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Os sucessos, as polémicas, as acusações e a prisão: ascensão e queda de um magnata chamado Sean "Diddy" Combs

O músico e empresário foi preso, acusado de tráfico sexual e implicado num caso de alegado violação. Qual a história do rapper que já foi Puff Daddy, nome grande do showbiz agora rodeado de dúvidas?

Parece ser apenas o princípio. O escândalo que envolve um dos mais influentes produtores e empresários do mundo do hip hop nas últimas décadas, Sean “Diddy” Combs, continua a ganhar novos contornos e ameaça ser um dos casos de 2024, entre os efeitos que pode ter no showbiz e, claro está, as potenciais consequências judiciais.

Primeiro, o dia 16 de setembro: P. Diddy foi preso, acusado pelo Ministério Público de tráfico sexual, extorsão e outros crimes. Alegadamente, terá usado o “poder e prestígio” que acumulou ao longo de décadas na indústria do entretenimento para induzir mulheres e homens — sob efeito de drogas — a realizarem performances sexuais, chamadas de “Freak Offs”. Combs, de 54 anos, declarou-se inocente, no dia seguinte, 17 de setembro. A acusação alega que o magnata da música coagiu e abusou de mulheres durante anos, com a ajuda de uma rede de associados e funcionários, enquanto usava chantagem e atos violentos, incluindo raptos, incêndios criminosos e espancamentos físicos, para impedir as vítimas de se manifestarem.

Na sequência destas alegações — e da recusa do tribunal em colocar Diddy em liberdade, devido a “provas claras e convincentes” sobre uma possível interferência com as testemunhas — uma mulher chamada Thalia Graves veio a público dizer que Diddy a violou em 2001. A alegada vítima, que na altura tinha 25 anos, acusa o músico e o seu guarda-costas de a terem agredido sexualmente e de terem filmado o ato para mostrarem e venderem as imagens a outros homens. “É uma dor que atinge o âmago de quem tu és”, disse Thalia Graves numa conferência de imprensa convocada esta terça-feira, 24 de setembro, horas após ter apresentado um processo judicial contra Sean Combs. “A combinação da dor física e emocional criou um ciclo de sofrimento do qual é difícil sair”, disse.

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Thalia Graves, a mulher que acusou Sean Combs de a ter violado em 2001

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Thalia Graves explicou que conheceu Diddy no final de 1999. O seu namorado da altura trabalhava como executivo na Bad Boy Records, a editora de Sean Combs. Graves visitava regularmente as instalações da empresa e participava em eventos na casa de Diddy. No verão de 2001, Combs alegadamente ligou-lhe por causa do trabalho do seu namorado, alegando que desejava falar com ela sobre os problemas laborais do companheiro. Graves aceitou encontrar-se com Diddy, que foi com o seu guarda-costas, Joseph Sherman, apanhá-la em casa. No carro, ofereceram-lhe um copo de vinho. Depois de o beber, começou a sentir fraqueza e mal-estar. A denunciante acredita que o vinho tenha sido contaminado com uma droga. Quando chegaram ao estúdio da Bad Boy Records, não demorou muito a perder a consciência.

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Quando acordou, alegadamente estava “nua, com as duas mãos atadas atrás das costas”, descreve o processo judicial. Terá sido agredida sexualmente por ambos os homens, enquanto ganhava e perdia repetidamente a consciência, até eventualmente acordar e conseguir sair do edifício. O processo descreve como estava aterrorizada por denunciar o caso e como terá sido incentivada pelo namorado da altura a não apresentar queixa, para que a sua carreira não fosse prejudicada. Thalia Graves alega ainda que, ao longo dos anos, Sean Combs e Joseph Sherman contactaram-na diversas vezes, avisando-a para não falar sobre o sucedido e “ameaçando-a com repercussões”. Com medo de ficar em Nova Iorque, mudou-se para a Pensilvânia.

