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No caso da Síria e da Turquia, as condições dos edifícios não são as melhores

Anadolu Agency via Getty Images

No caso da Síria e da Turquia, as condições dos edifícios não são as melhores

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Sismos. Como a tecnologia e o tempo podem ajudar num cenário de tragédia, em que a maioria dos sobreviventes "não aguenta mais de 24h"

Resgates já começaram na Síria e na Turquia, mas operações têm de ser muito céleres: “Hipóteses de salvar alguém diminuem a cada dia". E, para já, sem recurso maquinaria pesada.

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É uma corrida contra o tempo. As primeiras horas após um sismo de grande magnitude são fulcrais para resgatar pessoas com vida. “A oportunidade para encontrar sobreviventes ocorre sobretudo nos primeiros três dias. Depois disso, já não vale a pena”, explica ao Observador Moustafa Osman, especialista egípcio em catástrofes — com uma empresa de consultoria nestas áreas em Londres — e que já esteve presente em mais de 80 cenários de desastre, incluindo no sismo do Haiti de 2010.

O sismo que afetou o sul da Turquia e o norte da Síria na madrugada desta segunda-feira traduzir-se-á numa tragédia com milhares e milhares de vítimas mortais — ao início da noite desta segunda-feira já se apontava para mais de três mil mortos e o mais certo é este número aumentar ao longo dos próximos dias. Olhando para a história, esta região já foi palco daquele que é considerado o segundo sismo mais mortal de sempre — estimam-se 260 mil mortes.

É certo que, em cada sismo desta dimensão, surgem relatos impressionantes de pessoas que sobreviveram vários dias debaixo dos escombros e que foram resgatadas com vida. Mas, garante o especialista em gestão de desastres David Alexander, esses casos são uma raridade: “Tecnicamente é possível uma pessoa sobreviver até duas semanas debaixo de escombros. Mas, estatisticamente, isto é quase nulo: a maioria das pessoas não sobrevive mais de 24 horas”, explica ao Observador o professor da Unidade de Redução de Desastres da University College of London.

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Os efeitos da devastação do sismo na Síria
dpa/picture alliance via Getty I
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Os efeitos da devastação do sismo na Turquia
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Os efeitos da devastação do sismo na Turquia
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Os efeitos da devastação do sismo na Turquia
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Os efeitos da devastação do sismo na Turquia
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Se já é assim num qualquer sismo com uma magnitude destas, este caso é particularmente mais grave por uma série de fatores. Por um lado, a fraca qualidade de construção dos edifícios daquela área, que os especialistas dizem ter sido visível noutros sismos do passado na Turquia. Por outro, uma Síria em guerra há anos traduz-se em milhares de refugiados que estavam alojados em condições precárias nos dois países. Soma-se ainda as condições atmosféricas de frio intenso que ali se vive e que deverão dificultar operações de resgate, sobrevivência das vítimas e qualidade do realojamento. Já para não falar das réplicas que ainda podem assolar uma região particularmente em risco, tendo em conta a sua localização.

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Como é feito o resgate?

A tecnologia pode ajudar a resgatar ainda algumas pessoas com vida, explica o professor David Alexander: “Usam-se câmaras de fibra ótica para se entrar pelos escombros e equipamento para detetar a presença de seres vivos, como sistemas de deteção de calor. Mas as possibilidades de resgatar alguém são três vezes superiores se a pessoa conseguir chamar a atenção — se ela estiver inconsciente ou incapaz de se mexer, tudo fica mais difícil.” Outra técnica frequente é o recurso a cães, “como os rottweilers, por exemplo, que são muito bons nisso”, para farejarem a presença de humanos.

Quando se encontra um sobrevivente, há várias coisas a fazer. Pode “fornecer-se oxigénio e tentar criar um túnel por onde possam ser retirados”, explica Alexander. Com muito cuidado, as equipas escavam o terreno em volta e usam ferramentas como macacos hidráulicos para elevar e estabilizar os escombros. “É claro que é muito perigoso”, diz o britânico. O uso de maquinaria pesada, como retroescavadoras, não acontece nos primeiros dias, porque pode por em risco as vítimas que ainda estejam soterradas.

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As equipas de resgate na Turquia

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Segundo os especialistas, neste tipo de cenários o número de mortes é potencialmente elevado, não apenas pelo soterramento. “Há muito pó, muitas das vítimas morrem só pela ingestão destes resíduos”, ilustra Alexander. “Outros são resgatados com vida, mas morrem cinco ou seis horas depois por questões como o síndrome compartimental”, diz, referindo-se aos casos em que as vítimas começam a sofrer de insuficiência renal por terem tido um membro esmagado. “As hipóteses de salvar alguém com vida diminuem a cada dia.”

