Quando foi aposta da Croácia em 2017, Zlatko Dalic parecia um treinador cheio de esperanças condenado à nascença. O talento estava lá, os jogadores de clubes de topo também, os últimos projetos do técnico na zona do Médio Oriente geravam dúvidas. Para “esvaziar” a questão, Dalic prometeu que saía sem indemnizações se não se qualificasse para o Mundial de 2018. Apurou-se e só perdeu na final com a França. Quatro anos depois, ficou em terceiro no Qatar. Hoje, ninguém questiona o treinador que é também um grande gestor de balneários. Nasido em Livno, é um católico devoto (ainda recentemente foi a pé em peregrinação da sua cidade até Medjugorje), tem sempre um rosário no bolso mas há muito mais trabalho além da fé.
Este Campeonato da Europa vai ser uma espécie de Last Dance para Luka Modric e, muito provavelmente, para outros jogadores que, mesmo podendo ir a mais uma fase final (neste caso, do Mundial de 2026), não estarão no ponto em que se encontram. Esse é o grande segredo de Dalic, como ficou bem patente no recente teste com Portugal no Jamor: olhar para o que tem, como tem e onde tem, perceber como potenciar forças minimizando as fraquezas que também existem e mostrar uma estratégia dentro da identidade há muito enraizada para tirar o melhor dos jogadores em prol do coletivo. Além do campeão europeu pelo Real estão neste lote outros nomes fortes como Kovacic, Brozovic ou Perisic. Todos conseguem ainda render.
A tarefa, essa, não será fácil. E não, nem tudo se resume à presença naquilo que está a ser descrito como o “grupo da morte” com Espanha e Itália além da Albânia. As recentes presenças no pódio nos últimos dois Mundiais dão uma imagem desta segunda Geração de Ouro depois de Suker, Prosinecki e companhia que se torna enganadora em relação ao percurso que a seleção tem registado em Europeus, onde nunca conseguiu sequer ganhar um jogo da fase a eliminar. E esse é um inevitável objetivo nesta espécie de capítulo final.
BI
- Ranking FIFA atual: 10.º
- Melhor ranking FIFA: 3.º (1998)
- Alcunha: Vatreni
- Presenças em fases finais: 6
- Última participação: oitavos no Europeu em vários países, em 2020
- Melhor resultado: quartos no Europeu de Inglaterra em 1996 e no Europeu da Suíça/Áustria em 2008
- Qualificação: Apuramento direto como segundo classificado do grupo D com Turquia, País de Gales, Arménia e Letónia
- O que seria um bom resultado? Chegar às meias-finais
Jogos em 2024
- Jogo particular, 23/3: Tunísia (fora), 0-0 (E)
- Jogo particular, 26/3: Egito (fora), 2-4 (V)
- Jogo particular, 3/6: Macedónia do Norte (casa), 3-0 (V)
- Jogo particular, 8/6: Portugal (fora), 1-2 (V)
O onze
- 4x3x3: Livakovic; Stanisic, Sutalo, Erlic, Gvardiol; Kovacic, Brozovic, Luka Modric; Kramaric, Pericic e Budimir
O treinador
- Zlatko Dalic (bósnio, 57 anos, desde 2017)
- Outros clubes/seleções: Varteks, Rijeka, Dinamo Tirana, Slaven Belupo, Al Faisaly, Al Hilal e Al Ain
O craque
- Luka Modric (38 anos, médio do Real Madrid)
- Outros clubes: Dínamo Zagreb, Zrinjski Mostar, Inter Zapresic e Tottenham
A revelação
- Luka Sucic (21 anos, médio do Red Bull Salzburgo)
- Outros clubes: Liefering
O mais internacional e o maior goleador
- Luka Modric (175 internacionalizações) e Davor Suker (45 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Dominik Livakovic (Fenerbahçe), Ivica Ivusic (Pafos) e Nediljko Labrovic (Rijeka)
- Defesas (8): Domagoj Vida (AEK), Josip Juranovic (Union Berlim), Josko Gvardiol (Manchester City), Borna Sosa (Ajax), Josip Stanisic (Bayer Leverkusen), Jusip Sutalo (Ajax), Martin Erlic (Sassuolo) e Marin Pongracic (Lecce)
- Médios (9): Luka Modric (Real Madrid), Mateo Kovacic (Manchester City), Marcelo Brozovic (Al Nassr), Mario Pasalic (Atalanta), Nikola Vlasic (Torino), Lovro Majer (Wolfsburgo), Luka Ivanusec (Feyenoord), Luka Sucic (Salzburgo) e Martin Baturina (Dínamo Zagreb)
- Avançados (6): Ivan Perisic (Hadjuk Split), Andrej Kramaric (Hoffenheim), Bruno Petkovic (Dínamo Zagreb), Marko Pjaca (Rijeka), Ante Budimir (Osasuna) e Marco Pasalic (Rijeka)
O centro de estágio
- Volksparkstadion, em Neuruppin
A ligação a Portugal
Existem várias ligações mais ou menos óbvias entre jogadores croatas e portugueses, com companheiros de equipa no Manchester City (Gvardiol e Kovacic) ou no Al Nassr (Brozovic). E há também ligações que nunca se chegaram a confirmar como a possibilidade de Pjaca, que há uns anos era considerado a next big thing do futebol croata, rumar à Primeira Liga por empréstimo. No entanto, existem pontos de contacto menos óbvios mas que ficaram à vista no recente particular entre Croácia e Portugal no Jamor: Livakovic, atual guarda-redes titular dos croatas que será jogador de José Mourinho no Fenerbahçe, e Subasic, antigo guardião hoje reformado, partilham com Ricardo, ex-número 1 nacional que faz parte agora da equipa técnica de Roberto Martínez, o estatuto de únicos guarda-redes a defenderem três penáltis num desempate do Mundial.