Índice
Índice
Maria Santos, 40 anos. Engenheira civil e proprietária da Cabeça da Cabra, uma antiga escola primária transformada em casa de hóspedes.
Na altura em que deixei o meu trabalho, o turismo ainda não era uma alternativa atrativa como é hoje. Saí porque estava cansada da profissão. Fui engenheira civil durante 10 anos e estava completamente saturada. Quando abri a Cabeça da Cabra, tive de fazer tudo sozinha, mas estava pronta para qualquer coisa. Queria era mudar.
Pouco antes tinha respondido a um daqueles inquéritos que às vezes saem nas revistas, em que uma das perguntas era: daqui a dez anos, o que é que quer estar a fazer? Lembro-me de pensar que era impossível continuar a trabalhar ao mesmo ritmo e escrevi: quero ter uma casa de hóspedes. Isto foi em março de 2011, em outubro um amigo falou-me das escolas primárias e das casas dos guardas florestais que estavam a ser vendidas, e enviou-me um edital da Câmara de Sines a dizer que iam leiloar esta escola em Porto Covo dentro de 15 dias. E eu pensei: se é para ser daqui a 10 anos, também pode ser já.
Pela primeira vez faltei ao trabalho e no dia do leilão apanhei o comboio para Sines. Quando cheguei não sabia bem o que fazer, só tinha visto nos filmes. Estava lá imensa gente, com um ar muito mais sério que eu, e achei que não ia ter hipóteses. Só podia fazer a primeira licitação, por isso lembro-me de pensar que tinha de levantar a mão muito rápido porque se não ia simplesmente ficar a olhar para os outros e ia-me embora sem chegar a fazer nada. Havia mais coisas a leilão, e quando chegou a vez da escola pus logo o braço no ar. E o que é certo é que ninguém estava interessado. A escola já tinha ido várias vezes a leilão, por isso aquelas pessoas ou estavam lá para outras coisas, ou estavam à espera que se baixasse o preço base. E portanto consegui, era minha.
Nesse momento há logo uma série de formalidades: tem de se pagar 30 ou 40% do valor, marca-se a escritura, é tudo muito rápido, e de repente percebi: agora tenho mesmo de fazer isto.
Quando voltei para casa já era outra pessoa. Porque vinha com uma sensação… Sabia que ia ter muito trabalho pela frente, mas era como se tivesse superpoderes ou um diamante escondido no bolso. A minha vida ia mudar. Nessa altura nem sabia o quanto iria acabar por me apegar a isto, a estar aqui no campo, e até pensava que ia estar metade do ano aqui e metade em Lisboa, mas aquela energia que senti foi que naquele momento tinha uma liberdade que não tinha antes.
Licitei a escola sem a ter visto, só cá vim 15 dias depois. Sabia que tinha duas salas de aula e que a arquitetura era do Raul Lino, e esses planos, feitos para o Estado Novo, até estão na internet, por isso na altura peguei na planta e fiz logo um esboço do que gostaria que a casa fosse.
Quando finalmente vim ver o terreno estava com muito receio que houvesse problemas estruturais no edifício, porque isso iria exigir um investimento muito maior do que aquele que tinha previsto. Mas não, a escola estava bem. Eu sabia que a construção dessa época era muito controlada e que podia estar mais ou menos confiante, e não me enganei. Claro que ajudou estar dentro desta área, até para lidar com os atrasos na obra e as frustrações.
Demolimos o muro que estava no meio do jardim, do tempo em que a escola fazia a separação entre meninos e meninas, e voltámos a abrir os arcos, que estavam tapados com casas de banho e arrumos. De resto tentámos manter tudo, porque agarrei-me muito à ideia que tinha das casas alentejanas da minha infância, feitas com poucos materiais. Sou daqui. Nasci em Santiago do Cacém, cresci em Sines, e só depois de cá estar é que percebi que os terrenos do meu avô eram muito perto. Aliás, houve um episódio quase rocambolesco, uma coincidência daquelas. Quando pedi as cartas militares do terreno, onde se escrevem os nomes dos proprietários, descobri que por cima do terreno da escola vinha o nome do meu bisavô, José da Costa. Ele tinha 11 irmãos, e no meio dessas partilhas nós não sabíamos que isto tinha sido dele. Fiz uma cópia dessa carta militar para emoldurar e oferecer à minha mãe, e ainda hoje quando conto esta história aos hóspedes fico com receio que achem que estou a inventar tudo. Para mim isto acabou por ser também um regresso às origens.
