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Um milhão de jovens são esperados para a vigília deste sábado da Jornada Mundial da Juventude. Na manhã de domingo, o Papa preside à Missa do Envio naquele local
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Um milhão de jovens são esperados para a vigília deste sábado da Jornada Mundial da Juventude. Na manhã de domingo, o Papa preside à Missa do Envio naquele local

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Um milhão de jovens são esperados para a vigília deste sábado da Jornada Mundial da Juventude. Na manhã de domingo, o Papa preside à Missa do Envio naquele local

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Milhares de peregrinos chegam ao Parque Tejo para a vigília. Fabian e Katie correram pelo melhor lugar do recinto

De rivais a vizinhos. Fabian e Katie, vindos da Suíça e dos EUA, foram os primeiros a entrar no Parque Tejo para a vigília desta noite. A chegada do Papa ainda demora, mas a espera é bem-vinda.

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Enquanto corria a toda a velocidade pelos campos verdejantes do Parque Tejo, por essa altura ainda completamente vazios, Fabian conseguia ver de esguelha que uma rapariga de t-shirt vermelha seguia muito perto no seu encalço. Não abrandou. Não podia nem ia dar-lhe tréguas. Tinha um único objetivo em mente: ser o primeiro peregrino a chegar ao setor A2 do agora batizado Campo da Graça, onde esta noite milhares de jovens de todo o mundo vão ficar acampados para uma noite de vigília com o Papa Francisco, um dos pontos altos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

O jovem de 27 anos não o sabia ainda, mas participava numa competição improvisada com os Estados Unidos, em que acabava a representar o país de origem, a Suíça. Longe de olhares e de holofotes, seria mesmo a Suíça a ser coroada vitoriosa, mesmo que apenas por uma questão de segundos. Katie, uma peregrina do Texas que defendia a honra dos Estados Unidos, reclamava assim o segundo lugar. A sua alegria, porém, não era menor que a de Fabian, ao ver que tinha conseguido uma das melhores posições do recinto, no lado esquerdo do parque, mesmo junto à lateral do palco que o Papa Francisco pisará daqui a algumas horas, a partir das 20h45, hora marcada para o início da vigília.

Foi em parte por ele que chegaram tão cedo, por volta das 11h45, mesmo sabendo que o pontífice só chegará ao final da tarde para orar com os jovens na vigília. A espera não os desanima. É tempo de estabelecer um perímetro para os respetivos grupos e conviver com os peregrinos que, pouco a pouco, vão enchendo o recinto junto ao rio Trancão que, minutos antes, estava deserto.

Estados Unidos vs. Suíça. E uma corrida sem vencedor oficial

“Fomos as primeiras a chegar!” A frase é dita por um grupo de seis raparigas num coro desordenado. As peregrinas, vindas dos Estados Unidos, não escondem o entusiasmo que sentem por terem vencido a primeira etapa da corrida: foram as primeiras a cruzar a barreira de segurança antes da entrada no parque, uma linha de grades montadas pelas forças de segurança perto do parque de paddle do Parque das Nações, zona de entrada para os peregrinos que vão ficar no setor A e que só ao final da manhã foi aberto à passagem.

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A luz verde para seguirem para a zona onde os polícias estão a revistar as malas, uma segunda linha de segurança, apanhou o grupo de surpresa. A entrada de peregrinos estava, na verdade, marcada para as 13h30 — foi essa a mensagem que uma voluntária transmitiu com a ajuda de um megafone, durante a manhã, informação confirmada ao Observador por alguns elementos da polícia colocados no local. Mas, às 11h40, chega a autorização para os primeiros peregrinos entrarem.

Apesar do choque inicial, o grupo não hesitou e, assim que recebeu a autorização para passar, organizou-se numa fila sem conter a alegria. Não esperam para falar com o Observador. Não há um segundo, muito menos um minuto a perder. “Falamos ao pé do nosso setor. É o A2”, atiram, antes de se lançarem de malas às costas numa corrida pelo caminho empoeirado.

Katie, uma jovem de 18 anos da cidade de Houston, no Texas, segue na liderança. Pelo caminho, algumas das colegas vão perdendo o ritmo e ficando um pouco mais para trás. Apesar de tudo, as raparigas acabam por chegar, ofegantes, com poucos minutos de diferença e com os rostos avermelhados da corrida e do calor intenso que já se faz sentir, num dia em que se prevê que as temperaturas possam chegar aos os 38.ºC.