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Diddy com Cassie Ventura, a ex-namorada que foi vítima de violência cometida pelo rapper e empresário, que entretanto veio a público pedir desculpa

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Em novembro de 2023, quando a ex-namorada de Diddy, Cassie Ventura, o acusou dos abusos, o ex-namorado de Thalia Graves contactou-a sobre aquele processo e contou-lhe sobre o facto de a sua agressão ter sido filmada e distribuída. Foi nesta sequência de acontecimentos que decidiu finalmente denunciar o caso e acusar o rapper e produtor dos crimes. Inesperadamente — ou nem por isso — uma semana após a detenção, a música de P. Diddy registou uma procura de mais de 18%.

Já em julho deste ano, Adria English, que fora contratado pelo músico para trabalhar nas famosas Festas Brancas de Diddy, processou-o, alegando ter sido drogada e ordenada a fazer sexo com determinados convidados. Os advogados de Combs negaram todas as alegações. As Festas Brancas começaram nos anos 90, frequentadas por todo o tipo de celebridades, de Leonardo Di Caprio a Salman Rushdie, passando por Donald Trump. Terminaram em 2009, depois de um último evento em Beverly Hills. Jay Blaze, músico, em declarações ao New York Times, lembrou que nessa festa viu homens “alcoolizados na piscina, a abusar de mulheres e a impedir que conseguissem chegar às suas roupas secas, à vista de todos e sem que ninguém fizesse nada”.

Esta sexta-feira, 27 de setembro, mais um caso contra Combs foi apresentado em tribunal: um mulher cuja identidade não foi tornada pública acusa-o de abuso sexual e violação, entre 2020 e meados deste ano, em diferentes casas do artista. Terá sido drogada e terá engravidado de num destes encontros — a alegada vítima indica que Diddy ordenou-lhe que abortasse, mas o relatório apresentado em tribunal refere que a mulher sofreu um aborto.

O nome de Justin Bieber chegou ao caso de Sean “Diddy” Combs

Outra das alegações relacionadas com este caso que têm chegado aos jornais de todo o mundo ao longo dos últimos dias tem a ver com Justin Bieber. Vários vídeos antigos, gravados durante a adolescência do cantor pop — altura em que se tornou um artista de sucesso global — voltaram a ser partilhados e a acumular milhares e milhares de visualizações nas redes sociais.

Através do cantor Usher, conhecido protegido de Diddy, Justin Bieber tinha assinado um contrato com a editora RBMG Records. Foi assim que os dois se conheceram e começaram a conviver regularmente. Justin Bieber tornou-se habitual nas festas organizadas por Diddy e pelos seus associados, eventos que agora chegaram às manchetes de todo o mundo por alegadamente serem o centro da rede de tráfico sexual que o músico alegadamente promovia.

Um dos vídeos que ressurgiram online nos últimos dias foi gravado quando Justin Bieber tinha 15 anos. O cantor menor e Diddy aparecem a falar para a câmara sobre as 48 horas “loucas” que vão passar juntos. “Ele está a ter 48 horas com o Diddy, estamos a conviver e não podemos falar sobre o que estamos a fazer. Mas é definitivamente o sonho de alguém com 15 anos”, diz Diddy no vídeo. “Eu fiquei com a custódia dele. Ele assinou com o Usher quando fez o primeiro álbum. Eu não sou de facto o tutor legal dele, mas nas próximas 48 horas ele vai estar comigo. E vamos ficar malucos.”

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Diddy (à esquerda) com Justin Bieber (ao centro), em 2010: uma relação envolta em mistério, que nos últimos dias tem despertado renovado interesse a propósito da prisão e das acusações sobre Combs

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Noutro vídeo, é possível ver Diddy a oferecer uma garrafa a Justin Bieber, menor, no dia do seu aniversário. Num episódio do reality show Keeping Up With The Kardashians que entretanto regressou às redes, transmitido em 2014, Khloe Kardashian referencia o facto de ter visto Diddy e Justin Bieber juntos numa festa promíscua. “Bem, esta festa… Acho que metade das pessoas estavam nuas.”

Ao longo dos últimos meses, uma canção fantasma tornou-se viral no TikTok. Aquilo que parece ser a voz de Justin Bieber entoa versos como “Lost myself at a Diddy party / Didn’t know that’s how it goes / I was in it for a new Ferrari / But it cost me way more than my soul / Was it worth all the fortune and fame / All the girls never walking the same / Signed the papers so he never has to ever say sorry / Lost myself at a Diddy party”.