Para o investimento inicial foi preciso partir todos os mealheiros da família. Ainda telefonei para o banco para falar de financiamento, mas isto foi na altura da crise e quase se riram na minha cara. Por isso antes do leilão pedi dinheiro emprestado ao meu pai e à minha irmã, e eles prepararam-me para ter uma desilusão, porque provavelmente iria aparecer alguém com mais poder, quem éramos nós? Mas disseram-me que sim. No fundo acho que pensavam que eu não ia conseguir, e lembro-me da cara de choque quando lhes disse que já estava. Ainda trabalhei durante o ano em que duraram as obras, para juntar o máximo de euros possível e poder comprar cadeiras, por exemplo, e só muito perto da data de abertura é que falei com o meu chefe para sair.
Nunca fiz um plano de negócios. Sei que começámos agora a ter saldo positivo — porque o meu contabilista disse —, e sei que já paguei o dinheiro à minha família. A minha parte não sei, mas nunca faço contas. A minha visão geral é: não tenho falta de dinheiro agora e vivo a vida que sempre quis viver.
Abrimos em junho de 2013 e tivemos logo muita gente porque não havia muita oferta na zona, e a que havia não era adequada ao mercado atual – as pessoas alugavam as suas próprias casas ou faziam a decoração com as mobílias que não queriam.
Há quem venha ter comigo porque quer abrir um projeto e saber como se faz. Eu nunca me lembrei de perguntar a ninguém porque sempre vi isto como uma extensão da casa das minhas tias ou dos meus pais, em que os primos todos apareciam e arranjava-se sempre lugar e comida para toda a gente. Essa proximidade quase familiar faz com que as pessoas se sintam bem e muitas vezes regressem. É como se viessem para a sua casa de férias, e isso é mais do que eu alguma vez imaginei.
O processo de mudança foi gradual, não cheguei aqui e fiquei outra pessoa. No primeiro ano estava demasiado ocupada com a casa, no segundo queria fazer o projeto crescer e não estava sempre aqui, no terceiro vieram as dores de crescimento. Sem perceber estava a cortar com a minha vida anterior e a começar outra nova. Agora adoro estar aqui e estou cá a 100%. Aqui tenho uma liberdade que não tenho em Lisboa, de acordar de manhã, sair do quarto, pisar a relva e apanhar sol na cara. Ou pegar na prancha às seis da manhã, ou às oito da noite, e ir fazer surf. Estar em contacto com a natureza, ao ar livre. Eu não percebia que isso me fazia tanta falta e agora é fundamental. Também adoro o inverno aqui, o ter de adaptar-me ao que a natureza diz: se está tempestade és obrigada a ficar em casa, se está um dia maravilhoso deixas o trabalho para depois e aproveitas.
Até há pouco tempo perguntavam-me muito: “e o que é que fazes para além disto?” Ou: “ainda trabalhas em engenharia civil?” Quando a Cabeça da Cabra estabilizou ainda pensei em arranjar um segundo projeto, e estive quase a dar esse passo, mas no último minuto acabei por desistir porque não quero deixar de ter tempo para fazer as minhas coisas. Quando abri estava muito interessada em cozinhar e decorar o espaço, agora estou mais interessada em investir na horta, e quero ter tempo para flutuar entre os meus interesses. Porque a verdade é que se tivesse aberto outro sítio até podia estar a coordenar outras pessoas, mas aí ia ser gestora de pessoas, não ia ser… Nem sei bem o que sou agora. Sei que as coisas que têm realmente valor para mim não são coisas que se possam comprar, portanto eu não procuro mais dinheiro nem mais reconhecimento. O melhor desse projeto quase a arrancar foi ter percebido que não queria, porque se não estamos sempre com aquela inquietação do “e agora? O que é que vem a seguir?”. Está tudo bem assim.
