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Getty Images for TechCrunch

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"Portugal é um dos mercados mais importantes para o Tinder"

Em entrevista exclusiva ao Observador, o CEO do Tinder explica porque Portugal é um dos primeiros países a poder utilizar o Tinder Social. Sean Rad falou do negócio, dos erros, falhas. E do amor.

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Trinta anos, cofundador e presidente do Tinder e um ícone de popularidade. Sean Rad é o líder da app que faz 26 milhões de matches (quando duas pessoas assinalam no Tinder que estão interessadas uma na outra) por dia e que, em três anos, eleva o número para 11 mil milhões. Presente em 196 países, o Tinder é uma das aplicações para relacionamentos que mais sucesso faz entre os utilizadores, sobretudo os mais jovens. Só em Portugal, são feitos 2oo milhões de swipes (ato de deslizar o dedo para mostrar interesse no outro utilizador) por dia. Esta quinta-feira, a app lança uma nova opção para grupos no país, ao mesmo tempo que é lançada também em Espanha e na América Latina.

Em entrevista exclusiva ao Observador, Sean Rad explica porque é que Portugal é um dos primeiros países a poder utilizar a nova opção, o que diferencia os utilizadores portugueses dos restantes e porque sentiu que havia esta necessidade no mercado. “Temos muito engagement [interação entre utilizadores e a app] em Portugal. Os portugueses utilizam muito o Tinder, conversam na app [entre dois a sete dias] e conhecem-se depois. Admitindo que quer ir “além do romance” e tornar a aplicação numa experiência mais social, Sean Rad sublinha que o negócio do Tinder “tem muito, muito sucesso” e que pode ser “um dos maiores negócios do mundo um dia”.

Sobre o amor, Sean Rad afirmou que o Tinder veio assegurar que toda a gente pode encontrá-lo. “E que isso não está reservado apenas a alguns sortudos”, contou o CEO, que lançou a app em 2012 juntamente com Jonathan Badeen, Justin Mateen, Joe Munoz, Whitney Wolfe, Dinesh Moorjani e Chris Gylczynski. Em novembro de 2014, Sean Rad foi afastado da posição de CEO por causa do processo judicial que o envolveu a si e a Justin Mateen, numa queixa de assédio sexual, feita pela ex-namorada de Mateen – e também cofundadora do Tinder – Whitney Wolfe. Regressou à liderança há cerca de 11 meses.

“As pessoas em Portugal interagem muito no Tinder”

Estão a lançar o Tinder Social apenas nalguns países selecionados. Porquê Portugal?
Porque é um país importante para nós. Temos muitos utilizadores em Portugal, mais de 200 milhões de swipes [ato de deslizar o dedo para encontrar pessoas novas] que acontecem todos os meses em Portugal. Por isso, é um mercado muito grande para o Tinder. Queremos ter a certeza que fazemos tudo bem em todos os países em que vamos operar. E Portugal é um dos sítios onde queremos estar primeiro.

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Na Europa, Portugal é um dos mercados mais importantes?
Sim, com certeza. Portugal é um dos mercados mais importantes para o Tinder.

Mas é um país tão pequeno. Tem a ver com o quê: número de utilizadores, a quantidade de swipes?
Ambos. Nós temos muito engagement [interação entre utilizadores e app] em Portugal. Os portugueses utilizam muito o Tinder, conversam na app [entre dois a sete dias] e conhecem-se depois. É um ótimo ecossistema para nós, especialmente quando lançamos algo novo. Porque não nos queremos focar nos maiores mercados, mas naqueles onde as pessoas passam mais tempo na app. E as pessoas em Portugal interagem muito no Tinder. São cerca de 200 milhões de swipes por mês.

Porque é que isso acontece?
Não sei (risos). Ainda não estive em Portugal. Mas quero ir e descobrir.

"Existem muitas redes sociais que dão às pessoas uma sensação de atenção e amor que não é real. Não é física. O Tinder é a única que realmente te leva a uma ligação física."

