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O que dizem as estatísticas sobre quem sairá vitorioso no Mundial de Futebol de 2018? Quanto é que a Rússia vai ganhar (ou perder) por organizar a competição? E quanto é que os jogadores e patrocinadores (e a economia portuguesa) podem ganhar? Saiba a resposta a estas questões e, também, a outra: em que lugar fica Portugal no ranking das equipas mais valiosas (um ranking que, convenhamos, importa muito pouco porque são 11 contra 11 e a bola é redonda, certo?).
Quem vai ganhar? Alemanha, Brasil ou… Portugal
Antes de começarem os golos e as vitórias, os números que mais interessam são aqueles que nos ajudam a perceber quem pode ser campeão do mundo. E, aí, as casas de apostas dizem-nos que o cenário mais provável é que o Brasil irá atravessar o globo para levantar a “Copa” em Moscovo no dia 15 de julho.
Nas principais casas de apostas internacionais, apostar um euro na vitória do Brasil “rende” entre 4 e 4,5 euros. Uma probabilidade ligeiramente menor de vencer (e, portanto, um prémio ligeiramente maior) tem a Alemanha — entre 4,5 e 5 euros. O último lugar deste pódio é ocupado pela Espanha — entre 5,5 e 6 euros de prémio em caso de vitória, por cada euro apostado.
1.000 simulações para achar um vencedor
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A Alemanha é a seleção com maior probabilidade de sair vencedora do Mundial. Este é o resultado de uma análise de big data feita pelo banco (alemão) Commerzbank, que ponderou fatores como o ranking mundial, o historial de resultados em campeonatos mundiais anteriores, o número de golos nos últimos torneios e, ainda, o fator-casa (que, por sinal, não é tão crucial como dantes).
Misturando todos esses dados e mais alguns, o modelo desenvolvido pelos economistas correu 1.000 simulações de jogos, até chegar à conclusão de que a Alemanha tem 18,3% de probabilidades de sair vencedora. A seguir, o Brasil (12,7%), Espanha (9,6%), Argentina (7,7%), França (7,5%) e só depois Portugal (6,3%).
Podemos acusar o Commerzbank de ser “caseiro” (não obstante o responsável pelo estudo ser um economista britânico, Peter Dixon), mas um estudo parecido feito pelo suíço UBS deu o mesmo resultado — o triunfo da Alemanha. Curiosamente, um outro estudo da Universidade de Innsbruck, na Áustria, coloca o Brasil e a Alemanha na final mas, aí, os canarinhos venceram o frente-a-frente (vingando-se da derrota 7-1 nas meias-finais do Mundial de 2014).
Uma vitória do Brasil é, também, o cenário visto como mais provável pelo Goldman Sachs, que correu um milhão de simulações e “aposta” em Neymar e companhia, numa final contra a Alemanha.
Se quiser apostar que será Cristiano Ronaldo a erguer a taça, porém, poderá ganhar 25 euros por cada euro apostado — o que indica que, apesar da vitória no Europeu há dois anos, a seleção portuguesa não é vista como uma seleção com boas probabilidades de ganhar tudo.
Mas não fique deprimido, para já, porque há um estudo estatístico feito pelos economistas do Commerzbank que dá uma réstia de esperança. Estes economistas usaram um ranking chamado Elo, que foi concebido para avaliar jogadores de xadrez mas que também é usado no futebol. É um sistema de rankings parecido com o da FIFA, mas leva em consideração fatores como a vantagem de jogar em casa, a margem de cada vitória e a importância dos jogos.
Olhando para esse ranking, e recuando até ao campeonato do mundo de 1930, nota-se que apenas em duas ocasiões a equipa mais bem cotada venceu o Mundial (Brasil em 1962 e Espanha em 2010). Chegou a haver uma vitória do 18º classificado (Uruguai em 1950) e do 13º (Itália em 1982 e Brasil em 2002).
E, agora, a parte gira: em média, o vencedor do Campeonato do Mundo é a seleção que está em 6º lugar, antes do início da competição — e já adivinhou quem está em 6º lugar neste ranking neste momento? Portugal.
(Poderá ser boa ideia, porém, conter as expectativas — é certo que a média aponta para vitória do 6º lugar, mas, na verdade, a seleção que está em 6º neste ranking nunca venceu).
