É pediatra, professor aposentado de pediatria e de saúde pública da Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa. É também um rosto (e nome) conhecido do grande público, habituado que está a falar à comunicação social. Depois de projetos como “O Grande Livro do bebé” ou “O Livro da Criança”, Mário Cordeiro está de regresso com mais uma obra que, em boa verdade, vai além da temática da parentalidade. “Pais Apressados, Filhos Stressados” é uma espécie de aviso para as famílias que são engolidas pelo lufa-lufa diário e cujas prioridades tendem a esmorecer.
Nesta conversa, Mário Cordeiro, que já antes deu uma entrevista de vida ao Observador, explica como a falta de tempo afeta a dinâmica familiar: há pais e filhos com uma qualidade de sono “péssima” e há quem conte histórias para adormecer a contrarrelógio, como se esta fosse só mais uma tarefa a completar. Pior: o stress e a falta de paciência a ele associada podem “destruir” relações, sejam entre pais e filhos, sejam conjugais.
“Da parte da criança há uma determinada expetativa: ela não vê o pai ou a mãe desde as 09h, o que para ela é uma eternidade, pelo que está com saudades. Porque os filhos amam os pais, é bom que os pais metam isso na cabeça. Eles amam os pais e gostam de ser amados. É preciso dizer: usa-se pouco a expressão ‘meu amor’, ‘meu querido’, do verbo querer. Se a pessoa chega ali e despacha a história ou questiona ‘para que é que queres uma história quando já ontem te contei uma…’ Ontem foi há quilómetros.”
Este não parece ser necessariamente um livro sobre parentalidade, parece mais um aviso. Há momentos em que o próprio Mário Cordeiro parece estar zangado.
Zangado não diria. O livro surge depois das obras sobre o sono, sobre as birras, sobre as drogas, coisas específicas. Surge quase como o encerrar de um ciclo tendo em conta este tipo de livros para pais. Estou mais velho, estou à vontade com os leitores, e comecei a pensar que era bom questionar as pessoas, fazê-las pensar: o que é que andamos a fazer aqui? Não coloco a questão no sentido filosófico do termo, mas tendo em conta a forma como podemos melhorar a nossa qualidade de vida.
Esse “zangado” de que falou é mais uma perplexidade do que uma zanga?Regra geral, todos nós, eu incluído, queixamo-nos, sentimo-nos mal…
Afinal, como é que conseguimos gerir todas as coisas do dia? É aquela expressão “ter areia demais para o camião”… Se não houver uma ideia estratégica de como se administra o tempo e quais as nossas prioridades, entramos num turbilhão, começamos a correr de um lado para o outro, a tentar apagar todos os fogos. Isto gera mal-estar, sobretudo quando interagimos pessoalmente com os outros. Andamos irritados, o que não ajuda a obter consensos. Isto a vários níveis: da política ao futebol, enfim, do que estiver a dar.
Isto sempre foi assim ou tem vindo a piorar?
Acho que tem acontecido uma modificação enorme na sociedade. Mas isto não deve ser lido como um juízo de valor, em termos do que é melhor ou pior — não gosto de classificar nem sociedades nem gerações.
Até porque a forma como hoje vivemos é, em parte, resultado de como outros antes de nós viveram?
Exatamente. Muitas vezes, quando falo da adolescência, digo aos pais: “Calma, o mundo onde eles vivem nem sequer foi construído por eles”. São os pais, os adultos, que proporcionam esse tipo de vida, há que perceber isso.
Então, não querendo comparar, como acha que chegámos a esta situação?