Há algo mais que me possa dizer sobre o perfil dos utilizadores portugueses?
A maioria dos nossos utilizadores, no mundo todo, tem entre 18 e 30 anos. Mas a maior parte concentra-se entre os 18 e os 25 anos. O que concluímos é que, onde quer que os utilizadores estejam, nós ajudamo-los a fazer mil milhões de matches e muitos destes matches transformam-se em ligações do mundo real. E em encontros do mundo real.

Mas as pessoas também estão a fazer amigos de forma diferente. Saem à noite com os amigos que já têm, socializam, e fazem amigos novos. E foi por isso que decidimos arrancar com o Tinder Social. Porque queríamos fazer parte dessas conversações, queríamos ajudar os nossos utilizadores a não fazer match apenas de um para um, mas a saírem com amigos e perceberem o divertido que é encontrarem-se com pessoas novas. Porque a verdade é que isso não acontece sempre que sais à noite e com o Tinder Social pode acontecer.

Parece que o Tinder está cansado de ser o Tinder, the dating app, e quer ser uma outra coisa. Ter uma nova estratégia.
Não se trata de ser apenas uma coisa ou outras coisas. Trata-se de sermos ambas. Queremos expandir. Estamos constantemente à procura de novas formas de tornar o Tinder uma experiência melhor para os utilizadores. Queremos cobrir todas as maneiras possíveis que os nossos utilizadores têm para se encontrarem e socializam. Saírem em grupo é apenas umas dessas formas.

O Tinder Social torna o Tinder mais Facebook?
Acho que estamos a construir experiências que tiram as pessoas de casa e que fazem com que conheçam pessoas novas. Queremos fazer isto para toda a gente e ir além do romance. Nesse sentido, não se trata de estar a tornar-se mais Facebook, mas de tornar-se mais social. Estamos a fazer coisas que nunca ninguém tinha feito. Quando lançámos o Tinder, nunca ninguém tinha feito nada do género. Quando lançámos o Tinder Social também não.

"Os encontros individuais podem ser esmagadores, por vezes. São intimidantes. Quando estás com os teus amigos, sentes-te um pouco mais confortável."

Sentiu que havia esta necessidade no mercado?
Sentimos. Quando olho para as minhas noites, percebo que as melhores foram aquelas em que saí com os meus amigos e, a meio, conhecemos pessoas novas. E divertimo-nos juntos, socializamos. Só que isso não acontece sempre e começámos a pensar que todas as noites deviam ser assim. Devia ser possível conseguimos conhecer um grupo de pessoas novas todas as vezes que saímos em grupo. Isso poderia mudar o mundo. Se agora posso ter a sorte de conhecer um grupo de pessoas uma vez de dois em dois meses, o Tinder Social permite-te que isso aconteça a qualquer momento.

Também pode servir para ultrapassar o medo que alguns utilizadores têm de se encontrarem no mundo real com quem fazem match no Tinder?
Totalmente, é muito mais confortável se saíres com os teus amigos. Mas isto depende do match que fazes, se já desenvolveste a relação e a ligação com o outro utilizador o suficiente para te sentires confortável em conhecê-lo no mundo real. E, às vezes, existe alguém que até queres conhecer no mundo real, mas sabes ainda não chegaste a este ponto. Aí, o Tinder Social acaba por ser mais leve, mais fácil e mais divertido. O Tinder é um ambiente seguro num todo, sem sombra de dúvida. Mas encontrares-te com pessoas que não conheces [juntamente com os teus amigos] diminui um pouco a ansiedade. E isto também acontece fora do Tinder. Os encontros individuais podem ser esmagadores, por vezes. São intimidantes. Quando estás com os teus amigos, sentes-te um pouco mais confortável.

Li na imprensa internacional que o Tinder Social podia ser utilizado como uma opção para sexo em grupo. Receia que isso aconteça?
Não, de forma alguma. Isso é ridículo. Acho que não funciona bem para isso e se alguém tentar fazê-lo não vai ter sucesso. Trata-se de ligar pessoas que querem sair à noite com outras. Não estamos no negócio de… Estamos no negócio de ligar pessoas que estão à procura de amor ou de relações. E de pessoas que querem sair à noite. Outra coisa além disso não é algo em que pensamos.

