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(As linhas que se seguem contêm várias descrições de violência que uma parte significativa dos leitores poderá considerar chocantes. Mas omitir essas descrições seria pouco rigoroso sobre a real dimensão da barbárie; e não permitiria compreender o pavor dos residentes em Cabo Delgado, perante o risco de enfrentarem uma morte tão aterrorizadora.)
O psicólogo Lourenço Julião já ponderou deixar este trabalho que o leva a ouvir constantemente os episódios de violência relatados por quem foge dos terroristas no norte de Moçambique. Houve uma fase em que tinha constantemente de fazer um esforço para segurar as lágrimas. “Se não, não ia conseguir dizer nada”. Sofria todos os dias. Deitava-se à noite e debatia-se: “Continuo ou não a interagir com as pessoas?” “Eu estava a ficar também um deslocado, entre aspas. Mas continuei”.
Também já ponderou sair de Pemba, perante as ameaças ou alertas de que a capital de Cabo Delgado pode ser o próximo alvo dos jihadistas, como admitiu na entrevista que deu ao Observador no seu consultório do hospital, enquanto chovia torrencialmente lá fora.
— Sente um aumento da ansiedade na população?
— Eu mesmo estou ansioso. Estou a trabalhar mas estou a ter medo. Quem é que pode não ter medo nesta situação? Ninguém. Comecei a ouvir ameaças, de que vêm a Pemba. Se formos avaliar, vamos encontrar muita gente ansiosa, a pensar: “O que vai ser de mim?” Gente que pode nem conseguir dormir porque ouve que eles vão chegar.
— Tem um plano pessoal de fuga?
— Esses pensamentos não faltam. Aqui o princípio é salvar a vida, eu, os meus filhos, a minha família. Os bens podem ficar para trás. Mas se sair daqui, o emprego fica como? Isso também vai ser prejudicial para mim e para a minha família. Ficar aqui também aumenta a ansiedade. Então vou para onde? O que faço? Há dias, eu e a minha esposa estávamos a conversar: por que não pedir transferência para outro lado? Mas uma transferência não é para já.
Num corredor do hospital, um funcionário repara no microfone da Rádio Observador e mostra também a sua ansiedade: “É jornalista? Sabe alguma coisa dos ataques aqui a Pemba? Se souber, diga. Tenho a minha esposa a pressionar todos os dias para decidir como vamos fazer com os nossos dois filhos: ‘Vamos fugir de mota? Vamos de carro?’. As pessoas estão a ficar assustadas”. Pelos grupos de whatsapp, circulam áudios a anunciar futuros ataques.
Outro residente já decidiu que não fugirá, mas também tem um plano: “O que eles querem é pessoas na rua para lançar o pânico. Se vierem, fecho-me em casa, desligo o quadro da eletricidade, ponho os telemóveis no silêncio e escondo-me debaixo da cama.”
No ano passado, o diretor da Cáritas de Pemba, Manuel Nota, teve o instinto de pôr os quatro filhos a salvo, em Nampula, com familiares. Mas um mês depois começou a pandemia e, perante o risco de ficar impedido de os rever, foi buscá-los. Agora vai tentar de novo acautelar a proteção dos filhos, retirando-os de Pemba.
Apesar de a cidade ter cerca de 200 mil habitantes, Manuel Nota não acha impossível que seja alvo de um ataque: “Seria difícil entrarem em Palma, onde tínhamos uma força muito forte, por ser onde os famosos recursos de Moçambique estavam a ser geridos. Não esperávamos que eles atacassem lá. Se eles quiserem entrar em Pemba, nada os impede. Não temos tantos militares para lhes fazer frente e dizem que eles usam armas mais sofisticadas que as do nosso exército. Mas temos força. Os militares vão tentar travar até conseguirem, e se virem que já não aguentam, terão de fugir — também são pessoas, temem dar as suas vidas, terão de escapar-se.”
— Tem medo?