Portugal evoluiu de uma maneira incrível, foi dos países da Europa que teve uma evolução social mais meteórica. Não há dúvida que, quando se olha retrospetivamente, é outro país. Esta evolução tecnológica foi tão rápida que não nos deu tempo para nos habituarmos. Se formos a pensar em coisas que aconteceram há 300 ou há 600 anos, passaram-se séculos inteiros com poucas mudanças. Depois, a locomotiva começou a andar cada vez mais depressa, até chegarmos, enfim, a uma parafernália de coisas. Antes, a informação era dada pelos jornais mas também pela experiência das pessoas mais velhas, esse empirismo ajudava um pouco e ia-se vivendo. Agora, há muita informação, mas falta-nos a experiência e a sabedoria. Por um lado, já não estamos tão dependentes dos mais velhos para obter essa sabedoria, por outro, vamos atrás da informação porque ela é tão rápida, tão efémera, que eu saber ou não saber é quase uma questão de conversa.
Como é que isto tudo se reflete na dinâmica familiar?
No meio mais rural há muito calor humano. [Nas cidades] há bairros empedrados, casas de 20 andares, onde se vai diretamente de casa para a garagem. Onde as crianças vivem entre quatro paredes, descem no elevador, vão para dentro de um carro amarradas — tudo bem que assim é, mas vão amarradas dentro de quatro paredes — e vão a ouvir os pais a rosnarem um com o outro, ou com a sociedade ou o governo. Finalmente, vão para as quatro paredes de uma escola… Há aquele estudo que mostra que um recluso tem mais tempo ao ar livre do que uma criança, o que é arrepiante. Há a ideia de que o tempo, realmente, é uma máquina trituradora e que nós não temos nada a dizer, como se fosse uma máquina que nos arrasta. A minha questão é: tem mesmo de ser assim?
Acha que as nossas crianças estão a viver cada vez mais confinadas entre quatro paredes?
Muito mais. Os próprios pais estão metidos em escritórios ou em sítios de trabalho bastante confinados. O ser humano, que é um animal como os outros, não é feito para estar fechado, mas sim para andar por aí. Os países onde se conseguiu uma maior qualidade de vida, e onde se conseguiu quebrar um pouco esse ciclo vicioso, como é o caso dos países nórdicos, são países onde o tempo [no sentido meteorológico] não é propriamente uma pérola — mesmo assim, as crianças andam na rua, divertem-se, correm, brincam. Há dois fatores em Portugal que influenciaram muito [a questão das quatro paredes]: um deles é o medo das doenças, acho que ainda não se percebeu que as doenças apanham-se é dentro de casa com as pessoas, há a ideia de que as doenças se apanham cá fora.
Quando diz “dentro de casa” refere-se a ambientes fechados?
Sim, sim. Dentro de quatro paredes, com ar condicionados, com pessoas que espirram, tossem… não é andar por aí encasacado no verão e de t-shirt no inverno, mas brincar… Há muitos pais que me dizem que só podem inscrever os filhos no futebol quando fizer mais calor, e eu digo: “O Ronaldo e o Messi, e todos esses jogadores, jogam à chuva ou com neve. Se isso fizesse mal, acha que alguma vez eles teriam seguros milionários?”. Esse é um dos aspetos, o medo das doenças ou a não compreensão de como é que se apanham doenças. Quando havia pneumonias, as pessoas não ligavam nenhuma ao ranho. No momento em que as pneumonias são raras, o ranho passa a ser um drama, até pelas repercussões que tem — porque se o Pedro ficar ranhoso e não puder ir à escola, a questão não é o Pedro ranhoso, é o emprego, é a chatice de ter um filho doente.
O outro aspeto tem que ver com uma coisa que se gerou, sobretudo após o caso Casa Pia, que foi o receio constante dos estranhos, dos pedófilos, dos raptos, que não é uma realidade — não estou a dizer que não exista um caso ou outro. As violações e/ou as agressões acontecem dentro de casa, tal e qual como acontece com a violência doméstica, é dentro de casa. Acho que isso limitou-nos muito. Se perante os mesmos fatores de agressão tivermos uma atitude mais resiliente, menos passiva, isto faz uma diferença enorme.