O tema nunca foi registado nem creditado, e tendo em conta alguns elementos estéticos, existem fortes suspeitas de que se trata de uma canção falsa, criada com ferramentas de inteligência artificial. A estação norte-americana CBS, que conduziu uma análise técnica ao single, diz que é “provável” que tenha sido composto com tecnologias de inteligência artificial. Mas tem sido amplamente partilhada para enquadrar Justin Bieber como mais uma possível vítima de Diddy. Até ao momento, Justin Bieber não comentou publicamente nenhuma destas alegações nem falou sobre o tema que tem circulado online. Apesar disso, muitos fãs e internautas que têm estado a acompanhar o caso têm reposicionado a própria história de Justin Bieber ao longo dos anos — ele que passou de um jovem e inocente cantor pop para uma celebridade envolta em problemas e com um estilo de vida boémio em poucos anos.

Entretanto, multiplicam-se pela internet teorias e denúncias sobre o possível envolvimento de outras estrelas pop nos alegados esquemas de Sean Combs, além de referências a “alianças”, ainda que nenhuma destas situações tenha sido até agora confirmada ou sequer questionada oficialmente e publicamente pelas autoridades. Apesar disso, há vários anos que, de forma pontual, têm surgido referências a um passado obscuro protagonizado pelo músico e empresário.

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Com Jennifer Lopez (em 2000) e Usher (no início da carreira deste): duas relações cujos contornos e detalhes continuam por esclarecer

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Ainda Usher: o rapper foi “protegido” por Diddy no início da carreira e chegaram a viver juntos em Nova Iorque. Ainda que ao longo dos anos nunca tenha revelado detalhes, Usher chegou a dizer que presenciou festas “muito selvagens” e em entrevista a Howard Stern disse que nunca deixaria que filhos seus frequentassem tais eventos. Em declarações antigas à revista Rolling Stone, que agora têm voltado à superfície, Usher chegou a dizer que em casa de Diddy “havia sempre mulheres”: “Abrias uma porta e havia alguém a fazê-lo, ou várias pessoas numa orgia. Nunca sabias o que podia acontecer”.

Já Jennifer Lopez, que foi namorada de Sean Combs entre 1999 e 2001, foi uma das pessoas presentes numa discoteca de Nova Iorque onde um tiroteio lançou suspeitas sobre porte e uso ilegal de arma da parte do rapper e empreendedor, caso que haveria de ficar enrolado num complexo e interminável novelo legal. A cantora referiu em entrevista à revista Vibe, em 2003, que Diddy lhe foi infiel várias vezes. Já no recente documentário The Greatest Love Story Never Told, Lopez admitiu ter sido “maltrada e violentada, além de outras coisas desagradáveis” em relações anteriores, mas sem especificar nomes.

Ashton Kutcher é outra celebridade que em tempos falou sobre as festas de Sean Combs. No programa Hot Ones, disponível no YouTube, o ator disse que tinha muito que “não podia contar”:“As histórias das festas do Diddy… essa é uma parte bem estranha das minhas memórias”.

Quem é Sean Combs, o magnata do hip hop?

Nascido no Harlem, em Nova Iorque, em 1969, Sean Combs cresceu na cidade de Mount Vernon, no mesmo estado norte-americano. A mãe fora modelo e assistente de professora, enquanto o pai tinha servido na força aérea e era um conhecido associado de Frank Lucas, reputado traficante de droga da cidade. Melvin Earl Combs, o seu pai, foi morto quando tinha apenas 33 anos, alvejado enquanto estava no seu carro em Nova Iorque. Sean Combs tinha apenas dois anos. Com a mãe e a irmã, teve uma vida pobre durante a sua infância. Era ainda criança quando lhe começaram a chamar Puff, graças à expressão em inglês “huff and puff”, o ato de barafustar ruidosamente sempre que estava angustiado.

Em 1990, quando tinha 21 anos, entrou como estagiário na editora Uptown Records. Na altura estava na faculdade a tirar um curso de gestão na Howard University, mas nunca chegou a concluir a licenciatura. Na editora, estava na divisão que geria os talentos musicais, procurando encontrar e potenciar novos artistas. Trabalhou com Mary J. Blige e os Jodeci, por exemplo.

