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Pedro Nuno Santos apresenta contraproposta para aprovar Orçamento
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Pedro Nuno Santos apresenta contraproposta para aprovar Orçamento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Nuno Santos apresenta contraproposta para aprovar Orçamento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

PS "no caminho", tenta ajuda de Passos para ficar fora de descida do IRC para 17%

Socialistas querem ficar fora de um quadro alargado de redução do IRC até aos 17% e apresentaram duas opões ao Governo para salvarem a face. Recorreram a Passos e contam com pressão de empresários.

Pedro Nuno Santos escolheu o horário nobre televisivo para não só apresentar a proposta final do PS, como também para fazer chegar ao maior número de pessoas, de todas as formas possíveis, que não será pelo seu partido que o acordo orçamental falhará. O peso desta culpa pode ser fatal e o líder socialista desdobrou-se em garantias, desde o “estamos no caminho da viabilização” ao “não quer ficar de fora”, ao mesmo tempo que estendia duas opções ao Governo para ultrapassar o maior entrave ao acordo: a descida alargada do IRC. Para não perder a face, até a Passos Coelho recorreu para preservar a linha vermelha do PS e agora espera pressão dos empresários a seu favor.

O plano que o Governo apresenta para a descida do IRC, que culmina numa taxa nominal de 17% em 2027, “nunca terá o apoio do PS”, declarou quando, na sede nacional do partido, apresentou a sua contraproposta ao que tinha ouvido do Governo no dia anterior. E a solução que encontrou para contornar este “nunca” revela que o maior problema para o partido não é aceitar uma descida de um ponto percentual em 2025, mas sim que isso possa significar um compromisso para uma redução que vá por aí fora, até aos 17% que o Governo prevê para o final da legislatura.

Pedro Nuno Santos procurou, assim, separar águas entre o já e o daqui a diante. O PS até aceita uma redução de 21% para 20% da taxa nominal do IRC no próximo ano, se nos três anos seguintes o Governo não voltar a reduções e reintroduzir, em substituição, o Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento criado em 2014, era Passos Coelho primeiro-ministro — o que o líder do PS fez, claro, questão de lembrar.

Ou há redução mínima já, mas mais nenhuma além desta na legislatura. Ou não há redução e há, em vez disso, crédito fiscal ao investimento e o Governo faz o que quiser nos anos seguintes. Com isto pretende sacudir dos seus ombros um peso insuportável para alguém que vem da ala esquerda do PS e enfrentou a direção de António José Seguro — que, em 2014, assinou um acordo com o Governo para a descida do IRC (que foi uma das primeiras coisas que o PS de Costa rasgou).

Se o Governo não quiser esta opção, o PS tem outra para ultrapassar a questão do IRC, que é aplicar já em 2025 o Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento e nos anos seguintes o Governo pode entender-se com quem quiser para continuar a sua “estratégia fiscal de redução da taxa estatutária do IRC para 17%”.

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Concluindo. Ou há redução mínima já, mas mais nenhuma além desta na legislatura. Ou não há redução e há, em vez disso, crédito fiscal ao investimento e o Governo faz o que quiser nos anos seguintes. Com isto pretende sacudir dos seus ombros um peso insuportável para alguém que vem da ala esquerda do PS e enfrentou a direção de António José Seguro — que, em 2014, assinou um acordo com o Governo para a descida do IRC (que foi uma das primeiras coisas que o PS de Costa rasgou). Ao mesmo tempo não quer fazer vingar a ideia de qualquer problema com as empresas, garantindo que o que separa do PSD “não é o desagravamento fiscal dos impostos sobre o capital, mas a estratégia seguida para o fazer “.

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Nos momentos a seguir à declaração de Pedro Nuno Santos, o PS desmultiplicava-se em garantias sobre a vantagem que os próprio empresários reconheciam à medida. Na SIC Notícias, o socialista Ascenso Simões (que ainda há tempos defendeu publicamente que o PS não viabilize este Orçamento) revelava ter falado com dois empresários relevantes do país que elogiaram a solução do PS. Os socialistas esperam que o alinhamento dos empresários com uma medida que o Governo de então chegou a estimar conseguir reduzir para 7% a taxa efectiva de IRC e que serviu para atrair investimento num período concreto em que quer era preciso reanimar a economia no pós-troika.

