A qualificação para o Europeu e os meses que se seguiram acabam por funcionar como um espelho de tudo o que a Escócia tem sido nos últimos 30 anos, quando consegue apuramentos para grandes provas de seleções: ganhou à Espanha após uma entrada vitoriosa diante do Chipre, foi à Noruega bater Haaland e companhia com uma reviravolta nos cinco minutos finais, somou cinco triunfos consecutivos que praticamente fizeram o resto da campanha, fez a festa por entrar no lote de eleitos para a Alemanha mas seguiram-se vários meses só com uma vitória e diante da frágil Gibraltar. Espremido, fica tudo na mesma. Promete mas não cumpre. Sonha e faz sonhar, acorda sem concretizar o sonho – e de quando em vez chega ao pesadelo. Pela quarta vez num Europeu e pela 13.ª vez em grandes competições, os escoceses querem quebrar o “quase”.
O grupo abre essa possibilidade. A Escócia é tudo menos favorita a passar tendo em conta o favoritismo da Alemanha num plano teórico mas o equilíbrio com as restantes equipas do grupo possibilita mais uma vez sonhar. Se nos encontros com Suíça e/ou Hungria o conjunto de Steve Clarke somar três a quatro pontos, tem possibilidades de no limite passar como um dos melhores terceiros classificados. Há problemas claros na equipa, não apenas no momento que atravessa mas também nos problemas físicos que têm assolado alguns dos principais nomes da linha de três defensiva, mas a 13.ª tentativa de passar os grupos pode ser a de vez.
Para isso, entre aqueles toques de kick and rush de futebol à antiga que às vezes chega a ter o seu encanto não pela beleza estética mas pela “honestidade” com que se apresenta em campo, a aposta volta a passar pelo espírito Braveheart apoiado por uma massa adepta fantástica que é um exemplo para todas as outras que respeita o ADN enraizado no futebol escocês com um ou outro nome que podem passar de meros talismãs para heróis nacionais como McTominay, McGinn ou Che Adams. É nisso que os britânicos vão apostar, com esse “peso” extra de fazerem logo o encontro de abertura em Munique diante da Alemanha.
BI
- Ranking FIFA atual: 39.º
- Melhor ranking FIFA: 13.º (outubro de 2007)
- Alcunha: The Tartan Army
- Presenças em fases finais: 3
- Última participação. Fase de grupos no Europeu em vários países, em 2020
- Melhor resultado. Fase de grupos no Europeu da Suécia em 1992, no Europeu de Inglaterra em 2006 e no Europeu em vários países em 2020
- Qualificação. Apuramento direto como segundo classificado do grupo A com Espanha, Noruega, Geórgia e Chipre
- O que seria um bom resultado? Passar a fase de grupos
Jogos em 2024
- Jogo particular, 23/3: Países Baixos (fora), 4-0 (D)
- Jogo particular, 26/3: Irlanda do Norte (casa), 0-1 (D)
- Jogo particular, 3/6: Gibraltar (fora), 0-2 (V)
- Jogo particular, 7/6: Finlândia (casa), 2-2 (E)
O onze
- 3x4x3: Gunn; Hendry, McKenna, Tierney; Anthony Ralston, McTominay, Gilmour, Andy Robertson; McGregor, McGinn e Che Adams
O treinador
- Steve Clarke (escocês, 60 anos, desde 2019)
- Outros clubes/seleções: WBA, Reading e Kilmarnock
O craque
- Scott McTominay (30 anos, lateral do Liverpool)
- Outros clubes: Queen’s Park, Dundee United e Hull City
A revelação
- Billy Gilmour (22 anos, médio do Brighton)
- Outros clubes: Chelsea e Norwich
O mais internacional e o maior goleador
- Kenny Dalgish (102 internacionalizações) e Denis Law/Kenny Dalgish (30 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Zander Clark (Hearts), Angus Gunn (Norwich) e Liam Kelly (Motherwell)
- Defesas (10): Liam Cooper (Leeds United), Grant Hanley (Norwich), Jack Hendry (Al-Ettifaq), Ross McCrorie (Bristol City), Scott McKenna (Copenhagen), Ryan Porteous (Watford), Anthony Ralston (Celtic), Andy Robertson (Liverpool), Greg Taylor (Celtic) e Kieran Tierney (Real Sociedad)
- Médios (8): Stuart Armstrong (Southampton), Ryan Christie (Bournemouth), Billy Gilmour (Brighton), Ryan Jack (Rangers), Kenny McLean (Norwich), John McGinn (Aston Villa), Callum McGregor (Celtic) e Scott McTominay (Manchester United)
- Avançados (5): Che Adams (Southampton), Ben Doak (Liverpool), Lyndon Dykes (QPR), James Forrest (Celtic) e Lawrence Shankland (Hearts)
O centro de estágio
- Stadion am Gröben, em Garmisch-Partenkirchen
A ligação a Portugal
Steve Clarke não tinha propriamente um grande “currículo” como treinador principal, entre as passagens por WBA, Reading e Kilmarnock. No entanto, isso não significa que não tenha um grande “caminho” como treinador… adjunto. Tudo começou com Ruud Gullit, passou por Avram Grant e Gianfranco Zola, teve um ponto alto chamado José Mourinho: em 2004, quando trocou o FC Porto pelo Chelsea, o português quis contar com um técnico inglês que conhecesse o clube e apostou em Clarke, antigo jogador dos blues. Esse foi um dos principais pontos de crescimento do atual selecionador escocês para o caminho de treinador.