Nos seus tempos de faculdade, tornou-se conhecido por organizar grandes festas. Em 1991, o seu nome via-se pela primeira vez envolvido num escândalo relacionado com uma tragédia. Puff Daddy, como era conhecido na altura, havia promovido um jogo solidário de basquetebol no City College of New York com a presença do rapper Heavy D. Sobrelotado, o evento acabou por se revelar trágico — nove pessoas morreram, num recinto com capacidade para 2730 pessoas que estava a albergar perto de cinco mil. Embora tenham existido diversos processos judiciais, não houve quaisquer condenações.

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Sen Combs fotografado pela polícia, após ter sido detido no decorrer de uma investigação a propósito de um tiroteio numa discoteca em Manhattan, onde também estava Jennifer Lopez

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Após ter sido despedido da Uptown Records em 1993, Puff Daddy fundou a sua própria editora, a Bad Boy Records. A sua primeira contratação, um jovem (e muito talentoso) rapper com quem já estava a trabalhar há pouco tempo na Uptown, era Christopher Wallace, que o mundo viria a conhecer como Notorious B.I.G. ou Biggie Smalls. Em 1994, era lançado Ready to Die, o primeiro disco do rapper e da Bad Boy Records, que foi um êxito estrondoso e catapultou o nome de Puff Daddy enquanto empresário, editor e produtor. Era o início do seu legado como magnata do hip hop.

A ascensão de Notorious B.I.G. desafiava o status quo do rap naquela época. Há vários anos que a Costa Oeste dos EUA — e em particular a cidade de Los Angeles — dominava as tabelas, com nomes como os NWA (e, depois, Dr. Dre e Ice Cube), Snoop Dogg ou Tupac Shakur a tornarem-se referências e a alastrarem o legado californiano no vasto universo do hip hop. Nova Iorque, o berço desta subcultura urbana, tinha perdido relevância comercial e mediática e perdido o título simbólico de capital do rap. Quando Notorious B.I.G. apareceu com força, reposicionou as peças no tabuleiro. Uma série de disputas e tensões originaram-se a partir daí, com uma forte rivalidade entre Costa Este e Costa Oeste, e nomeadamente entre Nova Iorque e Los Angeles, a despontar neste circuito.

Os conflitos culminaram nas mortes trágicas de Tupac Shakur e Notorious B.I.G., assassinados a tiro com poucos meses de diferença, entre o final de 1996 e o início de 1997. Tinham 25 e 24 anos, respetivamente. Os misteriosos homicídios — muitas vezes associados e ligados à rivalidade pública que existia entre ambos — nunca foram completamente desvendados. Ninguém foi condenado em nenhum dos casos.

Puff Daddy estava na comitiva de Notorious B.I.G. em Los Angeles quando o tiroteio aconteceu. Nessa altura, o magnata estava também a lançar-se enquanto rapper. Tinha apresentado o seu single de estreia, Can’t Nobody Hold Me Down, poucos meses antes. O tema faria parte do seu primeiro álbum, No Way Out, editado em julho de 1997, quatro meses após a muito mediática morte de Biggie Smalls.

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Diddy com 50 Cent, em 2003: o rapper de "In Da Club" tem sido um dos maiores críticos de Sean Combs

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Naqueles meses, o disco sofreu várias alterações. Foi incluído um novo single, I’ll Be Missing You, de tributo a Notorious B.I.G, que usava um sample de Every Breath You Take, dos The Police. A morte do rapper de quem era manager também ajudou a catapultar a sua própria carreira — de repente, Puff Daddy tornava-se no primeiro rapper a ter um single a estrear-se no topo da tabela da Billboard Hot 100. Nomeado para quatro Grammys em 1998, haveria de conquistar o galardão de Melhor Álbum de Rap.

Puff Daddy tornava-se um nome estabelecido na indústria, com o seu percurso artístico em nome próprio a coexistir com a gestão de carreira que fazia para outros artistas, cruzando negócios e música. Embora nunca tenha sido um nome consensual junto da crítica e dos mais devotos fãs de rap, era inegável que tinha influência, poder e uma série de habilidades e conhecimentos para dominar uma fatia considerável da indústria da música.