Investimentos que se pagam a si mesmos? Vale ou não a pena ser anfitrião de uma Copa?
Não sai barato ser anfitrião de um Campeonato do Mundo, cumprindo os padrões de qualidade nas infraestruturas e serviços associados. Quando se tenta convencer a opinião pública dos benefícios de trazer esta competição desportiva para um dado país, os políticos apresentam, normalmente, argumentos como a vantagem de se criarem infraestruturas modernas (que ficam) e, também, a importância de trazer turismo para o país durante aquele período.
Estes argumentos são válidos? Nem por isso. “À parte do elemento ligado ao prestígio, é difícil apresentar argumentos sólidos para justificar ser anfitrião” de uma competição desportiva desta envergadura. É certo que nos dois anos anteriores à realização do evento tende, em média, a subir o investimento em construção (excluindo habitação) — mas a análise do Commerzbank sublinha que essa é uma média e quando se exclui o Campeonato do Mundo da África do Sul (em 2010) deixa de haver um aumento tão expressivo assim.
Um exemplo recente vem da Alemanha, anfitriã do Mundial de 2006, onde uma análise económica do género “um ano depois” deixou uma conclusão pouco animadora: “os impulsos positivos no retalho, turismo e emprego parecem, de facto, ter sido parcialmente positivos. Contudo, não foram suficientes para ter qualquer impacto económico global discernível e em alguns setores até pode ter havido desenvolvimentos negativos”.
Pior é quando o país organizador é uma economia emergente e, portanto, apesar de contar com (alguma da) mão de obra mais barata, há mais por fazer. Basta recordar que no Brasil, que recebeu o Mundial de 2014, a organização do evento galgou o orçamento, agravando as finanças públicas, e não aliviou a recessão no país.
Ora, a fatura final do Mundial na Rússia poderá ascender ao triplo do que o Brasil gastou há quatro anos — e trata-se de um país cuja economia já viu melhores dias, devido às sanções económicas e à queda do preço do petróleo. Mas o banco central russo está otimista: receber o Mundial vai significar um impacto positivo de 31 mil milhões de dólares na riqueza do país, contando os 10 anos entre 2013 (o ano em que a Rússia venceu a candidatura) e 2023.
Mais intrigante é o chamado efeito psicológico de vencer a competição. Talvez seja uma coincidência (ou não) que o Produto Interno Bruto (PIB) dos países que venceram o mundial em 10 das últimas 11 finais cresceu mais rapidamente no terceiro trimestre (o trimestre a seguir à finalíssima) do que no trimestre antecedente. Isso foi, também, verdade quando Portugal venceu o Europeu de futebol em 2016 — no segundo trimestre o PIB cresceu 0,9% na variação homóloga e no terceiro trimestre disparou para 2%.
Quanto ganham os patrocinadores da seleção portuguesa? E a economia?
Galp, Sagres, Meo, Continente, Santa Casa, Nike, Novo Banco e Samsung. Mesmo que a seleção portuguesa não passe da fase de grupos, estas marcas terão algumas razões para sorrir — terão, exatamente, 75 milhões de razões para sorrir. Segundo um estudo da Cision, uma fornecedora de software e serviços para profissionais de comunicação, mesmo que a seleção portuguesa não consiga ir além da fase de grupos a exposição mediática da seleção (incluindo com os jogos amigáveis de preparação) irá produzir um retorno de 75 milhões.
Segundo o mesmo estudo, citado pelo Jornal de Negócios, se Portugal avançar para os oitavos-de-final mas ficar por aí o retorno sobe para 85 milhões. Quartos-de-final “dão” 98 milhões, meias-finais 103 milhões e a final vale 112 milhões de euros — que podem subir para 120 milhões se houver imagens de Cristiano Ronaldo e companhia a erguerem a taça no dia 15 de julho.
Seria uma repetição das imagens que se viram no final do Campeonato Europeu de 2016, que Portugal venceu e, com isso, produziu um retorno de 115 milhões, segundo o mesmo estudo. No Mundial da Rússia, por seu turno, a Cision prefere assumir uma perspetiva “conservadora” para o retorno potencial para os patrocinadores da seleção, que não têm na Rússia um mercado especialmente importante (e, por essa razão, a vitória num Mundial vale apenas mais cinco milhões do que no Europeu).
