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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Rangel não exclui câmara do Porto nem voltar a ser candidato a líder: "Nunca descartei nada"

Paulo Rangel diz que "há muitas condições" para Rio ser sucessor de Costa, elogia a atuação do PSD no IVA da eletricidade e diz que com Costa se está próximo da "claustrofobia" dos tempos de Sócrates.

Paulo Rangel chega ao Congresso como um dos nomes prováveis para a encabeçar a lista apoiada por Rui Rio ao Conselho Nacional. A longo prazo, não descarta voltar a ser candidato à liderança (e dá exemplos como Joe Biden que até na casa dos 80 disputa a presidência dos EUA) e a curto-médio prazo não descarta ser o candidato do PSD à câmara do Porto. Na verdade, não descarta nada, porque, como lembra, nunca o fez. É para já tudo “extemporâneo” e atribui as perguntas ao “condimento da sopa”. Da Vichyssoise, entenda-se. Para Rangel o tempo agora é de Rui Rio a quem elogia a forma como geriu o dossier da descida do IVA na eletricidade e a quem vaticina um futuro auspicioso: “Há muitas condições de Rui Rio ser o próximo primeiro-ministro”.

Paulo Rangel é um dos senadores do PSD? Ou ainda não se revê nesse papel?
Não. A origem de senador, é sénior. E, portanto, ainda não estou. Para lá caminho.

Ainda não está nesse ponto. Falaremos disso mais à frente. Há dois anos não apoiou Rui Rio, agora fê-lo. Isso significa que faz uma avaliação positiva destes últimos dois anos?
Em primeiro lugar, há uma estratégia de médio prazo. E isso é uma experiência muito importante para o partido, depois da experiência da troika, era preciso fazer uma afinação. Depois de um período tão difícil era preciso fazer afinação programática, ideológica, de práticas políticas e de a fazer com algum tempo, com horizonte de algum tempo.

Acha que a política de hoje em dia permite esses tempos? Isso era um dos problemas que Rio tinha e identificava, que era o timing das notícias.
Há duas coisas distintas. Uma delas é o timing da comunicação e aí os tempos são tiranos e não há como combater. Compreendo que Rui Rio se queixe e gostasse de um ritmo que permitisse um pouco mais de profundidade e de seriedade no comentário, na resposta, na explicação. Mas contra isso não se pode fazer nada, a sociedade tecnológica é o que é. Outra coisa totalmente diferente, e aí acho que ele tem toda a razão, é os partidos planearem o seu trabalho a médio prazo. A questão estratégica. O tempo é o mesmo. Os países e os partidos que querem governar os países precisam de fazer uma estratégia com tempo. E penso que ao longo dos últimos dois anos ele demonstrou isso. A sua vitória nas diretas demonstra que os militantes também o compreenderam. Há conjunturas e circunstâncias que explicam certos resultados e isso não deve fazer com que o partido mude a sua estratégia porque a estratégia tem condições para ser vencedora no médio-prazo.

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Ninguém está garantido em lugar nenhum nunca. Portanto, o presidente Rui Rio não está com certeza garantido.

Isso quer dizer que Rui Rio está garantido na liderança do PSD independentemente dos próximos resultados?
É evidente que há sempre uma conjuntura e uma circunstância. Portanto, ninguém está garantido em lugar nenhum nunca. O presidente Rui Rio não está, com certeza, garantido. O que eu estou a dizer é que passado este ciclo de 2019, há muitas condições de ele ser o próximo primeiro-ministro português. Se vai demorar dois anos, dois anos e meio, três ou mesmo quatro, é algo que temos de aguardar.

"Há muitas condições de Rui Rio ser o próximo primeiro-ministro português"

Não concorda com Passos Coelho que veio apelar a uma união de esforços que será mais facilitada agora porque os rostos da troika já não estão nestes dois partidos? Temos Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos, que não têm a ver com o PSD e CDS da troika. Há vantagem de estratégia política nessa união?
A estratégia de médio prazo de que falo com certeza que passa pelo diálogo e pela convergência com outras forças políticas à direita do PSD. Não é apenas o CDS, embora eu ache que o CDS deva ser o parceiro privilegiado. É também a Iniciativa Liberal e será também um setor moderado do PS que estará num desencanto. Vimos agora no Orçamento com a geringonça. Agora está muito orientada para o PCP, que aliás caminha alegremente para a extinção com esta opção estratégica que fez, de se juntar ao PS. Não é nada de novo. Se olharmos para a extinção do PC Francês, resultou de um abraço de urso que lhe deu Mitterrand e é o que Costa está a fazer ao Partido Comunista. E, portanto, é natural que algum setor moderado do PS também possa vir aqui.

