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O café Street Food Bar No.1 tinha sido alugado para um evento pelo grupo de propaganda russo conhecido como Cyber Front Z

AFP via Getty Images

O café Street Food Bar No.1 tinha sido alugado para um evento pelo grupo de propaganda russo conhecido como Cyber Front Z

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São Petersburgo. O que se sabe (e o que falta saber) da explosão em café que matou o comandante militar russo Vladlen Tatarsky

Blogger pró-Kremlin Vladlen Tatarsky estava num evento num café em São Petersburgo. Terá morrido na sequência de explosão, após ter recebido uma estatueta de gesso das mãos de uma mulher.

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Apoiava a invasão russa da Ucrânia, mas também dirigia críticas à forma como a guerra estava a ser conduzida pelas forças de Moscovo. Chamava-se Maxim Fomin, mas era mais conhecido por Vladlen Tatarsky. O comandante militar e blogger pró-Kremlin morreu este sábado, aos 40 anos, na sequência de uma explosão num café em São Petersburgo.

Passavam poucos minutos das 18 horas locais (16h em Lisboa) quando o Street Food Bar No.1 — café que, em tempos, pertenceu a Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner — foi alvo de uma explosão. O espaço tinha sido, segundo a BBC, alugado para um evento, onde Vladlen Tatarsky desempenhou o papel de orador convidado, organizado por um grupo de propaganda russo conhecido como Cyber Front Z.

A organização, que se descreve no Telegram como “as tropas de informação da Rússia” garante ter tomado “medidas de segurança”, que “infelizmente não foram suficientes”. “Houve um ataque terrorista”, escrevem nessa rede social, onde enviam “condolências a todos os que conheceram o excelente correspondente de guerra” e “amigo Vladen Tatarsky”.

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Até ao momento, o Ministério do Interior da Rússia só confirmou a morte de Vladlen Tatarsky, bem como a existência de, pelo menos, 25 feridos. A explosão encontra-se a ser investigada, com a Ucrânia a já ter negado qualquer envolvimento: “As aranhas estão a comer-se umas às outras num frasco“, escreve um conselheiro do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, no Twitter. Para Mykhailo Podolyak, que antecipa “problemas” para a Rússia no futuro, era uma questão de tempo até o “terrorismo doméstico” se tornar num “instrumento de luta política interna”.

Citado pela Sky News, o analista militar Sean Bell também defende que é “realmente improvável” que os militares ucranianos estejam por detrás do ataque, uma vez que o café não era um alvo militar.

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A motivação do ataque é uma das grandes dúvidas que permanecem

Anadolu Agency via Getty Images

O que se sabe sobre Vladlen Tatarsky?

Era um defensor assumido da guerra da Rússia na Ucrânia. Contava com mais de 560 mil seguidores no Telegram, canal que utilizava para divulgar vídeos e partilhar as suas opiniões acerca do conflito. Foi no ano passado que ganhou particular notoriedade após partilhar um vídeo gravado dentro do Kremlin, no qual deixava uma garantia: “Vamos derrotar todos, vamos matar todos, vamos roubar todos, se necessário. Tudo será como nós gostamos.”

As declarações foram gravadas durante um evento organizado em setembro do ano passado pelo Kremlin, que convidou centenas de pessoas — incluindo Vladlen Tatarsky — para uma cerimónia que tinha como objetivo proclamar a anexação russa de quatro regiões ucranianas: Lugansk, Kherson, Zaporíjia e Donetsk, região de onde o blogger, que se considerava um cidadão russo, era natural.

O site ucraniano TSN avança que Vladlen Tatarsky terá sido condenado, em 2011, a 12 anos de prisão por um assalto à mão armada a um banco. Três anos depois, durante a invasão russa do Donbass, escapou para lutar junto das forças militares da República Popular de Donetsk, apoiadas pela Rússia. “Escapei da prisão, entrei para a milícia [a brigada Vostok]. Depois, mandaram-me novamente para a prisão”, porém, “Alexander Zakharchenko [que foi primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk] ‘perdoou-me’”, afirmou o comandante militar.