Luísa Botelho, 58 anos. Produtora e proprietária do Monte da Teima juntamente com o marido Paulo Camacho.
Estudei antropologia, mas nem acabei o curso porque rapidamente percebi que não era o que queria. Trabalhei 20 anos em comunicação e fui diretora de produção de duas empresas. Na Imago descobri que era talhada para essa área porque trabalhava muito bem sob stress, conseguia fazer várias coisas ao mesmo tempo e tinha uma energia inesgotável. Na LPM fiz as inaugurações todas dos grandes acentros comerciais da Sonae – na última noite antes de o Colombo abrir acabei a dormir em cima de caixas – e ao fim de uns anos percebi que afinal a minha energia não era assim tão inesgotável.
Já cansada de trabalhar 12 horas por dia, de gerir orçamentos brutais e de ter o telemóvel sempre ligado, resolvi sair e por desafio de um amigo trabalhei como coordenadora de vendas numa imobiliária. Odiei. Nessa altura ainda experimentei ter uma loja mas também não tinha nada a ver comigo.
Entretanto, em 2009 comprámos este terreno para construir a casa de férias da família. O Paulo [Camacho, jornalista e ex-pivot de televisão] queria muito comprar uma propriedade no Alentejo, eu não queria nada. Porque viajávamos imenso e eu sabia que ter uma coisa fixa ia acabar por prender-nos. Entretanto ele fez-me praticamente um ultimato e eu cedi, com a condição de ser eu a escolher o terreno. Ficou também assente que tinha de ser na costa alentejana, porque os nossos filhos fazem surf e não queriam ir para o Alentejo profundo.
Ele viu uma série de terrenos e selecionou quatro para eu visitar. Este foi o segundo e apaixonei-me imediatamente. A quinta estava abandonada há 15 anos e era uma autêntica selva, mas trouxe-me imediatamente uma sensação de paz e ao mesmo tempo de energia. Já não quis ver mais nada e começámos o processo de compra, o que acabou por se revelar mais complicado do que imaginávamos, porque afinal o terreno já estava apalavrado. Aliás, a razão por que isto se chama Teima não é por causa dos burros que cá temos, foi mesmo porque tivemos uma série de problemas para conseguir que a quinta fosse nossa.
Começámos por construir a grande casa de pedra e madeira com os terraços. Queríamos fugir da casinha alentejana tradicional, mas ao mesmo tempo fazer algo integrado na paisagem. Os nossos filhos estavam numa altura em que não lhes apetecia estar connosco, e os dois quartos deles acabavam por estar sempre vazios, por isso começámos a pensar fazer a experiência de alugar essa parte da casa só ao fim de semana. A coisa correu tão bem que nessa altura tomei a decisão de mudar de vida e criar o meu próprio trabalho. Tinha 50 anos. Saindo da minha área – e eu não queria mesmo voltar à produção –, quem é que me ia dar emprego?
Tínhamos uma casa no Estoril, demasiado grande desde que os filhos tinham saído de casa, por isso não fizemos mais nada: vendemos essa casa, comprámos um apartamento mais pequeno em Lisboa, e investimos aqui. Construímos uma segunda casa a partir de uma ruína pré-existente com mais quatro quartos, depois a piscina… Fomos crescendo devagarinho e hoje temos nove quartos e estamos a preparar a abertura de três bungalows ao pé do lago.
Na produção aprendi imensas coisas que acabaram por me preparar para isto. Porque às tantas temos de fazer tudo: planear, desenrascar, resolver. Sempre participei imenso na decoração dos nossos eventos, por exemplo, e comecei pela área da produção gráfica, o que ajudou a conseguir visualizar as coisas antes de elas acontecerem.