Está a ser lançado ao mesmo tempo que o Pokémon Go, que já foi considerada “a melhor nova forma de encontrar o amor”. É uma resposta a uma ameaça?
Não, não (risos). Eu acho que o Pokémon Go é um exemplo maravilhoso – tal como o Tinder – de algo que te leva a sair para o mundo real. É uma experiência incrível, mas não tem nada a ver com o Tinder. Aliás, um dos estados que podes pôr no teu grupo no Tinder Social é, na verdade, “Catch them all” [aos pokémons].

“Assegurámos que toda a gente pode encontrar o amor”

Porque é que lançou uma app como o Tinder?
Acho que se tratou de querer resolver um problema que eu e os meus amigos tínhamos. Às vezes, há pessoas que queres conhecer e é duro atravessar uma sala, por exemplo, e ir dizer-lhes “olá”. Toda a gente gosta que haja alguém a ajudar a fazer essa introdução [em vez de irem sozinhos]. E o Tinder ajuda-te a seres apresentado a outra pessoa. Se estiver aqui uma pessoa que eu quiser conhecer, vou ficar tímido para lhe ir dizer “olá”, porque posso ser rejeitado. Ou porque ela pode não querer falar comigo.

Foi por isso que o Tinder se tratou mesmo de resolver um problema para mim e para os meus amigos. O Tinder Social acabou por ser uma foram de resolver aquele que era um problema para as pessoas à nossa volta. Costuma-se dizer que os melhores produtos resolvem os problemas dos criadores e eu acho que é verdade.

Acha que mudou a forma como as pessoas encontram o amor ou parceiros sexuais?
Fazemos 20 mil milhões de ligações, por isso, sim. Acho que sim. Acho que tivemos um impacto enorme não apenas no sucesso que as pessoas podem ter quando andam à procura de amor, mas porque quando pensamos nessas cerca de 20 mil milhões de ligações, percebemos que se não fosse o Tinder elas não existiam. E também porque é mais eficiente no que diz respeito a criar ligações com significado entre as pessoas.

Acho que assegurámos que toda a gente pode encontrar o amor. E que isso não está reservado apenas a alguns sortudos. O Tinder torna mais fácil conheceres pessoas novas e encontrares aquela que realmente queres. É como se nós fizéssemos as apresentações, mas depois são as pessoas que decidem como querem utilizar as ligações que estabelecem. Neste momento, o Tinder é muito bom para isto, mas um dia pode ser algo maior. E o Tinder Social é um começo.

"O Tinder é um negócio com muito, muito sucesso. Por isso, a minha resposta é "sim". Acho que o Tinder pode ser um dos maiores negócios do mundo um dia."

Quais são os próximos passos?
Nós temos objetivos grandes e ambiciosos. E isso é a única coisa que vou dizer. Vai ver o que estou a falar em breve.

Alguma vez esperou que o Tinder se tornasse no que é hoje?
Não, isto é esmagador, é maravilhoso.

Está a provar que o amor e as emoções podem ser um bom negócio para a área tecnológica?
Sem dúvida. Absolutamente. Para mim, não há nada mais bonito do que apresentares alguém a outra pessoa e isso mudar a vida delas. E quando olhas para trás, para a tua vida, são as pessoas que tu conheces que acabam por te mudar. São as relações que tu crias. Por isso, se pudermos começar a criar estas ligações, então não há nada melhor.

Mas quando se olha para a forma como o Tinder foi desenvolvido, parece que a app está a apostar no falhanço dessas mesmas relações.
Não. O Tinder aposta no sucesso. Aquilo que nos preocupa é o sucesso das relações que se criam no Tinder, porque, no final do dia, vão existir sempre pessoas solteiras em número suficiente. E elas vão usar o Tinder. E as pessoas que tiverem sucesso, vão dizer aos seus amigos solteiros e eles vão juntar-se ao Tinder. E aqueles que têm sucesso, vão acabar por ter filhos. E esses filhos vão ser solteiros (risos). O Tinder alimenta-se a si próprio.

