Rio livrou-se de morrer na praia, em janeiro, ao escapar ao impeachment que lhe tentaram fazer no PSD. Agora foi à praia ver a arte xávega a Mira, junto dos pescadores, mas foi com a banhista Elisa que teve o diálogo mais animado. “Está todo lindo, parece um homem novo, todo engravatado. Aconteceu aí um negócio, teve um acidente, que a gente até ficou de luto, mas agora está e ressuscitou”, disse Elisa que acabava de confundir Rio com Santana Lopes. Rio não desarmou: “Eu? Não me lembro”. E com ironia complementou: “Acidentes tenho tido, mas escapo.” E mesmo que tenha um acidente eleitoral no domingo, garante que fica até às legislativas.
Elisa continuava sem perceber que não era Santana que tinha pela frente: “Há-de escapar sempre, se deus quiser, mas tem de molhar o pezinho, para dar sorte”. E Rio concordava: “É isso, tenho de arregaçar as calças e pôr a gravata para o lado então, para dar sorte.” A banhista confessaria mais tarde aos jornalistas que não sabe “o nome dele”. Dele Rui Rio. Rangel nem está ali perto.
O líder do PSD foi muito simpático, mas parecia contrariado num passeio pela praia de Mira em que caminharam sempre desalinhados. Ora ia um à frente, ora ia um atrás. Quase sempre Rio seguia sem sequer estar preocupado para onde estava Rangel, que também não estava muito preocupado com isso. Só a custo se juntavam quando havia apelo à fotografia ou declarações à imprensa. Rio ia barafustando: “Nunca vim de fato para a praia, é a primeira vez“.
Já mais composto, perante as câmaras e os microfones no calçadão, Rio começava por explicar que na noite anterior não se insurgiu contra a sondagem da Católica para o Público e a RTP, mas com “o tipo de notícia” que a estação pública deu “porque disse perentoriamente que o PS ganhou e isso só saberemos na segunda-feira ou no domingo à noite.” Rio lembrou depois que a mesma Católica disse que o PS estava empatado com Rui Moreira no Porto nas autárquicas e a “lista independente” ganhou as eleições. Sobre as sondagens das legislativas, Rio dizem que “não tem assim muito jeito” visto que faltam “dois ou três dias” para as Europeias.
Sobre o porquê de não estar no mesmo evento que Passos, Ferreira Leite ou Menezes, Rui Rio — que vai à campanha quatro vezes em quatro dias — destaca que “a campanha é protagonizada em primeiro lugar por Paulo Rangel, ele é que é o candidato. Eu apoio, eu apareço, como tem visto, mas quando está um ex-líder junto do cabeça de lista já há peso suficiente, não é preciso eu estar presente“.
Rio não quis falar sobre a hipótese de António Costa ir para um cargo europeu: “Isso tem de perguntar ao primeiro-ministro”. O presidente do PSD recusou-se depois a sair da liderança do PSD mesmo que haja um acidente nas eleições de domingo. Pondera demitir-se? “Acha? Estamos no fim de maio, com eleições em outubro, com agosto pelo meio acha sensato uma coisa dessas? Eu era um irresponsável se fizesse isso. Aproveito até para lhe dizer: não ameaço com decisões por questões de interesse partidário.”
Apesar de dizer que o objetivo é ganhar, Rio deu argumentos que podem ajudar a relativizar um resultado mau do PSD no domingo. O presidente do PSD lembrou que o PSD teve 27% em coligação em 2014, o que significa, tirando o CDS, que pode ter tido 19/20%.
Menezes chamou “calhambeque” a Marques e desafia PS a convidar Seguro
Luís Filipe Menezes pediu desculpa pela “falta de jeito”, pois há onze anos que não fazia um discurso. Mas animou a assistência, num almoço com militantes em Tondela, numa intervenção onde conseguiu utilizar a palavra “chouriçada” comparou Pedro Marques a um “calhambeque” e ainda desafiou António Costa a convidar dois ex-líderes socialistas para a campanha das Europeias do PS: Vítor Constâncio e António José Seguro.
Menezes, a quem chamam populista, fez um discurso popular entre a assistência. Aproveitando que estava em Tondela, felicitou os tondelenses por se manterem na I Liga de futebol, o que contraria a “lógica centralista que divide o país em dois“. E logo fez uma piada: “Lastimo que o sucesso do Tondela tenha sido feito à custa do sucesso do meu Sporting”.
O antigo presidente do PSD foi pedindo desculpa por se alongar no discurso e lembrou que Ana Catarina Mendes criticou a entrada de ex-líderes na campanha. Ora, isso para Menezes é normal, embora ele próprio não se dê com muitos dos ex-líderes de quem não gosta ao ponto de se juntarem “para comer uma mariscada ou chouriçada, mas há algo que os une: a unidade do partido”. O ex-autarca de Gaia lembra que no PS “já foi assim, toca a reboque e iam todos”.
Menezes antecipa que, mesmo com uma “equipa magnífica”, Paulo Rangel e os eurodeputados do PSD não vão mudar a Europa “nem ser decisiva para defender os interesses de Portugal, mas ter uma boa equipa pode fazer a diferença”. Alem disso, Menezes acredita que o PSD teria “uma vitória esmagadora” se “não fossem manipulações, omissões e histórias contadas à volta da realidade do país, que nada têm a ver com a realidade”.