No início estava sempre cá e vivíamos numa área reservada da casa de pedra, agora as coisas já estão em velocidade de cruzeiro, tenho uma equipa treinada e vivo aqui perto. Venho cá de manhã, quando falo com as pessoas e dou sugestões de coisas para fazer aqui à volta, mas consigo ter a minha vida com amigos que entretanto fiz aqui na zona, muitos na mesma situação: pessoas que estavam em Lisboa, no Porto ou no estrangeiro e que vieram para o campo para mudar de vida, ou porque não querem educar os filhos na cidade, ou porque precisavam de desacelerar.
Sinto que ganhei imenso. A única coisa que perdi é a proximidade da minha família e o acesso rápido a bons hospitais. De resto… acordar com passarinhos é uma coisa muito boa. E conviver com pessoas que estão em registo de férias e felizes é contagiante. É um registo totalmente diferente da pressão que eu tinha antigamente.
Se aos 40 anos me tivessem dito que ia estar a fazer isto, eu não acreditava, não me passava pela cabeça. O Paulo vem para cá todos os fins de semana, à quinta-feira, e para se meter comigo chama-me estalajadeira.
Rui Liberato de Sousa, 41 anos, engenheiro civil e proprietário da Pensão Agrícola e da Hospedaria, juntamente com o sócio Nuno Ramos.
Nasci em Castelo Branco e sempre senti um apelo grande pelo campo, mas aos 18 anos fui para Lisboa tirar engenharia civil no Técnico. Acabei o curso com uma cadeira de reabilitação urbana, e na altura fui trabalhar precisamente nessa área. Gosto muito de reabilitar edifícios, posso dizer que é quase uma paixão.
Trabalhei para a Câmara Municipal de Lisboa, para privados, no Bairro Alto e em Angola, mas às tantas decidi que era altura de ter alguma coisa minha e abri uma empresa de construção com dois amigos, um dos quais é o arquiteto que fez o projeto da Pensão Agrícola, o Luís Valente, do Atelier Rua.
Em 2010, por influência do Nuno [Ramos], meu sócio nesta aventura e que tem parte da família no Algarve, percebi que esta zona de Tavira tinha um potencial inacreditável. Foi na altura em que a crise estava a rebentar, os preços estavam a baixar, e pareceu-nos uma boa oportunidade para investir.
Andámos um ano à procura de um terreno. Porque aqui no Algarve, tal como em Lisboa, com crise ou sem crise há sempre alguém atento e para encontrar um sítio é preciso ter uma sorte enorme. A primeira propriedade que vimos foi em Santo Estevão, e dissemos logo “é isto”, mas nesse dia ela foi vendida a um holandês, através de outra agência imobiliária.
Curiosamente, a segunda foi esta da Pensão, mas não ficámos com ela. Qualquer pessoa que chegava aqui… isto era uma coisa despida, não tinha nada. Ou melhor, tinha uma ruína de uma casa abandonada desde os anos 40 onde nem sequer entrámos. Eu sou um bocadinho de ideias fixas e estava ainda com o terreno de Santo Estevão atravessado. Por isso decidimos continuar a ver, e andámos um ano nisto, até o Nuno insistir e dizer que devíamos dar uma outra oportunidade àquele segundo sítio porque tinha mais potencial do que tudo o que tínhamos andado a ver. E viemos uma segunda vez.
Estava um dia de sol fabuloso, e dessa vez entrámos dentro da casa. E foi incrível, parecia uma cápsula do tempo. Alguém saiu desta casa e deixou tudo para trás. Estamos a falar de coisas muito antigas: fotografias, livros, arcas com linhos. A casa estava quase em colapso, mas com os objetos familiares todos. E isso para nós foi uma verdadeira surpresa. Começámos a negociar com os proprietários, e logo nas primeiras conversações eles falaram da questão do recheio. Queriam saber o que é que queríamos fazer, se era preciso tirarem as coisas ou se tratávamos disso, porque não queriam ficar com nada. Para eles era um problema, para nós um tesouro.
