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Segundo o ministro da Saúde da Alemanha, 30% a 40% da população alemã enquadra-se nos grupos de risco

dpa/picture alliance via Getty I

Segundo o ministro da Saúde da Alemanha, 30% a 40% da população alemã enquadra-se nos grupos de risco

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O plano da Alemanha para vacinar milhares de pessoas por dia já em dezembro

Se houver vacina em dezembro, centenas de postos estarão prontos. Berlim já definiu 6 locais para vacinar 20 mil pessoas por dia, de aeroportos a espaços desportivos. Militares vão ajudar

A Alemanha está a contar poder iniciar a vacinação contra a Covid-19 já no próximo mês, caso seja aprovada entretanto uma vacina e o seu uso seja autorizado. Esta previsão foi feita esta segunda-feira pelo ministro da Saúde do país, Jens Spahn, que aproveitou para pedir aos 16 estados para terem os seus centros de vacinação operacionais até meados de dezembro. O ministro foi claro: “Prefiro ter os centros de imunização prontos que fiquem inativos durante vários dias do que ter vacinas autorizadas que não possam ser administradas”.

É por isso que o país já está há várias semanas a preparar-se para este momento. Além de já se falar nos grupos prioritários à vacina há várias semanas, já estão a ser adaptados locais como centros de exposições e terminais de aeroportos para receber estes centros de vacinação, que deverão ser às centenas por todo o país. Só em Berlim já foram definidos seis locais, cujos centros irão administrar cerca de 20 mil doses por dia.

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Quem são os grupos prioritários?

Os conselheiros científicos do governo alemão — que incluem o Comité de Vacinação alemão, o Conselho de Ética da Alemanha e a Academia Nacional de Ciência — desenharam uma proposta relativamente à priorização da vacinação. Esta recomendação tem por base não só as questões médicas e epidemiológicas, mas também “considerações éticas e legais”, lê-se no documento, que data de 9 de novembro.

Para estes especialistas, o principal objetivo é evitar óbitos e hospitalizações, em particular nos cuidados intensivos e, por isso, será dada prioridade às pessoas consideradas de risco devido à idade e devido a comorbilidades, especialmente aquelas que se encontrem em locais como lares de idosos.

Em seguida, a vacina será administrada aqueles que cuidam de doentes ou de idosos, por estarem em maior risco de exposição, na tentativa de prevenir surtos em determinados locais particularmente vulneráveis como lares de idosos. O terceiro grupo na lista de prioritários para a imunização são a pessoas que façam parte de serviços públicos, como escolas, quartéis de bombeiros, esquadras e postos de saúde, que os conselheiros consideram como uma parte “particularmente relevante” da sociedade e que dificilmente são substituíveis.

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Jens Spahn, ministro da Saúde da Alemanha, quer os centros de vacinação estejam operacionais até meados de dezembro

POOL/AFP via Getty Images

A chanceler Angela Merkel já tinha adiantado quem seriam as primeiras pessoas a serem vacinadas e falou nos profissionais de saúde e nas pessoas que se enquadrem nos grupos de risco do novo coronavírus, nomeadamente idosos e pessoas com comorbilidades.

Contudo, de acordo com o presidente do Comité de Vacinação alemão, citado pelo Deutsche Welle, só será possível de definir outros detalhes quando a vacina for aprovada e só depois disso é que haverá uma recomendação a nível nacional para os diferentes estados. Aliás, o próprio documento refere que, até ao final do ano, o Comité de Vacinação irá definir com maior precisão como se irão organizar os diferentes grupos de pessoas, de acordo com o que ficou definido por estes especialistas.

Segundo o ministro da Saúde da Alemanha, 30% a 40% da população alemã enquadra-se nos grupos de risco e como não haverá vacinas disponíveis para todos numa primeira fase, poderá demorar vários meses até que se consiga vacinar toda a população.

Temos 23 milhões de alemães com mais de 60 anos”, acrescentou o governante, que apelou a um debate a nível da sociedade sobre a questão da vacinação.

Ainda assim, Spahn acredita que as mais de 300 milhões de doses de vacinas garantidas — seja através da Comissão Europeia, seja através de acordos bilaterais — serão suficientes não só para imunizar a população, como ainda para “partilhar com outros países”.

Como será feita a distribuição das vacinas?

As vacinas compradas pelo governo alemão serão distribuídas pelos vários estados de acordo com a população, sendo que a distribuição feita pelas farmacêuticas e contará com o apoio das Forças Armadas. No entanto, ainda não estão definidos pormenores relativamente à distribuição, lê-se na Bloomberg, que cita um relatório dos ministérios da Saúde dos 16 estados consultado pelo Welt am Sonntag.