— Tenho medo, sim. Tenho medo que cheguem e nos ataquem. Aqui em Pemba não temos mato para correr e entrar. O que nos dá mais medo é que em Pemba [uma península] só temos uma saída e entrada. Se decidirem fechar a saída, ninguém sai daqui. A alternativa seria sair pelo mar, mas poucos têm embarcações para sair a navegar. Não sabemos o que vai ser. Só Deus é que sabe.
— Vai tentar tirar outra vez os seus filhos daqui. Passa-lhe pela cabeça ir embora também?
— Aqui é onde tenho o pão. Se sair daqui vou estar desempregado em algum sítio por muito tempo. E o que vai ser da minha família? Olhando para a responsabilidade que tenho vindo a assumir na Cáritas, ia parecer que não temos segurança no que fazemos para os outros. Se calhar poderemos sair, mas só mesmo quando as coisas estiverem muito quentes.
A terapia com desenhos e as crianças que “respondem com lágrimas só”
Na semana passada, nas celebrações do dia da mulher moçambicana, o presidente Filipe Nyusi (natural de Cabo Delgado) sublinhou este objetivo dos terroristas: “Intimidar e serem donos do nosso medo — mais do que ocuparem espaços geográficos, os terroristas querem ocupar a nossa alma”. Apesar de as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas terem recuperado o controlo militar sobre Palma, e terem anunciado que foram abatidos nos combates 36 insurgentes, o medo ainda está lá. E foi acentuado com as notícias de dois relatórios de empresas de consultoria de risco, que apontam Pemba como o próximo alvo dos jihadistas.
Independentemente dos boatos, ameaças e teses sobre um ataque a Pemba, o maior motor do medo é a brutalidade com que as mortes são perpetradas. Além disso, há uma diferença de grau entre tomar conhecimento de alguns casos pela comunicação social e ouvir diretamente as vítimas a relatarem como viram a morte — que é o que o psicólogo clínico Lourenço Julião tem feito nos últimos anos.
Com as crianças, Lourenço Julião (que é responsável pelo centro de reabilitação psicológica e infanto-juvenil) usa muitas vezes a terapia com desenhos. Já lhe aconteceu pedir a uma criança deslocada que desenhasse uma escola e ela retratar a escola antiga, em vez da nova onde está agora a estudar. “Porquê essa?”, pergunta. “Porque queimaram a minha escola.” Às vezes também desenham a professora da escola antiga. “Está onde?”, questiona. “Mataram-na”, respondem.
Quando se pede que retratem a sua família, se a criança desenha todos os elementos menos um, o psicólogo ainda pergunta, mas os menores órfãos recusam falar sobre o assunto ou “respondem com lágrimas só”: “As crianças estão muito traumatizadas”.
Desencontros nas fugas e crueldades. “Como fica esta mãe? Este trauma é para muito tempo”
Os adultos também não conseguem superar o horror. Uma família esteve fechada em casa, em Mocimboa da Praia, cercada pelos jihadistas. Um dos filhos morreu à fome e à sede. Os pais e os irmãos permaneceram sete dias com a criança morta em casa. “Quando os insurgentes se afastaram, os pais deixaram a criança morta na cama. Não podiam fazer nada.” O chefe da família continua a não conseguir falar com o psicólogo sobre este trauma.
Outros adultos aceitam relatar tudo o que viram. Em 40 minutos de entrevista, Lourenço Julião foi partilhando a descrição de atrocidades, que mostram como será difícil as vítimas recuperarem a saúde mental — e confirmam o sadismo dos agressores. De cada vez que contava uma história destas, baixava o tom de voz, mas vincava mais cada palavra a aumentar a intensidade, a traduzir o choque e a ira por ter sido possível que alguém tenha sofrido assim.
“Um senhor disse: ‘Eu vi como o meu tio morreu. Pegaram num tronco, um pau seco afiado, encostaram-no à cabeça e bateram com um martelo até o pau entrar e ele morrer’. O que deixa mais trauma é a maneira brutal como as pessoas são mortas. As pessoas começam a pensar: ‘Se me apanham e fazem como fizeram aos outros…’ Ficou alterado este senhor, encaminhei-o para uma consulta de psiquiatria”.
