Uma publicação no Facebook, datada de 17 de outubro, alegava que a UNRWA — a agência da ONU para os refugiados palestinianos — colocou uma faixa preta na fotografia que usa nas redes sociais “por ocasião da eliminação de [Yahya] Sinwar”, o então líder do Hamas, que morreu num ataque das forças israelitas, a 16 de outubro.

A publicação sugeria ainda: “Recorde-se — contribuintes internacionais, principalmente os contribuintes americanos — são obrigados a subsidiar esta frente terrorista palestiniana conhecida como UNRWA.”

Uma pesquisa rápida às páginas do X ou do Facebook da UNRWA mostra que, de facto, a imagem de perfil da organização contém uma faixa preta no canto superior esquerdo. A pergunta que se coloca é quando foi adicionada essa faixa ao logótipo da organização. Quem responde é Juliette Touma, diretora de comunicação da UNRWA, que esclareceu no X, a 18 de outubro: a organização “acrescentou uma faixa preta” ao logótipo nas redes sociais, sim, mas isso aconteceu depois da morte de 20 funcionários nas duas primeiras semanas do conflito, e pretendia servir para “prestar um tributo simbólico”. “Mantivemo-la desde então dado que o número de mortes foi aumentando”, acrescentou. Até ao momento, segundo a responsável, a equipa perdeu 230 elementos na guerra, “amigos e colegas”.

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Uma captura de ecrã arquivada, e recuperada pela Reuters, cuja data é 22 de outubro de 2023, mostra uma publicação da UNRWA no X em que a organização aparece já com a fita preta no logótipo. À agência de notícias, Juliette Touma disse que as publicações que traçam uma ligação entre a faixa preta e a morte de Sinwar são um “ataque malicioso à agência e um desrespeito perante os funcionários que foram mortos”.

A UNRWA, considerada a maior organização de ajuda humanitária na Palestina, tem tido relações difíceis com Israel, sobretudo nos últimos meses, com os ataques de 7 de outubro do ano passado. Israel, aliás, acusou a UNRWA de empregar militantes do Hamas ou pessoas com ligações ao grupo. A acusação levou outros países a retirar o apoio financeiro à organização.

O parlamento israelita (o Knesset) chegou mesmo a aprovar recentemente leis que vão inviabilizar as operações da agência especializada das Nações Unidas do território israelita e na Faixa de Gaza (uma decisão que foi condenada pelo Governo português, entre outros países).

Israel aprova leis que impedem agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos de operar no país

As acusações de Israel contra a agência da ONU surgiram em janeiro, com a identificação de 12 funcionários que dizia terem ligações ao Hamas. A UNRWA fez uma averiguação interna às acusações e chegou a despedir trabalhadores por alegada participação nos ataques de 7 de outubro — 10 em janeiro (que faziam parte de uma lista de 12 identificada por Israel, mas dois já tinham morrido). Israel viria a acusar mais funcionários de terem ligações ao grupo e, em agosto, a UNRWA despediu mais nove trabalhadores.

Conclusão

A fotografia de perfil nas redes sociais da UNRWA mostra, de facto, uma faixa preta, mas não foi colocada após a morte de Yahya Sinwar, líder do Hamas, a 16 de outubro. Foi incluída nas primeiras semanas do conflito após os ataques de 7 de outubro, para homenagear de forma simbólica os funcionários da organização que morreram devido à guerra.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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