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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Os bastidores da campanha eleitoral do Sporting e as últimas 24 horas em Alvalade (com duas expulsões)

O candidato que todos queriam, ex-sócios que avançaram separados, incerteza pelas sondagens, votação recorde em perspetiva, duas expulsões e Bruno de Carvalho. A antecâmara das eleições do Sporting.

A Sporting TV recebeu esta noite de sexta-feira o último debate entre todos os candidatos à presidência do clube. Por trás do que se viu em direto, houve toda uma vida nos corredores de acesso ao estúdio principal onde se realizou o encontro. Por trás desses corredores, houve toda uma preparação de argumentos com os elementos mais próximos da lista. Por trás dessa preparação, houve uma série de chamadas para pessoas mais próximas que fazem circular informação. As eleições que se realizam este sábado contarão com seis candidatos mas também aqui existe todo um conjunto de histórias que poderia resumir tudo a duas ou três, num “efeito matrioska” que funcionou apenas no caso de Pedro Madeira Rodrigues, o único a abdicar da corrida.

O gestor, que anunciou oficialmente esta terça-feira que saía da corrida depois de ter intensificado reuniões com José Maria Ricciardi, é um exemplo paradigmático de tudo o que se passa na corrida eleitoral do Sporting, cada vez mais transformado num partido político com equipas de futebol de modalidades apesar do discurso centrado na vertente desportiva. Já no sufrágio anterior, em 2017, Madeira Rodrigues tinha falado com alguns dos seus adversários agora. Antes de anunciar que avançava com nova candidatura, falou com Frederico Varandas e com João Benedito, que conhecia anteriormente de outros “campeonatos”. Ali percebeu que teria dois adversários porque nunca houve grande abertura de ninguém para ceder em termos de programas e listas, mas o número foi aumentando. Por isso, e na tentativa de agregar, encontrou-se duas vezes com Fernando Tavares Pereira, uma vez em Coimbra e a outra no Minho, também sem a recetividade necessária para um entendimento. A poucos dias da linha de meta, acabou por abdicar a favor de José Maria Ricciardi. Mas ainda agora não se percebem os contornos da decisão e se irá mesmo integrar a SAD em caso de vitória do banqueiro, que garantiu Pedro Baltazar para o futebol.

Contas feitas, houve muitas tentativas de integração. Antes e depois da formalização das listas. De todos, houve um em destaque: Fernando Tavares Pereira. Ainda na última semana, houve aproximações diretas e indiretas para aferir a possibilidade de não ir a votos e integrar outro projeto, que neste caso tinha ligação via SAD ou de forma indireta e “exterior” ao clube. Nunca aceitou, garantiu que tendo 1% ou 10% era a mesma coisa e recordou os quase 40 mil quilómetros que fez para visitar o Sporting que não se conhece através dos Núcleos. Assim, o único que conseguiu e em dose dupla deixar cair candidatos ou pelo menos possíveis listas foi Ricciardi: agregou ainda antes de se apresentar Zeferino Boal, recebeu no final o apoio de Madeira Rodrigues, tentou pelo meio sem sucesso Rui Jorge Rego. O mesmo Rui Jorge Rego que só decidiu avançar mesmo no final.

Rui Jorge Rego e Fernando Tavares Pereira: ao contrário de Madeira Rodrigues, candidatos foram sondados mas não desistiram

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O advogado esteve nas listas de Dias Ferreira em 2011 tal como o seu irmão, Paulo. E acabou por ser chamado para secretário da Mesa da Assembleia Geral da SAD por indicação do número 1 da lista quando Godinho Lopes quis juntar o máximo de elementos das listas opositoras após um sufrágio que terminou da pior forma de madrugada em Alvalade (agressões, polícia, acusação de votos manipulados etc.). Desta feita, Dias Ferreira e Rui Jorge Rego, que durante cerca de dez anos foram sócios no escritório de advocacia, formaram listas separadas. Quando falaram, através de outros elementos, sobre a possibilidade de haver essa junção, já tinham tudo fechado, não abdicaram e nem esconderam algum desagrado pela forma como tudo foi conduzido. Com um outro pormenor curioso: quando se realizou o Sporting Talks, uma convenção na Universidade Católica de Lisboa, membros que hoje estão em lados contrários estavam juntos e iam trocando impressões entre eles.