O vosso modelo de negócio baseia-se em publicidade e na subscrição dos utilizadores premium. É possível fazer do dating (encontros de carácter romântico entre duas pessoas) um negócio sustentável?
O Tinder é um negócio com muito, muito sucesso. Por isso, a minha resposta é “sim”. Acho que o Tinder pode ser um dos maiores negócios do mundo um dia. Se pensares no número de pessoas solteiras que há no mundo e no valor que lhes estamos a entregar, e pensares que as pessoas estão dispostas a pagar por esse valor, então sim, o dating pode ser um negócio lucrativo.

"Existem muitas redes sociais que dão às pessoas uma sensação de atenção e amor que não é real. Não é física. O Tinder é a única que realmente te leva a uma ligação física."

Ao mesmo tempo que parece que o mundo está a evoluir para uma espécie de solidão digital. É possível fazer qualquer coisa sozinho, com um smartphone nas mãos.
Sim. E o Tinder junta estas pessoas.

Muda comportamentos?
Acho que aquilo que o Tinder faz é encorajar pessoas a encontrarem-se com outras. Especialmente com o Tinder Social. E acho que existem muitas redes sociais que dão às pessoas uma sensação de atenção e amor que não é real. Não é física. O Tinder é a única que realmente te leva a uma ligação física, que te leva a saíres com alguém. Inspira-te a saíres de casa, saíres do telefone e encontrares-te com alguém.

“Quando sais, estás limitado a quem está à tua volta. No Tinder, tens a cidade inteira no bolso”

Que conselhos dá aos portugueses para melhorarem a sua performance no Tinder?
O primeiro é para serem eles próprios. Sejam reais. Quando as pessoas olham para as fotografias, podem apreender muitas coisas só por aí. Escolham as fotos que melhor representam quem são. Em segundo lugar: swipe mais, porque quanto mais swipes fizeres, maiores são as probabilidades de conheceres alguém especial. E a terceira é: não digas nada no Tinder que não fosses capaz de dizer pessoalmente, porque o Tinder imita o mundo real. As pessoas costumam perguntar-me o que devem dizer e eu digo apenas: sejam vocês próprios, sejam reais. Olhem para o perfil das outras pessoas e tentem falar sobre a identidade daquela pessoa, sobre quem ela é.

As pessoas lidam melhor com a rejeição se for no Tinder?
Sim.

Porquê?
Primeiro, porque sabes que a pessoa deslizou o dedo para a direita quando viu o teu perfil, percebes que há uma demonstração de interesse. Se depois não te responderem, está tudo bem. Continuas e encontras outra pessoa com quem possas falar.

"O facto de poderes ter acesso a mais pessoas não faz com que a aquela pessoa - a 'the one' - seja menos especial. Na verdade, torna-a ainda mais especial."

É uma forma de tornar as relações mais fáceis?
Sim. É mais fácil e mais rápido estar numa relação utilizando o Tinder, porque podes conhecer mais pessoas. Hoje em dia, as pessoas são muito ocupadas, não podem estar sempre a sair e o Tinder desbloqueia isso, liga as pessoas de uma forma que não acontecia no passado. Quando sais, estás limitado a quem está à tua volta. No Tinder, tens a cidade inteira no bolso.

Não acha que isso também pode afastar pessoas? É algo que é suposto ser especial e que deixa de ser.
Não. Aquilo em que acredito é que quanto mais pessoas conheceres, mais cresces enquanto indivíduo e mais te conheces a ti próprio. O Tinder ajuda-te a encontrar isto, que não é fácil. Precisamos de ajuda. Nunca ninguém disse: “Oh, meu Deus, são tantas pessoas. Tenho muitas ligações”. Nunca ninguém na história disse isto.

Acho que quando amas mesmo uma pessoa, quando estás numa relação, o facto de poderes ter acesso a mais pessoas não faz com que a aquela – a the one – seja menos especial. Na verdade, torna-a ainda mais especial. É mais bonito dizer a alguém “tu és aquela com quem eu escolhi estar, mesmo quando tinha acesso a tanta gente” do que dizer “tu és aquela que eu escolhi porque não tinha mais ninguém”. Acho que torna a pessoa mais especial.

“Aprendi a não ter medo e a apreciar os obstáculos que aparecem à minha frente”

Quando olha para trás, faria tudo igual?
Não.