"Se o Chega caminhar para esse tipo de doutrinas mais perigosas, evidentemente que aí deve haver um cordão sanitário ainda mais forte"

Não incluiu aí o Chega, foi de forma propositada?
Foi de forma propositada. Não incluí o Chega porque tem de haver aqui uma linha vermelha. Embora deva dizer que o Chega até agora, tirando aquele episódio lamentável — não necessariamente racista pois ele teria dito o mesmo de uma pessoa caucasiana, mas sem dúvida xenófobo –, não se pode dizer que seja um partido fascista. É  claramente de direita radical, mas, aparentemente, a querer jogar o jogo democrático. Podemos ter aí uma linha vermelha. Ele não deve fazer parte dessa convergência. Se der sinais, que até admito que venha a dar, de estar a caminhar para esse tipo de doutrinas mais perigosas, evidentemente que aí deve haver um cordão sanitário ainda mais forte que aquele que resultou das minhas palavras quando excluí o Chega deste raciocínio.

E, portanto, o caminho é o centro.
Houve aqui uma grande contestação de alguns setores do PSD à palavra centro, que eu não compreendo de todo porque Francisco Sá Carneiro quando fez a Aliança Democrática, com Freitas do Amaral (olhando para o CDS atual era um CDS que estava claramente à esquerda do atual), fez claramente uma aliança com os reformadores, a quem deu cinco deputados, e uma aliança com o Partido Popular Monárquico, que era um partido também ecologista à esquerda do PSD, tirando a questão monárquica, deu cinco também. Dez deputados logo para esses. Cavaco Silva foi alguém que se situou ao centro. O maiores admiradores de Angela Merkel aqui no PSD, talvez devessem ver como ela fez as suas campanhas. O grande mote foi sempre Die Mitte. A CDU alemã, um partido que tal como o PP espanhol está à direita do PSD, escolheu como lema para as suas campanhas “O centro”. Nenhum partido é vitorioso sem chegar ao centro. Isto não significa hostilizar o centro-direita e até uma direita moderada, mas temos de almejar o centro. Há certas discussões que não entendo.

Rangel sobre Porto e PSD: "Nunca descartei nada"

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Há pouco falou na forma como os militantes do PSD encararam os resultados eleitorais. Numa entrevista ao Jornal de Negócios dizia que os eleitores não gostam de quem não perde com fairplay. Foi isso que aconteceu a Luís Montenegro?
Não.

Não era uma referência a Luís Montenegro?
Não era nenhuma referência a nenhum episódio passado. Era, se quiser, uma reflexão para o futuro. Até agora não vi nenhuma falta de fair play por parte de Luís Montenegro.

Mas espera que aconteça aqui no Congresso?
Não. Estando resolvida esta questão, e o próprio Rui Rio o diz, não quer dizer que as pessoas não manifestem as suas divergências. Também eu tenho divergências com Rio. Apoio, mas não é um apoio acéfalo. Faço-lhe chegar essas divergências discretamente, e há algumas que até manifesto em público.

Quais são as divergências que tem com ele? O que acha que correu mal?
Há pouco, quando falávamos da velocidade da comunicação, acho que podíamos ter feito bastante melhor. Fazendo agora uma retrospetiva, na questão dos professores, podíamos ter feito uma comunicação imediata muito melhor. Aquilo foi numa quinta à noite, devíamos ter feito logo na sexta de manhã.

Como o fizeram no IVA da eletricidade?
Agora na questão da eletricidade isso passou muito bem: nós exigimos contrapartidas. E atenção que o IVA da eletricidade, que está a ser muito criticado, é uma bandeira muito bem escolhida por Rui Rio no PSD.

Porquê?
Porque favorece, sem dúvida, as classes mais frágeis, mas também a classe média – e a classe média nunca tem medidas para ela. É uma medida importante. Aliás, Portugal é um dos países onde se passa mais frio. As casas estão mal aquecidas, as construções não estão preparadas para isso.

A pobreza energética de que se fala?
Claro. E fazer poupanças com isto? Ora se nós temos as pessoas com frio, ficam mais rapidamente doentes. E vão usar o Serviço Nacional de Saúde. Há medidas que são estruturantes. E aqui, acho que o PSD passou muito bem.

"A redução do IVA na eletricidade uma bandeira muito bem escolhida por Rui Rio no PSD."

Também tem havido críticas.
Há pessoas a dizer que houve malabarismo, porque houve uma mudança de voto contra o PCP. Não é verdade.

Não?
O que aconteceu foi que as contrapartidas iam ser votadas. Se fossem antes, o voto do PSD era um, se fossem aprovadas. Não sendo aprovadas antes, o voto do PSD tem de ser outro.

