O italiano Alessandro Volta apresentou a primeira bateria em 1801 na cidade de Paris, perante Napoleão Bonaparte que lhe concedeu o título de conde e fez dele senador da Lombardia. O dispositivo tinha começado a ser testado uns anos antes, sendo muito rudimentar na sua construção em camadas, com lâminas de cobre, cartão e zinco, separadas por pedaços de couro humedecido. A partir do conceito básico de acumulação de energia demonstrado por Volta, a tecnologia evoluiu ao ritmo do desenvolvimento económico e industrial. Hoje, mais de 200 anos depois, as baterias continuam a ser fundamentais no dia a dia e também para a mudança de paradigma na mobilidade.
Como funcionam?
As baterias funcionam de acordo com o princípio da célula galvânica, segundo o qual partículas eletricamente carregadas fluem do polo negativo para o positivo gerando uma corrente elétrica. A bateria é, simultaneamente, um dispositivo de armazenamento de energia eletroquímica e um conversor. Quando se inicia a descarga, a energia química armazenada na bateria é convertida em eletricidade utilizável pelos aparelhos a ela ligados.
Longe do design primitivo e da capacidade reduzida, as baterias atuais como as de lítio ou de hidrogénio representam uma das tecnologias de ponta que concentra maiores investimentos. Elas são muito mais do que um componente indispensável nos tablets e nos relógios. Atualmente, viver sem baterias parece inconcebível. Se tiver dúvidas, pergunte ao adolescente mais próximo!
Ar puro, sem fumo
Algumas pessoas podem pensar que os carros elétricos são uma invenção recente. Mas, na verdade, os primeiros exemplares surgiram ainda durante o século XIX, na Europa e nos EUA. No início do século XX, os veículos elétricos ganharam popularidade especialmente entre o público feminino porque eram silenciosos e fáceis de conduzir, livres de cheiros desagradáveis dos óleos e da gasolina. Na atualidade, tal como em 1900, os carros elétricos são muito melhores para o meio ambiente porque não há emissões nocivas a sair dos tubos de escape, tornando-os especialmente benéficos em áreas densamente povoadas.
Os carros elétricos oferecem uma condução mais suave e sem ruído, o que em muito contribui para a melhoria do conforto. Além disso, emitem sempre menos gases com efeito de estufa e outros poluentes do que os carros com motor de combustão, mesmo considerando todas as emissões geradas na fábrica e na produção de eletricidade necessária para os utilizar.
Europa dá exemplo
Daqui a 12 anos não vai ser possível comprar carros novos a gasolina, diesel ou híbridos. Em 2035, os fabricantes de automóveis apenas vão poder comercializar, na Europa, veículos novos elétricos, portanto a bateria (BEV). Para atingir a ambicionada neutralidade carbónica até 2050, a União Europeia está a tomar medidas para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em vários setores da economia. Neste sentido, dado que o transporte rodoviário é responsável por mais de 20% das emissões de dióxido de carbono no espaço europeu, a indústria automóvel tornou-se um dos alvos mais visíveis da causa ambiental.
A transição para veículos elétricos deixou de ser apenas uma necessidade motivada pela perceção da poluição nas ruas. A mudança é fundamental para a sustentabilidade do nosso ecossistema. Além da legislação favorável, a rede de pontos de carregamento aumenta, as baterias têm cada vez mais autonomia e até o preço dos carros elétricos vai descendo à medida que o mercado cresce. Finalmente, quase dois séculos depois do seminal, o processo de eletrificação está em franco desenvolvimento e, em breve, serão poucas as marcas sem modelos elétricos.
Factos e números
A quantidade de veículos elétricos vendidos em todo o mundo continua a aumentar, de 1,2 milhões em 2017 para cerca de 10,6 milhões de carros elétricos (BEV+PHEV) no final de 2022, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia (AIE). Em Portugal, os últimos dados publicados pela ACAP, referentes ao mês de agosto, indicam que foram matriculados 6.951 veículos elétricos ligeiros de passageiros (BEV+PHEV) e 208 veículos elétricos ligeiros de mercadorias (BEV). Há ainda a destacar a entrada de 165 veículos elétricos pesados (BEV), valor que engloba os de passageiros e os de mercadorias, durante os oito primeiros meses de 2023.