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E houve mais aspetos: encontros de listas com ex-presidentes que nunca foram confirmados em termos oficiais, contactos para garantir apoios públicos com integração da Comissão de Honra ou através de declarações em meios de comunicação, telefonemas (e foram muitos) de elementos das candidaturas a tentarem aproximações de última hora, pedidos de desculpa alguns dias depois de debates um pouco mais acesos – e que na verdade acabaram por mudar os focos de maior picardia nos encontros seguintes. O Observador sabe que, esta semana, houve contactos exploratórios a dois candidatos ao mesmo tempo tentando perceber as possibilidades que existiam para haver últimas cedências a nível de SAD. Ficaram mesmo seis listas, também por culpa das múltiplas indicações que foram sendo dadas pelas sondagens, pedidas por jornais ou pelas candidaturas.

Tavares Pereira e Dias Ferreira foram os primeiros a chegar aos estúdios da Sporting TV para o último debate a seis. "Nós todos juntos fazíamos uma equipa de luxo", atirou o empresário. "Olhe, ainda vamos a tempo", respondeu o advogado.

A primeira que saiu pertenceu à Intercampus, foi publicada no jornal A Bola e colocava Frederico Varandas na frente. Até aqui, zero dúvidas. Nos últimos dez dias, as coisas mudaram: primeiro falou-se de um estudo de opinião que teria sido pedido para um canal televisivo, que dava valores bem diferentes da sondagem inicial e que nunca chegou a sair; depois houve um trabalho apenas para “consumo” interno de uma das listas no dia do encontro com o Feirense que já dava resultados distintos; depois uma sondagem da DOMP pedida por José Maria Ricciardi também na última partida em Alvalade que repetia o empate técnico do estudo apresentado pelo jornal Record na terça-feira com ligeiro avanço de João Benedito sobre Frederico Varandas mas que o colocava também dentro desse intervalo com quase 30%; por fim, apareceu de forma algo escondida até um estudo da Eurosondagem que já colocava Varandas na frente. Tudo isto foi complicando as contas, apesar dos momentos onde questões mais pessoais acabaram por unir por momentos candidatos que se conhecem há anos como se não fossem adversários.

Tavares Pereira foi o primeiro a chegar e ficou à porta a cumprimentar os restantes candidatos; Ricciardi foi o último

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

No debate final no canal do clube, algumas farpas à parte desta feita com Ricciardi a apontar mais o alvo a Benedito (um pouco como já tinha acontecido dois dias antes na TVI24) e Dias Ferreira a mostrar a sua discordância com o modelo da SAD de Rui Jorge Rego, quase que se denotou algum cansaço acumulado depois de uma maratona com vários debates, entrevistas e demais intervenções ao longo de semanas a fio. E sentiu-se quase como que um suspirar de tudo ter chegado ao fim, com quezílias públicas e nos bastidores relacionados com máquinas de campanha e alegados favorecimentos de jornais nos espaços dedicados a cada lista e nos artigos de opinião a serem falados, criticados e “arrumados”. Até com momentos de descontração que mostraram bem a ideia transversal do excesso de candidaturas existente neste ato eleitoral, já depois de outros mais caricatos como sócios que foram a jantares de encerramento de listas em quem assumidamente não vão votar.

Fernando Tavares Pereira, que tem passado os últimos dias mais na zona de Lisboa depois de ter estado nos Açores, chegou em primeiro lugar aos estúdios da Sporting TV, em Carnaxide, e acabou por ficar quase como “dono da casa” a cumprimentar os restantes candidatos que iam chegando. Pouco depois, Dias Ferreira estacionava o carro. A troca de palavras mais acesa no debate a sete que abriu toda a série de encontros já faz parte do passado e agora até já dá para brincar com o que se passa. “Nós todos juntos fazíamos uma equipa de luxo”, atirou o empresário. “Olhe, ainda vamos a tempo”, respondeu o advogado que, na véspera das eleições, teve o primeiro dia de novo com trabalho “normal”, depois de vários dias entre iniciativas. Pouco depois, Frederico Varandas e João Benedito chegaram. Passaram pela maquilhagem e seguiram caminhos opostos: o primeiro voltou para o exterior, ficando perto das pessoas do seu staff que o têm acompanhado; o segundo sentou-se uns minutos numa das salas da Sporting TV com um elemento da sua lista. Seguiram-se Rui Jorge Rego e José Maria Ricciardi.

