910kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Elon Musk Buys Social Network Twitter
i

Elon Musk conta com mais de 85 milhões de seguidores no Twitter, rede social que está próximo de comprar

Getty Images

Elon Musk conta com mais de 85 milhões de seguidores no Twitter, rede social que está próximo de comprar

Getty Images

Da alteração do modelo de negócio ao fim da moderação de conteúdos. O que pode Elon Musk mudar no Twitter?

Elon Musk está cada vez mais próximo de comprar o Twitter. O bilionário "absolutista da liberdade de expressão" quer colocar um fim à moderação de conteúdos e retirar a rede social da bolsa.

    Índice

    Índice

O conselho de administração do Twitter aceitou uma oferta de 44 mil milhões de dólares de Elon Musk para a compra da rede social. Desde que o patrão da Tesla revelou, em 4 de abril, ter acumulado uma participação acionista de 9,2%, as semanas têm sido incertas para a empresa.

Contraditório, sem filtros e com publicações que lançam o caos. Detalhes do Twitter de Musk, que quer comprar a rede social

Primeiro foi revelado que Elon Musk entraria para o conselho de administração da rede social, para depois ser anunciado que, afinal, o bilionário tinha, por vontade própria, renunciado ao lugar. Após a repentina mudança de ideias, o patrão da Tesla fez uma nova revelação: queria comprar o Twitter. O magnata parece estar cada vez mais próximo de adquirir a rede social e, em comunicado, reagiu à aceitação da oferta por parte do conselho de administração escrevendo que “a liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento e o Twitter é a praça da cidade digital onde assuntos vitais para o futuro da humanidade são debatidos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O empresário, que tem mais de 85 milhões de seguidores no Twitter, vai pagar 54,2 dólares por ação em dinheiro, o que representa um prémio de 38% face ao fecho da cotação no dia 1 de abril, o último de negociação antes do patrão da Tesla ter revelado que adquirira 9,2% da empresa.

O líder da Tesla, que disse ter assegurado perto de 46,5 mil milhões de dólares para financiar a compra da rede social, considera-se um “absolutista da liberdade de expressão”.

Que alterações “significativas” quer implementar no Twitter? “Elon Musk é conhecido por ser uma pessoa que vai dizendo muitas coisas e depois vai alterando-as. É preciso ver se aquilo que disse que pretendia fazer vai efetivamente fazer”, alertou Rita Figueiras, investigadora em Comunicação Política.

Elon Musk quer colocar um fim à moderação de conteúdos?

O Twitter, tal como outras redes sociais como o Facebook ou o YouTube, tem uma política de utilização que prevê uma punição para as contas que desrespeitem as regras da plataforma. Atualmente, o Twitter proíbe publicações violentas, com ameaças à integridade física, de assédio ou de abuso. A propagação de desinformação relacionada, por exemplo, à Covid-19, também não é permitida.

Elon Musk defende a liberdade de expressão, direito que acredita que a plataforma não respeita. O empresário argumenta que as redes sociais não devem remover comentários ou publicações, mesmo que estas sejam ofensivas, porque ainda são permitidas na lei. ““Em caso de dúvida, deixar o discurso. Se é uma área cinzenta, deixe que o tweet exista”, frisou numa conferência em que participou.

Elon Musk diz que não deve haver restrições do que se coloca online, do conteúdo, de perspetivas, de temas ou de abordagens”, aponta Rita Figueiras em declarações ao Observador.

Esse é, aliás, um dos pontos salientados pela investigadora sobre o futuro da rede social: Elon Musk quer “retirar qualquer espécie de restrição, permitindo que todas as pessoas se possam exprimir independentemente do tema, do conteúdo e provavelmente independentemente também da forma como o façam”.

O patrão da Tesla sugeriu que o Twitter deve banir os utilizadores que violem as regras durante um tempo limite, mas não de forma permanente. Um dos utilizadores que ficou com a conta bloqueada devido à política de moderação de conteúdo foi Donald Trump. A rede social considerou que o antigo Presidente dos EUA incitou os seus apoiantes à violência que levou à invasão ao Capitólio, a 6 de janeiro de 2021.

“Após uma revisão detalhada dos tweets recentes da conta @realDonaldTrump e o contexto à volta deles — especificamente como eles foram recebidos e interpretados dentro e fora do Twitter — suspendemos de modo permanente a conta devido ao risco de futuro incitamento à violência”, argumentou o Twitter em comunicado.