"Não estou à procura de nenhum lugar. Só para lhe dar um exemplo: com o Pedro Passos Coelho, em 2010, encabecei a lista ao Conselho Nacional e depois no congresso seguinte nem sequer fui candidato ao Conselho Nacional."

Se Rui Rio o convidar para encabeçar a lista ao Conselho Nacional, está disponível?
Não vou falar de nada de listas. Não estou à procura de nenhum lugar. Só para lhe dar um exemplo: com o Pedro Passos Coelho, em 2010, encabecei a lista ao Conselho Nacional e depois no congresso seguinte nem sequer fui candidato ao Conselho Nacional. Até porque tenho lugar por inerência no Conselho Nacional (como presidente dos deputados do PSD no Parlamento Europeu).

E uma eventual candidatura à liderança do PSD no pós-Rio? Nas Europeias teve um mínimo histórico. Esse resultado de alguma maneira compromete uma eventual candidatura?
Não há festa nem festança a que não venha a Dona Constança. Isso é totalmente extemporâneo, não tem qualquer sentido estar a discutir.

Mas não é uma hipótese que descarte de todo.
Até podia dizer que na minha vida política já aprendi a não descartar nada. Mas não é isso. Eu nunca descartei nada, pelo que também não é agora que vou começar. Se olhar para as eleições americanas, o presidente dos EUA tem 72 anos e os candidatos do partido Democrata estão quase todos nos 80. O Reagan foi Presidente com quase 80. há uma coisa que eu gosto muito da sociedade atual: podemos ter um primeiro-ministro com 33 anos, como o austríaco, ou uma primeira-ministra como a da Finlândia que tem 38. E podemos ter um Macron eleito aos 40, e um Biden eleito aos 80. Isto é que é uma sociedade inclusiva, diversa e aberta em que há lugar para todos.

Portanto, está a fazer planos a longo prazo.
Se o Sistema de Segurança Social e eu estiver a precisar de uma reforma, talvez tenha tempo para pensar nisso.

Então já que não descarta nada, está disposto a contribuir para as autárquicas como candidato à Câmara do Porto?
Mais uma pergunta extemporânea. Não sei se é da sopa que tem algum condimento especial.

As autárquicas são o grande combate político que Rui Rio vai travar neste próximo mandato.
Primeiro terá as presidenciais, um combate importante.

Mas não são os partidos que definem os candidatos. E Rui Rio nem incluiu o assunto na moção.
Eu teria feito uma referência, até muito breve, na moção de estratégia global. Compreendo o argumento de Rio, o de dar espaço e liberdade a Marcelo Rebelo de Sousa. Ele ter pedido isso ao próprio líder do PSD, que não partidarizasse as presidenciais, parece-me altamente plausível.

Certo é que o presidente do PSD não fala de presidenciais na moção, mas fala de autárquicas. Diz que é extemporâneo, mas sabe que o seu nome é muito falado para esse lugar.
Nem toda a gente sabe isso, mas o meu nome até para Lisboa chegou a ser falado. Não acho que ajude ninguém, e muito menos o partido, estar a falar sobre esses cenários. Para já, e talvez não me fique muito bem, eu continuo a fazer o meu trabalho europeu com grande empenho. O PSD tem hoje um peso específico muito grande no PPE. Com o Brexit (infelizmente), o PPE conseguiu aumentar o seu peso no Parlamento Europeu. Aumentámos 5 deputados e os socialistas perderam. A diferença já é de 40 deputados, nunca existiu essa diferença. E eu tenho aqui um papel, para o PSD e para Portugal – embora nem sempre bem usado pelo Governo – que não quero descartar.

Não descarta nada, mas para já tem outras funções.
Não quero descartar o meu papel na Europa, era o que eu queria dizer.

Paulo Rangel diz governação de Costa está "perto da claustrofobia" de Sócrates

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Utilizou o termo “claustrofobia democrática” a propósito de um período de governação de José Sócrates. Tendo em conta que é um crítico da governação de António Costa, tem alguma expressão que queira utilizar para caracterizar este período?
A situação é de grande condicionamento, não tenho dúvidas sobre isso. Acho que estamos muito próximos dessa ideia da claustrofobia, não estamos longe. Hoje há uma grande falta de pluralidade no espaço comunicacional, que é muito condicionado… Por isso é que eu dizia há pouco que neste caso do IVA da eletricidade, apesar de tudo e de todas as malfeitorias plantadas por António Costa e pelo seu valete Mário Centeno, conseguimos passar a mensagem de uma forma diferente do que passámos no caso dos professores. Portanto, acho que isso já foi um grande ganho.

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