Em junho de 2011, a GSV Capital foi às compras: 225 mil ações a 21,52 euros cada. O investimento de cerca de 51,5 mil milhões de euros marcava o início da atividade da empresa de investimento norte-americana, lançada dois meses antes. O negócio pôs a empresa liderada por Michael Moe em destaque na imprensa internacional e o motivo para a compra tinha crescido para cerca de um milhar de milhões de utilizadores. O que estava em causa? O Facebook.
O investimento colocou Marc Zuckerberg entre os três homens mais ricos do mundo no setor tecnológico, segundo a Forbes, e fez parte do plano de investimento da empresa no mercado secundário de ações. Cerca de um ano depois, a maior rede social do mundo era admitida em bolsa e estreava-se no índice norte-americano Nasdaq com um preço de 27,9 euros por título. “Queremos investir nas empresas mais importantes, que crescem mais rápido”, disse Moe à Forbes, em maio de 2011.
A GSV Capital é um dos investidores que vai marcar presença naquele que pretende ser o maior evento de investimento do ano no país e que começa esta quinta-feira, 10 de julho, o Lisbon Investment Summit. A organização do evento que quer ligar as melhores startups da Península Ibérica a investidores, business angels e venture capitalists “de topo” na Europa está a cargo da associação para a promoção do empreendedorismo, Beta-i, e da IE Business School. “Queremos atrair cada vez mais investidores internacionais para as startups portuguesas e, em particular, para o Lisbon Challenge [programa de aceleração de startups]”, explicou Pedro Rocha Vieira, presidente da Beta-i, ao Observador.
O investimento da GSV Capital no Facebook seguiu a regra dos quatro “P”, a fórmula que os investidores utilizam para avaliar se investem ou não em determinadas startups. A que “P” se referem? Ao “P” de pessoas, de produto, de potencial e de previsibilidade. Luben Pampoulov explicou que a GSV anda à procura de uma classe de topo de empreendedores e de equipas de gestão, de produtos inovadores e disruptivos, de projetos com oportunidades globais de expansão e cujo modelo de negócio tenha visibilidade. Além do Facebook, a GSV já investiu em nomes como Twitter ou Spotify.
O nome da empresa não foi escolhido ao acaso: “GSV” é a sigla para Global Silicon Valley. “É convicção nossa que Silicon Valley não é mais um espaço físico mas uma mentalidade que se está a espalhar pelo mundo”, explicou Luben Pampoulov, cofundador da GSV Asset Management, propriedade da GSV Capital, ao Observador.
O empreendedor adiantou que existem “ondas de inovação local” que têm permitido que negócios um pouco por todo o mundo se transformem em líderes globais, dando como exemplo a Spotify, da Suécia, a SoundCloud, da Alemanha, ou a Waze, de Israel. Sobre a emergência destes ecossistemas diz que o mais importante é que tenham boas universidades, que produzam “empreendedores talentosos”, captem o foco dos investidores e tenham apoio do Governo. “Além disso, a localização também é um aspeto importamente e tenho a certeza que Lisboa, como cidade, é o mais atrativa possível”, refere.
a atenção está nas pessoas
O investimento da GSV Capital no Facebook seguiu a regra dos quatro “P”, a fórmula que os investidores utilizam para avaliar se investem ou não em determinadas startups. A que “P” se referem? Ao “P” de pessoas, de produto, de potencial e de previsibilidade. Luben Pampoulov explicou que a GSV anda à procura de uma classe de topo de empreendedores e de equipas de gestão, de produtos inovadores e disruptivos, de projetos com oportunidades globais de expansão e cujo modelo de negócio tenha visibilidade. Além do Facebook, a GSV já investiu em nomes como Twitter ou Spotify.
No caso da rede social , contribuiu a visão forte de Mark Zuckerberg, que já é equiparado a nomes como o de Seve Jobs, da Apple ou de Bill Gates, da Microsofft. “O primeiro ‘P’, de pessoas, é o mais importante: ideias de negócio inovadoras são fáceis de replicar e os custos declinantes que envolvem começar um negócio permitem que muitos empreendedores compitam nessas ideias. No final, o que faz a diferença são as pessoas – a sua visão, paixão, foco e a forma como executam”, diz ao Observador.
O que decide um investimento são as equipas, explicou Luben Pampoulov, porque as ideias de negócio inovadoras são fáceis de replicar. A diferença está nas pessoas, na sua visão, paixão, foco e na forma como executam projetos.
Sofia Hmich, da suiça Index Ventures, concorda. Diz que existem três coisas comuns às empresas de sucesso: equipas “apaixonadas e comprometidas” com os projetos, ideias de negócio disruptivas e inovadoras e uma grande oportunidade de mercado. Contudo, é a equipa que faz a diferença. “Quando encontramos o empreendedor certo, podemos trabalhar com ele, como parceiros, para encontrar a oportunidade certa e criar valor sustentável”, explica.
