911kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

O PP de Feijóo e o PSOE de Sánchez já conversaram, a pedido do segundo, depois das eleições de domingo
i

O PP de Feijóo e o PSOE de Sánchez já conversaram, a pedido do segundo, depois das eleições de domingo

O PP de Feijóo e o PSOE de Sánchez já conversaram, a pedido do segundo, depois das eleições de domingo

Em Espanha, só há uma certeza: o próximo Governo (de direita ou de esquerda) vai nascer de um acordo entre partidos muito diferentes

Feijóo já começou a falar com vários partidos, incluindo PSOE. Sánchez descarta novas eleições e diz que a democracia encontrará uma fórmula. Díaz anda no terreno a juntar apoios.

    Índice

    Índice

Uma coisa é certa, o próximo presidente do governo espanhol vai ter de entender-se com quem quer e com quem não quer. Os resultados das eleições gerais de domingo deram a vitória ao PP, mas com uma vantagem muito menor do que a prevista pelas sondagens. Assim, mesmo tendo sido o mais votado, e conseguindo 136 deputados em 350, Alberto Núñez Feijóo está muito longe de ter garantida a sua investidura. Há sapos para engolir e é o próprio líder dos populares quem o assume. No rescaldo das eleições, o tom das suas declarações foram menos otimistas do que no final da noite eleitoral e reconheceu que os resultados ficaram aquém do esperado.

“O Governo resultará de um acordo entre partes que podem pensar de forma diferente, mas cujo objetivo comum é o desenvolvimento económico, social e institucional”, disse Feijóo, mantendo a mesma tónica do alerta que fez domingo. Espanha “não pode dar-se ao luxo de ter contra-alianças” ou bloqueios políticos. “Os resultados das urnas dizem-nos que devemos romper os blocos políticos com acordos, com uma maioria para desbloquear o país e ser coerentes com o mandato que saiu das eleições.”

PP ganha, PSOE não perde e maioria até será mais fácil à esquerda. Espanha arrisca-se a viver um novo bloqueio político

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Imune a tudo isto — e à insistência de Feijóo de que quem ganha deve formar governo — parece estar Sánchez, que recomendou aos colegas de governo que descansem e gozem as férias. Não há pressa, acredita o socialista, e no PSOE há mesmo o entendimento de que são os populares quem deve avançar para a investidura em primeiro lugar. A estratégia, ou a esperança, é de que Feijóo não consiga reunir apoios suficientes, deixando aos socialistas via aberta para reeditarem o governo de coligação, que em Espanha foi batizado de Frankenstein.

Mesmo sabendo o que vai na mente do seu principal adversário, Feijóo continua a contar espingardas. “Desde esta manhã que mantenho contactos com diferentes forças políticas para conseguir um governo estável em Espanha nas próximas semanas”, afirmou. Segundo Feijóo, o presidente da UPN, União do Povo Navarro, garantiu-lhe o seu apoio, enquanto que a CCa, Coligação Canária, deixou a porta entreaberta.

Com o PNV “houve um primeiro contacto” com o presidente dos nacionalistas bascos, mas a conversa poderá ser mais complicada. E, claro, Feijóo conversou com Santiago Abascal, líder do Vox, “para ver se ele está disposto a fazer mudanças”.

Feijóo e Sánchez também falaram ao telefone, confirmou o líder dos populares, mas combinaram deixar detalhes para mais tarde, depois de os votos dos emigrantes estarem contados. “Concordámos em conversar.”

Para já, “a responsabilidade do PP é tentar”, disse Feijóo na reunião de direção do partido, segundo a imprensa espanhola. “Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance, e até mais, para o conseguir. Vale a pena tentar e não vou desistir.” Em cima da mesa, Feijóo vê apenas três cenários: “Quem ganhou as eleições poder governar”, “o bloqueio político” e uma maioria alternativa, que junte os movimentos independentistas. E não está enganado.

"O Governo resultará de um acordo entre partes que podem pensar de forma diferente, mas cujo objetivo comum é o desenvolvimento económico, social e institucional. A Espanha não pode dar-se ao luxo de ter contra-alianças ou bloqueios. Os resultados das urnas dizem-nos que devemos romper os blocos políticos com acordos, com uma maioria para desbloquear o país e ser coerentes com o mandato que saiu das eleições."
Alberto Núñez Feijóo, líder do PP

Vox não está disponível para se aliar a formações pró-independência

O Vox está em negação. Perdeu 19 deputados, mas mantém-se como a terceira força política mais votada em Espanha, um lugar que disputava com a Sumar de Yolanda Díaz. Apesar dos resultados, começou, desde o início da noite de domingo, a chutar responsabilidades pela queda de 52 para 33 deputados em direção a todos os que estão à sua volta, em particular para o PP.