"Temos 23 milhões de alemães com mais de 60 anos"
Jens Spahn, ministro da Saúde da Alemanha

Para que tudo esteja operacional, porém, o Paul Ehrlich Institute, organismo responsável pela distribuição das vacinas, já contratou mais funcionários para todo este processo e garante estar preparado, lê-se no Deutsche Welle.

O governo alemão já fez saber que a vacinação não será obrigatória. “Precisamos que 55% a 65% da população seja vacinada para chegar à imunidade de grupo e acredito que vamos conseguir isto de forma voluntária”, afirmou Spahn, citado pelo The Local.

Onde e como será feita a administração das vacinas?

Caberá aos governos locais estabelecerem os locais de vacinação. E se há duas semanas se falava em 60 centros de vacinação, atualmente já se fala em centenas. Isto porque, de acordo com o Welt am Sonntag, citado pelo Deutsche Welle, cada estado deverá ter entre um a dois centros de vacinação por cada distrito administrativo, além de equipas que poderão deslocar-se a locais específicos para vacinar as pessoas como os lares de idosos.

Estão a ser avaliados vários possíveis locais para estes centros, em particular centros de eventos e salas de exposições que não estão a ser utilizados desde o início da pandemia e terminais de aeroportos. “Estamos à procura de locais grandes que são centrais e espaços”, adiantou o porta-voz do ministério da Saúde do estado de Hamburgo, citado pela Reuters.

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Um centro de exposições no estado de Baden-Württemberg que está a ser adaptado para um centro de vacinação contra a Covid-19

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Segundo a Reuters, o plano de vacinação contra a Covid-19, que foi aprovado no início do mês, conta que a vacina só esteja disponível em inícios do próximo ano, mas esta segunda-feira o ministro da Saúde apelou aos estados para que tivessem terem os centros de vacinação prontos já no próximo mês. Isto porque acredita que será aprovada uma vacina contra a Covid-19 na Europa até ao final do ano e assim o país poderá começar logo a imunização.

Prefiro ter os centros de imunização prontos que fiquem inativos durante vários dias do que ter vacinas autorizadas que não possam ser administradas”, afirmou Jens Spahn ao Redaktions Netzwerk Deutschland, citado pelo Deutsche Welle.

Só em Berlim já foram definidos seis locais que serão adaptados para receber centros de vacinação: o Messe Berlim, um centro de convenções; um terminal do aeroporto de Berlim-Tegel; o antigo aeroporto de Tempelhof, que está desativado desde 2008; um recinto desportivo de ciclismo; o Arena Berlin, um pavilhão multi-usos; e o Erika-Hess-Eisstadion, um ringue de patinagem.

Tempelhof, o antigo aeroporto que salvou Berlim e que agora quer acolher refugiados

Segundo a ministra regional da Saúde da cidade-Estado de Berlim, Dilek Kalayci, numa primeira fase deverão ser imunizadas cerca de 400 mil pessoas, sendo que os seis centros irão administrar até 20 mil doses de vacinas diariamente nestes seis centros. Cada um destes centros irá ter uma unidade móvel de vacinação para imunizar aqueles que não se consigam deslocar até lá e até já foram pedidos voluntários para trabalhar nestes centros, sendo que alguns deles terão de ter formação em saúde, lê-se na Reuters.

Os centros de vacinação serão os primeiros a receber as vacinas contra a Covid-19 e só depois começarão a ser administradas noutros locais como nos consultórios médicos.

Haverá ainda uma base de dados online central exclusivamente para a vacinação contra a Covid-19. De acordo com o The Local, esta base de dados será criada pelo Instituto Robert Koch — organismo governamental responsável pela gestão da pandemia — e nela irão constar informações sobre as pessoas que foram vacinadas, como idade, sexo, morada, que vacina foi administrada e o número do lote, bem como o local e hora onde foi dada a vacina. Será desta forma que o governo tenciona manter-se a par da população que já foi vacinada.

Segundo o Deutsche Welle, os cientistas consideram ser da maior importância haver esta base de dados com informação centralizada para as autoridades de saúde estarem ao corrente de possíveis efeitos secundários e com isso poderem ajustar a administração das vacinas.

Esta segunda-feira, o ministro da Saúde indicou que graças ao registo das populações que já foram vacinadas será possível aliviar as restrições sanitárias: “Especialmente quando atingirmos uma taxa de vacinação elevada entre os mais vulneráveis, poderemos reduzir as restrições gradualmente”, afirmou Jens Spahn.

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