Outro exemplo de crueldade extrema foi-lhe relatado por uma mãe, contou. “Mataram o meu filho na minha casa, pediram para eu lavar uma panela, despedaçaram-no, puseram-no na panela e deram-me para eu cozinhar. Eu disse: ‘Não. Matem-me também. Posso morrer como o meu filho; cozinhar o meu filho, não!” “Deram-lhe os pontapés e umas chapadas, e foram-se embora. Mas como fica esta mãe?”, pergunta o psicólogo. “Este trauma é para muito tempo”.
Os desencontros e a falta de forças no momento da fuga também originaram momentos de enorme violência emocional. Uma mulher tinha o filho ao colo, mas ele soltou-se e ela só se apercebeu mais à frente, no meio da fuga. “Pensou: ‘Vale a pena ir morrer pelo meu filho’. Voltou para trás, fez outros caminhos, recuperou o filho e fugiu de novo. Vejam só o que é isto”, diz o psicólogo, incomodado.
Outra mãe, em plena fuga, exausta, a correr com a filha às costas, percebeu que não ia ter forças para continuar e, perante a iminência de serem ambas assassinadas pelos agressores, largou a criança no chão para ao menos tentar salvar-se a si. Um senhor que vinha atrás viu a menina, resgatou-a e levou-a ele: acabou por a entregar à mãe já em Pemba, conta o diretor da Cáritas.
Manuel Nota acabou por ser confrontado com dramas semelhantes aos relatados pelo psicólogo. Impressionou-o o caso de uma bebé que chegou a Pemba e teve de ser imediatamente levada ao hospital por estar há três dias com uma bala cravada no corpo.
E também o relato de um homem, que começou a correr quando soaram os primeiros tiros em Palma, viu gente a cair baleada à sua volta, fugiu a correr para a praia onde “encontrou corpos sem a cabeça, esquartejados em pedaços como se fossem cabritos”, e depois de ser resgatado por via aérea “só tremia quando chegou ao aeroporto”. O cenário há-de ter sido ainda mais violento, porque ele só dizia: ‘O que eu vi não dá para descrever’”. O diretor da Cáritas também antevê que esta gente vai ficar traumatizada durante muito tempo. “Se fosse só o tiro… Mas ver os entes queridos em pedaços…”
Vigário português em Pemba: “A Igreja tem de perguntar: ‘Porquê?'”
“O que podemos fazer por esta gente?” Foi a pergunta lançada pelo padre português Ricardo Marques, vigário da Região Episcopal Urbana de Pemba, quando começaram a chegar os primeiros deslocados, depois dos ataques no norte da província em 2017, e com mais intensidade a partir de 2019. O sacerdote missionário, nascido no Entroncamento, está na capital de Cabo Delgado desde 2015. “O pouco que se faz aqui faz diferença. É uma capital de província, mas é muito pobre. E as violações dos direitos humanos são uma constante”, diz, como que a justificar a importância da missão. Ex-jogador de basquetebol (mede 1m96), recebe-nos na paróquia Maria Auxiliadora, ao lado da igreja na avenida principal de Pemba. Os templos continuam fechados em Moçambique para conter a pandemia (o país registou 791 mortes e 69 mil casos, números substancialmente mais baixos do que em Portugal).
Foi precisamente devido à violência emocional da situação dos deslocados que Ricardo Marques decidiu que não bastava distribuir comida e roupa: tinham de ir mais longe e tentar oferecer conforto psicológico. “Olhámos para o sofrimento do povo. Havia gente a morrer, de forma brutal, macabra, às mãos de um inimigo sem rosto, que mata indiscriminadamente, de uma forma aterrorizante”.
