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Nicolás Maduro a discursar na varanda do Palácio Miraflores
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Nicolás Maduro a discursar na varanda do Palácio Miraflores

AFP/Getty Images

Nicolás Maduro a discursar na varanda do Palácio Miraflores

AFP/Getty Images

Corte com os EUA, promessas de resistência e apelos aos militares: as 5 ideias-chave do discurso de Maduro

Reforço da sua legitimidade, comparações com o golpe de Estado de 2002 e pedido de lealdade aos militares. O que disse Nicolás Maduro — e o que quis dizer — a partir da varanda de Miraflores?

Nicolás Maduro precisou de algum tempo, mas acabou por surgir à varanda do Palácio de Miraflores para reagir ao anúncio de Juan Guaidó, que se auto-proclamou Presidente interino da Venezuela — tendo, quase de imediato, recebido o apoio do Governo norte-americano.

Perante um mar de bandeiras venezuelanas e uma multidão pronta a declarar-lhe apoio, o Presidente venezuelano — eleito em maio de 2018 num ato eleitoral não reconhecido pela maioria da comunidade internacional — veio reforçar ser ele o único chefe de Estado legítimo da Venezuela.

Pelo meio, sem nunca referir o nome do opositor e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, Maduro anunciou o corte de relações diplomáticas com os EUA, que acusa de serem mentores do “golpe”, e deixou recados: aos opositores internos, aos militares e ao resto do mundo.

[Vídeo: Vários mortos no dia em que as ruas entraram em convulsão]

“Só o povo põe e só o povo tira”

Maduro arrancou o discurso tendo como ideia principal a de que ele é o único Presidente legítimo do país, por ter sido aquele que, segundo o próprio, foi eleito pelo povo. “Chegámos a este palácio com os votos do povo. E aqui temos estado e estaremos com os votos do povo”, disse, referindo-se ao poder.

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Maduro na varanda do Palácio Miraflores, perante a multidão que o apoia (Edilzon Gamez/Getty Images)

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Mais à frente, regressaria à carga: “Qualquer um pode auto-proclamar-se Presidente ou é o povo que elege o seu Presidente?”, perguntou à multidão. Guaidó foi eleito como deputado e, por inerência, como presidente da Assembleia Nacional. Este órgão, contudo, não é legitimamente reconhecido pelo Governo de Maduro, que sublinha assim o que considera ser a falta de legitimidade popular da oposição.

“Não queremos voltar ao século XX dos golpes de Estado gringos

A segunda principal ideia do discurso de Maduro é a de que as ações levadas a cabo esta quarta-feira pela oposição não passam de uma tentativa de ingerência do Governo norte-americano e de um possível golpe de Estado. “O Governo imperialista dos EUA dirige uma operação para impor, via golpe de Estado, um Governo-fantoche do seu interesse”, disse com todas as letras.

Recordou ainda “o fatídico 11 de abril de 2002” em que “o império gringo aprovou planos contra a Venezuela”, referindo-se ao golpe de Estado desse ano, liderado por Pedro Carmona, para retirar Hugo Chávez do poder — mas cujas ligações aos EUA nunca foram totalmente provadas.

Juan Guaidó anuncia perante a multidão que se auto-intitula Presidente interino da Venezuela (FEDERICO PARRA/AFP/Getty Images)

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Em reação a isto, Maduro não hesitou: “Anuncio perante os povos que decidi romper relações diplomáticas e políticas com o Governo dos Estados Unidos. Fora! Saiam da Venezuela!”, disse, antes de anunciar que dava um prazo de 72 horas aos diplomatas norte-americanos para que saiam do país.

Por fim, neste tópico, ainda deixou um recado “à direita golpista”: “Não se fiem nos gringos. Os gringos não têm amigos, têm interesses e ambição pelo petróleo, o gás e o ouro venezuelano”, afirmou.

“Peço aos militares máxima lealdade”

A referência aos militares — tão essenciais para garantir o poder na Venezuela, como se viu em 2002 — foi, inicialmente, velada e, mais tarde, explícita. Primeiro, referindo-se à tentativa de golpe de Estado de 2002, Maduro declarou que esse golpe foi travado “pelo povo em união cívico-militar”.

O pedido declarado veio depois: “Peço à Força Armada Nacional Bolivariana e aos militares da nossa pátria sob o meu comando máxima lealdade, união e disciplina, que assim iremos triunfar.”

Pelo menos 14 pessoas terão morrido nas manifestações desta quarta-feira na Venezuela (Edilzon Gamez/Getty Images)

Getty Images

Sabendo da necessidade de ter os militares do seu lado, Maduro deixa o recado. A que não será alheio o facto de Guaidó já se ter começado a movimentar nesta área: depois de garantir que as forças do exército “não estão com Maduro”, o jovem presidente da Assembleia Nacional prometeu, há três dias, uma amnistia a todos os militares que abandonem o Presidente da Venezuela.

“Os povos sensatos estão com a Venezuela”

No que diz respeito à diplomacia internacional, Maduro deixou críticas aos Estados Unidos, como já vimos, mas também apontou baterias ao Equador e à Colômbia, alguns dos países que já declararam reconhecer Guaidó como Presidente legítimo do país.

Grande parte da comunidade internacional, contudo, permanecia, à data do discurso, cautelosa. Sabendo isso, Maduro quis demonstrar que tem um peso-pesado do seu lado, ou não se tratasse do país com o maior exército da NATO: a Turquia.

“Recebi uma chamada do Presidente da Turquia que me disse ‘segue em frente e diz ao povo da Venezuela que conta com todo o apoio da Turquia’”, contou Maduro à multidão. Um pormenor que não terá sido por acaso.

“Aqui ninguém se rende”

Por fim, Maduro aproveitou para se assumir como o herdeiro do legado de Hugo Chávez, “o grande maestro da democracia venezuelana” com quem, diz, se formou. E deixou uma mensagem clara: do palácio de Miraflores ninguém tirará Maduro.

As ministras dos Negócios Estrangeiros do Canadá e Peru, bem como os presidentes da Colômbia e do Brasil, fazem uma declaração a favor de Guaidó (FABRICE COFFRINI/AFP/Getty Images)

AFP/Getty Images

“Para cada carmonazo basta o seu povaço”, disse, referindo-se ao termo pelo qual ficou conhecido o decreto de Carmona que ditava a saída de Chávez, no golpe de Estado de 2002.

“Aqui ninguém se rende. Aqui vamos à carga, ao combate e à vitória”, garantiu Nicolás Maduro a partir da varanda do Palácio de Miraflores. O aviso seguia direto a Guaidó e à oposição interna, claro, mas também ao resto do mundo.

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