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Não, esta imagem não é falsa: os hotéis, restaurantes e cafés da China tem sido vaporizados com químicos por causa do coronavírus
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Não, esta imagem não é falsa: os hotéis, restaurantes e cafés da China tem sido vaporizados com químicos por causa do coronavírus

AFP via Getty Images

Não, esta imagem não é falsa: os hotéis, restaurantes e cafés da China tem sido vaporizados com químicos por causa do coronavírus

AFP via Getty Images

Fact Checks. De arma biológica a cura com tigelas de água de alho: 9 mentiras sobre o coronavírus

Doença desenvolvida em laboratório, roubada por espiões, tratada com água de alho, provocada pelo 5G ou sopa de morcego, enchendo praças de mortos. As muitas mentiras sobre o coronavírus.

A epidemia causada pelo novo coronavírus, para já batizado como 2019-nCoV, superou este fim-de-semana uma marca histórica: já causou mais mortes que o seu antecessor, a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), que em 2003 matou quase 800 pessoas. O novo vírus, que tem como epicentro a cidade chinesa de Wuhan, já fez mais de 810 vítimas só na China, além de outras duas nas Filipinas e Hong Kong. Há mais de 30 mil enfectados, com a doença espalhada por mais de 20 países, e ainda nenhuma vacina conhecida.

Mas à mesma velocidade que a doença se propaga e os cientistas procuram soluções para a travar, as mentiras e falsidades sobre a sua origem e tratamento também se multiplicam nas redes sociais. A Organização Mundial de Saúde já tem mesmo no seu site um resumo das muitas mentiras que têm sido ditas sobre esta nova estirpe do coronavírus.

O Observador, no âmbito da sua parceria de fact-checking com o Facebook, tem igualmente feito vários fact checks sobre algumas das notícias falsas que têm sido publicadas sobre a doença.

O novo coronavírus foi desenvolvido num laboratório na China?

O coronavírus letal transmitido por animais que se está a espalhar pelo mundo pode ter origem num laboratório na cidade de Wuhan, vinculado ao programa secreto de armas biológicas da China.
The Washington Times, 26 Janeiro 2020

Várias publicações nas redes sociais têm afirmado que o novo coronavírus, 2019-nCoV, foi criado num laboratório na China. E que foi libertado com o intuito de contaminar a humanidade e controlar o crescimento populacional ou por causa de uma falha de segurança.

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A página “STFN Reloaded” publicou no Facebook um vídeo com cerca de 30 minutos afirmando que “o pânico atacou a China depois de o super vírus de Wuhan ter escapado de um laboratório”, que esse laboratório era de “biosegurança nível 4, de acordo com os especialistas” e que havia “mais de 100 mil casos” de infeção em Wuhan, a cidade onde começou o surto do novo coronavírus.

Também o jornal The Washington Times, que se descreve como “um contrapeso confiável da media convencional”, publicou que “o coronavírus letal transmitido por animais que se está a espalhar pelo mundo pode ter origem num laboratório na cidade de Wuhan, vinculado ao programa secreto de armas biológicas da China”, citando um “analista de guerra biológica israelita”, Dany Shoham.

À esquerda, uma captura de ecrã ao vídeo publicado pela página STFN Reloaded no Facebook. À direita, outra captura de ecrã do artigo que afirma que o vírus pode ter escapado de um laboratório em Wuhan.

Mas nada disto é verdade.

De facto, existe em Wuhan um laboratório de alta segurança biológica que trabalha com infeções virais — o Instituto de Virologia de Wuhan, que fica a 30 quilómetros do mercado de Huanan, onde o vírus foi detetado pela primeira vez. E uma das especialidades desta instituição é o estudo da forma como os coronavírus se transmitem dos morcegos (um dos animais de onde este agente pode ter vindo) para os humanos.

De acordo com o The Washington Times, Dany Shoham terá dito que “certos laboratórios no instituto devem ter-se envolvido, em termos de investigação e desenvolvimento, pelo menos de forma colateral, mesmo que não numa instalação principal no alinhamento de armas biológicas chinesas”.

No entanto, embora confirme que tenha concedido uma entrevista a esse jornal norte-americano, Dany Shoham afirma que o The Washington Times ocultou parte da resposta que enviou por e-mail, descontextualizando as suas palavras: “Perguntaram-me sobre essa conexão e sugeri uma possível ligação com o programa de desenvolvimento de armas biológicas chinês na forma de libertação do vírus, mas acrescentei que: ‘Não há evidências ou sinais de tal incidente’. Tudo o que aconteceu, é claro, pode ser completamente natural e é exatamente isso que parece no momento. São necessárias mais informações sobre a origem do vírus”, esclareceu ele ao Fact Check Cazaquistão.