Nem os esforços bem intencionados dos sobreviventes nas primeiras horas ajuda, dizem os especialistas. “Quando tentam ajudar, podem provocar mais danos, por não terem o equipamento certo nem a experiência”, resume Moustafa Osman, já que ao deslocar o entulho podem piorar a situação de alguns sobreviventes que resistem em bolsas de ar. Aquilo que podem fazer é “dar informação”, diz o especialista, apontando para o facto de que, por vezes, os responsáveis locais serem eles próprios vítimas do sismo e não poderem ajudar. “Dou-lhe o exemplo do sismo de Bam, no Irão, em 2003. Ali, 65% dos funcionários estatais morreram no próprio sismo”.

Sobram os cidadãos comuns, que podem ajudar a descrever as plantas dos edifícios, por exemplo. Mas, mais do que isso, não é aconselhável: “É claro que as pessoas sentem que têm de fazer qualquer coisa, mas a raiz do problema está na construção e é preciso saber lidar com ela”, resume David Alexander.

“É claro que as pessoas sentem que têm de fazer qualquer coisa, mas a raiz do problema está na construção e é preciso saber lidar com ela”
David Alexander, especialista em gestão de desastres

No terreno, as autoridades turcas anunciaram que reagiram com rapidez. A AFAD, unidade de gestão de emergências do Ministério do Interior, revelou que para além dos seus funcionários há responsáveis autárquicos e voluntários de ONGs a participarem nas buscas, com 9.698 pessoas no terreno. A organização diz que para as cidades afetadas (Kahramanmaraş, Gaziantep, Şanlıurfa, Diyarbakır, Adana, Adıyaman, Malatya, Osmaniye, Hatay, Kilis) já foram enviados mais de 300 mil cobertores e quase 20 mil tendas, para abrigar os sobreviventes resgatados e os que ficaram sem teto.

Mas perante uma tragédia assim, a ajuda internacional é preciosa. “O facto de a Turquia já ter pedido ajuda facilita e penso que não haverá grandes restrições [às equipas estrangeiras]”, analisa Osman. No passado, esse foi um problema em alguns locais. Na resposta ao sismo do Haiti, por exemplo, a equipa enviada por Israel teve de esperar várias horas até obter autorização do governo de Port-au-Prince para voar para lá, segundo o relato de membros da equipa ao Jerusalem Post.

No caso da Síria, atualmente em guerra civil, a situação complica-se ainda mais pela falta de relações diplomáticas de muitos países com o governo de Bashar al-Assad. Rússia e Israel garantiram que receberam pedidos de ajuda e que irão enviar equipas. Mas os especialistas ouvidos pelo Observador dizem que de nada adianta a mobilização dos países estrangeiros se não se garantir que as equipas chegam ao terreno o mais rápido possível. “No caso do Haiti, por exemplo, ao quinto dia já só foram resgatadas com vida nove pessoas”, lembra David Alexander. “Num sistema montado em ajuda que parte do outro lado do mundo, quando as pessoas chegarem ao local pode já não haver muito a fazer.”

No Haiti, ao quinto dia já só foram resgatadas com vida nove pessoas

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Com locais ou estrangeiros, o importante é que as equipas no terreno sejam especializadas. O primeiro ponto de ordem é montar o campo das equipas de buscas e salvamento, onde estas desenham como se vão coordenar, “distribuindo as equipas por várias localizações”, explica Osman. Cada equipa, segundo o professor Alexander, deverá ter em média 28 elementos, que se dividem em dois grupos — enquanto um trabalha, o outro descansa. Para além deles, há também as equipas de paramédicos, que devem estar a postos para assistir os sobreviventes com vida que sejam encontrados.

A precária condições das casas e os danos

“A escala das consequência não se deve apenas à magnitude, mas também tem a ver com os edifícios.” Quem o diz é Rui Moura, professor de geologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que destaca a importância de as casas serem resistentes o suficiente para não colapsarem na eventualidade de um sismo, assim como o impacto que pode ter nas operações de resgate.