Twitter suspende permanentemente a conta de Donald Trump por ter “inspirado” atos criminosos

Elon Musk ainda não comentou publicamente um possível desbloqueio da conta de Trump, mas as suas posições sobre a liberdade de expressão sugerem que possa vir a reintegrar o ex-Presidente no Twitter. Ainda assim, Trump disse que já não volta à rede social.

Eu não vou para o Twitter, vou ficar na TRUTH [Truth Social — rede social criada por Trump]”, disse o antigo Presidente dos EUA à Fox News acrescentando que espera que Elon Musk “compre o Twitter porque ele fará melhorias e ele é um bom homem”.

A investigadora Rita Figueiras considerou que “a lógica de raciocínio” de Elon Musk “inviabiliza as justificações da expulsão de Trump e de outros utilizadores menos conhecidos, com muito menos visibilidade e menos capacidade de produzir efeitos, mas que também tinham um papel na propagação de desinformação ou de conteúdo mais agressivo”.

Por sua vez, Ming-Chi Kuo, analista de tecnologia da empresa TF International Securities, acredita que Donald Trump poderá decidir regressar à rede social se concorrer às eleições presidenciais norte-americanas de 2024. “Não é fácil construir uma plataforma com mais influência do que o Twitter antes da próxima eleição presidencial”, disse à BBC.

O patrão da Tesla garantiu que quer proibir no Twitter apenas conteúdo ilegal, mas ainda não se manifestou sobre a proibição de outros temas como o racismo ou o assédio. Todavia, referiu, quando anunciou a tentativa de compra da rede social, que acreditava no seu potencial para ser a plataforma da liberdade de expressão mundial.

Os especialistas que estudam as redes sociais mostraram-se preocupados com a possibilidade de esta liberdade de Musk capacitar os que utilizam a plataforma para espalhar desinformação sobre eventos políticos ou sobre doenças.

O Twitter de Musk vai sair da bolsa?

Quando anunciou a sua oferta de compra do Twitter, Elon Musk disse num documento enviado à Securities and Exchange Commission (SEC), polícia do mercado de capitais norte-americano, que entendia que a empresa não iria prosperar, nem atender à liberdade de expressão na sua forma atual. “O Twitter precisa de ser transformado numa empresa privada [fechada]”.

“A pressão sobre as empresas que não estão cotadas não é a mesma que a pressão sobre as empresas que estão cotadas. É muito menor”, referiu ao Observador o economista João Duque, que acredita que a retirada do Twitter da bolsa é uma medida “defensiva” da parte de Elon Musk.

"Tirar a empresa da bolsa tira algum nível de stress. Se começa a correr mal não é logo observável pelos credores. Eu não sei se é um bom passo porque tira orientação aos investidores"
João Duque

“Sinceramente, acho que isto é um passo mais de defesa do Elon Musk do que propriamente uma mais-valia para o mercado. Diria que não é muito bom para o mercado”. Mesmo assim, João Duque considerou que o único impacto de retirar a empresa da bolsa é que “deixa de haver uma empresa cotada que se chama Twitter”.

É uma empresa grande, que esteve cotada bastante tempo, mas para ficar privada é preciso que os acionistas acabem por reconhecer que esta proposta é boa”, frisou.

A investigadora Rita Figueiras disse, por sua vez, acreditar que o proprietário de uma empresa que não está na bolsa poderá “implementar o que quiser, sem ser fiscalizado”, contudo reconhece não saber com que poderes ficará a administração sob a propriedade de Musk.

As empresas não cotadas não têm o mesmo nível de escrutínio que as listadas em bolsa. Quando as empresas são cotadas, têm, por exemplo, de apresentar relatórios trimestrais junto da Securities and Exchange Commission. Estes relatórios são muito detalhados ao nível da demonstração de resultados e do balanço (com ativos e dívidas). As empresas fechadas não têm de apresentar esses relatórios e, assim, conseguirão evitar o escrutínio regulatório, sem tornarem públicos os seus erros, exemplifica a empresa de tecnologia financeira Stash.

Diminuição do número de bots?

Elon Musk mostrou-se preocupado com o número elevado de bots no Twitter. A proliferação de contas falsas, que não são controladas por seres humanos e que são programadas para publicar ou até mesmo responder a tweets sobre determinados temas, levam o bilionário a querer derrotar os bots.

“Derrotaremos os bots de spam ou morreremos a tentar”, escreveu Musk no Twitter recentemente. Desta forma, o empresário quer também facilitar a autenticação de utilizadores humanos “reais”, mas ainda não disse de que forma tentará fazê-lo.

A realidade é que até o próprio império de Musk atrai bots, incluindo contas que apoiam a fabricante de automóveis elétricos Tesla ou contas que atacam os críticos do bilionário. O magnata não disse se gostaria de moderar este tipo de bots, mas sugeriu a existência de um controlo aos que promovem fraudes, por exemplo, com criptomoedas.