Ao lado, na CNN Portugal, o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), Armindo Monteiro, elogiava não a medida mas a “atitude construtiva, de procura de soluções” do líder do PS e o partido logo alertara para a declaração. Já não tanto para a afirmação mais adiante em que o presidente da CIP dizia que “seria caricato que um Orçamento de Estado não fosse aprovado por se querer reduzir um ponto percentual num imposto que é elevado”.  Ainda assim, o representante dos empresários portugueses defende “qualquer solução que impeça uma crise política” e que “é importante que haja um entendimento mínimo”, notando que não se trata de uma questão de evitar eleições, mas de evitar crises imprevisíveis — de que os empresários também não gostam.

Que benefício é este (criado pela primeira vez por Vítor Gaspar) que o PS quer trocar pela descida da taxa de IRC?

A cada contraproposta que tem surgido neste processo negocial vem sempre associada uma carga de pressão sobre quem a recebe em mãos e o PS não fez diferente esta sexta-feira à noite. “Estamos no caminho da viabilização”, disse Pedro Nuno Santos na conclusão da sua declaração sobre o Orçamento e ainda acrescentou que há que “agarrar a oportunidade de ter a estabilidade política com a contribuição do PS”. “Não vemos nenhuma razão para que não haja abertura do Governo para aceitar uma destas propostas em relação ao IRC, desafiou.

IRS Jovem menos tempo e promessa de não fazer da especialidade leilão

Mas se o IRC era o irritante mais difícil de contornar para o PS, ainda há arestas que o partido quer limar no IRS Jovem. Já reclamou como uma vitória que o Governo tenha trabalhado “em cima do regime em vigor” e que foi criado há dois anos, na governação socialista, mas isso não chega.

PS já reclama vitória no IRS Jovem, mas mantém problema na redução transversal do IRC

Em forma de pressão, vai já avisando que a viabilização pode estar já ao virar da esquina e nem ser preciso esperar pelo dia em que a proposta é conhecida.

Elencou primeiro o que aceita do Governo: três em quatro alterações propostas. A única coisa que não quer é que este quadro de descontos fiscais para a população até aos 35 anos se estenda por 13 anos. O atual regime aplica-se a cinco anos e o PS aceita que possa passar para sete, mas não para mais do que isso — isto “sem prejuízo que avaliação futura” conclua que a medida deve ser alargada, preveniu. De resto, disse estar de acordo com “o alargamento do universo da aplicação da medida independentemente do nível de qualificações”, com o alargamento da medida para todos os jovens entre os 18 e os 35 anos e ainda como o alargamento do limite do benefício do IRS Jovem para 55 Indexantes de Apoio Social (IAS), em vez dos 40 IAS do modelo em vigor.

Sobre as soluções que apresentou, o líder do PS garantiu que são “muito moderadas e vão no sentido da proposta do Governo”. “Se o acordo for conseguido, estarão criadas as condições para que o PS viabilize o Orçamento”, declarou desimpedindo o caminho até ao dia 1o de outubro. E isto porque esse é o prazo para a entrega da proposta de Orçamento à Assembleia da República, que quer ver primeiro para oficializar a posição socialista. Mas, em forma de pressão, vai já avisando que a viabilização pode estar já ao virar da esquina e nem ser preciso esperar pelo dia em que a proposta é conhecida.

Quanto ao que se passará daí em diante — caso a proposta do Governo passe —, no debate e votações na especialidade, Pedro Nuno Santos disse que não ficará pelo que conseguir acordar agora no Orçamento — até porque considera que três medidas que tinha proposto (para pensionistas, investimento em habitação e regime exclusividade no SNS) não estão suficientemente assumidas por parte do Governo. Sendo certo que quando o PS apresentar propostas “fará sempre essa apresentação com a preocupação de garantir a estabilidade orçamental e a não deturpação do Orçamento durante o processo da especialidade”. A corrida pelo lugar do aluno mais ajuizado da sala ainda não terminou.

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