A informação de que a Suíça proibiu a realização de mamografias pelos riscos de cancro alegadamente associados ao exame vai circulando ciclicamente nas redes sociais, nas suas diferentes plataformas, e tem origem desconhecida. Mas é uma informação manifestamente falsa, como já tiveram oportunidade de esclarecer as autoridades de saúde daquele país em diversas ocasiões.

Na página do Departamento Federal de Saúde Pública suíço, a mamografia continua a ser indicada com um exame a realizar para diagnosticar doenças como o cancro da mama. “O diagnóstico do cancro da mama depende do exame físico, de técnicas de imagem e de análise histopatológica do tecido tumoral para avaliação da extensão e controlo da doença. O exame clínico envolve apalpação e exames de imagem, incluindo mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética”, pode ler-se num documento oficial, com a data de 16 de maio de 2024.

A Associação Suíça de Rastreio do Cancro, de resto, “recomenda ativamente o rastreio de cancro da mama com mamografia”, dizendo mesmo que, “para a deteção precoce do cancro de mama, são recomendados exames regulares de mamografia a partir dos 50 anos”.

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Além disso, o porta-voz do Departamento Federal de Saúde Pública suíço, Daniel Dauwalder, explicou que “a mamografia não está de todo banida na Suíça. O exame é coberto pelo seguro de saúde e recomendando”. As declarações foram feitas ao PolitiFact, um site especializado em fact checking, em julho deste ano.

Ou seja, a informação de que a mamografia foi banida da Suíça é falsa. Mas o conteúdo publicado nas redes sociais (que, apesar das origens diferentes, é praticamente idêntico) alega outra coisa: 50 a 60% dos diagnósticos de cancro da mama resultantes deste tipo de exames são “falsos positivos”.

No passado, essa questão já mereceu um fact check do Observador. Nessa altura, José Carlos Marques, o presidente da Sociedade Portuguesa de Senologia, o ramo da Medicina que diagnostica, estuda e trata as doenças da mama, desmentiu essa informação, dizendo que a percentagem de falsos positivos nas mamografias é muito inferior à referida.

“Isso não corresponde à realidade. As mamografias de rastreio, de base populacional (grande parte feitas pela Liga Portuguesa contra o Cancro) podem resultar numa maior percentagem de casos positivos. Já as mamografias de diagnóstico, feitas em clínicas e que são apoiadas por ecografia, têm uma percentagem mínima de falsos positivos”, explicou o especialista, estimando que a percentagem de falsos positivos seja inferior a 2% em Portugal, “um número muito baixo”.

Este tipo de publicação também refere que as mamografias estimulam o crescimento dos tumores e a disseminação de metástases. O médico radiologista José Carlos Marques dizia então que essas considerações “não fazem sentido” e que “o benefício da mamografia ultrapassa largamente o risco”. “Com os equipamentos atuais de mamografia digital, a dose de radiação é mínima e o benefício é enorme”, sublinhava.

Em Portugal, o Ministério da Saúde recomenda a mamografia cada dois anos entre os 50 e 69 anos. Abaixo dos 40 anos, a mamografia pode ser indicada para mulheres com suspeita de síndromes hereditárias ou para complementar o diagnóstico, em caso de nódulos palpáveis e se o médico determinar esta necessidade.

Conclusão

A informação de que a mamografia foi banida na Suíça é falsa, como atestam fontes oficiais. Também é falso que o número dos chamados “falsos positivos” esteja próximo dos valores avançados pela publicação.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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