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Saco de pano, papel reciclado, tintas ecológicas e muito otimismo. Estará o PAN a caminho de Bruxelas?

De saco de pano ao ombro, flyers de papel reciclado e tinta ecológica em punho, a abordagem do PAN é “só para quem quer”. E as sondagens dizem que há mesmo quem queira vê-los em Bruxelas.

“Tem mesmo de ser? Não concordo nada convosco”, questionava um homem de meia idade, num passo rápido e fugidio, frente ao Campo Pequeno. “Não, não tem de ser, não obrigamos ninguém” respondeu André Silva, o homem que surpreendeu em 2015 quando foi eleito deputado pelo PAN na Assembleia da República, enquanto aceitava de volta o panfleto do partido para as Eleições Europeias.

Quem quer, quer. Quem não quer, mais fica. Nada que estrague o entusiasmo do partido que pode voltar a surpreender nestas europeias. A ação de campanha nesta tarde é feita sem grandes meios e de forma descontraída, frente à praça de touros na capital, “escolhida com intenção, claro” depois de uma passagem pela aficionada Vila Franca de Xira na quarta-feira.

A sondagem da Pitagórica para a TSF e o Jornal de Notícias dá ao PAN 3,3% e a hipótese de eleger um eurodeputado. “Não nos surpreende e estamos otimistas na eleição”, diz Francisco Guerreiro o cabeça de lista às eleições, enquanto justifica a subida nas sondagens com o “esclarecimento” que o partido tem conseguido fazer junto das populações e através das redes sociais.

Carolina, de 19 anos, é natural da ilha da Madeira e está indecisa entre votar no PS ou no PAN. A sua família foi atingida pelo incêndio de 2016 e considera a hipótese de estar presa “a um voto emocional”. “Na altura dos incêndios, o PS foi o único a ir lá a casa, a estar perto da minha família e a querer saber o que aconteceu. Os outros só vão lá quando querem votos”, diz a jovem depois de parar uns minutos para conversar com André Silva sobre as propostas do partido, com as quais concorda.

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André Silva foi, aliás, durante as duas horas em que decorreu a campanha o mais solicitado para selfies e conversas. “Tem sido assim todos os dias, é o rosto mais conhecido do partido”, diz o candidato a eurodeputado, não se importando com a falta de reconhecimento.

Uma das selfies pedidas ao longo da tarde junto ao Campo Pequeno, em Lisboa.

Uns minutos mais tarde e um momento caricato na paragem de autocarro: “Ai, é do panda, não quero!”, retorquiu uma senhora, já na casa dos 70, quando abordada. “Não é do panda, é do PAN”, mas (mesmo entre gargalhadas) o folheto não foi aceite.
Esta é uma campanha sem pressas, sem comitivas numerosas a descer ruas e com tempo para tirar dúvidas e responder a perguntas. Sempre que o eleitor diz que vai votar, mas ainda está “indeciso” é acompanhado ao longo de uns metros. “Temos que aproveitar para esclarecer toda a gente e, acima de tudo, pedir às pessoas que votem. Podem nem votar em nós, mas têm que votar”, justifica André Silva.

Atendendo aos muitos sinais positivos ouvidos durante a tarde, o PAN pode estar mesmo no caminho certo para a eleição de um eurodeputado. “Já votei em vocês nas últimas eleições. Está garantido”, assegura um senhor na casa dos 40 anos enquanto caminha apressado.

Luís Silva coloca no PAN maior pressão: “Para mim é a última oportunidade que vou dar aos políticos. Se com este partido eu votar e for enganado como já fui enganado pelos outros pode ter a certeza que a partir desta eleição não vou votar mais”.

Por entre agradecimentos ao “trabalho feito pelos animais” lá surgem mais uns eleitores indecisos que vale a pena acompanhar no passeio frente ao Campo Pequeno. A maior parte acaba por parar alguns minutos para escutar a explicação das propostas feitas pelo partido no Parlamento e o sentido de voto dos vários partidos em cada uma delas. É uma tabela que surge num panfleto de tamanho A4 que tem uma imagem do Planeta Terra como primeira página.

“Há que ser coerente. Há partidos que agora se dizem ambientalistas mas depois não usam papel reciclado nem tintas ecológicas e fazem comícios pelo país inteiro com churrascadas”, defende Francisco Guerreiro, numa crítica às caravanas dos partidos ditos tradicionais.

Para o candidato, o otimismo na eleição de um eurodeputado vem também do “descrédito generalizado nos partidos do sistema”. Caso consiga a eleição de um eurodeputado, o PAN garante que irá tentar fazer com que a família dos Verdes Europeus “pressione para que se declare o estado de emergência climática na União Europeia”.

Para este último dia da campanha ficou agendada a presença em mais uma greve climática estudantil, com concentração no Marquês de Pombal, em Lisboa. E é sobre esta greve climática que o candidato a eurodeputado conversa com Leonor, de 15 anos, que ainda não pode votar, e com a mãe, Teresa. Numa tentativa de conquistar o voto, pelo menos da mãe assumida simpatizante do PAN, explica a proposta de alteração da idade de voto para os 16 anos e questiona a jovem sobre a eventual presença na iniciativa pelo ambiente que se realiza durante a manhã. “Não é fácil porque implica faltar às aulas” e os professores não gostam, apesar de alguns estarem de acordo com a causa dos jovens, garante Leonor.

Francisco Guerreiro confidencia, à passagem de um carrinho de bebé, que “as saudades aumentam”. Em casa tem duas filhas, uma delas com dois meses. O cabeça de lista às Europeias, de 34 anos, é o assessor político do partido na Assembleia da República.

No currículo conta já com uma candidatura, nas autárquicas de 2013, à presidência da Câmara Municipal de Coimbra. Foi o número dois da lista que nas últimas legislativas conseguiu eleger o deputado André Silva para a Assembleia da República e o número três do PAN nas europeias de 2014.

Aquando da apresentação de Francisco Guerreiro como cabeça de lista do PAN, o partido referia ainda que entre os hobbies do candidato estavam “a leitura e a recolha de lixo” e parece que a campanha para as europeias também serve para juntar o útil ao agradável.

“No sábado fizemos uma ação de recolha nacional em que juntámos mais de 550 pessoas, recolhemos 15.700 litros de lixo”, destacou o candidato explicando ainda que convidaram todos os partidos “para diminuir a pegada ecológica da campanha”. Antes de dar por terminada a ação, tempo ainda para olhar o outdoor do PSD, que mudava de cara, e mostrar “perplexidade” com a alteração “a dois dias do fim da campanha”. Um “desperdício”.

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