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Explodir um foguete é um sucesso ou um fracasso? Para Elon Musk é um êxito e aprende muito com isso

Ao contrário da NASA, o empresário multimilionário pode dar-se ao luxo de considerar a explosão de um foguete, como aconteceu na quinta-feira, 20 de abril, um sucesso.

Falhar rápido, aprender ainda mais rápido. Esse tem sido o lema de Elon Musk quando se fala de exploração espacial. É por isso que, ao contrário da NASA, o empresário multimilionário pode dar-se ao luxo de considerar a explosão de um foguete, como aconteceu na quinta-feira, 20 de abril, um sucesso. A agência espacial norte-americana não pode imitá-lo: uma explosão é sempre considerada um falhanço e deve ser evitada a todo o custo. Mas a estratégia do homem mais rico do mundo é diferente. E os gritos de alegria de toda a equipa da SpaceX, a empresa de Musk, quando a Starship explodiu, apenas 4 minutos depois de ter descolado, é a prova disso mesmo.

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As últimas averiguações de segurança em Boca Chica, Texas

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“Tudo o que viesse a seguir ao lançamento da plataforma era uma cereja em cima do bolo.” Ainda a engenheira Kate Tice não tinha terminado a frase e já a Starship explodia numa bola de fogo, na passagem dos 3 minutos e 59 segundos para os 4 minutos. Ao mesmo tempo, por trás da voz da apresentadora da emissão em direto, ouviam-se os gritos da equipa em êxtase.

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Foi tudo muito rápido. Segundos antes de Kate Tice, era o engenheiro John Insprucker que narrava os acontecimentos. A fase era crucial. A Starship estava a dar voltas sobre si própria e, nesse momento, os seus dois componentes deviam ter-se separado. Mas isso não aconteceu. “Esta não parece ser uma situação normal”, disse apenas Insprucker.

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A contagem decrescente foi suspensa uma primeira vez, mas o lançamento da plataforma correu como esperado

The Washington Post via Getty Im

O que devia ter acontecido e não aconteceu?

A nave Starship está equipada com seis motores Raptor. O propulsor Super Heavy tem mais 30. Quando se juntam, os dois componentes formam o sistema Starship — um foguete com 120 metros de altura e que faz dele o mais alto e poderoso alguma vez construído. O Saturn V, usado pela NASA no programa Apollo que levou o homem à Lua, tem 110,6 metros.

Embora as expectativas da equipa e do próprio Elon Musk fossem baixas, isso não impedia o plano de ser ambicioso. Seriam pouco mais de 90 minutos de voo, desde a Starbase — a base de Musk em Boca Chica, Texas, onde testa as suas aeronaves — até ao Hawai, depois de sobrevoar o Golfo do México.

Na altura da explosão, já tinham sido ultrapassados 169 segundos (2,8 minutos), momento em que os 33 motores do Super Heavy deveriam ter-se desligado. Três segundos depois, era esperada a separação dos dois componentes. Foi aí que tudo correu mal.

Se o plano se mantivesse, e tudo corresse como era suposto, o Super Heavy voltava a iniciar alguns dos seus motores, regressava ao Texas e caía a cerca de 30 quilómetros da Costa do México, desaparecendo no oceano, 8 minutos depois da descolagem.

A Starship continuaria em frente. O seu objetivo era ligar os seis motores Raptor aos 177 segundos (2,95 minutos) e voar para leste. Aos 560 segundos de voo (9,3 minutos), também os Raptor seriam desligados. O sucesso total seria a Starship reentrar em alta velocidade na atmosfera da Terra, a 100 km de Kauai, no Hawai. Tal como o propulsor, mergulharia no oceano.

Esta estratégia não é habitual. Embora as aeronaves de Elon Musk sejam concebidas para serem reutilizáveis, neste caso, estava previsto que ambos os componentes caíssem no oceano em vez de fazerem as habituais descidas verticais.

Problemas nos motores levaram à queda

A 24 milhas (cerca de 38 quilómetros) sobre o Golfo do México, aconteceu o inesperado, segundo explicou a Space X. Vários motores dos 33 disponíveis no propulsor começaram a falhar — visíveis através de clarões no vídeo emitido em direto. E isso foi demasiado para o sistema de orientação conseguir compensar.