No caso da Síria e da Turquia, as condições dos edifícios não são as melhores. Os especialistas ouvidos pelo Observador falam em construções precárias construídas com materiais pouco adequados para resistir a um sismo, principalmente em território sírio. “Não há infraestrutura resistente. E a Síria não tem uma infraestrutura própria que consiga cuidar das pessoas, só tem a da sociedade civil”, afirma Moustafa Osman.

À Al Jazeera, Mustafa Erdik, professor e membro do Instituto de Pesquisa de Terremotos, disse mesmo que grande parte das mortes se deve à “fraca qualidade” dos edifícios. Para fazer face a este problema, o governo turco chegou a elaborar um plano que incluía uma estratégia nacional para identificar e resolver os principais problemas das habitações. A conclusão? O documento explica que a rápida migração que ocorreu nos anos 50 para o sudeste da Turquia levou a que o desenvolvimento urbano não tivesse sido cuidado, o que tornou as cidades “criticamente vulneráveis” a desastres naturais.

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A má qualidade dos edifícios complica operações de resgate

Anadolu Agency via Getty Images

E, no caso da Turquia, houve sismos avassaladores há relativamente pouco tempo, aponta David Alexander ao Observador, lembrando que “houve colapsos de edifícios em outros sismos turcos em 1999, em 2003 e depois em 2011”. O especialista considera que, desde aí, não foram aprendidas as lições para melhorar a qualidade das habitações — e este terremoto acaba por o provar.

“Se os edifícios fossem construídos de forma cuidada, esperar-se-ia que houvesse 15% de bolsas para que as pessoas se pudessem esconder, mas, ao olhar para os escombros, parece que não houve essas tais bolsas”, lamentou David Alexander. De acordo com os últimos dados disponíveis, cerca de 3.400 edifícios colapsaram devido ao sismo.

Na Síria, um país que é palco de uma guerra civil há quase 12 anos, as condições habitacionais ainda são mais precárias — e é uma raridade encontrar edifícios capazes de resistir a um sismo de tamanha violência. Em Aleppo, uma cidade no norte do país, a população continua com medo de voltar para casa horas depois da tragédia. À Deutsche Welle, Ahmed Bayram, porta-voz do Conselho de Refugiados Norueguês, relatou que as pessoas continuam com medo “de que o telhado lhes caia em cima”. 

Além disso, ao contrário da Turquia, a Síria não adotou qualquer plano para lidar com sismos, nem tem infraestruturas fortes o suficiente para lidar com a problemática. “É meio do inverno e, nesse sentido, o sismo não poderia ter vindo em pior altura. Está muito frio. E muitos sírios vivem em tendas e abrigos temporários”, conta Johan Mooij, da organização World Vision Syria Response, à DW.

"É meio do inverno e, nesse sentido, o sismo não poderia ter vindo em pior altura. Está muito frio. E muitos sírios vivem em tendas e abrigos temporários"
Johan Mooij, da organização World Vision Syria Response

Rui Moura diz que “a fragilidade das edificações é sempre um fator” para que o número de vítimas seja elevado, principalmente “quando as pessoas vivem em casas feitas com alvenaria fraca”. Assim sendo, o professor universitário considera que se deve tomar “cuidado” ao construir estes edifícios, principalmente em áreas onde os sismos ocorrem com frequência.

Apesar disso, as dinâmicas dos terremotos e a frequência com que ocorrem são duas grandes incógnitas, sendo impossível de se prever. Quando passam séculos sem ocorrer um terremoto, Rui Moura frisa que os governos acabam por ter “memória curta”. “Estes efeitos de apreensão e cuidados têm duração de alguns meses após os sismos. As populações tornam-se depois mais relaxadas”, lamentou o professor universitário, que sublinhou que costuma haver um desinvestimento nas construções com qualidades antissísmicas.

O problemas das baixas temperaturas

“Ao frio, na rua”. Foi assim que o jornalista da Al-Jazeera Ahmed al-Khatib descreveu a situação dos sobreviventes na cidade turca de Gaziantep, uma das mais afetadas, razão pela qual muitas mesquitas estão a disponibilizar espaços para que estes se possam abrigar num local quente. As condições climatéricas de neve e frio nas zonas afetadas agravam a situação, não apenas porque diminuem o tempo de sobrevivência dos que estão presos nos escombros, como também afetam o realojamento dos sobreviventes.

“É certamente um fator agravante, porque tem de se encontrar zonas para albergar sobreviventes e se houver feridos a situação complica-se ainda mais”, afirma Rui Moura. “O grande problema é que o sismo também afeta os edifícios e as estruturas de apoio e se estas, como os hospitais, também estiveram afetadas, torna-se difícil acudir e albergar as pessoas.”