É verdade que, em 2017, um estudo publicado na revista científica Nature levantava dúvidas sobre o real nível de segurança deste laboratório. Contactado pelo The Washington Post, Tim Trevan, especialista em segurança biológica citado nesse estudo, explica que essas preocupações surgiram-lhe à época no que toca “à capacidade de gerir riscos nestes sistemas complexos quando não se consegue prever todas as formas através dos quais o sistema pode falhar”. No entanto, Tim Trevan não acompanhou a situação do laboratório desde então. E diz duvidar que o coronavírus tenha partido dali.

De resto, outros especialistas explicaram ao The Washington Post que não há provas que sustentem a teoria de que o coronavírus foi desenvolvido em laboratório, fosse para que fim fosse.

Richard Ebright, professor de química biológica da Universidade de Rutgers, disse que “com base no genoma do vírus e nas propriedades, não há indicação alguma de que se trata de um vírus manipulado”. Vários artigos científicos têm relacionado a nova estirpe de coronavírus que está a provocar este surto com outras estirpes semelhantes que atacam animais vendidos no mercado onde a doença eclodiu — como as cobras ou os pangolins, embora esses dados ainda estejam em análise.

Além disso, se o coronavírus fosse programado como arma biológica, provavelmente teria sido concebido para se espalhar mais facilmente e com maior grau de mortalidade entre humanos, argumenta Vipin Narang, do Massachussets Institute of Technology (MIT).

Milton Leitenberg, especialista em armas químicas da Universidade de Maryland, também acrescenta que embora seja “claro” para ele que a China está a desenvolver armas biológicas através de projetos secretos, muito dificilmente utilizaria este instituto em Wuhan para o fazer: “O Instituto Wuhan de Virologia é uma instituição de pesquisa de classe mundial que faz pesquisas de classe mundial em virologia e imunologia”, descreveu, dizendo ainda que esta é uma instituição mais aberta a colaborações com cientistas estrangeiros do que a maior parte dos outros laboratórios — tanto que foi construído por franceses e tem uma parceria com o Laboratório Nacional de Galveston, nos Estados Unidos.

Quanto ao número de vítimas que o novo coronavírus já provocou, embora várias fontes credíveis indiquem dados diferentes, nenhuma delas se aproxima dos 100 mil doentes indicados pela página “STFN Reloaded” só em Wuhan. Embora os dados estejam em constante atualização, às 17h de sábado, 8 de fevereiro, a Organização Mundial de Saúde contabilizava 31.481 casos em todo o mundo, 31.211 dos quais na China e, só dentro da província de Hubei (onde fica Wuhan), eram 22.112 os infetados. E o site do Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade John Hopkins contabilizava à mesma hora 34.963 casos em todo o mundo, 34.620 dos quais na China e, destes, 24.953 em Hubei.

Conclusão

O coronavírus que está a provocar um surto de doenças respiratórias em todo o mundo não foi criado em laboratório. Tem sim origem natural, como provam as informações genéticas estudadas pelos cientistas. Também não é verdade que a doença já tenha atacado “mais de 100 mil pessoas em Wuhan”, como indicam os dados oficiais de várias fontes credíveis.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

E de acordo com a classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

O coronavírus foi roubado por espiões chineses ao Canadá?

Uma equipa de espionagem chinesa, marido e mulher, foi recentemente removida de uma instalação de doenças infecciosas de nível 4 no Canadá por enviar agentes patogénicos para as instalações de Wuhan.
kyle bass, Diretor da Hayman Capital Management, 25 Janeiro 2020

A 25 de janeiro, quando o surto do novo coronavírus já tinha sido identificado, o diretor de investimentos da Hayman Capital Management, uma empresa de gestão norte-americana, publicou dois artigos da transmissora canadiana CBC no Twitter. A publicação tornou-se viral e, às 18h deste sábado, 8 de fevereiro, já tinha sido repartilhado 12,6 mil vezes.

Kyle Bass explicou que os artigos eram sobre “uma equipa de espionagem chinesa, marido e mulher” que “foi recentemente removida de uma instalação de doenças infecciosas de nível 4 no Canadá por enviar agentes patogénicos para as instalações de Wuhan”. E que o homem era “especialista em investigação sobre o coronavírus”, sugerindo que este caso podia estar relacionado com o atual surto de coronavírus. Mas não está.

A espia acusada

Vamos por partes. Eis a primeira: um dos artigos a que Kyle Bass se refere, publicado em julho do ano passado, conta que Xiangguo Qiu e o marido, Keding Cheng, assim como uma turma de alunos chineses, foram retirados do Laboratório Nacional de Microbiologia — uma instalação de nível 4 em Winnipeg, Canadá — e impedidos de regressar ao edifício por causa de uma possível “violação de política”.

