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O secretário-geral do Partido Socialista (PS), António Costa, ladeado pelo secretário-geral adjunto dos PS, José Luís Carneiro (D), e por Carlos César (E), durante a Reunião da Comissão Política, para avaliação do estado das negociações com BE, PCP, PEV e PAN, para a viabilização do Orçamento do Estado para 2022, na sede do partido, em Lisboa, 22 de outubro de 2021. TIAGO PETINGA/LUSA
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TIAGO PETINGA/LUSA

TIAGO PETINGA/LUSA

Costa pondera não apresentar programa eleitoral novo. PS aponta ao centro sem hostilizar esquerda

Líder socialista pondera não fazer programa eleitoral de raiz. Preocupação do PS é passar responsabilidades para Marcelo e não hostilizar a esquerda. Alvos da campanha: centro, jovens e classe média.

O PS tem estado em reflexão, não só nas normais reuniões semanais do núcleo político de António Costa como também numa mais alargada, que aconteceu esta terça-feira pela noite dentro, do secretariado nacional do partido. O líder socialista está sobretudo a fazer perguntas para definir a estratégia eleitoral, com o PS com os olhos postos no centro político e sem hostilizar a esquerda. E o partido deve ir a eleições com um novo programa eleitoral, feito de raiz, ou propor-se a continuar o que não levou até ao fim? Está tudo em aberto.

O Observador sabe que pergunta foi feita pelo próprio líder do partido aos membros da sua direção, o que mostra que está na sua cabeça numa altura de reorganização para o embate que aí vem. Segundo fontes presentes na reunião, o líder do PS colocou como hipótese que o PS apresente apenas um Manifesto Eleitoral para acrescentar ao Programa Eleitoral que levou a votos em 2019. Esse documento, entretanto transformado em Programa de Governo, consagrava um compromisso até 2023 e acabou interrompido pelas eleições antecipadas.

A ideia não desagradou aos secretários nacionais ouvidos pelo Observador, com um dos elementos a apostar mesmo nessa hipótese como a final. Outro sublinha mesmo que, sendo o programa dos socialistas já “conhecido dos portugueses, não faz sentido fazer outro“.

PS deixa decisões (e responsabilidade) com Marcelo

Mas a reunião, que decorreu na sede do partido em Lisboa, acabou já depois das duas da manhã e serviu sobretudo para ouvir, “foi muito pouco conclusiva” e sobretudo de “troca de impressões”, adianta uma fonte.

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“A única coisa que pode ser interpretada mais como orientação é que se respeitem os tempos. Há um processo em curso que está nas mãos do Presidente, que teve esta iniciativa”, diz um dos participantes na reunião. O PS quer manter aqui uma distância higiénica relativamente ao processo de dissolução da Assembleia da República, evitando que alguma responsabilização pelo que aconteceu seja atribuída ao partido do Governo e mostra desconforto com Marcelo, que desencadeou o processo.

A ida a votos a meio do ciclo é, assim, colocada nas mãos (e sob a responsabilidade) do Presidente Marcelo, que falou nessa possibilidade ainda a negociação sobre o Orçamento decorria, e também nos partidos que não viabilizaram a proposta do Governo no Parlamento.

“A esquerda deve ser responsabilizada e isso não deve ser esquecido“, diz um dos membros do secretariado que defende que isso mesmo seja sublinhado pelo PS. Mas não há um consenso sobre isto, já que outros elementos deste órgão de direção interpretam de outra forma a relação que o partido deve manter, em campanha, com os partidos mais à esquerda.

“Não perder tempo com o passa-culpas. Existe a convicção que resultou claro para os portugueses de quem foi a responsabilidade”, aponta um socialista que esteve no encontro. “Ficou claro que eles é que não quiseram. O PS tudo fez em relação ao Orçamento”, argumenta outra fonte.

A linha mais comum às intervenções que foram feitas passa por não hostilizar os — até aqui — parceiros do PS no Parlamento. “Já passaram a fazer parte do arco da governabilidade”, lembra um dos secretários nacionais do PS. Deixando antever o passo seguinte: se o PS falhar o objetivo da maioria — a que não quer chamar absoluta — e mantiver a linha de Costa, que tem sempre afastado entendimentos com a direita, será obrigado a voltar a conversar com BE e PCP. E, seguindo esse raciocínio, não será conveniente passar uma campanha a atacar os partidos que ainda podem ajudar o PS a manter-se no Governo.

Nesta altura, os socialistas apontam sobretudo a um discurso que cative o centro do espectro ideológico, apontando as medidas direcionadas para a classe média (alterações aos escalões do IRS, por exemplo) e também aos jovens. Quanto ao resto, é avaliar no terreno onde a pandemia ainda tem impacto. Aliás, houve secretários nacionais que mostraram receios sobre o que ela ainda possa trazer e não apenas de forma direta. Mais do que uma nova vaga, preocupa também a “forma como os portugueses estão a sair e como vão sair” dos quase dois últimos anos.

Quanto à direita, há sobretudo "incerteza" sobre quem será o adversário direto, Rui Rio ou Paulo Rangel. Por agora, o PS assiste "de bancada, a ver o jogo", como descreve um dos secretários nacionais. Outro acrescenta uma imagem distinta, remetendo para "A Arte da Guerra" de Sun Tzu: "Nunca interromper o inimigo quando está a cometer erros."

Maioria, sim. Mas absoluta?

Depois há ainda toda uma tese sobre a forma de pedir uma maioria absoluta sem a pedir explicitamente, cuja referência que os socialistas estão a seguir é a que António Costa deixou logo no discurso final do debate do Orçamento do Estado, ao pedir uma “maioria estável, reforçada e duradoura”.

O tema vai marcar os dias de campanha, mesmo que os socialistas não queiram que esse seja o principal assunto de campanha. E mesmo que haja até socialistas pouco entusiasmados com esse pedido, seja em que formato for.

“A maioria reforçada, se não for absoluta, serve tanto quanto uma maioria pequena”, diz um dos secretários nacionais ao Observador pouco crente na formulação de Costa que desconfia que possa até denunciar que o próprio PS acredita que a maioria absoluta é “tão má” que “não pode ser pedida diretamente”. O que o PS sabe — e aqui há consenso — é que os portugueses não guardam boa memória de maiorias absolutas. É por isso que, mesmo que a fórmula encontrada por Costa não seja consensual, é a “referencial”.

Quanto à direita, há sobretudo “incerteza” sobre quem será o adversário direto, Rui Rio ou Paulo Rangel. Por agora, o PS assiste “de bancada, a ver o jogo”, como descreve um dos secretários nacionais. Outro acrescenta uma imagem distinta, remetendo para “A Arte da Guerra” de Sun Tzu: “Nunca interromper o inimigo quando está a cometer erros.”

No partido, o momento é de “reativar a máquina” para estas legislativas fora de tempo, com algum secretários nacionais a defenderem “uma campanha muito política, com trabalho de proximidade”. “Assumir a governação” num trabalho que, no secretariado, há quem considere ter a “particularidade de ser claro. O PS tem um Orçamento apresentado”.

A campanha deve ser centrada “no que o PS já fez” e ainda quer fazer, acrescenta outro. Com uma ressalva clara: as datas para reuniões internas e para lançar as estruturas em campanha devem ser acertadas a partir da convocação de eleições, pela boca de Marcelo; mais uma vez, a responsabilidade pela definição do calendário é passada para as mãos do Presidente.

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