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O planeamento do desconfinamento em Portugal levou os peritos envolvidos no aconselhamento científico ao Governo a olhar além-fronteiras para fazerem um diagnóstico à situação epidemiológica e a traçar um prognóstico ao que aí vem após a reabertura de fronteiras e ao retomar das ligações aéreas. Porque esse é um dos fatores de risco, disseram os especialistas, e reafirmou a ministra da Saúde nas declarações finais. Porque se por cá a terceira vaga parece controlada e se antecipa já a possibilidade de uma quarta — a reunião no Infarmed também serviu para se determinarem as “linhas vermelhas” que poderão levar a um novo confinamento —, há uma boa parte da Europa que continua a registar subidas na incidência da pandemia: dos 27 países da União Europeia, 18 ainda estão a registar ainda aumento de contágios.
Mas nem todos os países estão em pé de igualdade. Os dados reportados ao Centro de Ciência de Sistemas e Engenharia da Universidade John Hopkins pelas autoridades de saúde nacionais revelam que, embora 13 desses países possam estar a atravessar agora a terceira vaga que Portugal já viveu, quatro deles podem no entanto estar já numa quarta onda desde que a pandemia entrou em território europeu. E há um 18.º país que é mesmo um caso peculiar: Malta, cujas constantes flutuações na incidência sugerem que pode ir na quinta vaga.
França, Alemanha e Itália entre os países ainda na terceira vaga
Após ter aberto o país após um segundo confinamento ainda durante o outono, França regista agora uma subida na incidência, que aumentou de 162,2 (número de contágios por 100 mil habitantes nos últimos 7 dias) a 7 de dezembro para para 324,9 este domingo, dia 8 de março. Esta pode ser a terceira vaga dos franceses, mas não será comparável com as duas primeiras: o país vinha de picos na incidência muito pronunciados, embora todas eles tenham sido superados rapidamente com recurso a confinamentos gerais.
Os gráficos de Itália mostram como o país conseguiu controlar o aumento na incidência a seguir ao Natal, evitando que a terceira vaga chegasse quando a segunda estava por dominar (ao contrário do que aconteceu em Portugal). Ainda assim, após ter estabilizado os números em torno dos 200 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes, os italianos enfrentam uma nova subida na incidência. A 7 de março, já estava nos 336.
A terceira vaga está agora também bem estabelecida na Bulgária, um país que foi poupado pela pandemia há cerca de um ano, mas que foi depois atingido no verão e mais fustigado ao longo do outono. A 21 de janeiro, os búlgaros registavam 59,9 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes, mas a métrica disparou para 272,8 neste domingo — ou seja, ao fim de cerca de mês e meio.
Na Alemanha, a incidência tem vindo a aumentar desde meados de fevereiro até agora, também após o desconfinamento que começou lentamente em vários estados por essa altura. A 14 de fevereiro, dia em que o país registou a incidência mais baixa desde outubro, registava-se uma média de 85,4 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes. No domingo, dia 7, a incidência já tinha subido para 99,5.
Na Áustria, a incidência ultrapassou os 240 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes na semana passada. Os números aumentaram depois do Natal, mas baixaram rapidamente para 147,7 casos a 6 de fevereiro, também após medidas apertadas para controlar a pandemia. Após o abrandamento das limitações, houve uma subida: a 7 de março, a incidência já tinha subido para 247,9. Se esta tendência se continuar a verificar, a Áustria pode estar a entrar agora na sua terceira vaga.
A terceira vaga da Suécia também está a estabelecer-se agora. A 10 de fevereiro, a incidência de Covid-19 era de 273,4, mas aumentou para 391,5 a 4 de março. É nesse número que se mantém desde então, o que poderá indiciar uma nova onda mais achatada que a segunda, cujo pico se registou nos 736,9 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes na primeira semana de janeiro. Pelo meio, e com o descontrolo da pandemia perante a decisão de o país não tomar quaisquer medidas contra o vírus, o Governo viu-se obrigado a emendar a mão e a impôr enormes limitações, que entretanto também já não estão em vigor.
O Chipre enfrenta também agora a terceira vaga da epidemia de Covid-19 — uma onda que chegou de rompante e que disparou em flecha. Os números governamentais anotam 121,8 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes a 21 de fevereiro, mas apenas duas semanas mais tarde, este 7 de março, já apontavam para os 354,1 nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes. Ou seja, a incidência aumentou para mais do dobro em 14 dias.
