- O que é a Perturbação da Personalidade Dependente (PPD)?
- Mas são muito mais dependentes do que o habitual?
- Que tipo de comportamento tem alguém com esta perturbação?
- Quais são as causas da personalidade dependente?
- Mas não somos todos um pouco dependentes uns dos outros?
- Com que idade se manifesta esta perturbação?
- Esta perturbação tem tratamento?
- Como ajudar alguém com esta perturbação?
Explicador
- O que é a Perturbação da Personalidade Dependente (PPD)?
- Mas são muito mais dependentes do que o habitual?
- Que tipo de comportamento tem alguém com esta perturbação?
- Quais são as causas da personalidade dependente?
- Mas não somos todos um pouco dependentes uns dos outros?
- Com que idade se manifesta esta perturbação?
- Esta perturbação tem tratamento?
- Como ajudar alguém com esta perturbação?
Explicador
O que é a Perturbação da Personalidade Dependente (PPD)?
A personalidade é o conjunto de características de uma pessoa — a sua forma habitual de pensar, sentir e comportar-se. Ora, as perturbações da personalidade correspondem a um grande desvio em relação aos padrões habituais, que fazem com que a pessoa tenha dificuldade em relacionar-se com os outros e seja pouco funcional.
No caso da Perturbação da Personalidade Dependente (PPD), que faz parte do grupo de perturbações de personalidade de tipo ansioso e/ou emocionalmente instável, a pessoa tem uma necessidade excessiva de atenção, de ser guiada e cuidada pelos outros, com tendência a ser muito submissa para conseguir isso.
Mas são muito mais dependentes do que o habitual?
Sim, muito mais.
Em vez de terem o apego saudável que todos sentimos por algumas pessoas, sentem um apego que é excessivo e muito disfuncional, acompanhado de baixa autoestima e de um medo intenso de abandono.
“A dependência começa a comprometer de forma significativa a autonomia e o funcionamento saudável do indivíduo e impede a pessoa de viver de forma independente”, diz a psicóloga clínica Dénis Valéria Sousa.
Que tipo de comportamento tem alguém com esta perturbação?
A necessidade excessiva de se ser cuidado ou ajudado e a extrema dependência dos outros leva a um conjunto de comportamentos muito típico desta perturbação. Dénis Valéria Sousa destaca os seguintes:
- Grande dificuldade em tomar decisões sozinho, mesmo sobre banalidades do dia a dia, sem uma quantidade excessiva de conselhos e sugestões dos outros;
- Procura constante de aprovação e de garantias dos outros, causada pelo medo acentuado de abandono e rejeição;
- Grande relutância em iniciar projetos ou tarefas, devido à falta de autoconfiança e ao medo de não ser capaz de lidar com os desafios ou dificuldades;
- Tendência para se submeter às vontades de outras pessoas, mesmo que isso vá contra os seus próprios desejos ou necessidades;
- Muita dificuldade em discordar das opiniões ou convicções dos outros, por medo de represálias ou abandono.
Quais são as causas da personalidade dependente?
Como acontece com quase todas as perturbações mentais, a PPD resulta da combinação de fatores ambientais e genéticos, nomeadamente hereditários. Ou seja, está relacionada com o ambiente em que se cresce e com algumas questões que poderão ser herdadas.
“Indivíduos com histórico familiar de perturbações de personalidade podem ter um risco aumentado e traços de personalidade herdados, como timidez extrema ou comportamento ansioso desde a infância, e podem fazer com que tenham alguma predisposição a desenvolver PPD”, explica Dénis Valéria Sousa.
Mas o ambiente em que a criança cresce e é educada também parece ter um papel importante. As pessoas que são criadas em ambientes excessivamente protetores ou autoritários podem ter dificuldade em desenvolver competências relacionadas com a sua autonomia, o que aumenta o risco de PPD.
E algumas experiências traumáticas, como o abandono, a rejeição ou uma perda significativa durante a infância, podem levar a um medo profundo de abandono e à necessidade de apoio constante que sentem as pessoas com esta perturbação.
Mas não somos todos um pouco dependentes uns dos outros?
Sim. Todos sentimos apego pelas pessoas que amamos e precisamos de nos sentir apoiados, valorizados e amados. Mas essa dependência é considerada saudável, “na medida em que não afeta o nosso funcionamento nem condiciona o nosso dia a dia”, explica a psicóloga.
Ou seja, “as pessoas com este apego saudável são capazes de tomar decisões e cuidar de si mesmas, mesmo que em determinados momentos procurem apoio nos outros”. O suporte emocional existem mas ninguém depende de ninguém de forma exclusiva, tendo uma autoestima positiva e encontrando-se “segura das suas competências, independentemente da opinião e validação constante dos outros”.
Com que idade se manifesta esta perturbação?
Um diagnóstico formal de PPD é geralmente reservado para pessoas a partir dos 18 anos.
Na infância é natural que haja comportamentos de dependência em relação aos cuidadores, mas isso é quase sempre natural, porque as crianças ainda estão a desenvolver a autonomia e são, efetivamente, dependentes dos adultos.
Durante a adolescência, quando se começam a consolidar os traços de personalidade, ao mesmo tempo que é esperada mais autonomia, há alguns adolescentes nos quais já se pode “observar uma maior necessidade de aprovação dos pares e dos pais, mas isso ainda pode estar dentro da faixa normal do desenvolvimento”, explica a psicóloga clínica.
Esta perturbação tem tratamento?
Esta é uma perturbação da personalidade — e não apenas do humor, como a depressão ou a ansiedade — e a personalidade tende a ser relativamente estável ao longo da vida.
Apesar disso, a PPD tem tratamento e a psicoterapia é a abordagem mais eficaz, com consultas regulares com um psicólogo ou psiquiatra. “O suporte farmacológico [medicação] também é importante, mas não é a principal forma de tratamento”, diz a psicóloga clínica. “O grande objetivo é que a pessoa desenvolva maior independência, autoestima e competências pessoais e sociais.”
As três abordagens psicoterapêuticas com mais resultados comprovados, de acordo com a especialista, são a Terapia Cognitivo Comportamental (que vai ajudar a identificar pensamentos negativos e distorcidos e a modificar comportamentos dos dependentes), a Terapia Dialética Comportamental (que ajuda o doente a adquirir competências de regulação emocional, a lidar com a ansiedade e com o medo de abandono) e a Terapia Psicodinâmica (que permite a exploração das experiências passadas e dos relacionamentos que o paciente teve em criança com os seus cuidadores e que podem ter contribuído para a dependência).
Como ajudar alguém com esta perturbação?
“Ajudar alguém com PPD requer paciência, empatia e conhecimento, de forma a seguir um plano estruturado para incentivar a independência”, diz a psicóloga.
“Em vez de resolver os problemas da pessoa”, o que só reforça o padrão de dependência que já tem, é importante motivá-la a tomar as suas próprias decisões gradualmente, elogiando-a quando o consegue fazer. “É essencial também o incentivo para procurar ajuda profissional.”
Mas as pessoas próximas, sobretudo aquelas de quem a pessoa se sente mais dependente, devem também saber estabelecer limites. “Quem ajuda deve proteger a sua própria saúde mental e bem-estar, estabelecendo limites claros, praticando o autocuidado e mantendo redes de suporte, social e emocional”, para não ficar demasiado envolvida na dependência do outro.