Alargando a análise para o resto da economia portuguesa, como um todo, um estudo do Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM) indica que se Portugal for à final em Moscovo e vencer o torneio isso levará a 678 milhões de euros em riqueza criada. É um pouco mais do que os 609 milhões em que a economia terá sido beneficiada pela vitória do Europeu de 2016, graças a fatores como o investimento em publicidade, as receitas dos restaurantes, bares e hipermercados (não estamos a falar de amendoins, mas também) e, claro, a receita da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que ganhará quase 33 milhões de euros em prize money caso a seleção vença a competição.
E os jogadores e equipa técnica? Quanto vale — só em prémios — a vitória na competição?
Cada um dos 23 convocados por Fernando Santos irá receber, da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) 300 mil euros caso Portugal volte a fazer a festa, desta vez na Rússia e num Mundial. Segundo o Correio da Manhã, essa é uma verba semelhante ao que os jogadores receberam pela vitória no Europeu, na final contra a França.
Se a seleção não passar da fase de grupos, contudo, os jogadores recebem um prize money de… nicles. Ou, melhor, “apenas” ganham os 700 euros de pagamento por cada dia que estão na Rússia. Isso significa que, se Portugal for até à final (mesmo que perca no último jogo, a 15 de julho), há jogadores que vão receber quase 40 mil euros nestes pagamentos diários — os jogadores que foram para estágio mais cedo.
Caso a equipa passe às meias-finais, contudo, já irá haver um prize money individual superior a 200 mil euros, acrescenta o Correio da Manhã, um valor bruto sobre o qual cada jogador pagará impostos no país onde joga e onde tem residência fiscal.
Falta falar de Fernando Santos, o selecionador. Seguindo a tradição da FPF, o treinador recebe o dobro caso consiga chegar à final e levar a equipa ao triunfo. São, portanto, 600 mil euros em prémio — pagando os impostos e juntando mais uns “trocos”, talvez Fernando Santos queira comprar o chalet nos arredores de Madrid que Pablo Iglesias, o líder do partido esquerdista Podemos e assumido adepto de futebol (não só joga, como até assiste a jogos do “seu” Atlético de Madrid), quis comprar (e por causa disso se meteu numa alhada).
O chalé de 600 mil euros que pode custar a Pablo Iglesias a liderança do Podemos
Já se deve ter questionado: quanto valem todos os atletas que vão entrar em campo?
Ouvimos todos os dias falar em transferências milionárias e passes de jogadores avaliados em números perfeitamente “galáticos”. Por isso, é possível que já lhe tenha ocorrido esta questão: que “valor” é que vai entrar em campo neste Mundial?
A Agence France Presse (AFP) tentou fazer os cálculos, tirando algumas conclusões impressionantes — a principal das quais é que os 736 futebolistas convocados pelas várias seleções valem mais de 10 mil milhões de euros.
¿Cuánto valen los futbolistas del #MundialRusia2018? ¿Cuál es la selección más cara? La respuesta, en esta #infografía @AFPgraphics #AFP pic.twitter.com/rbcn1dvzDe
— Agence France-Presse (@AFPespanol) June 6, 2018
Quase metade desse valor diz respeito às cinco seleções mais valiosas — Espanha (1.020 milhões), França (1.017 milhões), Brazil (952 milhões), Alemanha (877 milhões) e Inglaterra (874 milhões).
A outra metade reparte-se pelas outras 27 seleções que vão participar nesta fase final do torneio. Esse grupo inclui Portugal que, apesar de ter Cristiano Ronaldo, tem um valor estimado em 486 milhões, em oitavo lugar, com o capitão o a valer 120 milhões, segundo dados que a AFP foi buscar ao Transfermarkt.
Em contraste, o eterno rival Lionel Messi tem um valor estimado em 180 milhões, ajudando a seleção da Argentina a ser a sétima mais valiosa — quase 700 milhões de euros. 180 milhões vale, também, o brasileiro Neymar, quatro anos mais novo do que Messi.
Ronaldo é apenas o sexto mais valioso, tendo à sua frente (além de Messi e Neymar) futebolistas como o britânico Harry Kane e o belga Kevin de Bruyne.