A incidência também está a aumentar na Croácia que, após ter atingido o pico da segunda vaga em dezembro, vê-se agora a braços com a possibilidade de uma terceira onda se estar a estabelecer no país. Os números indicam que, a 18 de fevereiro, a incidência era de 75,1 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes, mas que já subiu para 121,9 no último domingo.
A Estónia ainda não tinha controlado por inteiro a segunda vaga quando a terceira abalou o país. Após um pico de 472,2 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes a 10 de janeiro, a incidência na Estónia parecia ter estabilizado — a 26 de janeiro, a incidência era de 395. Mas a 7 de março, a métrica já tinha disparado para 1.012,6 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes.
A Grécia também está agora a atravessar a terceira vaga, embora a incidência ainda não tenha atingido os níveis registados na segunda onda. As autoridades de saúde gregas calcularam que, a 22 de janeiro, o país tinha 43,6 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes. A última atualização, de 7 de março, já apontava para perto de 193 e sem sinais de abrandamento. Na segunda vaga, o pico ocorreu nos 256,5 casos.
O cenário repete-se Hungria, que também passou incólume à primeira vaga mas que, após um pico de 588,5 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes na segunda onda, está prestes a repetir os números. Os dados do último domingo indicam que a incidência já vai nos 553,3 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes. Tal como na Grécia, não há pico à vista nos gráficos húngaros.
A Polónia vive igualmente agora a terceira vaga que, nos gráficos da incidência, se poderia confundir com a segunda. O país saiu ileso do primeiro impacto com a pandemia, nunca permitindo que a incidência subisse muito mais que 15 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes. Depois veio a segunda vaga, que chegou aos 676,7 a 11 de novembro, mas que já estava controlada por altura do Natal. Mesmo o efeito das festividades foi neutralizado pelas autoridades de saúde. Ainda assim, a incidência voltou a subir e vai agora em 331,9.
A Roménia está só agora a caminho da terceira vaga, após uma segunda onda que chegou de repente em comparação com a primeira, mais achatada. A segunda vaga foi controlada a 24 de janeiro, com uma incidência de 129 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes. Mas a terceira não esperou muito para se estabelecer: começou a erguer-se a 17 de fevereiro, com 121,1 casos, e no domingo já impunha uma incidência de 195,2 casos.
Finlândia e países de leste entraram na quarta vaga da pandemia
A República Checa já estará na quarta vaga. Tal como na Bulgária, os checos foram pouco atingidos na primeira vaga, mas sofreram picos altos no outono e, logo a seguir, após a época natalícia, ficando entre os piores países do mundo nos índices da pandemia. Após ter registado 1.209,7 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes a 10 de janeiro, os checos impuseram um confinamento total e diminuíram a incidência para perto de metade — 627,3 a 27 de janeiro. Mas após levantarem as medidas, no último domingo já tinha disparado para 1.145,3novamente.
Na Eslováquia, a incidência sofre grande variações diárias, mesmo quando padronizadas para uma média semanal. O país, onde a primeira vaga causou poucas preocupações, mas a segunda também foi terrível, pode estar igualmente a caminho de uma quarta onda: a incidência estava nos 309,3 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes a 23 de janeiro, mas a 7 de março tinha subido para 400,5. Três dias antes, estava nos 428,7.
A Finlândia também já estará a enfrentar a quarta vaga. A terceira chegou por altura do Natal, quando a segunda vaga ainda não estava completamente controlada, mas estabeleceu na incidência na ordem dos 45 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes. A 7 de março estava nos 113,2, depois de ter atingido uma incidência de 116 no dia anterior.
Se o último aumento nos casos registado nos Países Baixos for a quarta vaga, ela está a poupar mais os holandeses do que as últimas três ondas. O país tinha alcançado o pico da terceira vaga no Natal, com 688,9 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes, mas baixou a incidência para 198,6 a 14 de fevereiro, também após impôr medidas restritivas. Ela voltou a aumentar, mas estabilizou em torno dos 260.
Incidência em Malta já vai na quinta onda
Enquanto Portugal ultrapassa a terceira vaga e tenta evitar a quarta, que já se vive em alguns países europeus, o gráfico da incidência da Covid-19 em Malta sugere que o país vai já na quinta flutuação: a primeira foi na primavera do ano passado, a segunda começou em julho e foi controlada em outubro, a terceira disparou logo a seguir até dezembro e o Natal trouxe a quarta. A incidência tinha baixado para 250 a 7 de fevereiro, quando voltou a disparar: no último domingo ia já nos 620 novos casos nos sete dias anteriores por 100 mil habitantes.