“É certamente um fator agravante, porque tem de se encontrar zonas para albergar sobreviventes e se houver feridos a situação complica-se ainda mais”
Rui Moura, professor de geologia na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, sobre o frio

O facto de estas serem zonas maioritariamente planas ajuda, porém. “Nas cidades em encostas é mais complicado, porque há o fator adicional de poder haver deslizamentos com a chuva”, acrescenta o professor.

Moustafa Osman, ainda assim, diz que há aqui um fator social que torna toda a situação ainda mais grave e que torna esta catástrofe “única”. “Há um elevado número de refugiados sírios dos dois lados da fronteira e a maioria dessas pessoas já vivem em abrigos improvisados, em condições muito precárias.”

Se na Turquia ainda existem infraestruturas e um Estado com alguma capacidade de resposta, do lado sírio a situação será certamente muito mais grave. “Ali não há infraestruturas, não há autoridades, há apenas uma sociedade civil, que tem uma capacidade muito limitada para lidar com isto”, insiste Osman. O próprio Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, apontou precisamente para esse facto, destacando que a Turquia “tem outras estruturas”. “O número de vítimas foi muito inferior ao que se imagina que é na Síria”, notou Marcelo.

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Situação na Síria promete ser mais difícil de resolver

Anadolu Agency via Getty Images

David Alexander destaca o trabalho no terreno sírio dos “Capacetes Brancos”, “que são um grupo de heróis”. Estes têm experiência em resgatar pessoas de escombros na resposta a bombardeamentos, mas um cenário como estes é diferente, alerta: “Não sei se eles são capazes de o fazer num cenário como este. Se conseguirem estabilizar momentaneamente a situação até chegarem as equipas internacionais, talvez haja esperança de resgatar mais pessoas com vida. Se não forem, a tragédia será ainda maior”, prevê o especialista em gestão de catástrofes.

Os dois grandes sismos que abalaram a região

Localizado entre dois continentes, e por conseguinte entre duas placas tectónicas (a Euroasiática e a Arábica), a Turquia é fortemente afetada por sismos. E não é só no sudeste do território; também no norte e no oeste ocorrem com frequência fortes abanões.

Ora, o principal sismo que ocorreu na madrugada desta segunda-feira, com magnitude de 7,8 na escala de Ritcher, deveu-se à movimentação da placa arábica “para nordeste”, afetando, por conseguinte, a Turquia, explica Rui Moura, que não coloca de parte que nas próximas horas possa haver réplicas com elevada magnitude. No entanto, o especialista ressalva que esta falha tectónica já “libertou grande parte” da energia acumulada. “A seguir tem tendência para desvanecer. Mas nada impede que nos próximos tempos possa haver um sismo semelhante ao primeiro.”

Zona dos sismos que afetaram a Turquia

Ainda assim, esta zona da Turquia mantinha-se sem um sismo destas dimensões há cerca de 200 anos. O último foi registado em agosto de 1822, tendo chegado a uma magnitude de 7.4 na escala de Ritcher. Como lembra a BBC, já na altura se reportaram danos significativos e registaram-se sete mil mortes. Tendo em conta o cenário menos positivo, o sismo de 2023 pode chegar às dez mil vítimas mortais.

Voltando mais atrás, Rui Moura explica ao Observador que o segundo sismo mais mortal da História ocorreu em Antáquia, numa cidade hoje turca mas que na altura pertencia ao Império Romano. “Nesse sismo, estima-se que terão morrido 260 mil pessoas com uma magnitude estimada de 7,5.” Cerca de um milénio depois, outro terremoto de dimensões gigantescas volta a ter lugar nesta zona, perto da cidade de Aleppo: “A região foi fustigada e morreram 130 mil pessoas”.

Em ambos os casos, a reconstrução foi demorada. Sobre o sismo de 2023, a única certeza é que, ao longo dos próximos dias, o número de mortes irá aumentar. “Não há dúvidas”, determina David Alexander. “Mas só teremos uma noção real daqui a cerca de duas semanas.”

Isto, porque primeiro é preciso concentrar nos esforços de resgate dos potencialmente vivos. Só daqui a alguns dias, quando as equipas concluírem que já não há esperança, pode chegar a maquinaria pesada para retirar todos os escombros. Aí, começa uma nova contagem mais lúgubre: a do número de cadáveres, que dará a dimensão real da tragédia. 

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