1,6
milhões de carros elétricos foram vendidos até ao final de 2022 em todo o mundo
6951
veículos elétricos ligeiros de passageiros foram matriculados no mês de agosto
208
veículos 208 veículos elétricos ligeiros de mercadorias foram matriculados nos primeiros 8 meses de 2023
A propósito do crescimento do mercado, importa realçar que em agosto foi registado um novo recorde de vendas de veículos elétricos novos (BEV+PHEV) ao atingir 5.629 unidades vendidas, o que representa 40,3% da quota de mercado. De acordo com os dados divulgados pela Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), a venda de veículos 100% elétricos e Híbridos Plug-In foi mais do dobro da registada em agosto de 2022, atingindo 5.259 unidades, considerando todas as categorias de veículos.
Com a quota de mercado dos veículos elétricos (BEV+PHEV) situada nos 40,3%, verifica-se que 4 em cada 10 novos veículos ligeiros de passageiros vendido em Portugal é um elétrico.
Sete benefícios
Em resumo, a adoção de veículos elétricos no dia a dia representa uma alternativa mais sustentável aos veículos movidos a combustíveis fósseis, com benefícios em termos ambientais, económicos e sociais. Vejamos os mais significativos:
1. Redução de custos: Apesar de muitos ainda serem mais caros no momento da compra, os veículos elétricos têm custos de utilização mais baixos, em comparação com os carros a gasolina ou diesel. A energia elétrica é mais barata e a manutenção também, o que significa economizar dinheiro em substituição de peças, lubrificantes e outros consumíveis que apenas são necessários nos motores de combustão.
2. Benefício ambiental: os veículos elétricos não emitem gases de escape prejudiciais à atmosfera, como dióxido de carbono, óxidos de nitrogénio e partículas finas. Estes gases contribuem para o aquecimento global e para a poluição do ar. Ao usar energia elétrica renovável para carregar os veículos elétricos, a redução nas emissões de gases com efeito estufa pode chegar a 90%. À medida que o número de carros elétricos em circulação for aumentando, a progressiva redução das emissões vai contribuir positivamente para o esforço global de recuperação dos ecossistemas.
3. Benefícios para a saúde: a redução das emissões de poluentes atmosféricos proporcionada pelos veículos elétricos ajuda a melhorar a qualidade do ar, tornando-os mais eficazes também do ponto de vista das políticas de saúde pública. A proliferação de carros elétricos vai melhorar bastante a qualidade do ar nas cidades e áreas urbanas envolventes.
4.
Redução de ruído: os veículos elétricos são muito mais silenciosos do que qualquer carro com motor de combustão, o que também vai levar à descida dos níveis de poluição sonora nas cidades.
5.
Redução da dependência de combustíveis fósseis: ao usar a eletricidade proveniente de energia renováveis permitirá reduzir a dependência dos países em relação aos combustíveis fósseis importados e os riscos associados a acidentes, como os derrames no mar ou as interrupções no fornecimento de petróleo. E quanta mais energia renovável for produzida localmente, menos será necessário importar matéria-prima para que possam circular nas estradas nacionais.
6. Estímulo ao desenvolvimento das energias renováveis: a adoção de veículos elétricos vai incentivar o uso de fontes renováveis de energia, como a solar e eólica, para gerar eletricidade. Isso pode ajudar a reduzir ainda mais as emissões de gases com efeito de estufa e contribuir para a transição energética em direção a uma economia de baixo carbono.
7. Inovação e emprego: os veículos elétricos são impulsionadores do desenvolvimento industrial, estimulando a criação de novas profissões no setor automóvel. Os carros elétricos exigem novas abordagens, infraestruturas, tecnologia e componentes, o que gera novas oportunidades de negócio.
Em Portugal, como no resto do mundo, o futuro da mobilidade elétrica é promissor. A EDP tem vindo a fazer investimentos significativos em energias renováveis, contribuindo para tornar os carros elétricos numa opção de transporte mais sustentável e económica. Na oferta atual, o plano de mobilidade elétrica verde da EDP oferece 20% de desconto na energia consumida à noite, durante 24 meses, com a garantia de estar a consumir eletricidade gerada exclusivamente a partir de fontes renováveis.
Fora de casa, nos postos da rede pública, também é possível carregar as baterias com eletricidade 100% verde. Basta usar o cartão ou a aplicação EDP Charge, disponíveis gratuitamente para qualquer pessoa, independentemente do fornecedor de energia.
No site da EDP, além de obter informação completa e esclarecer dúvidas, é possível fazer simulações para encontrar a solução de carregamento mais ajustada a cada caso. A aplicação EDP Charge permite localizar os pontos de carregamento disponíveis em todo o país e também comandar o início ou o fim de uma sessão de carga, tanto em casa como na rua.
Numa parceria com a Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos (UVE), a EDP lançou também um manual da mobilidade elétrica que visa promover os benefícios do transporte sustentável e contribuir para o objetivo de alcançar a neutralidade carbónica até 2050.