Ao longo dos anos, e substituindo o nome artístico Puff Daddy por P. Diddy, continuou a lançar discos de forma regular, colaborando com diversos artistas e editando álbuns pela sua Bad Boy Records, selo que se tornou emblemático após o legado deixado por Notorious B.I.G. Tornou-se uma figura que ultrapassou em muito os limites do hip hop, também à medida que esta cultura urbana e género musical se tornava o novo mainstream, ganhando protagonismo a nível global.

Sean Combs participou em filmes de Hollywood e produziu bandas sonoras, entrou em espetáculos da Broadway, em séries de televisão, apresentou cerimónias televisivas e foi o produtor do programa Making the Band, que a MTV transmitiu entre 2002 e 2009. Enquanto músico, colaborou com Jimmy Page ou os N’Sync, o que evidencia um alcance notável. Em 2004, atuava no emblemático intervalo da Super Bowl, demonstrando o quão longe tinha chegado este rapaz pobre do Harlem — alguém que personifica o sonho americano, que conseguiu subir a escada capitalista para se tornar num poderoso e célebre artista-milionário. Em 2005, era distinguido pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.

À medida que os anos passavam, ia deixando a sua marca através de outros projetos artísticos. Formou, por exemplo, um trio de R&B chamado Diddy — Dirty Money, com as cantoras Dawn Richard e Kalenna Harper. O single Coming Home, uma colaboração com Skylar Grey, foi um êxito mundial. Fez também parte do super-grupo Dream Team, ao lado de Rick Ross, DJ Khaled, Fat Joe, Busta Rhymes, Red Café e Fabolous. A sua vida pessoal foi igualmente movimentada: Diddy tem sete filhos, fruto de diversas relações.

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Diddy prepara a sua defesa e aguarda o julgamento enquanto vê o império que construiu a desmoronar-se aos poucos. A apresentação em tribunal está marcada para dia 9 de outubro

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No ano passado, lançou o seu mais recente (e supostamente último) disco, The Love Album: Off The Grid, um registo R&B que foi nomeado para um Grammy de Melhor Álbum de R&B Progressivo. Diddy não participou na cerimónia, que aconteceu em fevereiro, após as alegações contra si já terem sido tornadas públicas pela ex-namorada Cassie Ventura.

O seu sucesso levou-o a tornar-se num empresário em múltiplas frentes. Fundou uma linha de roupa, teve dois restaurantes, tornou-se num dos responsáveis pela marca de vodka Ciroc, entre outros negócios. Foram frequentes os conflitos públicos ao longo dos anos — desde uma disputa verbal no mundo do rap com 50 Cent (que entretanto já veio dizer publicamente “eu avisei”) ao desacordo com a Ciroc, que terminou a sua parceria com Sean Combs após este “recusar reconhecer ou honrar os seus compromissos”.

Desde o final dos anos 90 que se viu envolvido em diversos casos criminais. Foi condenado por agressão a Steve Stoute, o manager do rapper Nas; foi detido e acusado num caso de posse de armas, embora tenha sido ilibado; foi detido por conduzir com uma carta de condução caducada; e algumas das suas empresas também foram alvo de acusações por não cumprirem certas leis laborais de proteção dos trabalhadores. Esteve envolvido noutros casos de agressões, vários dos quais foram resolvidos por acordos extrajudiciais que terão envolvido avultadas indemnizações.

As alegações recentes que levaram à sua detenção têm provocado uma série de reações à sua volta. O serviço de streaming Hulu, que estava a preparar um reality show baseado em Diddy e na sua família, decidiu cancelar o projeto. O músico abandonou a liderança da Revolt TV, outro dos seus negócios; e a sua linha de roupa foi retirada de diversas cadeias de lojas. Já a Howard University, que tinha distinguido o músico e empresário com uma licenciatura honorária, revogou o título. O mayor de Nova Iorque, Eric Adams, rescindiu a atribuição da simbólica Chave da Cidade a Sean Combs. Encarcerado num centro de detenção em Brooklyn desde 16 de setembro, Diddy prepara a sua defesa e aguarda o julgamento enquanto vê o império que construiu a desmoronar-se aos poucos. A apresentação em tribunal está marcada para dia 9 de outubro.

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