O que é que mudaria?
As pessoas vão responder-te sempre que há milhares de coisas que gostavam de ter mudado. Mas acho que não mudava as lições que aprendi. Se pudesse voltar atrás, mudava algumas coisas, mas continuava a querer aprender as mesmas lições.

Quais foram as lições mais importantes?
Ótima pergunta. Acho que a lição mais importante que aprendi, relacionada com o Tinder e comigo mesmo, foi o valor de ser eu próprio. Sentir-me confortável com quem eu sou. Acho que as pessoas aprendem isso à medida que crescem. Acho que abraçares a pessoa que és é muito importante. Aprender sobre quem tu és e abraçar essa pessoa.

O Sean esteve afastado do lugar de CEO durante alguns meses.
Tornei-me CEO do Tinder, outra vez, há 11 meses.

"Com o tempo percebes as coisas em que realmente és muito bom e aprendes a confiar e a delegar as outras às pessoas que são melhores do que tu."

Com essa experiência, o que é que aprendeu?
O mesmo. Acho que não há nenhum manual sobre como ser um CEO, é muito difícil. Sentes que tens de ser perfeito em tudo e é muito stressante por isso. Acho que com o tempo percebes as coisas em que realmente és muito bom e aprendes a confiar e a delegar as outras às pessoas que são melhores do que tu. Acho que quanto mais crescemos, melhor sabemos em que é que somos bons, no que queremos ser bons e naquilo em que não nos importamos de não ser. Acho que isso te torna mais forte enquanto líder e enquanto pessoa.

O Sean Rad é um exemplo para muitos empreendedores tecnológicos. Lançou uma empresa que é um sucesso global. O que pode dizer a quem está a tentar fazer o mesmo?
Diria para olharem para os problemas reais que há para resolver, que é preciso resolver, e que significam muito para si. Quando encontrarem essa empatia – entre aquilo que estão a tentar solucionar e as pessoas para quem querem solucionar esse mesmo problema -, então é aí que podem ter sucesso. Acho que essa é a coisa mais importante enquanto empreendedor. É estar ligado, quer aos teus clientes quer ao problema que estás a resolver.

No início do Tinder, lembra-se de algo mesmo muito difícil pelo qual tenha tido de passar?
Quando o Tinder estava a crescer e estávamos a escalar, os servidores estavam a explodir e estávamos a expandir a equipa muito depressa. Acho que é mais difícil fazer o que quer que seja quando te dizem que em vez de um ano, tens dois dias para fazê-lo. Tivemos de fazer anos de trabalho numa semana. E isso tornou o processo todo ainda mais difícil. Acho que a coisa mais difícil foi mesmo aprender a operar neste tipo de ambiente.

Operar nesse tipo de ambiente e sendo muito jovem. O Sean tem 29 anos.
Acabei de fazer 30.

"Se não falhares, não consegues aprender. Se não estiveres a lutar por alguma coisa, não estás a aprender. Eu aprendi a não ter medo e a apreciar os obstáculos que aparecem à minha frente."

Muito jovem e com muita pressão em cima. Como foi lidar com isso tudo?
Tive de confiar nas outras pessoas e pedir-lhes ajuda. Ter pessoas que me dessem conselhos, que me pudessem guiar, mas é difícil. E cometes erros. Tens de cometer erros. Aprendes com esses erros. Como é que lidas com isto? Aprendes que está tudo ok se falhares, desde que te levantes e aprendas alguma coisa. Porque cada vez que falhas, aprendes alguma coisa que te deixa mais forte. Essa é a atitude que tens de ter.

Lembra-se de algum momento em que teve medo de falhar?
Na primeira vez que fui CEO do Tinder tive medo de falhar. Foi tudo muito stressante. Na segunda vez, percebi que não havia problema se falhasse, porque às vezes até é bom. Aprendes. Se não falhares, não consegues aprender. Se não estiveres a lutar por alguma coisa, não estás a aprender. Eu aprendi a não ter medo e a apreciar os obstáculos que aparecem à minha frente.