Xiangguo Qiu tinha feito cinco viagens à China entre 2017 e 2018 para ações de formação em vários laboratórios de alta segurança, incluindo o Laboratório Nacional de Biosegurança de Wuhan, onde teria de comparecer duas vezes por ano durante dois anos e em períodos de duas semanas — algo que está descrito no segundo artigo da CBC. Questionadas sobre se essas viagens representavam algum perigo para a saúde pública, as autoridades responderam que não e que a retirada dos cientistas não passava de uma “matéria administrativa”.

Ora, tal como o economista afirmou no tweet viral, grande parte da carreira de investigação de Keding Cheng era dedicada a alguns tipos de vírus da família do coronavírus, como o SARS-CoV, que provoca a Síndrome Respiratória Aguda Grave; e a outros agentes patogénicos como o HIV, que é o vírus da sida, a bactéria Escherichia coli e a Doença de Creutzfeldt-Jakob, que é uma doença neurodegenerativa.

No entanto, Tammy Jarbeau, fonte oficial do laboratório canadiano, já garantiu à Agence France-Presse (AFP) que “tudo não passa de desinformação”. De resto, embora a investigação sobre os dois cientistas ainda esteja a decorrer, nenhum comunicado oficial das autoridades sugere que Xiangguo Qiu e Keding Cheng sejam “espiões” ou que o atual surto de coronavírus tenha alguma relação com as atividades do casal, como o economista Kyle Bass sugeriu no Twitter.

Agora, a segunda parte. A origem destas teorias também está relacionada com uma outra investigação dos órgãos do comunicação social canadianos publicada um mês depois de este caso vir à tona, conta a AFP. A CBC descobriu que, em março do ano passado, várias amostras do vírus do ébola (transmitido por mosquitos) e de nipah (transmitido por morcegos) tinham sido enviadas legalmente para a China para investigação num voo da Air Canada.

Embora as autoridades nunca tenham explicado se o caso do casal de cientistas afastado do laboratório está de alguma forma relacionado com o envio destas amostras para a China, garantem que nenhuma dessas situações tem algo a ver com o surto que eclodiu em Wuhan. De resto, o tweet de Kyle Bass está errado logo pelo facto de as amostras não terem sido enviadas para Wuhan, mas sim para a capital chinesa, Pequim.

Conclusão

Não é verdade que o coronavírus tenha chegado à China vindo do Canadá pelas mãos de um casal de espiões. O boato baseia-se em duas investigações que têm por na base o mesmo laboratório nacional canadiano, mas que não têm qualquer relação com o novo vírus que está a circular pelo mundo. Foram distorcidas para alimentar a teoria.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

Assim, de acordo com a classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

É a cobertura 5G que está a provocar as mortes associadas ao coronavírus?

“Wuhan é a primeira província chinesa com cobertura completa da rede 5G que está a causar as mortes que as autoridades de saúde e governamentais estão a encobrir com a mentira do coronavírus!”.
Site "O diário de um ET", 28 de janeiro de 2020

Existem vários textos a circular na internet que tentam estabelecer uma relação entre a implementação da rede 5G na cidade chinesa de Wuhan e as 491 mortes que têm sido atribuídas ao novo coronavírus (2019 –nCoV). Segundo uma das publicações, que está disponível no site “O diário de um ET”, “a China está a ser usada como cobaia na implementação da rede 5G-8G que é uma kill grid para adoecer e matar as pessoas seletivamente”. Embora seja verdade que Wuhan foi um dos locais onde a rede 5G foi lançada no ano passado, não existem quaisquer evidências científicas de que esta cobertura seja prejudicial para a saúde. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as mortes relatadas na China foram provocadas pelo coronavírus.

A página “O Diário de um ET” partilhou um artigo, que teve mais de 50 mil visualizações no Facebook nos últimos dias

“Todas as autoridades de saúde e governamentais sabem disto e estão a encobrir o que realmente se está a passar com a mentira do coronavírus para justificar a construção de hospitais, a vacinação obrigatória para um vírus que não existe e a lei marcial em nome da saúde pública que eles próprios estão a provocar com a rede 5G-8G que foi desenhada e projectada para ser usada como uma rede electromagnética de energia dirigida para adoecer e matar as pessoas de forma selectiva e gradual!”, prossegue o autor da publicação, que, nos últimos dias, foi partilhada por mais de 600 pessoas no Facebook.

De acordo com o mesmo texto, que não cita qualquer fonte credível, existe um plano para “inocular nanotecnologia no sangue das pessoas com as vacinas e agora estão a usar o 5G […] para as adoecer e matar de forma gradual ou imediata!”.