O antigo presidente do PSD faz também uma comparação entre os dois candidatos e diz que se estiver a comparar os cabeças de lista de PSD e PS, é como comparar “um Ferrari com um calhambeque todo a arrastar-se e a ser empurrado para conseguir andar meio metro”. Menezes fala numa diferença “imensa e enorme” em “termos políticos, intelectuais e de currículo”
Eleições europeias, nem o dr.Paulo Rangel nem a sua magnífica equipa sozinha vai mudar a Europa, nem ser decisiva para defender os interesses de Portugal, mas ter uma boa equipa pode fazer a diferença. Passar o sinal, Se não fossem manipulações, omissões, histórias contas à volta da realidade do país, que nada têm a ver com a realidade, estas eleições seriam uma vitória esmagadora do PSD.
Luís Filipe Menezes esteve afastado das lides partidárias e durante muitos anos e zangado com o atual líder do PSD, Rui Rio. Mas quando tentaram afastar Rui Rio da liderança do PSD, o antigo autarca de Gaia foi defendê-lo ao Conselho Nacional numas pazes que ficaram seladas com aquele abraço de janeiro.
Rangel diz que Costa “tem dois amores que em nada são iguais”
Paulo Rangel, que comentou que Luís Filipe Menezes “não está nada destreinado”, voltou a apontar baterias a Costa, que acusou de fazer uma “manobra de oportunismo eleitoral”. O candidato do PSD diz que Costa saiu momentaneamente da campanha (não foi ao comício de ontem), “mas não saiu da televisão”. E aí, Rangel diz que Costa “apareceu na televisão a fazer uma aliança com os liberais, com Macron, fugindo da lógica da candidatura do PS e de Timmermans”, naquilo que considera “mais uma obra da sua habilidade e oportunismo”.
Rangel denuncia assim uma “viagem ideológica a França numa lógica de oportunismo eleitoral” e diz que “em política não vale tudo e que, por isso, “António Costa não pode governar em Portugal com a extrema-esquerda e na Europa com os liberais. Há duas caras do PS: em Bruxelas serão uns, em Lisboa serão outras. Rangel diz que quando vê António Costa em Portugal com a extrema-esquerda e em Bruxelas “a dar abraços e beijinhos aos liberais”, só lhe ocorre uma “música portuguesa” de Marco Paulo: “António Costa tem dois amores/QUE em nada são iguais/ Uns são socialistas/ Os outros são liberais.”
Para o candidato social-democrata esta é a prova que “António Costa é, de facto, um artista, um ilusionista”. Paulo Rnagel diz que “só há um partido, uma força política que está em condições de dar a António Costa algo que sempre teve eleições nacionais: a derrota. E esse partido é o PSD”.
Visita a centro onde estão três helicópteros parados
O falhanço do governo na área da Proteção Civil tem sido um dos alvos da campanha de Paulo Rangel. Desde o primeiro dia do período oficial de incêndios que o candidato do PSD denuncia que apenas metade dos meios aéreos do que o que foi planeado é que estão operacionais para o combate aos fogos. Por isso, o candidato visitou centro de meios áreos junto aos Bombeiros Voluntários de Santa Comba Dão, onde garante que estão estão “selados e depositados três helicópteros”. Estes três helicópteros (que não foram vistos pela comitiva, que apenas esteve perto de um helicóptero do INEM) fazem parte da metade de meios que têm de ficar em terra caso sejam necessários.
Segundo Rangel, estes helicópteros “deviam estar já ao serviço da Proteção Civil, mas, por falhas burocráticas e negligência, o Governo não foi capaz de chegar à abertura da época de incêndios com todos os meios disponíveis”.
O eurodeputado do PSD lembrou também que os avanços em matéria europeia têm sido feitos por impulso do PSD, destacando que o novo mecanismo europeu de Proteção Civil, o RescEU, foi oficializado na terça-feira. Com este mecanismo Portugal não fica dependente da solidariedade de outros para pedir mais meios aéreos para um grande incêndio, pois a UE tem meios próprios que podem ser deslocados: são sete aviões e seis helicópteros de combate a fogos no período inicial. O PSD, lembra Rangel, defende no seu programa que se deve ir mais longe e criar uma Força Europeia de Proteção Civil.
Quotas são plano para proteger a “espécie” masculina
A última visita de Rangel antes do almoço foi à Crontrovet, em Tondela, que através de um dos principais acionistas, a australiana ALS, está presente em 70 países. O diretor-geral da empresa, João Cotta, explica que na empresa há mais mulheres que homens (como na lista do PSD às Europeias). O diretor ia explicando que na equipa de biologia avançada eram quase só mulheres. E Rangel complementava que se era “avançada tinham de ser mulheres“, que os homens é mais “assentar tijolos” ou “jogar futebol”.
João Cotta ia explicando que qualquer dia têm de “aplicar quotas para ter homens na empresa”. Sobre as quotas, Rangel fez outra graça: “O objetivo das quotas é esse, proteger a espécie a prazo”.
A empresa recebe fundos diretamente da Comissão Europeia do Horizonte 2020, de 3,3 milhões de euros, que aplica na investigação bacteriófagos, vírus que combatem bactérias e podem substituir-se aos antibióticos em determinados tratamentos. João Cotta contou que o comissário Carlos Moedas já visitou a empresa, ao contrário da campanha, que ainda não visitou em campanha oficial (apesar de ser mandatário nacional).