Para Elon Musk cortar o número de bots conseguiria diminuir a desinformação — e por isso defende a liberdade total de expressão –, mas Rita Figueiras argumenta ao Observador que, no entanto, “muita da desinformação é produzida por humanos e é espalhada por humanos também”.

Por outro lado, lembra a investigadora, estas contas de bots inflacionam o número de utilizadores do Twitter, que fica maior do que o real. Ou seja, cortar o número dos bots fará também diminuir “o número de utilizadores, o que se reflete também no valor comercial e no interesse da própria empresa”.

A rede social mudará o seu modelo de negócio?

A oferta que o conselho de administração do Twitter aceitou coloca um negócio de publicidade de cinco mil milhões de dólares por ano nas mãos de um bilionário que questiona o modelo de negócio do Twitter. A Tesla nem sequer compra publicidade, recorda o jornal norte-americano The Wall Street Journal.

Cerca de 90% das receitas do Twitter vem da publicidade. A ambição de retirar a plataforma da bolsa pode também retirar pressão à empresa para aumentar continuamente a receita que advém dos anúncios publicitários. Elon Musk defende então que a rede social deveria dar mais ênfase ao modelo de assinaturas.

No ano passado, o Twitter introduziu um serviço premium chamado Twitter Blue, que oferece aos utilizadores a capacidade de modificar as mensagens antes de serem publicadas. O serviço custa 2,99 dólares por mês e Musk considerou que deveria ser mais barato. O empresário afirmou também que se os utilizadores estão a pagar pelo serviço não deveriam ter que ver anúncios publicitários.

Elon Musk tem uma dupla ideia: pagar menos pela subscrição porque acha que o custo deve ser mais baixo e, simultaneamente, quem tem essa subscrição não deve ter ou deve ter menos anúncios”, explicou Rita Figueiras.

Ao contrário de outras plataformas de streaming, como a Netflix, que pensam colocar publicidade num pacote de subscrição mais acessível, Elon Musk quer introduzir “uma outra forma de conceber a viabilidade do negócio do Twitter”, realça a investigadora. “É preciso ver se reestruturar o modelo de negócio é viável ou se não foi uma estratégia de Elon Musk só para mostrar que a sua entrada na empresa traria uma proposta de valor absolutamente inovadora para o negócio”.

O algoritmo do Twitter será aberto?

A abertura do algoritmo do Twitter tornaria, na prática, o serviço mais transparente e sem “manipulação de bastidores”, afirmou Musk, citado pela revista Future. Desta forma, os utilizadores conheceriam o código que a rede social utiliza para determinar que tweets promover ou ocultar. O magnata quer também que as pessoas consigam perceber se as suas publicações apareceram ou não nos feeds dos seus seguidores.

O empresário disse que o algoritmo de código aberto seria melhor do que “ter tweets a ser promovidos ou ocultados misteriosamente sem nenhuma perceção do que está a acontecer”. E, assim, para Rita Figueiras o bilionário quer alterar o algoritmo para “torná-lo mais transparente” e “mais aberto”, permitindo que as pessoas tenham alguma intervenção no tipo de informação que lhes será apresentada.

Musk terá que explicar melhor em termos práticos que modalidade de algoritmo pretende seguir, mas genericamente a questão é que em vez de serem as empresas a decidir que tipo de informação nos é apresentada, poderemos ser nós a escolher”, afirmou a investigadora.

Ainda não é possível perceber se Elon Musk pretende também fazer alterações na política de privacidade do Twitter, refere o The Washington Post. O patrão da Tesla e da SpaceX não anunciou qualquer plano e, provavelmente, enfrentaria contestações significativas se adotasse medidas que tornassem os dados dos utilizadores menos seguros.

O CEO do Twitter, Parag Agrawal, disse que o futuro do Twitter é incerto: “Assim que o negócio for fechado, não sabemos em que direção a plataforma irá”.

Apesar de a transação ter sido aprovada por unanimidade na administração da rede social, a oferta final ainda tem de ser aceite pelos acionistas. Isto significa que as mudanças que Elon Musk quer fazer não vão ser implementadas proximamente, uma vez que todo o processo de compra pode levar meses a ser finalizado. “Não podemos colocar numa pessoa a capacidade de mudar tudo. Temos que fazer aqui uma diferenciação entre aquilo que Elon Musk vai dizendo ser o seu projeto e o que efetivamente vai acontecer a curto, mas também a médio e longo prazo”, alertou Rita Figueiras.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.