No rescaldo da noite eleitoral, Ignacio Garriga, secretário-geral do partido de extrema-direita, fez o que Santiago Abascal tinha feito na véspera: apontou o dedo a Feijóo. Ainda assim, a vontade de chegar ao Governo é grande e o Vox está disponível para firmar compromissos com os populares.

Justiça espanhola pede mandado de captura internacional contra Puigdemont

Imposições? Tem algumas. “Não vamos concordar com formações pró-independência porque temos isso nos nossos estatutos. O Partido Popular fez os adversários errados. Agora, devem ser responsáveis ​​e fazer um exercício de reflexão”, afirmou Garriga. “A autocrítica deve ser feita por quem disse não haver alternativa. Se a nossa mensagem não tivesse sido manipulada, não estaríamos agora a falar nestes termos.”

Este será mais um problema para Feijóo resolver.

Coligação Canária negoceia com todos, mas não apoia governos com Sumar ou com Vox

Nem extrema-direita, nem extrema-esquerda. Quem quiser o apoio do único deputado do CCa, Coligação Canária, não poderá passar pastas de Governo nem à Sumar nem ao Vox. Parece simples, mas complica as contas tanto de Feijóo como de Sanchéz. A Coligação Canária quer mais autonomia, mas não exige a independência das ilhas.

Nesta segunda-feira, a deputada Cristina Valido pôs todas as cartas em cima da mesa. A CCa apoiará o candidato que não der a mão à “extrema-direita ou à extrema-esquerda”, estando disponível para negociar quem quiser tentar a investidura.

Alegria, tristeza e duas festas. Os bastidores da noite eleitoral nas sedes do PP e do PSOE em três atos

Depois da reunião do partido em Tenerife, Cristina Valido sublinhou o que foi frisando durante a campanha eleitoral: não governará com Vox, não apoiará governos onde esteja o Vox e o mesmo se aplica com o Podemos. A coligação eleitoral da extrema-esquerda, liderada por Yolanda Díaz, inclui dez forças políticas, entre elas o Podemos.

Mesmo que sem a vantagem que previam as sondagens, o PP de Feijóo foi o mais votado e o partido que alcançou maior número de assentos no parlamento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O que querem os autonómicos? Partido de Puigdemont exige referendo vinculativo

“Mais do que nós, quem tem de mudar é quem quer a Presidência do Governo.” A mensagem dos independentistas, neste caso do Junts, o partido do exilado Carles Puigdemont, não deixa nada ao trabalho da imaginação. Querem a amnistia de todos os que foram acusados depois do referendo na Catalunha de 2017 — 90% dos catalães votaram a favor da independência, no referendo considerado ilegal pelo Governo espanhol então liderado por Mariano Rajoy — e querem, de novo, um referendo pela independência. Desta vez, a decisão terá de ser vinculativa.

Mas as exigências surgem em simultâneo com novos desenvolvimentos no processo judicial em Espanha em que Puigdemont é, precisamente, um dos principais visados. Esta segunda-feira, o antigo líder do Junts, exilado na Bélgica, viu ser emitido um mandado de detenção internacional pela sua relação com o referendo de há seis anos. Além dele, também um seu antigo conselheiro para a saúde, Antoni Comín, foi alvo de um mandado semelhante. E uma eurodeputada do Juntos Pela Catalunha, Clara Ponsatí, foi mesmo detida pelas autoridades espanholas pouco depois de revelar que — também ela fugida à justiça desde outubro de 2017 — tinha regressado a Barcelona.

A reboque destes casos, os líderes do partido insistiram nas exigências para que possam admitir estender a mão ao PSOE. “Se houver amnistia, mas não houver referendo, voltamos à mesma coisa”, disse, nesta segunda-feira, Jordi Turull, secretário-geral do Junts. O seu partido, deixou bem claro, não vai cair na “armadilha emocional” para onde estão a tentar empurrá-lo, por isso, “não se sente obrigado a escolher entre Pedro Sánchez e Alberto Nuñez Feijóo”.

Pelo contrário, estendeu a mão a outros partidos catalães — a ERC e à CUP — dizendo ser “a hora da unidade da independência”. A Candidatura de Unidade Popular​​ (CUP) perdeu os seus dois deputados, mas a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) ficou com sete, menos seis do que em 2019.

