cristina e Iñaki Urdangarin perante a justiça. Todos contribuíram para dar à monarquia um valente abanão, de tal forma que Juan Carlos caiu do seu trono e decidiu que o melhor a fazer pela coroa que representava era afastar-se.
A 2 de junho de 2014, Juan Carlos I anunciava que abdicava do trono, ao fim de 39 anos de reinado. E a dai 19 do mesmo mês, Felipe VI era proclamado o novo rei de Espanha. Começou aí uma nova era para a Coroa Espanhola. A nova família real passava agora a ser composta por Felipe, Letizia e as filhas, Leonor e Sofia, e estava isolada dos familiares problemáticos. Ao início, os reis eméritos também compunham a fotografia da família real, mas Juan Carlos partiu para o Dubai e a rainha Sofia passou a aparecer cada vez menos em público. A família de Letizia continua a manter a discrição e não ganhou protagonismo com o estatuto da nova rainha.
Embora muito se tenha escrito sobre a má relação que Juan Carlos teria com a nora, um dos amigos mais próximos do ex-soberano fez em 2016 um balanço positivo dos primeiros anos de reinado. “Estamos muito orgulhosos dela. Está a fazer tudo muito bem, tem muito mérito. A rainha Sofia vem de berço, ela não”, disse José Cusí à Vanity Fair.
Letizia e Felipe têm duas filhas. Leonor nasceu a 31 de outubro de 2005 e Sofia nasceu a 29 de abril de 2007, ambas na Clínica Ruber Internacional e de cesariana. A primeira gravidez da então princesa das Astúrias foi seguida com grande expectativa. Segundo explicou a rainha Sofia quando foi ver a neta pela primeira vez, ninguém sabia qual seria o género do bebé e Espanha aguardava para conhecer o/a herdeiro/a. Quando Leonor nasceu tornou-se na sétima neta dos reis e infanta de Espanha, com tratamento de Alteza Real, tal como as suas tias, Elena e Cristina. Foi necessário alterar o Artigo 57 da Constituição para que um dia venha a reinar.
Já a segunda gravidez foi bem mais acidentada. Quando a princesa estava grávida de seis meses, a sua irmã mais nova, Érika, foi encontrada morta em casa em circunstâncias suspeitas, a 7 de fevereiro de 2007. “Obrigada a todas as pessoas que sentiram pena pela morte da minha irmã pequena”, disse a princesa das Astúrias à saída da missa de funeral, entre lágrimas, citada pelo El País. Coube depois ao príncipe Felipe completar os agradecimentos.
Em 2013 o casamento dos então príncipes das Astúrias passou por uma crise que até obrigou a Casa Real a manifestar-se. Mas depois da proclamação, em 2014, o casal tem-se mostrado como uma frente unida e equipa de sucesso, a imagem de uma Espanha moderna, de olhos postos no futuro e pés no chão. Letizia traz de novo e melhor para a monarquia “o facto de ser uma mulher do século XXI que pisou a rua antes dos tapetes do palácio. Ela sabe quais os problemas que a instituição atravessa e é um bom complemento ao trabalho que realiza o rei Felipe”, afirma Mábel Galaz.
Hoje, a família de quatro (os reis e as duas filhas) compõem o núcleo duro da família real espanhola. As recentes férias de verão em Palma de Maiorca são um bom exemplo dos novos tempos que se vivem na monarquia espanhola. A família real manteve durante muitos anos a tradição de realizar uma sessão fotográfica em férias para a imprensa, no Palácio de Marivent. Contudo, no reinado de Felipe VI e Letizia a nova família real decidiu trocar o interior do palácio por diferentes zonas da ilha de Maiorca e deixar-se fotografar em passeios culturais, pelas ruas da ilha, como uns turistas mais, mas que cumprimentam e acenam aos seus súbditos lado a lado com eles.
Falta saber se, hoje, os espanhóis gostam e respeitam a sua rainha? “Letizia ainda tem muito trabalho a fazer nesse sentido. A sua obsessão pela perfeição faz com a vejam, em muitos casos, como alguém altivo e distante. Ela sabe disso e trabalha para conquistar a rua”, conclui a autora.