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O que é uma crise existencial?

É um período de tempo durante o qual a pessoa se questiona intensamente sobre a própria existência. Pensa em questões como “Qual é o propósito da minha vida?” ou “Por que estamos aqui?”. Pode vir associado a uma “sensação de vazio”, de falta de sentido e de já não saber bem quem é ou o que quer fazer.

Estas perguntas, inquietações e dúvidas não são apenas uma reflexão pontual, que a pessoa faz a nível intelectual: são geralmente acompanhadas de ansiedade ou angústia.

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Quais são as razões para isto acontecer?

“Pode haver várias causas para uma crise existencial, mas estão normalmente suportadas por dois grandes pilares: o medo e a ansiedade”, diz o psicólogo Valter Ferreira.

Na base desta experiência estão geralmente “dúvidas sobre o futuro e o valor pessoal de cada um – ‘Quem eu sou?’, ‘O que valho?’, ‘O que já conquistei até hoje na minha vida?’, ‘Será que o que fiz foi suficiente?’, ‘O que será que eu sou aos olhos dos outros?’”

As crises existenciais podem surgir em qualquer altura da vida, mas geralmente, estão associadas a momentos de mudança.

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Em que fases da vida são mais frequentes?

Algumas das alturas em que são mais comuns, explica o psicólogo clínico, são “o início da idade adulta — com as novas responsabilidades —,  mudanças de carreira (e os medos associados a isso), quando os filhos saem de casa — em que pessoa pode sentir que perdeu parte da sua função parental e não sabe voltar a focar-se em si própria — ou na altura da reforma — em que a dinâmica se altera de forma significativa”.

Além disso, é frequente que surjam também em caso de morte de alguém próximo, quando a pessoa recebe um diagnóstico de uma doença ou quando há uma decisão importante a tomar. Neste último caso, “associado ao medo de não fazer a escolha certa e das consequências futuras da escolha”.

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E qual é a diferença entre uma crise existencial e uma crise de meia-idade? 

Aquilo a que se chama “crise de meia-idade” corresponde à fase que a pessoa percebe que metade da vida já passou e, com esse pensamento, começa a refletir sobre o que fez ou alcançou. Isto é especialmente evidente se a pessoa não se sente realizada nas várias dimensões da sua vida.

Nessa medida, “uma crise de meia-idade pode ser considerada uma crise existencial”, explica o psicólogo, se a pessoa está a viver uma situação de dúvida que lhe causa sofrimento e angústia. Nesta altura em particular, esta sensação por acontecer associada a uma espécie de balanço de vida. “Existem muitas vezes reflexões acerca de decisões que poderiam ter sido diferentes e conflitos internos marcados pela autocrítica, que conduzem a sentimentos de frustração e insatisfação.”

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Qual é o impacto que uma crise existencial pode ter?

Desde logo, resulta em sofrimento e mal-estar. Por isso, é natural que haja mudanças no comportamento da pessoa e na forma como se relaciona com os outros e com a vida.

Quando se atravessa esta fase, “todos os relacionamentos interpessoais podem sofrer, devido à incapacidade de conexão emocional ou a conflitos originados por expectativas não atingidas”.

A pessoa “pode afastar-se de amigos e familiares, entrando num padrão de isolamento e solidão” e pode impactar o trabalho levando “a um desempenho reduzido, falta de motivação e dificuldades em cumprir prazos e objetivos”.

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Mas uma crise existencial é um problema de saúde mental?

“A crise existencial provoca sofrimento, mal-estar e angústia, mas não é uma doença mental”, esclarece Valter Ferreira.

No entanto, é importante frisar que “dependendo da forma como a pessoa vivencia esse momento de crise, as atribuições que lhe faz e se esse momento é sentido como traumático”, pode acontecer que aquilo que começa por ser uma crise existencial se possa transformar numa perturbação mental.

“Se a sensação de desespero e angústia for constante ao longo do tempo pode levar a perturbações ligadas à ansiedade, ataques de pânico e/ou depressão. Em casos mais específicos, pode levar a ideação suicida ou comportamentos autodestrutivos.”

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O que se pode fazer para ultrapassar esta fase?

Quando se sente que as sintomas estão a ter um grande impacto no bem-estar, deve-se procurar, idealmente, a ajuda de um psicólogo que possa ajudar a desenvolver um pouco o autoconhecimento, a refletir sobre os valores pessoais e a examinar as várias áreas da vida para perceber onde se sente mais insatisfação.

Além disso, é útil ter o apoio de um profissional tanto para lidar com a ansiedade que a crise causa, como para pensar e implementar mudanças que sejam necessárias. O período de crise pode ser uma oportunidade para fazer mudanças necessárias que transformam a vida. Para melhor.