Apesar disso, a informação recolhida foi suficiente para o teste ser considerado “um êxito”.

“A Starship ofereceu-nos um espetáculo durante o primeiro teste de voo”, escreveu a empresa no seu comunicado. “Descolou com sucesso da plataforma de lançamento orbital pela primeira vez”, com a Starship a “subir para um apogeu de aproximadamente 39 quilómetros sobre o Golfo do México — o mais alto de qualquer Starship até hoje.”

Depois disso, vários motores desligaram-se, perdeu altitude e começou a cair. “O sistema de cessação de voo foi ativado tanto no propulsor como na aeronave” — aquilo a que os apresentadores da emissão em direto chamaram, de forma irónica, de “desmontagem rápida não programada”.

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O momento da explosão: os dois componentes não se separaram

AFP via Getty Images

Com um teste deste género, lê-se no comunicado, “o sucesso vem do que aprendemos, e aprendemos muito sobre o veículo e os sistemas terrestres”, o que permitirá à equipa melhorar os futuros testes da Starship. “Parabéns a toda a equipe da SpaceX pelo emocionante primeiro teste de voo da Starship.” Este foi o primeiro teste dos dois componentes do sistema, porpulsor e areonave, em conjunto.

Falhar rápido, aprender mais rápido ainda

Antes mesmo do teste, Elon Musk já tinha deixado claro que se a Starship saísse do solo sem destruir a plataforma já consideraria “uma vitória”. No Twitter, depois do teste terminar numa bola de fogo, deu os parabéns à equipa e garantiu ter aprendido muito para o próximo lançamento de teste, que acontecerá dentro de alguns meses.

Não foi o único a ficar satisfeito. Bill Nelson, administrador da NASA, deu os parabéns à Space X e à equipa que, espera o homem da NASA, lhe entregue uma versão do sistema capaz de levar dois astronautas da órbita lunar até à superfície da Lua na missão Artemis III. Planeada para dezembro de 2025, esta missão da NASA consiste no primeiro pouso tripulado na Lua desde 1972 (Apollo 17).

“Cada grande conquista ao longo da história exigiu algum nível de risco calculado, porque com grandes riscos há grandes recompensas”, escreveu o administrador da NASA no Twitter.

“Pode parecer para algumas pessoas, mas não é um fracasso”, afirmou, por seu turno, Daniel Dumbacher, diretor executivo do Instituto Americano de Aeronáutica e Astronáutica, citado pelo Washington Post. “É uma aprendizagem.”

Na sua opinião, a equipa da Space X terá agora algumas questões para analisar, em concreto terá de perceber por que motivo os motores não funcionaram como deviam. “Vão investigar, vão descobrir, vão voltar e vão resolver esses problemas e vão passar para o próximo objetivo, eventualmente, voar todo o caminho em órbita. Tenho plena confiança nisso”, acrescentou Dumbacher.

Tradicionalmente, a NASA e outras empresas aeroespaciais tentam, ao máximo, prever todo e qualquer erro de engenharia e mecânica antes de chegarem sequer à fase de testes. Assim, demoram mais tempo — e investem mais dinheiro — antes de fazer um lançamento. Ver o dinheiro dos contribuintes a explodir nos céus simplesmente não é aceitável.

Musk faz o contrário. Testa produtos que sabe que estão imperfeitos para aprender rapidamente como pode melhorá-los — o tal lema de “falha rápido, aprende ainda mais rápido”. Assim, os problemas são resolvidos com dados reais e não com simuladores em centros de investigação.

Um desses exemplo é o Falcon 9, com um custo de cerca de 50 milhões de euros por lançamento. Hoje já foi lançado 223 vezes, e 221 delas foram sucessos completos, mas não sem primeiro passar por uma falha parcial, uma perda total devido a uma explosão durante os testes e um Falcon 9 destruído na plataforma de lançamento durante o processo de abastecimento. Hoje, a falha de um Falcon 9 seria uma surpresa geral.

 
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