894kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Santana faz depender candidatura a Belém de boas sondagens

Santana não exclui candidatura, especialmente se houver "golpe de asa" que o coloque mais bem posicionado nas sondagens. Mantém, no entanto, corrida autárquica à Figueira (ou a Sintra) em aberto.

Pedro Santana Lopes admite avançar para Belém caso as sondagens lhe deem hipóteses de vencer no momento em que tomar a decisão — que, sabe o Observador, só fará em definitivo em 2025. Apesar de manter em aberto outras possibilidades para o seu futuro político — como continuar na Figueira da Foz ou assumir a candidatura a uma autarquia da Grande Lisboa — o antigo-primeiro-ministro admitiu na segunda-feira que ser Presidente da República é a “honra suprema”.

Santana Lopes ainda não começou a fazer contactos, mas tem tido algumas movimentações estratégicas. O antigo líder do PSD saiu da Figueira da Foz no sábado e, pelo rádio do carro, foi controlando o momento em que Marques Mendes chegaria ao Congresso do PSD. Decidiu que só entraria depois de Mendes e não avisou ninguém. Nem Luís Montenegro. Esperava ir para as bancadas reservadas a “observadores”, mas uma decisão espontânea de Hugo Soares colocou-o numa fila de honra, mesmo junto ao potencial candidato presidencial elogiado por Luís Montenegro. Muitos na sala, incluindo dirigentes do PSD, leram a ida ao Congresso como uma marcação a Mendes, mas Santana garantia que não era esse o seu propósito: “Se não quiserem acreditar, não acreditem.”

Mas Santana tiraria outro coelho da cartola. Ao ir para as filas da frente, aproveitou estar com Marques Mendes para o convidar para ir ao programa dele, o Informação Privilegiada, no canal Now. Dois dias depois, sentado à mesma mesa que Marques Mendes, o anfitrião provocou o convidado: “Pode ser que falemos das nossas divergências para o ano. Depois do Luís decidir [sobre Belém], quem sabe ele como candidato, ou os dois [como candidatos], ou nenhum”.

Santana chegaria mesmo a admitir a candidatura na segunda-feira: “A Presidência da República é assim: quem tenha boas sondagens, deve ser candidato. Se me recandidatar na Figueira da Foz, dou graças a Deus e serei feliz. Mas quem tiver boas sondagens em Presidenciais, é uma missão candidatar-se, um dever a que ninguém tem o direito de fugir.” E diria mesmo: “Se o Luís fosse embora, se fossem todos viver para a Austrália, se tudo mudasse… não seria hipócrita, nem cínico”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A frase de Santana poderia sugerir que o antigo primeiro-ministro faria depender a candidatura de um avanço de Luís Marques Mendes, mas o Observador sabe que essa não é uma preocupação de Santana Lopes. Apesar da ida ao Congresso, Santana também não fará depender a sua candidatura do apoio do PSD, mas apenas das sondagens. “Não estou disponível para ir para perder”, já tinha dito à Rádio Observador há duas semanas. Na mesma entrevista, acrescentaria: “Currículo tenho, experiência política para isso também”.

Santana, em frente a Mendes, não exclui candidatura a Belém. “É a honra suprema de quem anda nesta vida”

Santana Lopes admitia, no entanto, que os números que existem não lhe são favoráveis. “Sondagens, pelo que tenho visto, são más”, dizia à Rádio Observador. Uma sondagem de 2 de agosto do Jornal de Negócios dá, de facto, Pedro Santana Lopes a perder contra Gouveia e Melo e contra a Ana Gomes. Ao mesmo tempo, Marques Mendes só perde para António Guterres. Na sondagem TVI/CNN do final de setembro, Santana já não aparece, mas Mendes perde força face ao almirante Henrique Gouveia e Melo. Dez dias depois, na Rádio Observador, Santana seria implacável para o antigo colega de Governo: “Candidatos à direita, como o dr. Marques Mendes, devem pensar perante as sondagens se devem meter-se nessa aventura.”

[Já saiu o quarto episódio de “A Grande Provocadora”, o novo podcast Plus do Observador que conta a história de Vera Lagoa, a mulher que afrontou Salazar, desafiou os militares de Abril e ridicularizou os que se achavam donos do país. Pode ouvir aqui, no Observador, e também na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube. E pode ouvir aqui o primeiro episódio, aqui o segundo e aqui o terceiro.]

Apesar de Santana não ter sondagens favoráveis — a condição suprema para se candidatar — o candidato vai dizendo em várias declarações sobre o assunto que “na política tudo muda muito rápido”. À Rádio Observador há duas semanas chegou a dizer que “isto tudo muda” e que, “num golpe de asa”, qualquer um pode “estar em primeiro ou segundo lugar nas sondagens”. Além disso, o antigo primeiro-ministro, sabe o Observador, acredita que quando começarem a ser apagados nomes nas sondagens que se coloquem de fora (como o de Passos Coelho), o seu pode subir com essa clarificação. E também que pode beneficiar do facto de vir a assumir um interesse mais direto em entrar na corrida.