Como é que essa limitação afeta o desenvolvimento dos mais novos?
As crianças, que têm o seu ritmo de vida, que estão a abrir os olhos, a perceber o que é que se passa, são completamente trituradas por essa parafernália. As crianças precisam de dormir muito. É ao dormir que começamos a metabolizar a informação que recebemos. Ora, as crianças, mesmo as pequenas, nos infantários, têm uma vida que não é propriamente andar pelos campos a ver os passarinhos; têm uma vida intensa, com muita aprendizagem, com muitos estímulos artificiais que são sempre mais difíceis de descodificar, exigem mais do cérebro do que um simples pássaro. O cérebro ouve os sons naturais e diz “Ok, nada de especial”. Na cidade, mesmo aqueles sons a que estamos habituados, são sons artificiais, pelo que exigem um processamento mais longo. Mesmo que não acorde durante a noite com o som do camião do lixo, o meu cérebro desvia-se do que estava a fazer para processar o som. As crianças que, felizmente, têm muitos estímulos, precisam de tempo para respirar, para dormir, para metabolizar. É exatamente quando estão a ter os melhores dos sonhos que são acordadas a horas francamente impróprias para uma criança pequena — 06h, 07h — para arrancar o dia de uma forma que não é calma, é “Despacha-te!”. Não estou a dizer que os pais tenham de achar que é tudo uma maravilha quando sabem que cada minuto em casa implica o aumento de caos durante o dia.
A qualidade do sono, tanto dos pais como dos filhos, está cada vez pior?
Péssima, é mesmo muito, muito má. Começa com o facto de ser quase vergonhoso dormirmos, isto tem que ver com o animal que somos. Para nós, mamíferos frágeis e vulneráveis e com consciência disso, o adormecer é ter consciência de que vamos desligar, vamos fechar os olhos… e o que é que pode acontecer? A noite é sempre mais misteriosa do que o dia. Depois, há a questão do ruído. Há 15 anos fiz parte de um grupo que fez um estudo para a Comissão Europeia sobre o ruído. O ruído é um dos principais problemas que interfere com a saúde, causa insónias, uma data de coisas cardíacas… Os efeitos do ruído, já nem falo de surdez, é de irritação, crispação, falta de pachorra. Esse estudo mostrou que o ruído tem um impacto brutal na saúde das pessoas e as sociedades urbanas são muito, muito, ruidosas. A poluição sonora é enorme. E as pessoas irritadas buzinam com muito mais facilidade… Ainda no outro vi uma senhora de idade, custava-lhe imenso mexer, estava a tentar sair do táxi com uma dificuldade brutal e as pessoas estavam todas a apitar. Estavam todos irritados, como se estivessem a dizer “o raio da velha que saia daí”.
O pai mais cansado, mais irritado, também tem menos paciência para o filho? Será que, nesses momentos, o pai “atura” o filho?
Nós somos humanos e temos um limite para esse massacre. Se tivermos disponíveis, as coisas fluem bem. Ainda bem que temos uma vida ativa, não somos uns totós, é uma questão de realização pessoal, porque dá prazer e vivemos em sociedade. Mas temos de saber medir quando chegámos a esse ponto de rutura, o qual pode variar ao longo dos dias (há dias em que estamos imbatíveis, outros em que quebramos mais cedo). Temos de perceber que, quando chegamos a casa e metemos a chave na fechadura, teoricamente chegámos ao nosso espaço, onde, supostamente, moram lá as pessoas de quem gostamos mais. Mas após esse clique da chave, que até é muito simbólico, parece que há um quase despachar, parece que dar um abraço ou um beijo… Há uma contenção sentimental e dispersão de sentimentos que, confesso, choca-me. Nós somos um bicho altamente sentimental e precisamos dos outros. E estamos a encarar essas coisas como uma chatice. A determinada altura, a continuação desse estado de adrenalina causa problemas de saúde terríveis e leva a que pessoa fique irritada porque não é aquilo que quer. E quando alguém, seja um filho ou um cônjuge, faz uma pergunta inocente, leva uma resposta daquelas terríveis. Isto leva a uma crispação, uma raiva latente que destrói as pessoas, destrói as relações, não só entre pais e filhos, mas relações conjugais. Muito disso resulta da falta de paciência, da falta de empatia.