Criaram grupos de apoio psico-social, que vão percorrendo a diocese. Promovem duas vezes por semana encontros entre cerca de 15 a 20 deslocados de cada vez (apoiam cerca de 200 no total), para partilharem as vivências traumáticas da fuga à morte, da perda de familiares ou da readaptação a uma nova vida. “O objetivo é as pessoas sentirem que têm possibilidade de falar e alguém que as escute”, explica o sacerdote.
Ricardo Marques é crítico em relação ao que classifica como “gestão frágil” e “falta de estratégia” do governo neste conflito: “Percebe-se que por si só não tem capacidade para resolver este problema. Moçambique sozinho não consegue, as forças de segurança não têm recursos nem treino para isso. Estranho porque é que o governo moçambicano resiste a aceitar ajuda internacional. A Igreja não tem de se meter na competência do governo, o papel da igreja não é impedir o martírio, é cuidar das feridas. Mas se vê pessoas a sofrer e um número de deslocados cada vez maior, tem de perguntar: porquê?”
As relações entre a Igreja Católica e o governo moçambicano foram abaladas pelas denúncias regulares do ex-bispo de Pemba, D. Luiz Lisboa, sobre esta crise humanitária em Cabo Delgado. O bispo foi transferido pelo Papa Francisco para o Brasil, numa tentativa de o proteger. D. Luiz Lisboa deu este domingo uma entrevista ao jornal italiano La Reppublica, que arranca assim:
— D. Luiz, quem é que o estava a ameaçar? Os extremistas?
— Não. O governo. Recebi primeiro ameaças de expulsão, depois de apreensão de documentos e no final de morte.
O ex-bispo de Pemba não deu mais detalhes sobre a forma das ameaças, nem explicou como tem a certeza sobre a sua autoria, mas assegura que o governo queria evitar que se falasse tanto no conflito de Cabo Delgado, pela má imagem que isso daria de Moçambique a nível internacional. O padre português Ricardo Marques admite que houve este mal-estar entre o governo e a igreja: “Ao governo não convém ter uma voz incómoda”.
O “momento emocionante” no pavilhão e o suspeito de ser um terrorista infiltrado
Os deslocados em Pemba estão concentrados num pavilhão gimnodesportivo inacabado. A ideia é que funcione como um centro de acolhimento temporário até 72 horas, apenas enquanto não chegam familiares que os possam receber em suas casas, ou enquanto não são transferidos para outros centros mais afastados da capital da província. Mas há famílias que estão aqui desde que chegaram a Pemba, há mais de duas semanas, por falta de alternativas — e também porque não podem voltar para Palma.
Chove no pavilhão (o que obriga a retirar água na manhã seguinte), as famílias dormem em esteiras nas bancadas (alguns deslocados tentam estender mantas para não ficarem com tantas dores na coluna), têm latrinas em redor e recebem pequeno almoço (chá, pão e sardinhas), almoço (arroz, feijão, frango e peixe) e jantar, tudo distribuído pelas Organizações Não Governamentais, como a Cáritas. Manuel Nota, o diretor, já informou que terá de terminar esta distribuição muito em breve: ”Só podemos dar alimentos mais 15 dias. Depois temos de parar, temos outras frentes. É papel do governo alimentar estas pessoas”.
Esta missão da Cáritas de Pemba é financiada por organismos das Nações Unidas, que contratam entidades já presentes no terreno para acudir em situações de emergência. A instituição de caridade da Igreja Católica em Pemba tem 46 funcionários mais 38 voluntários, que recebem cerca de 7 mil meticais por mês (cerca de 92 euros), um valor acima do salário mínimo em Moçambique.
A responsável pelo “centro de trânsito de deslocados” instalado no pavilhão é Teresa Rafael, membro da comissão distrital de assistência a deslocados. O medo de um ataque a Pemba também se sente aqui no pavilhão, por causa do risco de os insurgentes se infiltrarem entre quem fugiu, para montarem o próximo cerco armado. Segundo Teresa Rafael, “houve um senhor estranho que chegou ao pavilhão, a simular que estava ferido, e imediatamente vários deslocados começaram a apontar para ele, a garantir que pertencia ao grupo dos terroristas. Ligámos à polícia e levaram-no”.
