No passado domingo, a reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa como presidente da República foi a grande notícia do dia. Apesar disso, durante a campanha, foram feitas muitas acusações entre os sete candidatos inscritos na corrida a Belém. A 21 de janeiro, uma publicação referia-se à candidata socialista com uma imagem de um suposto cartão de militante do PCTP/MRPP. Do lado esquerdo tinha o número (40 994), do lado direito uma fotografia de Ana Gomes. Atingiu as 152 partilhas. Trata-se, no entanto, de uma publicação falsa que já tinha sido anteriormente desmentida.
Na verdade, Ana Gomes esteve naquele partido de janeiro de 1973 a 25 de abril de 1974. “Fui militante dos Comités de luta anti-colonial (CLAC’s), que eram estruturas clandestinas, que por detrás tinham o MRPP. Eram clandestinos, não havia cartões”, garante a socialista em resposta ao Observador. Depois, desde o dia da revolução dos cravos até janeiro de 1976, chegou mesmo a ser militante do partido. No entanto, afirma que nunca teve cartão. “Creio que o partido então não tinha cartões”, termina.
Além disso, durante a campanha, Ana Gomes fez algumas referências à sua participação naquele partido. Por exemplo, durante o debate contra André Ventura, o candidato falou nessa militância, por ter feito parte de um partido que defendia a “morte aos traidores”. Em resposta, a antiga embaixadora falou da marca que tinha na cara por ter lutado contra a ditadura, confessou que tinha sido “um soldado raso” que saiu pelo próprio pé aos 21 anos, relembrando ainda que Durão Barroso também pertenceu ao MRPP, chegando a ser dirigente.
Numa entrevista dada a Manuel Luís Goucha, para o programa que o apresentador apresenta nas tardes da TVI, confirmou aquilo que disse ao Observador. Aliás, nessa conversa na estação de Queluz de Baixo, a ex-eurodeputada confessa que saiu do MRPP depois de ter reconhecido “tiques de vivência totalitária” dentro da estrutura do partido. Ainda assim, recorda esses tempos como “uma escola de coragem, aprendizagem e dedicação política”. Ou seja, este não é um passado que a candidata independente renegue ou esconda.
Quanto à imagem do cartão, ela pode ser encontrada num extenso artigo do Observador sobre Garcia Pereira, advogado e um dos rostos do MRPP, onde o próprio fala sobre a “traição” de Arnaldo Matos, seu mentor político e fundador desta organização política. Neste caso, Garcia Pereira surge com o número de militante “994”, ou seja, com dígitos iguais aos que são encontrados no suposto cartão de militante da publicação original. Só que houve um acrescento do número “40”. Portanto, trata-se de uma manipulação de imagem que ajuda a propagar desinformação.
Conclusão
Não é verdade que Ana Gomes seja a militante 40 994 do PCTP/MRPP. A própria esclareceu ao Observador que, sim, fez parte do partido de 25 de abril de 1974 até janeiro de 176. No entanto, nunca teve cartão. Antes, de janeiro de 1973 a 25 de abril de 1974 foi militante dos comités de luta anti-colonial, estruturas clandestinas por detrás do MRPP. Por outro lado, tanto na campanha bem como em entrevistas, a embaixadora não tem negado esse passado ligado ao partido de extrema esquerda.
Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:
ERRADO
No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:
FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.