Benedito entrou no estúdio e sentou-se; Ricciardi levou uma série de papéis; Varandas foi o último a chegar nesta fase

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Como seria de esperar, havia uma média entre três a cinco pessoas por lista, contas feitas mais de 20 elementos ligados às seis candidaturas a acompanhar os cabeças de lista. Todos assistiram ao debate num auditório existente no mesmo espaço, já depois de ter fechado a porta do estúdio principal, onde se realizou um sorteio rápido da ordem das intervenções iniciais e finais com a presença de mandatários ou representantes de todas as listas. Enquanto isso se ia fazendo, numa espécie de jarra com pequenos papéis onde estavam apenas letras, os candidatos iam-se cumprimentando se forma mais ou menos efusiva ou com mais ou menos sorrisos. Os últimos a cumprimentarem-se foram Frederico Varandas e José Maria Ricciardi, que ficariam do lado esquerdo do diretor do canal, Rui Miguel Mendonça, tendo entre ambos João Benedito.

No final, havia uns mais contentes do que outros pelo resultado do debate mas sempre com aquela ideia como acontecia antes de um exame de secundário ou da faculdade – melhor ou pior, está feito e agora já nada depende deles. Até porque, como conclusão global desta maratona, a única que surpreendeu foi o posicionamento de Ricciardi, mais ao ataque em relação a Benedito depois de duas semanas onde Varandas tinha sido o principal alvo; de resto, e como seria natural, não houve grandes novidades em relação ao conteúdo das ideias de intervenção, apenas na forma houve nuances melhores ou piores.

Dois sócios expulsos, críticas a Marta Soares, distinção para Sousa Cintra

Mesmo tratando-se do último dia antes das eleições e de um virar de ciclo, o comunicado de Jaime Marta Soares em resposta às críticas de algumas listas por um artigo de opinião de Diogo Orvalho a manifestar o apoio a Frederico Varandas, antigo membro da Mesa da Assembleia Geral do clube que se demitiu no epicentro da crise institucional do clube e ainda antes da reunião magna que destituiu Bruno de Carvalho, acabou por merecer mais manifestações de desagrado por parte dessas mesmas listas. “Agora já nem vale a pena falar muito sobre isso, mas é uma questão de pensar no que está ali”, explicaram ao Observador.

“Na sequência de exposições que recebi, sobre a tomada de posição pública de um ex-elemento da MAG, as quais mereceram a minha maior atenção, venho esclarecer o seguinte: 1) o presidente da Mesa da Assembleia Geral do Sporting mantém a sua total equidistância relativamente a todas as candidaturas; 2) desde junho deste ano a MAG é constituída apenas pelo seu presidente que, tal como referem os estatutos do Sporting, é, por si só, um órgão do clube; 3) pelo acima exposto, venho mais uma vez informar que as declarações do Dr. Diogo Orvalho são da sua única e exclusiva responsabilidade, como tal só a si o comprometem, nada tendo a ver com a MAG onde não exerce qualquer função; 4) ponto final”, dizia o comunicado.

Jaime Marta Soares respondeu às críticas de algumas listas e disse que é o único elemento em funções na Mesa

Carlos Barroso/LUSA

Por um lado, existe a convicção que em nenhuma manifestação foi colocada em causa a tal equidistância de Jaime Marta Soares neste ato eleitoral mas sim a tomada de posição de um elemento da Mesa da Assembleia Geral; por outro, foi recordada a presença de Diogo Orvalho em algumas das oficializações de candidaturas na sala de reuniões do hall VIP do estádio José Alvalade, nomeadamente na terça-feira em que a lista de Bruno de Carvalho entregou todos os requisitos de manhã – os mesmos que viriam a ser recusados devido à suspensão de sócio que tinha sido decretada pela Comissão de Fiscalização – e que José Maria Ricciardi fez o mesmo ao final da tarde. “Se não faz parte da Mesa, estava lá porque razão?”, questionou um membro de uma lista em conversa com o nosso jornal. “Agora não vale de nada mas podem arranjar outros problemas”, acrescentou.