Sendo uma desportista fiel, as amigas não se surpreendem por Katie ter sido a primeira do grupo a chegar ao local. “Eu faço cross country running e jogo futebol, por isso as minhas pernas aguentam bem. Estava pronta para a partida”, explica. É a primeira vez que participa numa Jornada Mundial da Juventude e as expectativas são elevadas. “É uma loucura. Fomos as primeiras a chegar” — a verdade é que não havia juízes para validar o resultado daquela corrida final a dois —, “estamos mesmo perto do palco. Foi incrível“, sublinha a norte-americana.

Ao Observador, Katie conta como o grupo, de mais de 80 pessoas, saiu da Caparica, onde durante a última semana ocupou um parque de bungalows. Chegaram ao Parque Tejo em vários autocarros por volta das 9h30, mas a espera foi tranquila, um momento para conviverem e conhecerem-se melhor. Mais habituado às andanças de uma jornada e às suas surpresas, Fabian arriscou chegar mais tarde. Vindo do Bairro Alto, o suíço chegou precisamente 45 minutos antes de ser permitida a passagem dos peregrinos para o interior do recinto. Apesar do enorme grupo de jovens que com o passar das horas se foi juntado ao pé do acesso, conseguiu esgueirar-se entre as pessoas até à linha da frente e arranjar um lugar livre mesmo junto às grades.

“Parece um programa de televisão. Tens de correr, correr muito para ser o primeiro”, diz o jovem de 27 anos, enquanto por trás o grupo norte-americano canta em coro “USA, USA, USA”. Mas Fabian chega ali em vantagem: na noite anterior, fez questão de estudar bem o espaço, para perceber qual era a melhor área do setor A para acompanhar a vigília e ver de perto o Papa Francisco. “Eu vi que há uma parte do setor que fica tapada pela estrutura do palco, por isso, percebi que tinha de chegar rápido para conseguir ver bem.”

A espera é longa, mas “faz parte da experiência”

Enquanto Fabian e Katie disputavam o título de primeiros peregrinos a chegar ao Parque Tejo, o Papa Francisco ainda se encontrava em Fátima, onde esteve durante a manhã a rezar o terço com jovens doentes na Capelinha das Aparições. A vigília só começa às 20h45, mas os peregrinos não parecem ter problemas em esperar até lá. Muitos vão-se acomodando, pousando malas, estendendo toalhas ou mantas e, sobretudo, procurando refrescar-se nos pontos de água espalhados pelo recinto e tentando cobrir-se de um sol que já começa a deixar escaldões.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Seguindo o exemplo, Fabian, que veio com um grupo de 11 pessoas, já espalhou as malas e sacos que trouxe, e no chão deixou três pequenas bandeiras vermelhas e brancas da Suíça. Katie e as amigas já estão mais adiantadas e, apesar de ainda aguardarem a chegada de todos os 88 membros do grupo, já estenderam no relvado umas lonas compridas de plástico, onde mais tarde vão espalhar os sacos de cama.

“Acho que vai ser um bom tempo para conhecer pessoas de todas as partes do mundo, conhecer o meu grupo um pouco melhor, um tempo de oração e, claro, para descansar um pouco”, antecipa a jovem sobre as horas que tem pela frente até ao início da vigília. O ponto alto, destaca, é mesmo a proximidade do palco e, consequentemente, do Papa.

Durante a vigília, que aguarda com expectativas, reconhece que vai rezar sobre a experiência da Jornada Mundial da Juventude, agora na reta final, e na mensagem que Deus lhe quer deixar. No seu pensamento também vai trazer a família, particularmente aqueles que estão imigrados em França. Do mesmo modo, Fabian estará a rezar pelos seus familiares. Durante a oração vai lembrar em particular a mãe, que morreu quando ele tinha apenas 15 anos.

À semelhança de Katie, também Fabian não tem problemas em esperar pelo início da vigília com o Papa. “É uma parte muito boa. Estamos entre amigos. Até lá fazemos jogos, partilhamos bons momentos. É muito divertido”, aponta. E acrescenta: “É parte da experiência da Jornada Mundial da Juventude. Se não tivermos de esperar, não é o mesmo.”

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