Circulam, ainda, outras publicações que referem que o 5G afetou o sistema imunológico dos habitantes de Wuhan, o que teria contribuído para o aumento da propagação do vírus. Estas mensagens têm vindo a ser partilhadas por milhares de utilizadores, que acreditam que a causa das mortes pode mesmo ser a cobertura 5G.

Em primeiro lugar, é verdade que Wuhan tem alguma cobertura 5G, mas não há evidências de que a cidade tenha sido a primeira a ter esta rede, como afirmam as publicações. Em outubro, como escreveu a Reuters, as empresas estatais de telecomunicações anunciaram o lançamento desta tecnologia em Beijing, Shanghai, Guangzhou e Hangzhou e, na mesma altura, a agência Xhinua anunciava o lançamento “de aplicações comerciais 5G na região” de Wuhan , onde as primeiras estações teriam ficado ativas em meados do mês. No entanto, não é possível confirmar se esta cidade foi a primeira a ter cobertura de quinta geração.

Por outro lado, não existe, até ao momento, qualquer evidência científica que indique que a radiação eletromagnética da quinta geração de internet móvel possa ser prejudicial para a saúde humana. Apesar dos boatos sobre uma eventual ligação ao cancro, à demência e a outras doenças, não existem motivos de preocupação relacionados com o 5G, que, nos próximos anos, deverá substituir o 4G, com velocidades de internet móvel mais rápidas.

De acordo com um texto produzido pela OMS em 2014, a Agência Internacional de Investigação em Cancro (IARC, em inglês) classificou os telemóveis como “possivelmente cancerígenos para os seres humanos”, uma categoria usada quando existem evidências que não são conclusivas – e onde também se inclui o café, por exemplo. Até àquela data, escrevia a OMS, “nenhum efeito adverso para a saúde foi estabelecido como tendo sido causado pelo uso de telemóveis”. No que diz respeito ao cancro, os estudos feitos com animais mostravam não existir um risco aumentado relacionado com a exposição de longo prazo a campos de radiofrequência.

Tal como nas tecnologias anteriores (2G, 3G e 4G), os dados móveis 5G são transmitidos através de ondas de rádio, que fazem parte do espectro eletromagnético. Essas ondas, explica a OMS, são não ionizantes, ou seja, não danificam o ADN dentro das células. Por agora, o que se sabe sobre esta tecnologia não a relaciona com danos no sistema imunológico, e uma grande parte dos textos que levantam dúvidas sobre o 5G tem origem em sites que estão contra a implementação da quinta geração de comunicações móveis.

Sabe-se, contudo, que a China registou, até ao dia 6 de fevereiro, 564 mortes provocadas pelo coronavírus e mais de 28 mil infetados, dos quais mais de três mil se encontram em estado grave. Fora da China, contabiliza a OMS, existem 225 casos confirmados em 24 países.

A tecnologia 5G tem estado a ser usada no novo hospital de Wuhan, construído em apenas 10 dias para receber os doentes infetados com o vírus. Com esta cobertura, as equipas conseguem efetuar comunicações mais rápidas, consultas remotas, entre outros serviços.

Conclusão

O texto que tenta relacionar as mortes na China com a tecnologia 5G é falso. Não é a cobertura de rede mais rápida que está a matar centenas de pessoas no país. A causa das mortes é o novo coronavírus.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

Assim, de acordo com a classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Imagem mostra praça com centenas de mortos vítimas do coronavírus?

As pessoas caem no chão, as ambulâncias estão a correr a cidade juntando as pessoas caídas no chão. […] As autoridades estão escondendo a situação.         
Utilizador do Youtube, 30 Janeiro 2020

Foi publicado pela primeira vez a 30 de janeiro e desde então já foi visto cerca de 350 mil vezes no Facebook. Contém excertos de filmagens e ainda uma fotografia de uma praça onde estão centenas de corpos deitados no chão, aparentemente inanimados — e foi apresentado como sendo de pessoas infectadas pelo coronavírus. Detalhe: é de 2014 e foi tirada em Frankfurt, na Alemanha, durante uma homenagem às vítimas do Holocausto.

Notícia falsa que começou a circular no WhatsApp chegou ao Facebook através da partilha de um vídeo do YouTube

O vídeo, que está a espalhar-se, foi publicado no YouTube e feito a partir de uma mensagem de áudio recebida no WhatsApp. No ficheiro é possível ouvir a pessoa que a enviou a garantir que lhe chegou às mãos um vídeo captado por um jornalista alemão, que supostamente esteve na China e “fez uma filmagem clandestina”.

A fotografia que aparece ao longo de todo o vídeo começou a circular no Facebook a 28 de janeiro em perfis franceses, filipinos, brasileiros e até escritos em árabe. Num deles a legenda diz: “A China atualmente. Centenas de milhares de pessoas sucumbem a cada segundo e a vacina não funcionou.”