Terá sido em 2019 que se mudou para Moscovo e que começou a ser blogger. O The Guardian refere que emergiu como um dos maiores críticos do Ministério da Defesa da Rússia ao longo de 2022, considerando que as forças de Moscovo eram incapazes de obter ganhos militares no território que invadiram e descrevendo os oficiais superiores russos como “idiotas destreinados”. Além disso, Vladlen Tatarsky criticava a falta de coordenação entre as unidades militares e a falta de armas avançadas, como drones.

A TASS escreve que gravava diariamente vídeos chamados “Evening Vladlen”, onde analisava não só o decorrer da invasão russa na Ucrânia, como deixava conselhos para os que estavam mobilizados. Nessas publicações descrevia a situação na linha da frente, dava perspetivas sobre a guerra e sobre os problemas que considerava que o exército russo enfrentava.

Foi este sábado que publicou o seu último vídeo no Telegram. “Precisamos de acabar com esse Estado [ucraniano] mais cedo ou mais tarde” e “esta deve ser a nossa política” foram algumas das frases que proferiu, explica o The New York Times, que acrescenta que o blogger denunciou ativistas russos que se opunham à guerra. Se o último vídeo foi publicado este sábado, as últimas publicações surgiram já este domingo. Por volta das 14h (locais) elogiava outdoors colocados pelo grupo Wagner em Rostov e criticava os planos para construir uma mesquita perto de um “local sagrado” em Moscovo.

O que falta saber sobre a explosão?

Apesar das informações que têm sido divulgadas ao longo das últimas horas pela imprensa russa e internacional, existem detalhes que ainda não são conhecidos. A autoria da explosão é ainda desconhecida, mas desde o início da tarde que a principal suspeita estava a ser apontada para uma mulher. À Interfax, os serviços de emergência deram conta de que o incidente estava a ser considerado “um assassinato premeditado cometido de forma socialmente perigosa”.

A mulher terá entregue um presente a Vladlen Tatarsky: uma estatueta de gesso (um busto do destinatário), onde, alegadamente, estava um dispositivo explosivo controlado por rádio que terá sido acionado depois de o objeto ter sido entregue. O site Meduza diz que a explosão terá ocorrido cinco minutos após a mulher se ter sentado, logo depois de ter dado a estatueta ao blogger. A agência russa RIA escreve que o comandante militar russo conhecia a jovem em questão.

A Interfax relatou que Daria Trepova, nascida em 1997, foi detida devido a suspeitas de estar envolvida no ataque. E na manhã desta segunda-feira o Kremlin confirmou que a ativista tinha sido detida e divulgou mesmo um vídeo com o primeiro interrogatório.

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Pelo Twitter circulam também vídeos (cuja fiabilidade está por apurar) que mostram aquilo que terá sido a chegada de Trepova ao café, cerca de um hora antes da detonação, a carregar a referida caixa. Daria teria já sido detida, no ano passado, por participar num comício anti-guerra.

Ao longo das últimas horas, vários têm sido os rumores que chegam às principais redes. Quando a informação de que o café tinha, em tempos, pertencido a Prigozhin começou a ser divulgada pela imprensa, algumas pessoas começaram a escrever, no Twitter, que o líder do grupo Wagner deveria ter estado no evento — alegando que o mesmo cancelou a sua presença em cima da hora. Estas afirmações ainda não foram confirmadas.

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A motivação do ataque é também uma das grandes dúvidas que permanecem. As circunstâncias do incidente vão ser investigadas pelas autoridades, bem como todos os que estavam presentes no café: “Atualmente, todos os presentes no café no momento da explosão estão a ser investigados quanto ao envolvimento no incidente. Está a ser apurado quem poderá ter trazido o dispositivo explosivo”, revelou uma fonte à TASS.

As autoridades ainda não divulgaram mais informações acerca da explosão. Ainda assim, se for confirmado que Vladlen Tatarsky era o alvo do ataque esta será a segunda morte em solo russo de uma figura pró-russa associada à guerra na Ucrânia. Em agosto do ano passado, Darya Dugina, filha do “cérebro de Putin”, morreu na sequência de uma explosão de um carro. Na altura, Ucrânia e Rússia trocaram acusações sobre quem teria sido o autor do ataque: Kiev garantia não ter “nada a ver” com a situação; Moscovo acusava os “terroristas do regime ucraniano”.

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