Também a Comissão de Fiscalização fez um último comunicado quase de balanço ao trabalho realizado, onde deixou novidades e recomendações. “Os factos que levaram a tais medidas, além de outros aspetos, têm como fundamento a criação de forma abusiva por aquele conselho de órgãos não previstos estatutariamente. Esses órgãos baseavam-se em pareceres jurídicos sem fundamento elaborados por aquela que viria a ser a presidente da chamada CTMAG [Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral], Elsa Judas, no que foi coadjuvada por outro jurista e professor de leis, Trindade Barros. Uma nota de culpa foi emitida contra os participantes nesses órgãos fictícios, tendo a CF [Comissão de Fiscalização] votado a expulsão do clube desses dois membros que, como especialistas em Direito, não podiam desconhecer o dolo, o dano e o prejuízo que causaram ao clube e a confusão e perplexidade criada aos seus sócios. Para tanto, militou também o facto de, à data da assunção de funções, não terem as suas quotas regularizadas”, anunciou em relação às duas expulsões até hoje desconhecidas.

"Os membros desta CF não ficariam bem com a sua consciência se, no entanto, não recomendassem vivamente a expulsão de Bruno de Carvalho e de Alexandre Godinho, distinguindo negativamente a ação destes em relação a todos os outros membros do demitido CD. Obviamente, esta recomendação tem em conta os dados apurados até ao momento e não põe em causa, e menos desautoriza, outras medidas que os eleitos do CFD entendam por bem tomar".

“Não pode por razões de tempo esta CF terminar o processo, vendo-se obrigado, tal como fará a outros, a deixar as decisões no Conselho Fiscal e Disciplinar (CFD) a ser eleito amanhã [sábado], confiando que os superiores interesses do Sporting serão sempre o farol daqueles que o vierem a compor (quaisquer que sejam os vencedores). Os membros desta CF não ficariam bem com a sua consciência se, no entanto, não recomendassem vivamente – e tendo em conta as continuadas violações regulamentares e estatutárias, a instabilidade criada com factos falsos e os ataques constantes aos órgãos sociais legítimos do Sporting – a expulsão de Bruno de Carvalho e de Alexandre Godinho, distinguindo negativamente a ação destes em relação a todos os outros membros do demitido CD [Conselho Diretivo]. Obviamente, esta recomendação tem em conta os dados apurados até ao momento e não põe em causa, e menos desautoriza, outras medidas que os eleitos do CFD entendam por bem tomar”, acrescentava a missiva, em relação à participação disciplinar sobre o antigo presidente destituído.

“Acabei de saber por um jornalista que fui expulsa de sócia do Sporting através de um comunicado da Comissão de Fiscalização. A sério? Sem nunca me terem notificado da nota de culpa para contestar? Brilhante trabalho jurídico da Comissão, baseado em mentiras e não em realidades e sem direito a contraditório! Ou será um último ato de vingança?”, reagiu Elsa Judas.

SIC avançou à noite que Ângelo Correia irá colocar uma proposta que coloque Sousa Cintra como presidente honorário

ANDRÉ KOSTERS/LUSA

Já ao final de um dia que teve intervenções na comunicação social do presidente da Mesa da Assembleia Geral, Jaime Marta Soares, e do líder interino da SAD, Sousa Cintra, já depois de Artur Torres Pereira, número 1 da Comissão de Gestão, ter feito o mesmo na véspera, surgiram mais duas novidades que prometem ser motivo de conversa ao longo deste sábado: por um lado, o número de votos por correspondência, um pouco como Marta Soares já tinha antevisto por altura da oficialização de listas, vai superar recordes, tendo chegado e sido registados em Alvalade cerca de 5.100 dos pouco mais de 14 mil enviados para sócios (o que não quer dizer que todos sejam válidos, porque obrigam a certificações como a ida a um notário); por outro, e de acordo com a SIC, Ângelo Correia vai avançar com a proposta de Sousa Cintra ser nomeado presidente honorário do clube. Mais tarde, já de madrugada, Bruno de Carvalho voltou a falar na impugnação das eleições, revelou um alegado esquema com várias pessoas incluídas que queria colocar o Sporting no quarto lugar e publicou uma imagem com uma suposta conversa entre Diogo Carvalho e Alexandre Cavalleri, antigo membro da Comissão de Gestão que integra as listas de Ricciardi.

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