Tudo aqui é falso. A praça que se vê na imagem chama-se Hauptwache, fica em Frankfurt, na Alemanha, e é uma zona pedonal .

A praça onde foi tirada a fotografia, em Frankfurt, na Alemanha

As pessoas que aparecem estendidas no chão não estão mortas. São 528 e juntaram-se para um projeto artístico de homenagem às 528 vítimas do campo de concentração nazi de Katzbach, que funcionou durante a Segunda Guerra Mundial. A iniciativa aconteceu a 24 de março de 2014 e a foto foi registada por Kai Pfaffenbach para a Reuters.

O flash mob foi realizado por um grupo alemão. Na descrição do evento feita pela Reuters é possível ler que “os prisioneiros do campo de concentração de Katzbach, parte da antiga fábrica Adler, foram forçados a fazer uma marcha mortal até aos campos de concentração de Buchenwald e Dachau a 24 de março de 1945. 528 vítimas de Katzbach estão enterradas no cemitério central de Frankfurt”.

Conclusão

A foto que supostamente mostra centenas de vítimas mortais do coronavírus, deitadas numa praça, é falsa. Foi tirada na Alemanha em 2014 e refere-se a uma homenagem feita a mais de 500 vítimas do Holocausto.

Assim, segundo o sistema de classificação do Observador este conteúdo é:

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Sopa de morcego esteve na origem do coronavírus?

“Sopa de morcego na China pode ser a origem do coronavírus!”
Utilizador do Facebook, 31 Janeiro 2020

A montagem tem, na imagem da esquerda, uma jovem a comer um morcego com pauzinhos; e, na da direita, o animal suspenso sobre um prato de sopa. Estes e outros frames semelhantes retirados de um vídeo partilhado no Twitter começaram a espalhar-se pelo Facebook — onde só esta publicação tem mais de 360 partilhas — e garantem que a origem do coronavírus está explicada aqui e que a sopa de morcego pode ser responsável pela doença. Essa informação é falsa, já foi desmentida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a sequência nem sequer é recente.

Um dos vídeos partilhados em que é associada a sopa de morcego à origem do Corona Vírus

A confusão começou a 23 de janeiro quando o site noticioso Apple Daily, de Hong Kong, publicou o vídeo que mostra uma jovem a comer sopa de morcego num restaurante. O artigo colocava a hipótese de o prato ser a explicação para a propagação do coronavírus. “Comer morcegos é fora do comum na China mas nada de novo para os residentes de Wuhan”, dizia o texto.

A notícia foi reproduzida por jornais internacionais, como o Daily Mail , o Russia Today e a versão francesa da revista Vice. Depois começaram a circular no Facebook e nas restantes redes sociais imagens retiradas do vídeo, assim como comentários negativos em relação às escolhas alimentares dos chineses. “Eles comem qualquer porcaria” ou “e depois queixam-se de ter um vírus por lá” são apenas alguns exemplos.

Uma das publicações a criticar os chineses por comerem sopa de morcego, relacionando esse facto com o coronavírus

No Brasil, a partilha tornou-se de tal forma viral que o Ministério da Saúde teve de fazer um comunicado alertando para o facto de a notícia ser falsa. “Isto é Fake News! Não divulgue”, pode ler-se na publicação feita no Facebook a 29 de janeiro — dois dias antes de ter surgido o post referido no início deste artigo, o que significa que a informação falsa continua a circular.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, citada pelo Ministério da Saúde brasileiro, não há qualquer dado científico que diga que a sopa de morcego é responsável pelo coronavírus. Para já, “a fonte da infeção é desconhecida e ainda pode estar ativa”, refere também o site do Serviço Nacional de Saúde português.

Pensa-se que muitos casos possam estar associados a um mercado de alimentos e animais vivos de Wuhan, encerrado pelas autoridades chinesas a 1 de janeiro de 2020. No entanto, há pacientes infetados que não estiveram no local, o que significa que ainda há muitas incertezas.

Voltando ao vídeo da jovem que desencadeou esta teoria, ele foi originalmente publicado numa rede social chinesa, Douyin, semelhante ao TikTok, pela utilizadora 77maddie777. O site Foreign Policy identificou-a como sendo Wang Mengyun, estudante da universidade de Wuhan e apresentadora de um programa de viagens transmitido online. É ela que aparece no vídeo a comer o morcego. A filmagem foi feita num restaurante de Palau, um arquipélago no Oceano Pacífico onde muitos chineses passam férias, e é de 2016.

Depois da polémica, Mengyun fez uma publicação no seu blogue, partilhada posteriormente em inglês pelo jornal South China Morning Post. “Peço desculpa a toda a gente, não devia ter comido um morcego. […] Não fazia ideia durante as filmagens que havia um vírus assim. […] Só percebi recentemente”, disse.