No livro fala de uma “escravatura” dos pais perante os filhos. Recentemente saiu um estudo que diz que as mulheres portuguesas estão cada vez mais cansadas e, de facto, as mulheres continuam a ser o principal cuidador…
No geral, e os dados da Fundação Francisco Manuel dos Santos mostram isso, acredito que enquanto o homem sai de casa com a pasta do computador, a mulher, além da sua própria pasta, ainda sai com a mochila dos filhos. Apesar de toda a evolução, e felizmente as mulheres sabem rosnar quando é preciso, ainda temos uma situação de desigualdade. Aliás, o próprio estudo dizia que daqui a não sei quantas gerações é que haveria igualdade [na partilha das tarefas domésticas]. São este tipo de dados que nos fazem pensar e tomar ações políticas, laborais e sociais.
Hoje vi uns dados sobre a violência no namoro… É assustador pensar que numa sociedade de direitos, de consciência social, em que os adolescente têm acesso às séries da Netflix, etc., em que se fala constantemente dos abusos a que as mulheres são sujeitas, que mais de metade das raparigas e dos rapazes sofrem violência que não é necessariamente física. Quase tão horrível quanto isso: mais de metade acha que é normal, que isso é uma expressão de amor. Isso deixa-me aterrorizado. Creio que há uma pedagogia enorme a fazer na escola. Aí, a minha crítica à escola é absolutamente feroz. Neste momento temos de pensar na escola como formadora de cidadãos, formadora de pessoas.
A cultura da pressa e da falta de tempo também está presente nas escolas? Se sim, pode explicar como?
Em tudo, a começar nos horários. Há escolas a começarem [as aulas] às 08h… Há pressa nos refeitórios, é comer a andar (e depois vêm as nutricionistas dizer para comermos devagar). As próprias atividades… tens de estar sempre em atividade. O lazer é uma coisa já tão mal vista que, cúmulos dos cúmulos, temos a “consagração da ocupação dos tempos livres” em Diário da República. Ocupar os tempos livres? Se são livres não são para ocupar, são mais uma aula. Os testes… não sou a favor de avaliação por testes, exames, quadros de honra… Os países mais evoluídos, e onde as pessoas aprendem mais, são aqueles onde isso é completamente subsidiário. Quando tenho um aluno à minha frente tenho de perceber o que é que ele já sabe para fazer com que o seu conhecimento evolua. Se ligo a cassete a despejar matéria, o que é que fica? Para mim, educar é abrir a cabeça de uma pessoa e meter lá para dento um tijolo e fechar. Ensino e aprendizagem, é uma coisa bidirecional, em que o professor aprende com o aluno e vice-versa, há uma osmose coletiva em que se vão trocando experiências. A tal experiência que é muito mais importante do que a informação… só com informação não se faz nada, com conhecimento e experiência já posso mudar as minhas atitudes.