Comprámos a casa e o terreno de dois hectares. Não imaginávamos que ainda iam passar quatro anos até ter tudo pronto. Infelizmente – e felizmente – é muito complicado construir o que quer que seja nesta zona. Existem uma série de restrições, desde logo por causa do plano de rega que o Estado português fez para irrigar estes terrenos, que são terrenos agrícolas e dos mais férteis aqui do Algarve, onde basicamente o que se pretende fazer é agricultura e não edificar e impermeabilizar o solo. Para além da reserva agrícola, há o Parque Natural da Ria Formosa ao lado… Ou seja, o projeto demorou dois anos só para ser aprovado. Foi tanto tempo que percebemos que isto teria que ter outro uso que não o de habitação, algo que conseguíssemos rentabilizar rapidamente. Todo o investimento inicial foi nosso, só quando mudámos o conceito e começámos a tentar licenciar para hotel é que acabámos por nos candidatar ao PRODER [um fundo europeu de apoio ao desenvolvimento rural do país].
Quando finalmente o projeto é aprovado, a minha vida começa também a ganhar outro rumo. Porque percebi que se adjudicasse a obra a uma empresa daqui e continuasse em Lisboa, não só não seria fácil como o resultado final não seria o que está aqui. Por isso vim fazer a obra, recrutar pessoas, e mudei-me para cá.
Quando começámos a pensar na questão do nome, liguei várias vezes aos proprietários, para ver se nos conseguiam dar alguma informação sobre os anteriores donos, e eles disseram sempre que não sabiam de nada, que tinha sido uma herança de um familiar distante. Havia imensas fotografias de um oficial da I Guerra Mundial, por isso algumas empresas de comunicação que contactámos chegaram a sugerir que o hotel se chamasse A Casa do Capitão, e que devíamos inventar uma história. Mas nós não queríamos inventar nada. E o Nuno lembrou-se da palavra pensão. Porque nessa altura saiu a notícia de que as pensões iam deixar de existir como categoria, tal como as hospedarias, e ele defendia que os nomes não se deviam perder.
Havia uma única pista de quem teria sido esta família: os marcos que temos à volta do terreno, com as iniciais MSG, repetidas também nos guardanapos e nas toalhas em linho que estavam cá e que ainda utilizamos nos jantares. E há um dia em que resolvo entrar no cemitério da Conceição e encontro um jazigo onde está escrito: Manuel da Silva Gomes faz este jazigo para a sua mulher Rita da Silva Gomes. E quando vejo as fotografias, reconheço-os imediatamente daqui. Nesse momento percebi que a casa era daquele casal, e mais tarde soube que até foi uma prenda de casamento dos pais para a sua única filha. No nosso site, e também aqui na loja, temos uma fotografia dessa filha, a dona original, como forma de lhe dar alguma vida.
Quando estávamos prontos para abrir, em junho de 2015, colocou-se a grande questão: quem é que fica a mandar no hotel? E eu disse, sem problema nenhum: eu fico. Porque na realidade já gostava de viver aqui e não me estava a ver em Lisboa novamente. Aqui a qualidade de vida é enorme, e Lisboa ainda nem sequer estava como está agora, cheia de gente e de cafés da moda.
As pessoas vêm para aqui de férias, e gostam disto, mas depois voltam para a rotina na cidade. A questão é que a minha rotina é aqui. Aqui não há o stress do resto das pessoas, porque não há ninguém aqui à volta, não há trânsito. Eu convivo com o meu stress, o stress deste trabalho, mas não com o resto, que é muito. Ao fim do dia vou sempre dar um mergulho à praia, correr ou andar a cavalo. Tenho tempo porque o tempo que se perde em Lisboa com coisas que não interessam para nada, aqui tenho para mim.
Já nem me apresento como engenheiro. Tenho algumas pessoas aqui que me tratam assim, porque me conheceram como tal, durante as obras, mas para mim isso já é longínquo.
Artigo publicado originalmente na revista Observador Lifestyle nº 4 (junho de 2019)