A Index Ventures, que investiu em empresas como a Skype, Moleskine ou SoundCloud, já tem uma startup portuguesa no seu portefólio, a Farftech, comunidade global que envolve mais de 300 lojas de moda “visionárias”. “Na Index, acreditamos que os empreendedores podem ser encontrados em qualquer lado, não apenas em Silicon Valley ou Londres, e as nossas empresas vêm de toda a europa. É por isso que estamos interessados em investir no ecossistema tecnológico português”, avança.
Sobre o evento, Sofia Hmich diz que espera que seja uma oportunidade para conhecer melhor o ecossistema. Adianta que Lisboa ainda é um dos mais pequenos, mas que estão “a acontecer algumas coisas interessantes” na cidade. É por isso que quer manter um “olhar atento” ao que se passa no mercado português.
“A cidade é relativamente pequena e ainda financeiramente perturbada, mas eu acredito que Lisboa pode se tornar um hotspot de inovação e apoios, onde a inspiração e as oportunidades emergem. A minha confiança baseia-se primeiramente nos talentos. A cidade está cheia de engenheiros e designers famintos, que têm a mesma qualidade que [os de] Londres ou de Silicon Valley e que são significativamente (quatro a seis vezes) mais baratos”, avança.
A investidora refere que algumas empresas internacionais, como a Rocket Internet, já compreenderam a oportunidade que Lisboa representa e decidiram estabelecer o seu departamento de desenvolvimento na capital portuguesa. Contudo, para acelerar startups, vai ser preciso mais capital privado e apoios públicos, diz.
Lisboa na rota do empreendedorismo internacional
“Lisboa está definitivamente no caminho certo”, revela Philipp Moehring, responsável europeu da Angel List, uma plataforma de angariação de fundos e de recrutamento para startups, que vai estar presente no evento de quinta e sexta-feira. Aos empreendedores portugueses recomenda que trabalhem muito e que se mantenham focados na sua startup. “Existem muitas distracções para os empreendedores e é importante que oocupem o seu tempo dedicando-se às coisas mais importantes: a construção de um grande produto e a sua venda”, revela.
Qual é a chave para o sucesso dos projetos? Criar um produto que as pessoas realmente precisam e que paguem para tê-lo, diz Mohering. “Para lá chegar, é preciso construir uma grande equipa, manter-se focado no consumidor e encontrar uma forma de se sustentar a si e aos seus colaboradores”, avança.
Pedro Rocha Vieira afirma que, para que as startups portuguesas tenham sucesso a nível global, é preciso que atraiam investimento internacional. Foi por isso que passou três semanas em Londres, Berlim e Paris a a tentar convencer os investidores que considera de topo a marcarem presença no Lisbon Investment Summit. “Quisemos trazer os maiores investidores a nível europeu e isso foi fruto das relações de confiança que temos vindo a construir ao longo do tempo e da credibilidade que o Lisbon Challenge [programa de aceleração de startups da Beta-i] começa a ter a nível internacional”, refere.
A 25 de junho, Lisboa foi eleita “Cidade Empreendedora Europeia 2015”pelo Comité das Regiões da União Europeia, em Bruxelas, e seis dias depois a Beta-i era distinguida como o maior promotor de espírito empreendedor da Europa pelos European Enterprise Promotion Awards (EEPA),da Comissão Europeia.
O Lisbon Investment Summit vai decorrer a 10 e 11 de julho em Lisboa. No primeiro dia, existem dois sub-eventos, o IE Venture Day Lisbon e o Startup Europe Roadshow. O último marca a passagem da Startup Europe, iniciativa da Agenda Digital que apela ao empreendedorismo tecnológico e digital na Europa, por Portugal, num roadshow que vai percorrer dez cidades europeias. Nesta quinta-feira, Governo e União Europeia assinam um manifesto europeu pela dinamização do crescimento europeu através da inovação e empreendedorismo.
Na sexta-feira, 11 de julho, vai decorrer a final do Lisbon Challenge e os 10 projetos finalistas vão ter a oportunidade de apresentar o seu projeto a investidores num roadshow internacional que passa por Londres, Boston, São Francisco e Telavive. Ainda no dia 11 de julho, a Caixa Geral de Depósitos e o Jornal de Negócios entregam o Prémio Caixa Empreender, nas categorias de Startup e PME. Este prémio conta com a parceira da Beta-i, da PwC e da InformaD&B.
“Estamos a trazer para Portugal os melhores investidores da Europa – investidores que estão por trás do Facebook, twitter, Skype, Spotify, Couchsurfing, Coursera, Dropbox e muitos outros. É a primeira vez que eles cá vêm e é uma conquista para Portugal. Aliado ao facto de termos conseguido incluir Portugal na rota da Startup Europe, estamos a passar da promoção do empreendedorismo a nível nacional para o nível europeu e internacional”, sublinha Pedro Rocha Vieira.