Mário Cordeiro: “Não devemos ser escravos dos nossos filhos”
Até há pressa em contar as histórias para adormecer…
É verdade, até nisso. Conheço muitos casos em que os pais se sentem obrigados a contar histórias para adormecer. É como a ginástica ou andar na natação — só se for um momento bom para a família, porque se for um frete atravessar a cidade para ir à natação, esqueça a natação, [a criança] há-de aprender a nadar. As histórias para adormecer são um pouco assim. Se realmente a pessoa vir nisso um gozo, um momento de “quero lá saber do resto, quero conversar com os meus filhos”… isso sim, é uma oportunidade para estar com aqueles que supostamente amamos mais. Mas se é para cumprir mais uma coisa, mais vale não o fazer porque é uma desilusão para a criança. Da parte da criança há uma determinada expetativa: ela não vê o pai ou a mãe desde as 09h, o que para ela é uma eternidade, pelo que está com saudades. Porque os filhos amam os pais, é bom que os pais metam isso na cabeça. Eles amam os pais e gostam de ser amados. É preciso dizer: usa-se pouco a expressão “meu amor”, “meu querido”, do verbo querer. Se a pessoa chega ali e despacha a história ou questiona “para que é que queres uma história quando já ontem te contei uma…” Ontem foi há quilómetros.
Imagino que apressar uma história para adormecer também tenha consequências negativas, no sentido em que a criança não desenvolve tanto a imaginação ou o raciocínio.
Olhe, [contar histórias para adormecer] aumenta o vocabulário, melhora a construção frásica e até obriga a criança a ter ideias. Imagine que arranja uma personagem qualquer… no meu caso era o Presuntino que fazia asneiras. A determinada altura eu dizia aos meus filhos: “Meninos, não me estou a lembrar de nada, vocês têm de me dar ideias”. Havia sempre um deles que dava ideias que, na verdade, traziam água no bico, que vinham de situações reais. Isto dá oportunidade às crianças de verbalizarem sentimentos. Nós vivemos num colete de forças sentimental. Os sentimentos têm de ser expressos. Somos seres frágeis, vivemos com angústias existenciais enormes porque temos tanta coisa para fazer e um pavio tão curto. O mundo pode ser muito melhor do que é.
Este livro é uma chamada de atenção para os pais que vivem muito apressados, mas há um contraponto: os pais estarão demasiados preocupados com os filhos?
[Os pais estão] muito controladores. Essa pressa fá-los sentir que não controlam… Estamos como o cão que, não tendo noção do tempo, tem-no todo. Aqui é ao contrário. Como estes pais têm noção do tempo, que não chega para as encomendas, tentam colmatar essa falta sendo pais helicópteros.
Trocam o controlo pelo afeto?
Sim. Há menos filhos. Já não é “os filhos” mas “o filho”. E esse filho tem de ser tudo aquilo que os pais foram ou não foram, tudo o que gostariam de ter sido, tem de tocar todos os instrumentos da orquestra. Depois, têm muitas dúvidas, muitas interrogações, procuram ser os pais perfeitos. Não há pais perfeitos.
Enquanto pediatra, tem pais muito em cima de si com dúvidas?
Há pais muito ansiosos com coisas normais, coisas banais. No outro dia assisti a um jogo de voleibol, um torneio com equipas recreativas. A determinada altura houve um miúdo da equipa adversária que falhou dois lances seguidos. Bom, o pai começou aos berros e literalmente disse: “És uma besta, nunca serás ninguém na vida, tu não vês, meu parvalhão, que falhaste”. O treinador, que estava a arbitrar o jogo, mandou parar o jogo, voltou-se para trás e expulsou o pai do campo.
Por falar nisso, já se viu nessa situação de ralhar com os pais?
Já. Gosto de ser irónico e gosto de ser bem educado. Gosto de ser sarcástico. Às vezes digo aos miúdos, à frente dos pais, coisas como: “Vou dar nas orelhas da tua mãe, vou dar nas orelhas dos pais, tautau nos pais”. E às vezes meto-me com os miúdos: “Tens 10 anos ou 10 meses?”.
Acha que esta correria diária pode ser considerada um retrocesso civilizacional?
Acho. O ser humano sempre desenvolveu tecnologia com dois objetivos: porque é fraco e preguiçoso, e porque isso poupa-lhe tempo. Ganhámos conforto, o que se vê no aumento da esperança média de vida e na diminuição de algumas doenças. Agora, a questão é: o que é que fazemos com esse tempo, mais do mesmo?