Li algures que o Sean tinha dito que achava que a inovação era ingénua. O Tinder é ingénuo?
(Risos) Não é bem a inovação que é ingénua. O que acontece é que quando não sabes que uma coisa é possível, não tens medo de avançar com ela e ser ingénuo torna-se uma coisa boa. Porque quando és mais jovem, não sabes o que é possível e o que não é, e atiras-te às coisas. Quando começas a ganhar mais experiência, tornas-te melhor, mas também conheces as tuas limitações, que é algo que pode funcionar contra ti.

“Conheci a minha ex-namorada no Tinder. Foi uma relação muito bonita e estou muito grato”

Já utilizou o Tinder Social?
Sim, tenho estado a usá-lo em Londres. É fantástico. Ontem à noite saímos com um grupo que conhecemos no Tinder e foi maravilhoso. Mostraram-nos a cidade.

Sabiam que era o CEO do Tinder?
Sim, eu gosto de fazer match com os nossos utilizadores e sair com eles para que também possa ter feedback [sobre a app]. É espetacular ouvir a opinião das pessoas e aprender o que podemos fazer para melhorá-la.

Que grupo de utilizadores seria perfeito para fazer match?
Não sei. É uma grande questão, mas não sei.

Tem a certeza? Não existe um grupo de pessoas que adorasse conhecer no Tinder?
Se eu fechar os meus olhos e imaginar com quem gostaria de fazer um match… Agora, em Londres, seria um grupo de pessoas que conhecesse Londres mesmo muito bem e que me pudesse mostrar coisas que eu nunca tivesse visto.

Pelo que sei, o Sean é solteiro e utilizador do Tinder. Qual foi a coisa mais sexy que lhe aconteceu ao utilizar a app?
(Risos) Honestamente, estive numa relação por tanto tempo que… Bem, eu conheci a minha ex-namorada no Tinder. Foi uma relação muito bonita e estou muito grato por ela. A verdade é que além disso, raramente saio [com pessoas] porque estou sempre a trabalhar.

"O Tinder é aquilo que tu fazes dele. Ligares-te a uma pessoa no Tinder é o mesmo que ligares-te a alguém no mundo real. Podes ir onde quiseres com essa ligação."

O que diria a um não utilizador do Tinder para convencê-lo/a a utilizar a app?
Diria que é maravilhoso seres capaz de conhecer pessoas novas. Nunca saberás o que estás a perder se não experimentares. E além disso, diria que é fácil e que é divertido utilizar. Exige muito pouco esforço da tua parte. Porque não dar-lhe uma oportunidade?

O que diria a quem não acredita que consegue encontrar o amor no Tinder?
Diria que nunca saberá até tentar. Nós criamos mais de 20 mil milhões de ligações e muitas pessoas já se casaram e tiveram filhos por causa do Tinder.

E às pessoas que só querem ter sexo casual?
O Tinder é aquilo que tu fazes dele. Ligares-te a uma pessoa no Tinder é o mesmo que ligares-te a alguém no mundo real. Podes ir onde quiseres com essa ligação. Diria que, independentemente do que andas à procura, deves ter sempre um comportamento adequado. E compreender que és tão responsável pelas tuas ações no Tinder como és no mundo real.

Qual foi a melhor experiência que já teve aos comandos do Tinder?
Trabalhar com a equipa. A equipa é incrível: dedicada, determinada. E lançar o Tinder Social tem sido uma das melhores experiências. Mesmo que não tenha estado junto da equipa quando carregaram no botão para lançá-lo. É a primeira vez que lançámos uma nova opção desta dimensão e a equipa que estava a trabalhar nela nem sequer dormiu nessa noite. Estavam tão excitados. Bastava carregar num botão para que centenas de milhões de pessoas pudessem começar a utilizar. É uma experiência poderosa.

Quantos programadores tem o Tinder?
Somos 160 pessoas e vamos duplicar a equipa em breve.

Tem ouvido falar no ecossistema de startups tecnológicas português?
Sei que a Web Summit vai realizar-se em Lisboa. Ainda não estive em Portugal, mas está na lista de países onde quero ir. Ouvi algumas coisas, sei que está a emergir muito rapidamente, sem dúvida.

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