Conclusão

O coronavírus não foi causado por uma sopa de morcego. A OMS descarta essa associação, embora ainda não se saiba ao certo qual foi a origem da doença. O vídeo de uma jovem chinesa a comer o prato foi filmado em 2016, no arquipélago de Palau e não na China.

Assim, segundo o sistema de classificação do Observador este conteúdo é:

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Há uma grande epidemia no ano 20 de cada século?

"1320 – Peste Bubónica; 1420 – Peste Negra; 1520 – Império Azteca morre de Varíola; 1620 – Surto de moléstia contagiosa “Passageiros do Mayflower”; 1720 – Praga de Marselha; 1820 - Epidemia de Cólera; 1920 – Gripe Espanhola; 2020 – Corona Vírus. Dá que pensar, não dá? Será coincidência?"
Página "O que os olhos não vêem o coração não sente", 4 Fevereiro 2020

É mais um exemplo da desinformação que tem vindo a surgir na sequência da epidemia do novo coronavírus. Nos últimos dias, começou a circular na rede social Facebook uma imagem, partilhada centenas de vezes, que indica a existência de uma grande epidemia sempre no ano 20 de cada século. Trata-se, contudo, de um conteúdo falso, que resulta da alteração das datas em que alguns surtos efetivamente aconteceram. Além disso, a publicação ignora epidemias relevantes que ocorreram nas últimas décadas.

A publicação falsa sobre os vário surtos

Vejamos o exemplo da peste negra, que matou milhões de pessoas em todo o mundo. Ao contrário do que o autor escreve, esta epidemia teve o seu auge entre 1343 e 1353, e não em 1420. Já a morte da civilização asteca não aconteceu em 1520, mas entre 1545 e 1550, devido a uma epidemia que matou mais de 15 milhões de pessoas, no México.

Aquela que ficou conhecida como a Grande Peste de Marselha aconteceu realmente em 1720, matando mais de 100 mil pessoas na cidade francesa. E a data do “surto de moléstia contagiosa” no navio Mayflower, que matou metade da tripulação, também se pode considerar correta, pois ocorreu no inverno de 1620/21. Mas existem outros erros na publicação.

A primeira pandemia de cólera surgiu no continente asiático em 1817, estendendo-se depois para todo o mundo com sucessivas pandemias. De acordo com o livro “História da Cólera”, citado pelo Público, em seis anos a doença expandiu-se do vale do Rio Ganges, na Índia, até outros países asiáticos, como a Síria e Singapura. Ora, a epidemia não aconteceu especificamente em 1820, como diz a publicação, mas no período entre 1817 e 1823.

O vírus da gripe espanhola também não apareceu em 1920, mas em 1918. Em 2018, celebrou-se o centenário desta pandemia, também conhecida como pneumónica, que matou cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais 50 a 70 mil em Portugal.

Por fim, o novo coronavírus, intitulado 2019-nCoV, foi relatado pela primeira vez a 31 de dezembro de 2019.

Além das imprecisões nas datas dos surtos, a publicação ignora, por exemplo, a epidemia da SARS (síndrome respiratória aguda grave), em 2003, a epidemia da gripe A, em 2009, e o surto de ébola na África Ocidental, que começou em 2014. Este último, recorde-se, foi um dos que causou mais vítimas mortais nas últimas décadas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 11 mil pessoas morreram na sequência da epidemia da febre hemorrágica.

A publicação que agora circula nas redes sociais em português, “a propósito do coronavírus, da sua perigosidade e consequente possibilidade de destruição” já tinha sido divulgada em espanhol no Twitter, onde vários utilizadores alertavam para os erros que continha.

A versão em espanhol, que surgiu antes da versão portuguesa

Conclusão

É falso que exista uma grande epidemia sempre nos anos 20 de cada século. Trata-se da republicação em português de um conteúdo que contém vários erros nas datas dos surtos e que ignora algumas pandemias de grande dimensão.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Coronavírus pode ser curado com uma tigela de água de alho?

"O vírus Corona de Wuhan pode ser curado por uma tigela de água de alho recém-fervida! O velho médico chinês provou sua eficácia. Muitos pacientes também provaram que isso é eficaz."
Utilizador do Facebook, 31 Janeiro 2020

Se recebeu nos últimos dias uma mensagem no Facebook a dar-lhe conta que alho picado fervido em água pode ser a cura milagrosa para o coronavírus — uma mensagem que supostamente “deve partilhar com todos os contactos” —, não estará surpreendido com o início deste texto; se ainda não recebeu pode sempre optar por nem se dar ao trabalho de ler a mensagem até ao fim já que não passa de um conteúdo falso sem qualquer base científica.

