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Ciberataque
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Todos os dias há ataques informáticos.

DANIEL NAUPOLD/EPA

Todos os dias há ataques informáticos.

DANIEL NAUPOLD/EPA

“É inegável que vivemos diariamente uma guerra cibernética”, diz especialista de segurança digital, João Lucas Brasio

João Lucas Brasio, brasileiro conhecido como o hacker do bem, pede cuidado com os dados que se partilham na internet. Os ciberataques estão aí em força.

Os ataques informáticos aumentam a cada ano que passa. “Não há nenhum lugar no mundo onde não existam ciberataques”. Quem o diz é João Lucas Brasio, o brasileiro que é catalogado como um dos maiores especialistas de segurança digital do mundo. Recentemente, em Portugal, várias empresas foram alvo de ataques informáticos. O grupo Impresa, a Vodafone, o grupo Germano de Sousa e na quarta-feira o grupo Sonae (pouco se sabendo deste último caso).

As motivações dos hackers para os ataques são claras para João Lucas Brasio: o dinheiro e a fama. “Querem mostrar aos outros grupos o que fizeram. Querem ganhar fama, notoriedade e dinheiro”, revela o especialista em entrevista telefónica ao Observador. Os reféns destas ambições acabam por ser as empresas, que são alvo de “sequestro digital” – uma nova forma de sequestro na qual os grupos “trancam” a empresa e pedem um resgate monetário para a devolver –  conhecido como ransomware.

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“É inegável que vivemos diariamente uma guerra cibernética. Uma guerra onde não há controlo. É uma guerra e além disso é desordenada. Não há como conversar e como negociar porque não existem pessoas que respondam por esta guerra”, alerta.

O aumento do cibercrime e esta guerra em particular já levaram empresas portuguesas a contratar a Elytron, empresa que tem João Lucas Brasio como diretor executivo desde 2018. “Temos projetos já contratados em Portugal, mas não podemos dizer o nome porque senão acabamos por atrair a atenção de atores maliciosos”, garante.

Com uma filial no Algarve que conta ainda apenas com dois funcionários, a Elytron tem como objetivo ajudar as empresas a identificarem falhas de segurança antes que os hackers consigam aproveitar-se delas. “Não aceitamos falhar porque não é só a empresa que vai falhar. Somos nós também e comprometemos a privacidade das pessoas. O fracasso não é uma opção. O mundo inteiro precisa do nosso tipo de serviço”, garante.

As vulnerabilidades de segurança são tão comuns que a empresa nunca teve um único cliente que não precisasse de alterações nos sistemas para resolver problemas internos. Assim, é muito recorrente que em meras horas seja possível identificar “falhas críticas” que precisam de ser corrigidas.

A satisfação de corrigir algo é muito boa. Já trabalhámos para um país em que todos os passaportes poderiam ter sido roubados por um atacante. Veja o risco para a segurança não só desse país, como para a dos outros onde se utilizaria esse passaporte. Um risco de segurança mundial”, recorda.

Os hackers “do bem”, os hackers “do mal” e as vantagens do “lado negro”

Os “hackers do bem”, alcunha pela qual também é conhecido João Lucas Brasio, invadem as empresas com o conhecimento das mesmas para detetar as suas vulnerabilidades. Mas como é que um ataque funciona para o bem? O especialista explica que a sua missão é “olhar para uma porta aberta que poderia ser utilizada por um criminoso e ajudar as empresas. Avisar ‘olha esta porta está aberta, precisamos de a trancar e esconder as chaves’”.

Embora o modus operandi e o “passo a passo” sejam exatamente os mesmos que os criminosos utilizam, os “hackers do mal usam para benefício próprio as falhas que encontram, enquanto os do bem procuram tornar uma empresa mais segura” ao corrigir as suas vulnerabilidades.

Desde que se estabeleceu como consultor de empresas, João Lucas Brasio diz ter conseguido resolver “centenas de vulnerabilidades” de sistemas que poderiam dar a um atacante acesso não autorizado a softwares de algumas “das maiores empresas do planeta”.

Porém, o especialista que é um dos maiores aliados das empresas, tendo já sido convidado a invadir a Google e o Pentágono para identificar falhas de segurança nos seus sistemas, reconhece que “o crime continua a compensar”.

“O lado negro é mais vantajoso. Com a invasão de uma ou duas empresas, o hacker consegue reformar-se, mas pode ficar preso por décadas se for apanhado. Ninguém pode dizer o contrário, os hackers do mal ganham mais dinheiro”, acrescenta em declarações ao Observador.

“O lado negro é mais vantajoso. Com a invasão de uma ou duas empresas, o hacker consegue reformar-se, mas pode ficar preso por décadas se for apanhado. Ninguém pode dizer o contrário, os hackers do mal ganham mais dinheiro”.
João Lucas Brasio

A necessidade de as redes sociais não serem “uma vitrine” e os conselhos dos especialistas

A conversa de João Lucas Brasio com o Observador foi realizada através do Google Meets. A razão? O especialista tem “receios” relativamente às redes sociais. Não utiliza sequer o Whatsapp ou o Zoom porque considera que as plataformas são mais propensas a ser atacadas por terem uma maior quantidade de utilizadores. E, assim, João Lucas Brasio pede às pessoas que não façam das redes sociais “uma vitrine” onde partilham toda a sua informação pessoal e as rotinas do seu dia a dia.

Tenha cuidado com os dados que partilha, mais do que ter cuidado com as redes sociais que utiliza. Uma vez na internet, para sempre na internet. Não tem como voltar atrás. Sempre que puder deixe o seu perfil fechado. Não podemos ser uma vitrine para o mundo”, alerta o especialista.

Numa altura em que os ataques informáticos aumentam em Portugal e no mundo, João Lucas Brasio deveria ter estado presente numa conferência sobre cibersegurança na quarta-feira em Castelo de Bode. Com a desculpa de estar “entre voos”, sem revelar a sua localização exata e detalhes sobre a sua vida pessoal (nem a idade), o especialista não apareceu no evento realizado pela 7 Keys em parceria com a Nos.

A sua participação foi substituída por Filipe Galofaro. O “braço direito” de João Lucas Brasio, que interveio por videoconferência, deixou o alerta: “O ataque cibernético quebrou barreiras e transcendeu o mundo virtual. Defesas normais como antivírus já não são suficientes para nos proteger dos ataques. As organizações criminosas são altamente financiadas e muito competentes”.

Com o aumento considerável do cibercrime ao longo dos anos, quais são então os principais conselhos dos especialistas para prevenir os ataques? A utilização de senhas distintas em todas as aplicações e sobretudo a ativação do sistema de autenticação por dois fatores em todas as plataformas onde seja possível, como o email e o Facebook. Ações que podem ser um bom começo para evitar ser alvo do crime informático.

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