O sonho antigo e os outros caminhos

A Presidência da República é um sonho antigo para Santana e o próprio confidenciou, em pleno Congresso do PSD, que “houve duas vezes” em que ponderou avançar, mas “a vida seguiu outros caminhos. E puxou dos pergaminhos: “Em 2002, estava à frente das sondagens, mesmo do professor Cavaco Silva, mas depois fui presidente da Câmara de Lisboa, primeiro-ministro e por aí fora.”

Santana encara Belém sem pressão. Se der, deu. Se não der, segue o caminho autárquico. “Não me dá dores de cabeça”, confessou à Rádio Observador no início de outubro. Na mesma entrevista dizia que “o mais natural” era ser recandidato pela Figueira da Foz. Mas o Observador sabe que há outras hipóteses em cima da mesa, mesmo no plano autárquico. Luís Montenegro, sabe o Observador, não afasta a possibilidade de Santana Lopes poder ser candidato a Sintra, uma autarquia nas mãos do PS, mas com Basílio Horta em final de mandato. Um nome forte, daria ao PSD possibilidades de vencer.

Quando o antigo primeiro-ministro admitiu no sábado no Congresso que “há conversas” sobre autárquicas com Montenegro, não afunilou o assunto na Figueira. Até a câmara de Cascais já foi falada nos bastidores como uma boa opção para Santana, embora tudo pareça encaminhado para que Nuno Piteira Lopes seja o herdeiro natural de Carlos Carreiras. Ainda assim, sabe o Observador, Sintra é neste momento uma hipótese mais provável. Santana Lopes não esconde a ligação afetiva à Figueira, mas com a vida familiar em Lisboa, o mandato autárquico obriga o autarca a fazer esticões — quase sempre a conduzir o próprio carro — entre a capital e a zona centro. Se fosse autarca em Sintra ficava mais perto dos filhos e dos netos — o que valoriza.

Esta nem é a primeira vez que uma candidatura a Sintra é apontada ao ex-primeiro-ministro. Marcelo, quando era líder, convidou Santana Lopes para ser candidato autárquico, dando-lhe a oportunidade de escolher entre Sintra, Torres Vedras, Arganil e Figueira da Foz. Santana preferia Sintra, mas Pacheco Pereira chumba o nome na distrital de Lisboa. Durão Barroso, a partir dos Estados Unidos, avisara Marcelo: “Vocês são loucos. Deixam-no candidatar-se e ele ganha”. Tinha razão. A candidatura acabaria por ser à Figueira da Foz e Santana Lopes ganha com maioria, algo que o partido nunca conseguira naquele concelho. Nascia aí o Santana autarca, que voltaria ao lugar onde foi feliz em 2021 e onde se mantém até hoje.

Mendes bem posicionado foi lesado das tarefas de Hugo e silêncio de Montenegro

Apesar das movimentações de Santana, Marques Mendes aparece melhor posicionado quer no partido, quer em sondagens. Como o Observador escreveu, a declaração de Luís Montenegro na entrevista à SIC tornou o nome do comentador político como candidato quase inevitável do PSD a Belém. Isto depois de já estar no terreno desde o verão e bem posicionado para ter o apoio da estrutura do partido.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

O presidente da câmara de Braga, Ricardo Rio, na abertura do Congresso, puxou por Marques Mendes, quando disse: “Vejo estrelas a alinharem-se para que em Belém Braga continue a ter muita influência”. Mas, em contra-ciclo, Luís Montenegro não falou uma única vez em Presidenciais durante o Congresso, mesmo que tenha discursado três vezes no palco e tenha dado declarações laterais aos jornalistas.

A entrada de Mendes também não foi tão apoteótica como em 2022, mas isso, sabe o Observador, não terá sido por culpa própria. Em 2022, Hugo Soares fez questão de chamar Marques Mendes para uma salinha reservada, onde aguardou o ex-líder aguardou uns minutos e onde também estava Luís Campos Ferreira. Mendes só entraria na sala com os trabalhos interrompidos, podendo ser aplaudida a sua entrada, com pompa e, acima de tudo, circunstância.

Desta vez, Hugo Soares, ainda atarefado a tratar de listas aos órgãos nacionais, não teve o mesmo cuidado. Até porque a direção do PSD não queria promover esse momento personalizado. Assim, Mendes acabou por entrar enquanto falava Pedro Duarte (fora da vez dele, porque estava a ser entrevistado pela Rádio Observador quando foi chamado ao palco) e, como é compreensível, Miguel Albuquerque não interrompeu o ministro para registar a chegada. Quando Mendes foi anunciado no palco minutos depois já estava sentado, mal apareceu nos ecrãs e as palmas não tiveram a mesma intensidade. Perdeu-se um momento de aclamação, mas a culpa não foi do potencial candidato.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.