Mensagem difundida através do Facebook com receita para curar o coronavírus

A mensagem tem sido replicada por vários utilizadores do Facebook que acreditam neste alegado antídoto e que falam em “boas notícias”.

Um dos utilizadores que difundiu a receita e acredita na sua veracidade

O médico especialista em Medicina Geral e Familiar e Medicina do Trabalho João Júlio Cerqueira explica ao Observador que o alho “tem sido citado frequentemente como uma forma ‘natural’ de combater infeções”, depois de ter sido demonstrado em laboratório que o alho tem “propriedades virucidas e bactericidas”, mas nota que os “estudos laboratoriais são demasiado preliminares para determinar se a utilização de alho é eficaz ou não para o tratamento de infeções”.

O médico compara aliás a utilização do alho à utilização de lixívia: ” É o mesmo que dizer que beber lixívia trata infeções só porque foi demonstrado numa placa de Petri que as bactérias e os vírus não sobrevivem ao contacto com a lixívia. É verdade, mas não faz da lixívia uma substância útil no combate às infeções”.

Já no que diz respeito aos estudos clínicos que se realizam em pessoas, João Júlio Cerqueira explica que “têm demonstrado que o alho não tem qualquer eficácia no combate às infeções”, como nos casos de doentes com constipações. Isto é: não há qualquer evidência de que a receita apresentada nas redes sociais tenha qualquer efeito na cura do coronavírus.

Numa página dedicada a combater informação errada que está a ser transmitida na sequência do surto de coronavírus, a Organização Mundial de Saúde também já tinha alertado para o facto de não haver “evidências de que comer alho proteja as pessoas do novo coronavírus”.

Ainda segundo João Júlio Cerqueira, a difusão destas mensagens enganadoras pode prejudicar o controlo sintomático eficaz dos doentes infetados (uma vez que ainda não existe tratamento para o novo coronavírus) caso as pessoas optem por “adiar a procura de cuidados médicos eficazes”.

O médico alerta ainda para a difusão de mensagens de pessoas ligadas às terapias não convencionais — como o uso de “ervas chinesas” para combater o vírus —, afirmando que se trata de “desinformação”, uma vez que essas “ervas” não têm qualquer eficácia no combate ao vírus.

Conclusão

Não há qualquer evidência científica que prove que o alho é eficaz no combate ao novo coronavírus — aliás, não existe ainda tratamento para a doença. A própria Organização Mundial de Saúde já classificou esta ideia como um dos “boatos” que corre sobre o surto do coronavírus e é clara nos procedimentos a tomar caso haja alguma suspeita de infeção pelo vírus. Apesar de não existir ainda vacina para o vírus, há vários tratamentos para os sintomas a ele associados.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

OMS desaconselha sexo desprotegido com animais para prevenir coronavírus?

OMS aconselha que se “evite sexo desprotegido com animais selvagens ou de quinta”.
Página "Pérolas da Urgência", 30 de janeiro de 2020

A imagem começou a circular no WhatsApp antes de chegar ao Facebook e faz parte de uma série de fake news que contaminaram as redes sociais desde o início da epidemia com o novo coronavírus. No cartaz publicado pela página “Pérolas da Urgência”, é atribuído à Organização Mundial de Saúde (OMS) um aviso para “evitar sexo desprotegido com animais selvagens ou de quinta” (“Avoid unprotected contact with live wild or farm animals”, na publicação original) como forma de prevenir a infeção com o novo coronavírus. Trata-se, no entanto, de um conteúdo falso, que resulta da manipulação de um cartaz da OMS.

A imagem que começou a ser difundida pelas redes sociais

Da cor ao logotipo, o panfleto é em tudo semelhante ao que foi distribuído pela OMS na sequência do surto. Mas foi adulterado. No cartaz publicado no Twitter no dia 27 de janeiro com as recomendações para reduzir o risco de infeção com o vírus, a Organização Mundial de Saúde aconselha a que se “evite o contacto com animais selvagens ou de quinta” (“Avoid unprotected contact with live wild or farm animals”, em inglês).

Ora, a palavra “contact” (contacto, em português) da publicação original foi trocada pela palavra “sex” (sexo) na imagem que nos últimos dias se tornou viral nas redes sociais.

Quando fez a publicação no Twitter, a OMS deixou o seguinte aviso na legenda: “Em surtos de outros tipos de coronavírus (MERS e SARS), a transmissão de pessoa para pessoa ocorre através de gotículas, contacto e fómites, o que sugere que o modo de transmissão do 2019-nCoV possa ser semelhante”.