Mais comedida, Teresa Jordà, número dois da ERC, pediu a revisão do financiamento da Catalunha e quer mais autonomia, mas não exigiu um referendo. “Devemos concordar com o Junts sobre um preço aceitável para investir Sánchez.”

Da amnistia a um referendo. As exigências independentistas a Sánchez

Noutra região separatista espanhola, o País Basco, também há exigências a fazer. Para o Euskal Herria Bildu, quaisquer conversações com Feijóo estão fora de questão (e o contrário também é verdade). O coordenador-geral do partido, Arnado Otegi, garantiu que “fará tudo o que for possível” para que Feijóo não esteja à frente do próximo governo espanhol. Em contrapartida, está pronto a facilitar um governo PSOE/Sumar desde que as reivindicações de independência dos bascos (e dos catalães) sejam ouvidas.

Além do PP e do PSOE, o Bildu — partido separatista radical, herdeiro do Batasuna (braço político da ETA) e que teve nas suas listas antigos militantes do grupo armado, sete deles condenados a penas de prisão por assassinato — foi o único partido que cresceu em relação a 2019, conseguindo seis deputados.

Ainda no País Basco, outro partido determinante é o PNV, Partido Nacionalista Basco, com quem os populares e os socialistas tentarão negociar o apoio dos seus cinco deputados. Na última investidura, o PNV facilitou a subida ao poder de Sánchez, mas muitos dos acordos feitos, que passam por questões ligadas à autonomia, ficaram por cumprir. Agora, o PNV não deverá deixar passar a oportunidade de ir mais além.

Com o PP, as negociações são mais complicadas, já que o partido culpa Feijóo de ter branqueado o Vox, partido de extrema-direita, durante a campanha eleitoral.

"É certo que esta democracia encontrará uma fórmulda de governabilidade."
Pedro Sánchez, líder do PSOE

Sumar no terreno. Junts, ERC, Bildu e PNV estão na mira de Yolanda Díaz

O que Yolanda diz, Yolanda faz. No seu discurso da noite de domingo, a líder da coligação Sumar prometeu começar de imediato a negociar com outros partidos para garantir a investidura de Pedro Sánchez. E assim foi. Esta segunda-feira, segundo fontes do partido citadas pela imprensa espanhola, Yolanda Díaz manteve o ritmo que, durante a campanha eleitoral, imprimiu aos debates em que participou.

A escolha da vice-presidente de Pedro Sánchez recaiu no catalão Jaume Asens, a quem passou a pasta de negociar com os independentistas. O primeiro telefonema de Asens foi para Carles Puigdemont, fundador do Junts per Catalunya, para conseguir garantir a abstenção dos seus seis deputados se Pedro Sánchez tentar uma investidura.

Ouça aqui a emissão especial da Rádio Observador: Situação em Espanha deixa avisos à política portuguesa?

Situação em Espanha deixa avisos à política portuguesa?

Se Junts foi o primeiro alvo de negociações da Sumar, a seguir virão ERC, Bildu e PNV, todos votos de apoio (ou abstenções) que Díaz e Sánchez não podem negligenciar, se quiserem reeditar o governo de coligação.

Novas eleições? Sánchez põe ideia de parte

Quando foram conhecidas as últimas sondagens, que davam uma vantagem muito maior ao PP do que aquela que veio a revelar-se no domingo de eleições, era difícil imaginar um cenário como o desta segunda-feira. Na reunião do executivo de Pedro Sánchez havia caras felizes, abraços e beijos, muito longe do desaire e da tristeza que se previa.

A reunião decorreu à porta fechada, mas várias fontes do PSOE, citadas pela imprensa espanhola, contam que Sánchez não podia estar mais descansado, já que parece acreditar que se manterá à frente do governo espanhol. Aos seus colegas do executivo, pediu para não terem pressa e sugeriu-lhes que descansem e aproveitem o tempo de férias. As negociações, da parte que lhe toca, não são para começar já, mesmo que Yolanda Díaz se ande a multiplicar em contactos.

O líder do PSOE, apesar de já ter falado ao telefone com Feijóo, não tem intenções de conversar a sério com o Partido Popular (nem com mais ninguém), antes das Cortes, a 17 de agosto, dia em que se constituem as câmaras do Congresso e do Senado.

De resto, o que ficou do day after socialista foi uma certa tranquilidade, com Pedro Sánchez a rejeitar a ideia de novas eleições, e a acreditar que Espanha terá um executivo dentro do prazo esperado, a fazer fé na sua frase que atravessou a porta fechada e chegou a todos os jornais: “Esta democracia encontrará a sua fórmula da governabilidade.”

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.