Este domingo viveu-se no pavilhão um outro “momento emocionante”, como lhe chamou Teresa Rafael: com o restabelecimento das comunicações em Palma, muitos destes deslocados conseguiram pela primeira vez falar com os familiares que ficaram para trás. Houve lágrimas de alívio, mas também de preocupação, porque nem toda a gente conseguiu ouvir alguém do outro lado.
Numa folha branca, a tinta verde, a funcionária tem os números atualizados sobre quem ali está: Homens: 40; Mulheres: 66; Crianças: 87; Total: 193; Idosos: 3; Deficientes: 3; Grávidas: 5; Crianças desacompanhadas: zero [Cinco crianças que chegaram a Pemba sem familiares foram transferidas para um lar]; Total de famílias: 54.
As duas famílias do professor, em cantos opostos do pavilhão
Duas destas 54 famílias são de Adelino Mateca, professor primário de 51 anos, que assume com naturalidade: “Sou polígamo, por meu interesse pessoal. Prefiro ter duas mulheres: se uma está nervosa, posso correr para a outra família e acabam-se os problemas”. Com Atija, de 29 anos, Adelino tem cinco filhos: os mais velhos são um casal de gémeos, de 12; a mais nova, Amina, tem apenas um mês e três semanas. Com Ticalaja, de 21 anos, Adelino tem um rapaz de quatro anos, Marques, e uma bebé de oito meses, Zeinabo Amélia. As duas famílias estão em cantos opostos do pavilhão.
Em Palma viviam a uma distância maior, em bairros diferentes. No momento em que começou o ataque de 24 de março, o professor estava a sair da casa de uma das famílias para ir à outra buscar uma sua filha doente e levá-la ao hospital, mas apanhou os vizinhos a prepararem-se para fugir, porque já tinham começado os ataques.
Apenas com a roupa que tinha no corpo, Adelino pegou na filha ao colo, atravessou um riacho, perdeu-se da mulher e do filho enquanto se dispersavam para fugir “aos malfeitores”. Dormiu na praia e só reencontrou esta mulher e o outro filho no dia seguinte. “Houve tiros em todos os lados, não havia por onde fugir. Quem salvou a vida para chegar aqui teve a sorte de Deus”.
A outra mulher, com cinco filhos, escondeu-se no mato durante cinco dias até ir ter a Afungi, a base de operações da Total nos arredores de Palma, e foi aí que Adelino reuniu as duas famílias. “Deus é que abençoou este reencontro”.
Mulheres e crianças tiveram prioridade no resgate aéreo. Adelino veio para Pemba num navio e está muito grato por poder ficar no pavilhão. Anseia por voltar a Palma, mas tem medo dos insurgentes. “Todos aqui temos medo. Eles maltratam a comunidade. Raptam crianças e mulheres.”
Desde os ataques a Palma, deram entrada no Hospital de Pemba 81 pessoas (dez crianças), a maioria com ferimentos relacionados com a fuga. Quatro têm lesões provocadas por objetos ou balas. Apenas um militar recebeu assistência aqui, segundo o diretor do hospital, António Carvalho, que ressalva no entanto que há um posto próprio para tratar os elementos do exército. Entre Palma e Pemba, em pleno processo de fuga das mães, nasceram pelo menos quatro bebés. Acabaram por ser levados ao hospital por precaução, apenas para serem observados, mas ninguém precisou de ficar mais de 48 horas internado: “Os bebés estão bem de saúde e as mães também”.
Estes quatro bebés também sofrerão o impacto da tragédia coletiva em Cabo Delgado, segundo o psicólogo Lourenço Julião: “Isto deixa cicatrizes que nunca vão desaparecer. A nossa geração e a dos nossos filhos vão ficar com marcas — que talvez só desapareçam no tempo dos nossos netos”.