Na imagem, a OMS propõe várias medidas para reduzir o risco de infeção pelo coronavírus: “Lave as mãos frequentemente com água e sabão ou com um antiséptico; quando tossir e espirrar, cubra o nariz e a boca com um lenço ou com o cotovelo; evite o contacto próximo com qualquer pessoa que tenha febre ou tosse; coza cuidadosamente a carne e os ovos e evite contacto desprotegido com animais selvagens ou de quinta”. E foi esta última recomendação que foi modificada.

À medida que o surto avança, espalham-se cada vez mais fake news sobre o assunto. Tal como o Observador verificou recentemente, existe também um vídeo a circular que alegadamente mostra um mercado de animais na China onde teria surgido o foco da epidemia do novo coronavírus. Mas é uma publicação falsa: as imagens foram capturadas na Indonésia.

Fact Check: Vídeo mostra a origem do coronavírus?

Conclusão

A imagem atribuída à Organização Mundial de Saúde foi manipulada digitalmente. No lugar da palavra “contact” foi colocada a palavra “sex”. A recomendação é para que se evite o contacto desprotegido com animais selvagens e de quinta.

Assim, de acordo com a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Vídeo mostra a origem do coronavírus?

“Origem do vírus corona veio do mercado de carnes da China”.
Utilizador do Facebook, 28 Janeiro 2020

Cães, ratazanas, cobras e morcegos, entre outros animais, mortos e vivos, à venda num mercado a céu aberto. É este o cenário que se vê no vídeo que tem circulado nos últimos dias nas redes sociais, como tendo sido filmado na cidade chinesa de Wuhan, onde terá começado a epidemia do coronavírus. Depois de serem disseminadas publicações em inglês, francês e espanhol, o vídeo está agora a ser partilhado com frases em português, que indicam que as imagens foram captadas na China. Mas as publicações são falsas. O mercado que surge no vídeo fica situado em Langowan, na Indonésia.

Nos últimos dias, o vídeo foi partilhado centenas de vezes no Facebook, acompanhado de frases como “Origem do vírus Corona veio do mercado de carnes da China” , “Origem corona vírus China ‘mercado animais vivos’ socorro imundície”, ou “Mercado de Wuhan, origem do corona vírus. Imagens fortes” . A maioria das publicações, que originaram centenas de comentários de repulsa, sugere que o vídeo foi filmado na cidade chinesa, enquanto outras apenas o relacionam com a origem do vírus, sem referir a cidade de Wuhan.

Uma das publicações do vídeo que alegadamente mostra a origem do Corona Vírus

As afirmações estão, contudo, erradas. Logo no início do vídeo, é possível ler a palavra Langowan – e é aí que efetivamente se situa o mercado que aparece nas imagens. Ora, o Pasar Langowan, na Indonésia, fica localizado a mais de três mil quilómetros da cidade chinesa de Wuhan. É verdade que há teorias que apontam o mercado de Wuhan como a origem do vírus e é verdade também que neste espaço se vendem animais em condições duvidosas de higiene. Mas é falso que as imagens que circulam no Facebook tenham sido recolhidas no mercado chinês.

De acordo com a verificação das publicações feita pela AFP, que utilizou a ferramenta InVID* para procurar o vídeo, a mesma sequência de imagens foi publicada no YouTube a 20 de junho de 2019. No título pode ler-se “Pasar extreme Langowan” (Mercado extremo de Langowan, em português), enquanto a descrição diz que “a comida mais extrema do mundo está disponível apenas no Mercado Langowan”.

Aos 21 segundos, surge uma placa que confirma o local onde as imagens foram capturadas: “Governo da regência de Minahasa. Departamento do Comércio. Escritório do Mercado Langowan”. Mas só é possível ler o que está escrito no vídeo publicado no YouTube, porque tem melhor definição do que aquele que foi partilhado no Facebook.

Este é um mercado que tem chamado a atenção dos ativistas pelos direitos dos animais, pois é um local onde são mortos, cozinhados e servidos todos os tipos de animais. De acordo com uma petição que circula na internet, da oferta fazem parte morcegos assados, ratos no espeto e carne de cão. “Todos os animais são mortos em frente ao cliente, para preservar a frescura”, lê-se no texto, que classifica o Mercado Langowan como “um lugar de extremo sofrimento”.

Quanto à origem do vírus, têm surgido várias teorias nas últimas semanas, mas ainda não há nenhuma conclusão. Entre as várias hipóteses avançadas, houve quem apontasse o mercado de frutos do mar de Wuhan como uma das possíveis fontes do coronavírus.

Conclusão

O vídeo que mostra uma feira onde são vendidos todos os tipos de animais para consumo humano não foi filmado na China e não está relacionado com o coronavírus. As imagens foram recolhidas num mercado tradicional indonésio e publicadas no YouTube em junho de 2019.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

De acordo com o sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

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